A indignação da sociedade e dos parlamentares com as declarações racistas e homofóbicas do deputado Jair Bolsonaro (PPRJ) fez com que até o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS) partisse para o ataque. Depois de receber quatro representações e encaminhá-las à Corregedoria da Casa, o petista afirmou, pelo twiter, que as ideias do colega representam uma herança do passado que ninguém permitirá que se repita. "Minha opinião: declarações do deputado são lamentáveis quando lutamos pelo fim das desigualdades e da intolerância, qualquer que seja", escreveu.
No "CQC" desta segunda-feira, o deputado Jair Bolsonaro (PP) disse que um filho seu nunca namoraria uma mulher negra porque isso seria promiscuidade. Ele respondia a uma pergunta feita por Preta Gil, que em seu perfil no Twitter afirmou estar estudando processar o político.
Os filhos do deputado federal Jair Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro e o deputado estadual Flávio Bolsonaro, defenderam que o pai não pode ser considerado um homem preconceituoso. Bolsonaro causou polêmica ao conceder uma entrevista dizendo que seus filhos não correm o risco de namorar uma mulher negra ou virarem gays, porque "foram muito bem educados".
No programa, Bolsonaro respondia a uma série de perguntas sobre ditadura e preconceito contra gays e negros. Quando questionado pela cantora sobre como ele agiria caso seu filho se apaixonasse por uma negra, o deputado disse não se preocupar com isso.
"Preta, não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco porque meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambiente como lamentavelmente é o teu", respondeu o deputado.
Pouco depois da exibição do programa, Preta Gil usou seu Twitter para falar sobre o assunto. Ela disse ainda ter enviado o vídeo ao seu advogado.
"Advogado acionado, sou uma mulher Negra, forte e irei até o fim", escreveu no microblog.
A opinião de Maia engrossa um coro de reações de diversos setores da sociedade e dos próprios integrantes da Câmara, que pressionam pela abertura de um processo por quebra de decoro parlamentar. O corregedor Eduardo da Fonte (PPPE) disse que vai analisar as declarações de Bolsonaro, mas já adiantou para alguns colegas que deve encaminhar o caso ao Conselho de Ética.
As ações dizem respeito às declarações do deputado em entrevista ao programa CQC da TV Bandeirantes. Respondendo a uma pergunta da cantora e apresentadora Preta Gil sobre o que faria se seu filho casasse com uma negra, o deputado afirmou que não iria discutir "promiscuidade". No mesmo programa, o deputado ainda afirmou que torturaria seu filho se o encontrasse fumando maconha e que não pensa que seu filho possa ser homossexual porque ele teve "boa educação".
A Ordem dos Advogados do Brasil, pelo menos três partidos políticos e dois deputados de forma individual entraram com representações contra Bolsonaro. "Não passarão mais em branco essas demonstrações racistas homofóbicas e contra a democracia. Ele será alvo de representação não apenas minha, mas de inúmeros parlamentares. Esse deputado envergonha a imagem do parlamento", criticou Brizola Neto (PDT-RJ). Hoje deve ser protocolada ainda mais uma representação da Procuradoria da Mulher da Câmara dos Deputados.
Bolsonaro, no entanto, disse que está "se lixando" para as reações às suas ideias. Ontem, ao chegar para o velório do ex-vice-presidente José Alencar, disse que não teme as representações contra ele e repetiu declarações homofóbicas. "O que esse pessoal (gays) tem a oferecer para a sociedade? Casamento gay? Adoção de filhos? Dizer para vocês que são jovens que, no dia em que vocês tiverem um filho, se for gay, é legal e vai ser o "uhuhu" da família? Esse pessoal não tem nada a oferecer", disse.
Para se defender, Bolsonaro diz agora que entendeu que a pergunta se referia ao casamento do filho com um gay, não com uma negra. A postura tem explicação. Crime de racismo tem punição prevista em lei. Homofobia, ainda não.
O deputado federal Jean Wyllys (PSol-RJ) classificou de "estratégia" o fato de Jair Bolsonaro (PP-RJ) ter recuado da declaração de que seria "promiscuidade" se seu filho se apaixonasse por uma negra, dada ao programa CQC da TV Bandeirantes. Bolsonaro afirmou não ter entendido a pergunta de Preta Gil, mas Wyllys vê cálculo político na justificativa do colega.
sábado, 2 de abril de 2011
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