quarta-feira, 29 de setembro de 2010

IstoÉ: A onda vermelha toma conta do país

Na esteira da candidatura de Dilma Rousseff à Presidência, uma onda vermelha está tomando conta do País. No início da corrida eleitoral, essa imagem foi cunhada pelos estrategistas da campanha do PT para motivar a militância. Mas, agora, tornou-se realidade. As pesquisas de opinião revelam a supremacia dos candidatos governistas na maioria dos Estados, o que poderá garantir a um eventual governo Dilma ampla maioria na Câmara e no Senado. Surfando numa maré mais favorável do que aquela que levou o ex-metalúrgico Lula ao Palácio do Planalto em 2002, os candidatos da base aliada aos governos estaduais lideram as eleições em 19 das 27 unidades da Federação. Na disputa pelas cadeiras do Senado, a onda vermelha é tão volumosa que deverá eleger 58 dos 81 representantes e deixar sem mandato quadros históricos da oposição. Na Câmara, os partidos governistas devem conquistar 401 dos 513 assentos.

“Acho que vamos assistir a uma vitória esmagadora dos partidos da coalizão do governo”, prevê o presidente do Instituto Brasileiro de Pesquisa Social, Geraldo Monteiro.


Não bastasse a liderança em 21 Estados, Dilma está na frente de José Serra (PSDB) em locais em que Lula foi derrotado pela oposição em 2006. Apesar da oscilação registrada na última semana, a ex-ministra está perto da vitória em antigos redutos oposicionistas como São Paulo, Santa Catarina e Paraná. Na maioria dos Estados em que ela lidera as pesquisas, os candidatos que apoia também estão na dianteira.

Bons exemplos são o Rio de Janeiro e a Bahia, onde os governadores Sérgio Cabral (PMDB) e Jaques Wagner (PT) são favoritos para se reeleger no primeiro turno. Como exceções aparecem Minas Gerais, com Antonio Anastasia (PSDB) na liderança, e São Paulo, onde Geraldo Alckmin (PSDB) supera Aloizio Mercadante (PT). No Paraná, a onda vermelha já proporcionou uma grande virada. As últimas pesquisas mostram que o tucano Beto Richa, antes favorito ao governo, perdeu o primeiro lugar para Osmar Dias (PDT). Reviravoltas também têm ocorrido na disputa para o Senado. Até então cotado para uma das vagas do Rio, Cesar Maia (DEM) foi ultrapassado pelo ex-prefeito de Nova Iguaçu Lind­berg Farias (PT). No Amazonas, Arthur Virgílio perdeu o segundo lugar para Vanessa Grazziotin (PCdoB). Em Pernambuco, Marco Maciel (DEM), segundo colocado atrás de Humberto Costa (PT), foi ultrapassado por Armando Monteiro Neto (PTB).


A inédita sintonia fina entre Executivo e Legislativo, a partir de 2011, trará benefícios para o Brasil. Caso se confirme a sólida maioria no Congresso do possível futuro governo Dilma Rous­seff, o Brasil terá finalmente a chance de aprovar as mudanças estruturais que se fazem necessárias há anos, como as reformas política e tributária. “A agenda congressual a partir do ano que vem exigirá a votação das reformas.

Com maioria no Legislativo e vontade política, será possível avançar nessas questões”, afirma David Fleischer, cientista político da UnB. Outro aspecto importante é a possibilidade da formação de uma concertação política, composta por partidos aliados chancelados pelo desejo popular. Desde a redemocratização do País, os governos construíram suas maiorias pelas artes do fisiologismo e das políticas do toma-lá-dá-cá, numa espécie de balcão de negócios em pleno Congresso. Nesse novo cenário, queiram ou não, deputados e senadores serão levados a participar de uma ação conjunta, na qual é de esperar que os objetivos políticos se sobreponham à visão patrimonialista do mandato.


Há quem afirme que a concentração de poder nas mãos do Executivo, com o Legislativo dócil à vontade do Planalto, pode permitir uma recaída autoritária. O temor não se justifica. Não há ambiente no Brasil para esse tipo de surto. As instituições são sólidas e democráticas, e não há espaço para mudanças constitucionais em benefício de um partido, como aconteceu na história do México, onde o PRI controlou a vida política por 71 anos, graças ao domínio da máquina pública. “O que aconteceu no México foi muito diferente. O PRI chegou ao poder quando a economia mexicana, a sociedade e os políticos eram muito rudimentares e eles forjaram instituições para guiar o desenvolvimento em todas as áreas. Já o PT emergiu no momento em que a economia e as instituições já estavam consolidadas”, compara o brasilianista Peter Hakim, presidente do Interamerican Dialog.


Contrariando todas as evidências, intelectuais e setores da elite, em São Paulo divulgaram, na semana passada, um manifesto em defesa da democracia e da liberdade de expressão. Um dia depois, o Clube Militar, no Rio de Janeiro, instituição marcada pelo apoio ao antigo regime de exceção que infernizou o País por 20 anos, promovia um inusitado painel de debates para discutir também supostos riscos à democracia no País. Tanto o documento do grupo de intelectuais quanto os debates dos militares ficaram a um passo de questionar a própria legitimidade da eleição de Dilma, em razão da participação do presidente Lula na campanha. Ambos não levaram em conta que a legitimidade brota das urnas. Embora o eleitor manifeste maciçamente sua intenção de votar pela continuidade das políticas oficiais, a opinião pública não vem sendo espelhada na ação de alguns agentes do processo político. O que parece ter sido esquecido no manifesto oposicionista de tendências golpistas é que a democracia é exercida pelo voto.


O temor de uma vaga autoritária por parte do governo é deslocado da realidade. Não reflete o momento que o Brasil vive. Não há sinais concretos de que o presidente Lula tenha atentado contra a liberdade de imprensa. Ele vem fazendo apenas críticas pontuais, direito que não pode ser negado a qualquer cidadão, muito menos ao presidente. De resto, desde a luta contra a ditadura, Lula mostrou-se defensor intransigente das liberdades democráticas. “É incrível como as pessoas ficam empurrando o Lula para o chavismo, quando ele tem permanentemente se recusado a cruzar essa fronteira”, rebate o ex-ministro Delfim Netto, com a ironia de sempre. Delfim tem razão. A não ser que o observador da cena nacional, assustado com a onda vermelha, queira ver chifre em cabeça de cavalo.

por Octávio Costa e Sérgio Pardellas

Artigo publicado ontem pelo importante jornal inglês The Independent.


Os jornais brasileiros, claro, não registraram uma linha. Talvez porque o articulista termine o texto dizendo que ela tem sofrido “campanhas impiedosas de degradação na mídia ocidental” e que sua vitória será “uma celebração da decência política – e do feminismo”.

A mulher mais poderosa do mundo começará a andar com as próprias pernas no próximo fim de semana. Forte e vigorosa aos 63 anos, essa ex-líder da resistência a uma ditadura militar (que a torturou) se prepara para conquistar o seu lugar como Presidente do Brasil.
Como chefe de estado, a Presidente Dilma Rousseff irá se tornar mais poderosa que a Chanceler da Alemanha, Angela Merkel e que a Secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton: seu país enorme de 200 milhões de pessoas está comemorando seu novo tesouro petrolífero. A taxa de crescimento do Brasil, rivalizando com a China, é algo que a Europa e Washington podem apenas invejar.

Sua ampla vitória prevista para a próxima eleição presidencial será comemorada com encantamento por milhões. Marca a demolição final do “estado de segurança nacional”, um arranjo que os governos conservadores, nos EUA e na Europa uma vez tomaram como seu melhor artifício para limitar a democracia e a reforma. Ele sustenta um status quo corrompido que mantém a imensa maioria na pobreza na América Latina, enquanto favorece seus amigos ricos.

A senhora Rousseff, a filha de um imigrante búlgaro no Brasil e de sua esposa, professora primária, foi beneficiada por ser, de fato, a primeira ministra do imensamente popular Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ex-líder sindical. Mas com uma história de determinação e sucesso (que inclui ter se curado de um câncer linfático), essa companheira, mãe e avó será mulher por si mesma. As pesquisas mostram que ela construiu uma posição inexpugnável – de mais de 50%, comparado com menos de 30% – sobre o seu rival mais próximo, homem enfadonho de centro, chamado José Serra. Há pouca dúvida de que ela estará instalada no Palácio Presidencial Alvorada de Brasília, em janeiro.

Assim como o Presidente Jose Mujica do Uruguai, vizinho do Brasil, a senhora Rousseff não se constrange com um passado numa guerrilha urbana, que incluiu o combate a generais e um tempo na cadeia como prisioneira política.

Quando menina, na provinciana cidade de Belo Horizonte, ela diz que sonhava respectivamente em se tornar bailarina, bombeira e uma artista de trapézio. As freiras de sua escola levavam suas turmas para as áreas pobres para mostrá-las a grande desigualdade entre a minoria de classe média e a vasta maioria de pobres. Ela lembra que quando um menino pobre de olhos tristes chegou à porta da casa de sua família ela rasgou uma nota de dinheiro pela metade e dividiu com ele, sem saber que metade de uma nota não tinha valor.

Seu pai, Pedro, morreu quando ela tinha 14 anos, mas a essas alturas ele já tinha apresentado a Dilma os romances de Zola e Dostoiévski. Depois disso, ela e seus irmãos tiveram de batalhar duro com sua mãe para alcançar seus objetivos. Aos 16 anos ela estava na POLOP (Política Operária), um grupo organizado por fora do tradicional Partido Comunista Brasileiro que buscava trazer o socialismo para quem pouco sabia a seu respeito.

Os generais tomaram o poder em 1964 e instauraram um reino de terror para defender o que chamaram “segurança nacional”. Ela se juntou aos grupos radicais secretos que não viam nada de errado em pegar em armas para combater um regime militar ilegítimo. Além de agradarem aos ricos e esmagar sindicatos e classes baixas, os generais censuraram a imprensa, proibindo editores de deixarem espaços vazios nos jornais para mostrar onde as notícias tinham sido suprimidas.

A senhora Rousseff terminou na clandestina VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária Palmares). Nos anos 60 e 70, os membros dessas organizações sequestravam diplomatas estrangeiros para resgatar prisioneiros: um embaixador dos EUA foi trocado por uma dúzia de prisioneiros políticos; um embaixador alemão foi trocado por 40 militantes; um representante suíço, trocado por 70. Eles também balearam torturadores especialistas estrangeiros enviados para treinar os esquadrões da morte dos generais. Embora diga que nunca usou armas, ela chegou a ser capturada e torturada pela polícia secreta na equivalente brasileira de Abu Ghraib, o presídio Tiradentes, em São Paulo. Ela recebeu uma sentença de 25 meses por “subversão” e foi libertada depois de três anos. Hoje ela confessa abertamente ter “querido mudar o mundo”.

Em 1973 ela se mudou para o próspero estado do sul, o Rio Grande do Sul, onde seu segundo marido, um advogado, estava terminando de cumprir sua pena como prisioneiro político (seu primeiro casamento com um jovem militante de esquerda, Claudio Galeno, não sobreviveu às tensões de duas pessoas na correria, em cidades diferentes). Ela voltou à universidade, começou a trabalhar para o governo do estado em 1975, e teve uma filha, Paula.

Em 1986 ela foi nomeada secretária de finanças da cidade de Porto Alegre, a capital do estado, onde seus talentos políticos começaram a florescer. Os anos 1990 foram anos de bons ventos para ela. Em 1993 ela foi nomeada secretária de minas e energia do estado, e impulsionou amplamente o aumento da produção de energia, assegurando que o estado enfrentasse o racionamento de energia de que o resto do país padeceu.

Ela tinha mil quilômetros de novas linhas de energia elétrica, novas barragens e estações de energia térmica construídas, enquanto persuadia os cidadãos a desligarem as luzes sempre que pudessem. Sua estrela política começou a brilhar muito. Mas em 1994, depois de 24 anos juntos, ela se separou do Senhor Araújo, aparentemente de maneira amigável. Ao mesmo tempo ela se voltou à vida acadêmica e política, mas sua tentativa de concluir o doutorado em ciências sociais fracassou em 1998.

Em 2000 ela adquiriu seu espaço com Lula e seu Partido dos Trabalhadores, que se volta sucessivamente para a combinação de crescimento econômico com o ataque à pobreza. Os dois se deram bem imediatamente e ela se tornou sua primeira ministra de energia em 2003. Dois anos depois ele a tornou chefe da casa civil e desde então passou a apostar nela para a sua sucessão. Ela estava ao lado de Lula quando o Brasil encontrou uma vasta camada de petróleo, ajudando o líder que muitos da mídia européia e estadunidense denunciaram uma década atrás como um militante da extrema esquerda a retirar 24 milhões de brasileiros da pobreza. Lula estava com ela em abril do ano passado quando foi diagnosticada com um câncer linfático, uma condição declarada sob controle há um ano. Denúncias recentes de irregularidades financeiras entre membros de sua equipe quando estava no governo não parecem ter abalado a popularidade da candidata.

A Senhora Rousseff provavelmente convidará o Presidente Mujica do Uruguai para sua posse no Ano Novo. O Presidente Evo Morales, da Bolívia, o Presidente Hugo Chávez, da Venezuela e o Presidente Lugo, do Paraguai – outros líderes bem sucedidos da América do Sul que, como ela, têm sofrido ataques de campanhas impiedosas de degradação na mídia ocidental – certamente também estarão lá. Será uma celebração da decência política – e do feminismo.

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Quem tem medo da democracia?

O momento mais trágico da história brasileira – o do golpe de 1964 e da instauração do pior regime político que o Brasil já teve, a ditadura militar – foi o momento da verdade da democracia. O momento revelou quem estava a favor e quem estava contra a democracia. E quem pregava e apoiava a ditadura. Foi um divisor definitivo de águas. O resto são palavras que o vento leva. A posição diante da ditadura e da democracia, na hora em que não havia outra alternativa, em que a democracia estava em risco grave – como se viu depois – foi decisiva para definir que é democrata e quem é ditatorial no Brasil.

Toda a velha imprensa, que segue ai – FSP, Globo, Estadão, Veja – pregou e apoiou o golpe militar, compactuou com a destruição da democracia no Brasil e enriqueceu com isso. Compactuou inclusive com a destruição da Última Hora, o único jornal que sempre resistiu à ditadura. O mesmo aconteceu com a maior parte da elite política da época – uma parte da qual ainda anda por aí, quase todos dando continuidade ao mesmo papel de inimigos da democracia, mesmo se disfarçados de democratas.

A história contemporânea é continuação daquela circunstância e da ditadura que ela instaurou. Se o amplo apoio ao governo Lula provêm, no essencial, em ter, pela primeira vez, diminuído a desigualdade, a injustiça e a exclusão social no Brasil, isto se deve, em grande parte, à monstruosa desigualdade que o modelo implantado pela ditadura – fundado na liberdade total ao capital e no arrocho dos salários, acompanhado da intervenção em todos os sindicatos – promoveu.

Da mesma forma que a polarização atual da política brasileira se centra de novo em torno da alternativa democracia/ditadura. Como naquela época, ambos os lados dizem falar em nome da democracia. Como naquela época, toda aquela imprensa e parte da elite política tradicional, falam da democracia – que eles mesmos ajudaram a massacrar ao pregar e apoiar a instauração da ditadura no Brasil –, mas representam a antidemocracia, representam os interesses tradicionais das elites, que resistem à imensa democratização por que passa o Brasil.

O golpe de 1964 foi realizado para evitar a continuidade de um processo de ampla democratização por que passava o Brasil. A política econômica do governo Jango, a extensão da sindicalização – aos funcionários públicos, aos trabalhadores rurais -, as lutas populares por mais direitos, o começo de reforma agrária, incorporavam crescentes setores populares a direitos essências. Mas isso não era funcional aos interesses das elites dirigentes, comprometidas com interesses econômicos voltados para o consumo das camadas mais ricas da sociedade – a indústria automobilística era o eixo da economia – e para a exportação, em detrimento do mercado interno de consumo popular.

O golpe e a ditadura militar fizeram um mal profundo para o Brasil, mas favoreceram o capitalismo fundado nas grandes corporações nacionais e internacionais, que lucraram como nunca – entre elas os próprios grupos econômicos da mídia. A gritaria de que a democracia estava em perigo, em 1964, serviu para acobertar a ditadura e o regime mais antipopular que já tivemos.

Agora o quadro se repete, já não mais como tragédia, mas como farsa. Vivemos de novo um processo de ampla e profunda democratização da sociedade brasileira. Dezenas de milhões de brasileiros, que nunca haviam tido acesso aos bens mínimos à sobrevivência, adquirem o direito de tê-los, para viver com um mínimo de dignidade. O mercado interno de consumo popular passou a ser elemento integrante essencial do modelo econômico.

A sociedade brasileira, que era a mais desigual da América Latina – que, por sua vez, é o continente mais desigual do mundo -, pela primeira vez, começou a ser menos desigual, menos injusta. Isso incomoda às elites conservadoras brasileiras. Já não podem dispor do Estado brasileiro – e das empresas estatais – como sempre dispuseram. Os donos de jornais, rádios e TVs, já não têm um presidente da república que almoce e jante com eles, com todas as promiscuidades decorrentes daí.

Sentem que o poder se lhes escapa das mãos. Que um presidente – nordestino e operário de origem – conquistou um prestigio e um apoio popular, apesar deles. Tem medo do povo. Quando se dão conta da democratização que começou a acontecer, logo retomam os seus fantasmas da guerra fria e gritam que a democracia está em perigo, quando o que está em perigo são os seus privilégios.

São os mesmos que confundiam seus privilégios com democracia – porque assimilavam democracia com regime que protegia seus interesses -, que agora tem medo da democracia, porque sentem que perdem privilégios. Privilégios de serem os únicos formadores de opinião publica, de serem os que filtravam quem podia ocupar a presidência republica e os outros cargos públicos importantes. Privilégios de terem acesso exclusivo a viajar, a comprar certos bens, a ir ao teatro. Privilégios de decidir as políticas governamentais, de eleger e destituir presidentes.

O que está em perigo são os privilégios das minorias. O que está em desenvolvimento no Brasil é o mais amplo processo de democratização que o país já conheceu. Um processo que apenas começa, que tem que quebrar o monopólio do dinheiro (poder do capital financeiro), da terra (poder dos latifundiários) e o poder da palavra (poder da mídia monopolista), entre outros, para que nos tornemos realmente um país justo, solidário e soberano.

Quem tem medo da democracia? As elites que sempre detiveram privilégios, que agora começam a perdê-los. O povo, os que têm consciência social, democrática, não tem nada a temer. Tem um mundo – o outro mundo possível – a ganhar.

Mentiras e manipulações


O Clube Militar serviu de cenário na semana que passou para um espetáculo dos mais deprimentes e que confirmou a quantas anda a saúde do jornalismo de mercado. Lá falaram, sem o menor constrangimento, para um público constituído sobretudo de militares da Reserva, a maioria apoiadora do golpe de 64, Merval Pereira, de O Globo, Reinaldo Azevedo, da revista Veja e um tal de Rodolfo Machado Moura, diretor de Assuntos Legais da Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abert).

Nunca vi tanta mentira e manipulação da informação em um curto espaço de duas horas como o apresentado no Clube Militar. Seria impossível enumerar todas as baboseiras levantadas pelos palestrantes. Algo que depõe contra o jornalismo brasileiro.

Para se ter uma idéia, o amestrado colunista de O Globo, afirmou enfaticamente que o eleitorado brasileiro é constituído por “60% de analfabetos funcionais sem condições de discernir entre o bem e o mal”. Elitismo em mais alto grau e com base em informação sabe-se lá de que fonte. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD)-2009, o número de analfabetos funcionais no Brasil não ultrapassa os 20%. De onde então, o cascateiro Merval Pereira tirou esse percentual? Possivelmente do ódio que nutre a quem não aceita o seu ideário e de O Globo.

Merval Pereira, como querendo justificar que a ideologia de seu jornal e demais veículos da mídia de mercado não consegue convencer os brasileiros, culpou os supostos analfabetos “que Lula se aproveita para convencer”, pelo resultado das recentes pesquisas. Para Merval, o “bem” quer dizer votar em José Serra ou Marina Silva. O “mal” é o “outro lado”….Não tem coragem de dizer isso abertamente, mas está implícito.

E tem muito mais, todos os três palestrantes, sob aplausos dos militares sem comando, usaram uma linguagem de ódio e calúnias sem provas contra Lula e demais integrantes do governo. Não disfarçaram, estavam se sentido em casa, ainda mais com o apoio do Instituto Millenium, uma entidade bancada por empresários, nos moldes de outras criadas antes de 64 para respaldar o golpe.

Merval Pereira, tentando posar de moderado em comparação a Reinaldo Azevedo, que faz o gênero bobo da corte, do tipo que arranca risos com o seu radicalismo patronal, deixou claro sua posição contra a obrigatoriedade do diploma para o exercício profissional chegando a afirmar o absurdo de que se trata de “um viés corporativo” associando a exigência ao desejo do governo Lula em controlar a mídia. Não explicou exatamente o que tem a ver uma coisa com a outra.

Merval desinformou também ao lembrar erradamente que o governo Lula propôs a criação do Conselho Federal de Jornalismo, quando isso não aconteceu. A proposta foi da diretoria da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), sendo rejeitada por mais diversos setores, muitos deles sem conhecer exatamente o projeto. Merval revelou desinformação. Foi um mau jornalista.

O obscuro Azevedo considerou a oposição ao governo Lula “sem vergonha e mixuruca” confirmando que os meios de comunicação estão ocupando o espaço da oposição, mas, segundo ele, na “defesa da Constituição”. O colunista da revista Veja usou inclusive termos ofensivos ao Presidente Lula, arrancando aplausos.

Há uma visível disputa na extrema direita de qual jornalista consegue mais adeptos. Além do filósofo reprovado por uma banca da USP, Olavo de Carvalho, Reinaldo Azevedo tenta de todas as formas ocupar o espaço, disputado também por Diego Mainardi, hoje, como Olavo de Carvalho, vivendo no exterior. Arnaldo Jabor corre por fora.

Vale ainda um comentário sobre o Instituto Millenium, apoiador do seminário A democracia ameaçada: restrições à liberdade de imprensa realizado no Clube Militar. No fundo, bem lá no fundo, empresários que apoiaram a repressão policial na época da ditadura não se conformam com os novos tempos no Brasil e na América Latina. Decidiram então bancar o Instituto Millenium, uma entidade que ressurge do lixo da história do Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD), criada para apoiar o golpe de 64.

E qual a associação que se pode fazer entre o referido instituto e os militares sem comando que assistiram o destilar de ódios dos três palestrantes? Empresários financiadores da repressão temem a abertura dos arquivos da época da ditadura que naturalmente vão mostrar oficialmente como agia o setor por detrás do pano, apoiando ações assassinas do Estado, como a Operação Bandeirantes. Como nesta história aparecem também alguns militares que agiram ilegalmente, os financiadores, aí sim verdadeiros culpados, se escondem e colocam na linha de frente alguns militares delinquentes. Nada a ver com a corporação militar.

É por aí que se pode entender a associação entre o Instituto Millenium e os militares que foram ouvir Merval Pereira, Reinaldo Azevedo e o representante da Abert, Rodolfo Machado Moura. Ou seja, vale tudo para alcançar os objetivos, até mentiras como as apresentadas pelos três palestrantes no Clube Militar.

Em tempo: O Estado de S.Paulo abriu o jogo em editorial recomendando voto em José Serra, enquanto a Folha de S. Paulo desancou sobre a candidatura Dilma Rousseff, mas dizendo que não apoia nenhum candidato. Vale então o dito popular: me engana que eu gosto. O Globo até agora nada em editorial, mas em compensação aumenta a quantidade de páginas de críticas a Lula e a Dilma Rousseff.

Mário Augusto Jakobskind

Beto Richa censura a revista ISTOÉ


O candidato do PSDB ao governo do Paraná, Beto Bip Bip*, conseguiu nesta noite (26) uma decisão na Justiça que censura a revista "Istoé", que traz nesta semana uma reportagem de capa sobre a "onda vermelha" que empurra para a vitória as candidaturas apoiadas pelo presidente Lula.

O tucano alegou na Justiça falta de registro das pesquisas que apontariam a grande virada de Osmar Dias (PDT) na disputa pelo Palácio Iguaçu.

O tucano pede a eliminação de trecho da reportagem assinada pelos jornalistas Octávio Costa e Sérgio Pardellas e que o site da revista faça uma retratação sobre a questão.

"No Paraná, a onda vermelha já proporcionou uma grande virada. As últimas pesquisas mostram que o tucano Beto Richa, antes favorito ao governo, perdeu o primeiro lugar para Osmar Dias (PDT)", diz o trecho censurado da reportagem.

Na semana passada, Beto Bip Bip* proibiu pela vias judiciais a divulgação de pesquisas de opinião do Ibope, Datafolha e Vox Populi.

Marina critica Serra; Folha dá jeitinho para incluir Lula

A alegação da Folha de S.Paulo em seu hipócrita editorial de ontem de que “procura manter uma orientação de independência, pluralismo e apartidarismo editoriais” é escandalosamente desmentida hoje pelo próprio jornal com o título que criou para as críticas que Marina fez ao relacionamento- se é que se pode chamar assim - de Serra com a imprensa.

Enquanto O Globo escreveu “Em Guarulhos, Marina diz que Serra intimida jornalistas”, e o IG usou “Marina critica Serra por ‘intimidar a imprensa’”, a Folha encontrou um jeito de incluir Lula na história e titulou assim a sua matéria: “Marina acusa Lula e Serra de tentarem intimidar imprensa”.

Para justificar seu título forçado, a Folha disse que a crítica a Lula foi velada e que a crítica a Serra foi direta. Mas o “imparcial” jornal paulista ignorou um dado fundamental que constava de sua própria matéria e deveria ter sido determinante na orientação do título. Depois de criticar intimidações à imprensa de uma forma geral, Marina foi perguntada a quem se referia, e respondeu que era a Serra.

“Tenho ouvido reclamações nos últimos dias que o ex-governador José Serra tem ficando nervoso quando fazem perguntas que ele não gosta”, disse Marina. Segundo O Globo, ela ainda foi perguntada de que forma Serra intimidaria o trabalho dos jornalistas, e respondeu: “Tenho visto relatos de algumas pessoas que cobrem as campanhas de que existem momentos, quando são feitas perguntas que não são consideradas agradáveis, que há uma atitude às vezes de intimidação dos jornalistas.”

Os jornalistas perguntaram a Marina a quem ela se referia, publicaram o diálogo. A resposta foi única, objetiva: Serra. A própria F olha regista que “Marina citou apenas Serra”, mas insiste que ela acusou Lula de intimidar a imprensa. É assim o jornalismo apartidário da Folha, que adapta os fatos a seu bel prazer.

A declaração de Marina não foi nem nova. O Terra já tinha noticiado após o debate da TV Record a mesma crítica a Serra. Marina cobrou uma postura isenta de publicações que declaram apoio a candidatos e defendeu que o importante é “que se tenha uma relação respeitosa com a imprensa, porque, muitas vezes, não se faz a crítica aberta, mas nos bastidores existem aqueles que ameaçam, tratam de forma deselegante, que ficam ligando para as redações, pedindo cabeça de jornalistas.”

Questionada pelos jornalistas se estava se referindo a Serra, Marina disse: “isso são vocês que, às vezes, reclamam”. Os jornalistas insistiram: “Você está falando do Serra?”. Marina responde: “do Serra”.

Não poderia haver direcionamento mais explícito nas declarações de Marina, mas a Folha não faz jornalismo, mas propaganda.

AS PERGUNTAS QUE NÃO QUEREM CALAR AOS ELEITORES DE

- Você sabe que votando em Marina estará votando indiretamente em Jose Serra , levando o candidato tucano para disputa no segundo turno?



- Você sabe que votando em Marina estará apenas adiando a vitoria de Dilma e dando margem para que a tucanalha continue a baixar o nível da campanha por mais um mês?



- Você sabe que votando em Marina estará fazendo o jogo dos poderosos que teimam em voltar ao poder para desgovernar o Brasil como sempre fizeram? E o jogo da midia também?



- Você sabe que os eleitores de Marina serão determinantes para levar a eleição para o segundo turno e que também podem decidir a eleição já no primeiro turno não votando nela?



- Você deseja a volta de um governo tucano, a volta do sucateamento de nossas empresas, a divida com o FMI, o arrocho salarial e o desemprego?



- Acha que o Brasil de hoje, independente das ressalvas que você tenha a Lula e ao PT, não está melhor do que o Brasil de FHC?



- Acha que as mudanças realizadas no governo Lula, não foram em benefício do povo e da nação como um todo?



Desculpem a liberdade de fazer esses questionamentos, mas faço isso com boas intenções, faço isso em prol do meu país, por acreditar fielmente que sem divida externa, com a Petrobrás bombando, com a oferta de empregos e com a melhoria na qualidade de vida dos mais necessitados, o Brasil não pode voltar ao caos que era em 2001.



Faço isso desprovido de qualquer interesse, movido por um grande sentimento de brasilidade e por desejar por mais que as mudanças (prá melhor) continuem acontecendo.

O Brasil não merece voltar a ser governado pelo PSDB e por tudo que ruim que ele representa.



NÃO PRECISAM ME RESPONDER PRÁ MIM.



AS PERGUNTAS SERVEM PARA QUE VOCÊ FAÇA UMA MAIOR REFLEXÃO SOBRE O SEU VOTO NO DIA 03/10

Adeus PSDB?

As pesquisas de setembro indicam Serra com 21% e Dilma com 51%. Isso significa que em trinta anos Lula inverteu a política brasileira? Quando o PT começou sua trajetória, o partido passou vários anos sem ultrapassar a margem de 30% da preferência eleitoral. Alguns políticos que foram para o PSDB, então no PMDB, ganhavam todas. Agora, é o inverso. O que concluímos?

O eleitorado brasileiro foi mais para a esquerda nesses últimos trinta anos? Nem um centímetro! Vamos refrescar a memória e entender o que ocorreu com o PSDB, agora que parece que ele chega um ponto crítico na sua história.

Franco Montoro inaugurou no Brasil a social-democracia, com olhos voltados para a democracia liberal, antes mesmo de fundar o PSDB. Ele assim fez quando em 1982 se elegeu governador do Estado de São Paulo pelo PMDB. Brizola ainda mantinha o PDT como o partido filiado internacionalmente à social-democracia, mas ele sabia que na sua cola vinha o PMDB. O PMDB tinha a verdadeira cara de social-democrata, ao menos para o gosto do brasileiro.

Quando a transição para a democracia atingiu seu cume, com a entrada de Trancredo Neves e José Sarney para a Presidência da República em 1985, pelo PMDB, Brizola tinha certeza que ele viria a ser, logo depois, o primeiro presidente eleito do Brasil. Ele achava Tancredo conservador demais em termos econômicos – e estava certo nisso –, de modo que bastaria esperar e se colocar como o principal homem da oposição para abocanhar a Presidência, quando acabasse o primeiro mandato presidencial após o ciclo de presidentes militares. Ele estava convencido que só um programa social-democrata agradaria o brasileiro e que seu concorrente, o PMDB, com Tancredo, não agiria segundo tal programa.

As coisas se complicaram para Brizola, porque Tancredo faleceu e Sarney, em seu lugar, deu poder não ao sobrinho de Tancredo, Dornelles (PFL), visivelmente conservador e que teria sido o ministro forte do tio, e sim ao núcleo progressista do PMDB. Esse núcleo colocou no comando do projeto reformista Dílson Funaro, João Sayad e Amir Pazzianoto. Esses três homens tinham em mente uma nítida política social-democrata. Ainda que o Plano Cruzado comandado por eles tenha feito água, o êxito inicial deu votos para o PMDB e o transformou em um grande partido. Por mais que o PMDB pudesse se tornar conservador, ficou sua marca como partido popular não mais só por combate à ditadura, mas por ter tentado uma reforma que visava a melhoria real da vida da população. Isso realmente atrapalhou os planos de Brizola. Nublou sua liderança para além do que ele esperava que pudesse ocorrer. Sua oposição ao Plano Cruzado lhe deu mais desgastes que ganhos. Isso continuou a valer mesmo quando todo o Cruzado já havia virado pó no governo Sarney.

No final da década de oitenta, veio finalmente a eleição direta para Presidente da República e Collor, aproveitando-se da espiral inflacionária do último ano de Sarney, se elegeu fácil. Batendo todos os líderes à esquerda, Covas, Lula e o próprio Brizola, Collor pareceu, por um momento, que enterraria de vez o projeto social-democrata no Brasil. Mas, sua vitória, quando olhamos mais de perto e recordamos como ocorreu, não foi assim tão tranqüila. Sua vitória não significou a derrota da social democracia. Pois mesmo Collor, com seu ideário privatizante e sem qualquer programa social, no meio da campanha do segundo turno teve de soltar slogans de que ele era social-democrata e não um neoliberal, e isso não para garantir sua vitória que, enfim, já estava certa, mas para tentar acalmar a imprensa – era um sinal de que o ideário social democrata, embora em baixa, não havia morrido.

Daí em diante, o ideário social-democrata começou a voltar com força no mundo e no Brasil. As pessoas que haviam dito que todo funcionalismo público deveria acabar, logo se pegaram sonhando, novamente, com o emprego público. Nunca o Brasil esteve tão pronto para um partido como o PSDB como em meados dos anos noventa. Mas, mesmo assim, FHC não se elegeria se não fosse pelo Plano Real. Tal plano, em seu recorte inicial, não era uma plataforma neoliberal e, sim, um programa de estabilização da moeda que poderia dar esteio para uma política social democrata mais tarde. Mas não deu, ao menos não para os esforços do próprio PSDB. O fato de FHC ter sido sonolento e não ter tido entusiasmo para empreender tal política deixou, então, tudo nas mãos de Lula.

Lula nunca havia se pronunciado socialista e muito menos comunista. Quando perguntado sobre “o que era”, sempre se saia bem dizendo uma verdade: “sou torneiro mecânico”. Aprendeu com Ulisses Guimarães que só governaria um grande partido e, enfim, o Brasil, se não se definisse ideologicamente em termos de velhos rótulos. Deu certo. Lula foi agregando todas as forças social-democratas que podia. Pegou o PMDB e o PDT e segurou o discurso mais à esquerda do PT para se ajustar ao discurso dos novos aliados. Nisso, o brilhantismo do discurso de Zé Dirceu, interna e externamente, fez história. Ele deu para Lula um grande conglomerado de forças que insistia não em socialismo, mas em colocar o capitalismo “no eixo”, ou seja, ampliar o mercado interno sob o clima de estabilização da moeda conseguido por FHC. Essa foi a realização de Lula, ou seja, ele fez vingar a nossa social-democracia possível.

O que é, hoje, essa social-democracia de Lula? Nada além do aquecimento da economia em que o Estado volta a ser investidor e, ao mesmo tempo, num sabor ainda populista, mas com características institucionais não desprezíveis, a criação de uma série de programas sociais, alguns com bons resultados e outros com promessas que podem vingar. E uma sábia medida: nenhuma agressividade contra os banqueiros. Junto dessa política, um Lula de barba branca se apresenta à nação como uma espécie de “tiozão”, quase como Mitterrand, na França, no seu último mandato, quando ele já não era um “líder vermelho” e, sim, um “protetor da nação”.

Nessa trajetória toda, o eleitor brasileiro, em sua maioria, não foi um centímetro à esquerda. Ficou exatamente onde estava quando da eleição de Tancredo e Sarney. O que o brasileiro queria e quer é pouco, é exatamente o que Lula deu e que Dilma promete continuar: emprego com carteira assinada e poder de compra – mínimo! Talvez, com Dilma, queira mais um pouco: uma escola melhor, um hospital que funcione e o financiamento de um automóvel usado para o filho mais velho. Mas, diante de Serra e do PSDB, tudo isso é muito. Pois os políticos que restaram no PSDB nunca conseguiram fazer do partido uma agremiação popular. Nunca entenderam o que é que o brasileiro pede. Por isso, o PSDB chegou finalmente, agora que diz que vai ser “refundado”, no lugar que Ulisses Guimarães disse que ele chegaria: ao fracasso.

Hoje o PSDB representa exatamente aquilo que o lacerdismo representava: um grupo de conservadores. Ataca o projeto popular de Lula como o lacerdismo atacava o de Vargas, apontando corrupção e desvios relativos à democracia, mas sem legitimidade para tal. Pois, tanto quanto o lacerdismo, o PSDB tem telhado de vidro em se tratando de cuidar das liberdades democráticas e de colocar fim na corrupção. Então, na soma de prós e contras, a população agrega pontos negativos mais para o PSDB que, enfim, não consegue nunca ter um projeto para fazer o que FHC disse que seria necessário o partido fazer, “governar para os pobres”.

Ou seja: o nosso partido social-democrata no nome é o único, entre os grandes partidos, que não tem uma ação social-democrata. Nesses termos, o PSDB chegou ao fim de sua trajetória nessa eleição, se as pesquisas confirmarem Dilma vencedora já no primeiro turno. Pode não passar pelo que ocorreu com o PFL, que mudou até de nome, gerando o Democratas, mas que terá de se transformar inteiramente, isso terá, ou então, sem dúvida, aparecerá em 2011 como uma agremiação disforme, meio udenista-lacerdista, mas sem chances – felizmente – de chamar os militares para um golpe. E com chances cada vez mais diminutas no jogo eleitoral em que é necessário governar com alguma política popular e social real, e não com as inaugurações de maquetes de José Serra.

Paulo Ghiraldelli Jr.,

O nó que Lula deu nos marqueteiros tucanos.

Além do reconhecimento por ser o maior presidente da história desse país, o presidente Lula prova mais uma vez que também é o maior estrategista político da atualidade. Ele acaba de dar um nó de marinheiro nas estratégias traçadas pelos marqueteiros pagos a peso de ouro pelos tucanos.

Serra e seus marqueteiros sabem que se apontarem suas armas na direção de Lula cometem suicídio político. Eles montaram então uma estratégia de difícil compreensão ao se posicionar ao lado de Lula como vítimas de jogo político, colocando Dilma e Collor como vilões que usam família em campanha, ou seja, como se Dilma e Collor estivessem contra ele e o presidente Lula. Coisa de doido, mas como a campanha de Serra desde o início contou com a possibilidade de confundir o eleitor, sem restrições por parte do TSE, é plenamente justificável.

Só que os marqueteiros não contavam com a entrada de Lula para, digamos, “desconfundir” a percepção do eleitor e mostrar para todos quem é que está contra ele e o seu governo.

A estratégia de fogo cerrado em cima de Dilma vem se transformando, como pode ser apurado nas recentes pesquisas e trackings, no derradeiro tiro no pé do consórcio oposição/velha mídia, pois até agora o presidente só aparecia para fazer propaganda positiva de Dilma, poupando o adversário para não ser acusado de “chutar cachorro morto”, e assim Serra ainda conseguia enganar uns poucos incautos se fazendo de amigo do presidente. Com o presidente partindo para o confronto, fica claro até para aqueles menos informados que ainda tinham dúvidas sobre quem estava do lado do presidente e quem estava contra ele.

Lula agora alveja diretamente Serra dizendo que ele mente e apela, servindo como um antídoto para o tom apelativo do tucano e para a campanha descontrolada da velha mídia. Quanto mais o tom deles subir, mais o presidente vai se envolver pessoalmente jogando todo o peso da sua aprovação para formar opinião.

Se o movimento atual das pesquisas continuar se confirmando podemos estar presenciando a falência do método de criar factóides frágeis para influenciar as urnas, além da confirmação do amadurecimento da sociedade brasileira, eliminado os terceirizadores de opinião, passando a se expressar de forma direta e livre.

por Marcio Leal

O Serra que assumiu as vozes das trevas e da intolerância


Meu Deus! Onde fui amarrar meu cavalo.
Sinceramente, esse Serra desses últimos dias me faz lembrar os torturadores que me submeteram a sevícias por 16 dias seguidos nos porões do Cenimar, na Ilha das Flores. É um Serra ao avesso do nosso tempo, alguém saído do sarcófago da intolerância, do atraso e da guerra fratricida que tanto prejuízo nos causou.
Sua insistência em atacar governantes que desagradam o império não vai lhe render um único voto a mais. Em compensação reacende os piores sentimentos obscurantistas que a aragem já varreu, reduzindo a ditadura paranóica a uma péssima lembrança, evitada até pelos que delas se serviram ou graças a ela aumentaram suas fortunas.
Esse discurso soa como filho temporão daqueles idos em que se matava, prendia e arrebentava pessoas que eram apontadas como “agentes de Moscou” forjados na guerra santa que precisava fabricar inimigos externos para justificar sua barbárie.
Primeiro, Serra cometeu o desatino de culpar o governo boliviano pelo consumo de drogas no Brasil. Ao querer atingir Evo Morales, o mais legítimo representante do povo boliviano, cuja integridade moral é reconhecida no mundo inteiro, o candidato do PSDB imaginou alcançar o Sr. Luiz Inácio e sua adversária por tabela.
Existem traficante porque existem compradores
Demonstrou, ao mesmo tempo, que subestima a inteligência do cidadão brasileiro. Nessa questão das drogas, ele preferiu um caminho diferente do seu líder, Fernando Henrique Cardoso, que abriu os olhos e hoje tem uma compreensão mais lúcida a respeito.
E vai mais além: desconhece a lógica mais cristalina: há traficantes porque há consumidores. E muitos desses compradores de cocaína vivem lá, em Ipanema e nos jardins da elite paulista, onde as festas mais badaladas não dispensam a “branquinha”.
Tenta tapar o sol com a peneira. Desconhece a própria crise da família e todos os fatores que incrementam a proliferação das drogas.
Tenho quatro filhos – os mais novos de 22 e 18 anos – e nunca eles se deixaram seduzir por amigos cujos pais não lhes dedicam a atenção devida. Estes, então, nem cigarro põem na boca.
Todo mundo sabe que esse vício macabro atinge a muitas famílias. Pais desesperados correm atrás de bodes expiatórios e clamam por mais intervenção policial para resolver o que eles não conseguiram resolver. Esse é um grande drama que o Sr. José Serra, numa precipitada irresponsabilidade, debita ao presidente Evo Moraes – um delírio, que só pode ser entendido como uma agressão gratuita e insana.
Chávez como alvo para agradar ao império
Agora, resolveu alvejar o presidente Hugo Chávez, a quem apontou levianamente como uma “ameaça à paz na América Latina”. E ofereceu a cobertura do seu manto aos belicistas da Colômbia, esta, sim, uma cabeça de ponte dos interesses norte-americanos, totalmente minada por três grandes bases instaladas em Malambo, Palanquero e Apiay (esta a 400 km de nossa fronteira) para assegurar a obediência vil dos países da América do Sul ao império decadente.
Serra decidiu seguir as pegadas do milionário Sebastián Piñera, que chegou à presidência do Chile numa aliança de direita (que agora, por pragmatismo, começa a renegar, negando-se a conceder indulto aos assassinos da ditadura de Pinochet, pedido pela Igreja católica de lá).
Ao invés de oferecer um projeto de avanço, uma alternativa para frente, o candidato oposicionista embarcou na parola da plutocracia paulista. Com vasta experiência, José Serra não pode alegar que desconhece a articulação dos norte-americanos para derrubar Chávez (como já tentaram em 2002) e que a Colômbia é peça chave nesse projeto, no qual o sistema internacional não quer passar pelos mesmos vexames sofridos ao longo dos últimos 50 anos, em suas quase 400 tentativas de assassinar Fidel Castro, invadir Cuba e acabar com a revolução.
Como nos velhos tempos
Essa história sobre o acolhimento de guerrilheiros das FARC pelo governo venezuelano não é nem um pouco diferente dos “informes” sobre a existência de armas químicas no Iraque, pretexto para a invasão do país árabe, amplamente desmascarado pelos fatos.,
Não é diferente também de outras montagens, como o incêndio do Reichstag, forjado por Hitler, em 1933, para assumir o poder na Alemanha e iniciar uma brutal perseguição política.
Contra uma política externa correta
Assessorado por algum primata, Serra ataca a política externa do sr. Luiz Inácio, reconheçamos, a forma mais lúcída de fortalecer o Brasil como nação soberana e assegurar ganhos excepcionais para o país. Sob esse aspecto, só sendo um grande mau caráter, um asno ou um cego, ou as três coisas juntas, para negar o que significou a presença de Lula em todo o mundo: ele deve ter feito mais visitas a outros países do que todos os presidentes que o antecederam. E isso foi altamente positivo, refletindo-se na afirmação do prestígio internacional do Brasil.
Serra está vestindo a carapuça da volta ao passado mais traumático, mais primário, ao reino da intolerância e da indústria da guerra fria, no que revela mais do que interesse eleitoral. É lícito imaginar que ele esteja agindo assim por por insegurança ou, o que é mais lamentável, por querer ganhar o apoio e a ajuda dos trilionários internacionais, que se consideram os donos do mundo.
Com esses pronunciamentos ao gosto da pior direita, ele vai acabar jogando nas mãos de sua adversária as pessoas de opinião, as que não querem ver o país alinhado incondicionalmente ao sistema internacional e curtem uma política externa com identidade própria.
Nessa, ele vai ficar perdido no espaço da história, festejado somente pela meia dúzia de nostálgicos da ditadura. E não arrumará um voto sequer: a direita sentimental já está contra Dilma pelos seus arroubos juvenis.
E vai acabar alimentando o discurso amplamente difundido de que ele seria dos males o pior.

http://www.porfiriolivre.info/2010/07/o-serra-que-assumiu-as-vozes-das-trevas.html

Dilma vira em 3 Estados e lidera sozinha em 24 UFs

Dilma Rousseff (PT) avançou no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e no Rio Grande do Sul e agora lidera sozinha a corrida presidencial em 24 das 27 unidades da Federação. José Serra (PSDB) só consegue empatar tecnicamente com a petista no Paraná, Santa Catarina e no Acre.

Levantamento feito com base nas mais recentes pesquisas do Ibope nos Estados mostra que Dilma está isolada em primeiro lugar em todo o Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste. A situação se repete em 6 dos 7 Estados do Norte.

No Acre, Estado natal de Marina Silva (PV), é onde a sucessão está mais embolada. Serra tem 34%, Dilma tem 32% e a candidata verde tem 19% (seu melhor desempenho no país).

Serra ainda consegue segurar empates técnicos em 2 dos 3 Estados do Sul, onde a “onda vermelha” demorou mais tempo para chegar. No Paraná ele tem 40%, contra 43% da petista. E entre os catarinenses ela tem 40% e ele, 38%.

Dilma tem mais de dois terços dos votos válidos em 11 Estados, todos do Nordeste e do Norte. Além desses, ela fica com 50% a 66% dos votos válidos em mais 12 unidades da Federação. Ou seja, a candidata de Lula ganharia no primeiro turno em 23 UFs, que somam 68% do total de votos do país. Neles, ela abre 19 pontos sobre a soma dos adversários.

Em São Paulo, Dilma também bate Serra, mas tem “apenas” 48% dos votos válidos, insuficientes para uma vitória em turno único.

As pesquisas que entraram nesse levantamento foram feitas em datas diferentes, a partir de 12 de agosto. As nove mais recentes foram concluídas na última sexta-feira. Juntas, elas somam mais de 27 mil entrevistas, cerca de nove vezes mais do que a amostra de uma pesquisa nacional do Ibope.

Ponderados os resultados estaduais segundo o porcentual de comparecimento dos eleitores em cada unidade da Federação na eleição de 2006, percebe-se que Dilma chega a 53% de intenção de voto, contra 27% de Serra e 8% de Marina.

Trata-se de uma média dos últimos 20 dias. Portanto, essa totalização não é tão recente quanto a pesquisa nacional Ibope divulgada na sexta-feira, que apontou Dilma com 51%. A diferença entra elas está dentro da margem de erro e não indica oscilação da petista. Os dois resultados se confirmam.

A um mês da eleição, Dilma tem cerca de 27 milhões de votos a mais do que Serra. Para levar a eleição para o segundo turno, o tucano e Marina precisam “roubar” 200 mil eleitores por dia da petista, em média.

de Jose Roberto de Toledo

Paulo Henrique Amorim sente cheiro de golpe. Mônica Serra fala em ditadura

Paulo Henrique Amorim, um dos poucos blogueiros progressistas que viu o Jango cair, sente cheiro de golpe no ar.
Ele avalia que o pedido de cassação da candidatura de Dilma no STF é a tentativa dos tucanos de tentar ganhar a eleição com sete votos.
De fato, o caso da Receita Federal fez com que o discurso dos serristas mudasse. Entre as pérolas que li desde ontem destaco a entrevista quase boçal dada pela esposa do candidato na Folha de hoje.
Ela insinua que o Brasil vive numa ditadura (“Já que as instituições não estão funcionando, vamos admitir que estamos numa ditadura disfarçada.”).
Como a candidatura de Serra chegou ao seu nível mínimo, 25%, os tucanos perceberam que não tem nada mais a perder. E quando a oposição passa a não ter mais nada a perder, o cenário fica perigoso. Paulo Henrique tem razão nesse sentido.
A diferença é que o golpe não interessa a parte significativa das elites. A estabilidade política e econômica tem garantido a uma parcela significativa do empresariado um presente muito interessante e uma boa perspectiva de futuro.
Eles querem que a eleição aconteça sem grandes tremores e riscos. Pra maioria, tanto faz Dilma ou Serra.
Por outro lado, o PIG, alcunha dada por Paulo Henrique à velha mídia, quer sangue. Uma boa parte dos tucanos que não quer ver o partido acabar nesta eleição também.
São esses setores que estão transformando esse caso da Receita (que cheira mais a crime comum de gente que buscava ganhar dinheiro com chantagem) em trama política.
Nos próximos dias a velha mídia, os serristas e alguns blogueiros tresloucados vão gritar muito . Vão fazer de tudo para tentar convencer parte do eleitorado que o Brasil vive numa “ditadura disfarçada”. E vão tentar convencer a dona Maria que ela corre o risco de ter seu sigilo de Imposto de Renda quebrado.
A campanha de Dilma vai ter de ser muita habilidosa. Não é tão difícil mostrar que esse é o grito dos desesperados. Que ao invés de disputar o jogo, os tucanos querem acabar com ele no momento em que estão perdendo de goleada.
O povo entende isso numa boa.
Dilma tem que ser firme, mas não pode se deixar levar pela emoção. Não é hora de transformar a eleição numa guerra. O que só interessa a quem não tem nada a perder.
Além do que, afora Serra, não creio que os outros atores desse patético teatro estejam querendo virar o jogo da eleição presidencial. A tentativa é a de diminuir o tamanho da derrota e a de impedir que alguns candidatos importantes para eles ao Senado e ao governo de estados não fiquem pelo caminho.
De qualquer forma é bom ficar vigilante. Como diz a música de Jorge Benjor, caldo de galinha não faz mal a ninguém.
Por este motivo o alerta de Paulo Henrique é muito importante.

Fernando Monteiro

terça-feira, 28 de setembro de 2010

“Violador” tem 5 CPFs e ama o Serra.


O contador Antonio Carlos Atella Ferreira admitiu, em entrevista concedida há pouco à Folha, que levou à Receita Federal uma solicitação para obter cópias das declarações de Imposto de Renda da filha do candidato a presidente José Serra (PSDB), a empresária Verônica.

Ele disse, contudo, que apenas encaminhou um pedido feito por um advogado cliente seu e que não sabia que o documento tratava da filha de Serra. Atella afirmou também não lembrar qual cliente lhe encaminhou o documento com a solicitação, dizendo apenas que se trata de alguém “inescrupuloso”.

“Eu não sabia que era a filha do Serra. Eu nem sabia que o Serra tinha filha. Eu sempre votei no Serra, sou eleitor dele. Eu quero encontrá-lo pessoalmente e lhe dar uma rosa”, disse Atella.

Leia trechos de entrevista concedida à Folha.

Folha – Seu nome aparece como procurador da Verônica Serra?
Antônio Carlos Atella – Pois é… Estamos dando risada até agora.

O que aconteceu?
- Sei lá, é uma brincadeira de mau gosto.

Mas o senhor assinou o documento?
- Assinei e retirei o documento, mas não assinei como quem pediu o documento.

O senhor está dizendo que a assinatura não é sua?
- Da retirada é. Mas não a de quem solicitou.

Mas o senhor não foi procurador da Verônica Serra?
- Na verdade, não sei se é ou não. Como trabalho para advogados e etc e tal, os motoboys vêm e me entregam… Pediu eu estou tirando. Se o senhor pedir de quem quiser eu tiro. Se o senhor quiser a do senhor… Assinou, mandou para mim eu tiro. E a Receita tem que entregar. A Receita não é nem culpada, coitada. Não estou defendendo, mas a funcionária pega uma solicitação ela tem que cumprir o ato administrativo. Não estou defendendo ninguém, nem conheço a pessoa.

Quem pediu a da Verônica Serra?
- Um cliente que pediu. Não sei quem é, algum advogado do Brasil.

Mas o senhor não lembra quem entregou o papel para o senhor?
- Não lembro. Tenho 42 anos de profissão, tenho clientes de todos os lados, não vou lembrar um caso, o cafezinho que tomei lá atrás, mesmo porque faço de 15 a 20 por dia.

Qual é a sua profissão?
- Contador, com direito a atuar justamente na área.[para para pedir uma água tônica]

Como é o seu trabalho?
- O advogado me manda a procuração, eu vou lá e retiro o documento. Sou um office boy de luxo.

Quantas solicitações o senhor faz por dia?
- Naquela época, que não tinha certificação digital, fazíamos de dez a 12 por dia. Agora caiu porque todo mundo faz, tem senha eletrônica.

Para que as pessoas pediam?
- Para uso de interesse próprio.

O senhor mora em Mauá?
- Não.

O senhor tem ligação com algum partido?
- Não, tenho nojo de política. Mas eu voto no Serra viu? Sou eleitor dele desde que ele nasceu.

É filiado a algum partido?
- Não. Mas agora vou querer ser vereador [risos]

Já tem partido?
- Uma legenda boa para se eleger. Estou vendo que o negócio é bom…

O seu nome aparece envolvido no caso do sigilo…
- Vou tirar proveito. Lembra-se do caso do ‘veado’ costureiro que roubou o cemitério e saiu para deputado federal? Acho que não sou dessa qualidade, mas posso.

O senhor responde a processos, em Rondônia, por exemplo.
- Por que? Conhece algum? Sou advogado, me apresente.

No Tribunal de Justiça de Rondônia há quatro, dois em sigilo de Justiça.
- Maravilha! Mas não sou obrigado a te responder. Sou advogado.

O senhor é filiado à OAB de São Paulo?
- Não, não sou da banda podre.

Por que o senhor teve cinco CPFs?
- Tinha, mas pedi para o delegado da Receita suspender com uma carta de próprio punho e ele deferiu. Já vi que o senhor não é da área, é desinformado.

Mas por que o senhor teve tantos CPFs?
- Por um direito de qualquer cidadão, é a própria Receita. Onde se tira um CPF? Por que tenho dois? Quem me forneceu, foi o senhor?

O senhor conhece funcionários da Receita?
- Conheço todo mundo, inclusive o Mantega, que tem sítio vizinho do meu em São Roque.

O senhor já falou com o ministro?
- Não, não tive o desprazer ainda porque não gosto de política.

O senhor conhece o pessoal que trabalha na agência da Receita em Mauá?
- Conheço no Brasil inteiro. Trabalho na área, pela força de trabalho seria difícil dizer que não conheço nenhuma pessoa que está na mídia, que é notável no momento. Agora é o meu momento de glória, igual foi com a menina da Uniban [Geyse Arruda].

Repetindo, o senhor conhece os funcionários de Mauá?
- Posso dizer que conheço até o porteiro.

O senhor conhece as senhoras Antonia Aparecida dos Santos e Addeilda dos Santos?
- Não conheço ninguém pessoalmente.

Mas já ouviu falar delas?
- Já, quem é que não sabe. Quem mora em Santo André conhece funcionários do banco, da rua tal…

E como é o seu trabalho na Receita?
- Protocolava, voltava para buscar, assinava a retirada e cumpria meu ato administrativo levando a quem pediu.

A senhora Verônica diz que a assinatura dela é falsa.
- Não é a filha do Serra que fiquei sabendo hoje? Nem sabia que ela tinha filha. Voto nele desde pequenininho.
O senhor foi procurador deste documento?
- Não. Eu retirei esse documento, solicitação de retirada deste documento.
Então quem pediu para o senhor retirá-lo?
- O senhor sabe? Eu não sei quem foi o cidadão… Como eu não sei dos processos que você fala em Rondônia.
Estão no nome do senhor.
- Para quem teve uma fazenda de 900 hectares com certeza tenho uns 40 processos contra alguém e uns quatro se defenderam contra mim. Tive fazendas lá. Não passei lá de avião em aeroporto. Tenho vida pregressa de trabalho, estou acima do bem e do mal.
O senhor foi servidor?
- Não tive o privilégio de ser um vagabundo a mais.
O senhor confirma conhece algum político?
- Já disse que tenho nojo de político. Só gosto do Serra, sou apaixonado pelo debate dele. Aliás, acho que Brasília não é o lugar dele, ele tem que ficar aqui, nasci aqui, sou paulista então quero que ele nunca saia daqui.
Quais são os escritórios para quem o senhor trabalha?
- Diversos, trabalho aqui, no exterior, em todo lugar… onde sou chamado e bem pago.
No exterior?
- Também. Se solicitar vou agora, só depende do honorário. Tem várias empresas brasileiras na África, em Luanda… Minha bateria está acabando, minha bateria está acabando.

Da Folha

Mais mentiras de Serra na TV: hospital 'com rachaduras' será demolido em dezembro

O programa de TV de José Serra desta terça a tarde foi outro vexame de picaretagens e mentiras.

No caso do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o demo-tucano apresentou um quadro como se fosse de 'abandono'.

O que a picaretagem de Serra não contou para o telespectador, é que o Hospital é uma enorme construção de 3 prédios, e que parte dele está em pleno funcionamento, fazendo cirurgias, exames e tratamentos complexos, além de pesquisas, e um dos prédios, o que apresenta rachaduras, de construção antiga, está fechado (nunca foi acabado), com estrutura condenada, e será demolido em 19 de dezembro, para construção de um novo prédio. Ou seja, depois de décadas é o governo Lula quem dá andamento e solução na parte que estava inacabada.

José Serra (PSDB) quando foi ministro da Saúde, fez muito mal à saúde do Rio, deixando uma herança maldita que vem sendo consertada ao longo do tempo. No governo FHC ele transferiu a rede hospitalar federal para o município, em um convênio mal feito. O resultado foi que César Maia (DEMos/RJ), quando prefeito, deixou estes hospitais municipalizados à mingua, enquanto seu secretário da saúde, que não era médico e sim banqueiro, aplicava as verbas da saúde na ciranda financeira.

Médicos e servidores aposentavam e não eram repostos. Equipamentos quebravam e não tinham manutenção. Alguns hospitais de referência e de excelência em suas especialidades quase fecharam, como foi o caso do Hospital da Lagoa.

A crise na saúde no Rio de Janeiro, levou o Conselho Regional de Medicina a pedir interdição de hospitais e intervenção federal, o que ocorreu durante o governo Lula, retomando os hospitais federais que haviam sido municipalizados, reerguendo-os e restabelecendo o atendimento.

Hoje, a rede SAMU de ambulâncias cada vez mais abrangente, e equipes do programa saúde da família, encaminham cada vez mais gente para serem atendidas na rede de saúde, sobrecarregando os hospitais, que, devido há anos de abandono (incluindo o período de José Serra no ministério da saúde) eram a única opção para atender desde unhas encravadas até casos graves que colocam a vida em risco.

Para descongestionar os hospitais, a política do Ministério da Saúde no governo Lula é formar uma rede integrada, construindo UPA's de menor custo para atendimentos mais simples e de pronto-socorro, deixando os hospitais já existentes ou novos, liberados para ampliar o atendimento de casos complexos e graves. Uma política de saúde simples, boa e que resolve.

Hoje, César Maia (DEMos) é candidato ao senado coligado com Serra, e tem como suplente o ex-secretário de saúde e banqueiro Ronaldo Cezar Coelho (PSDB), o dono do jatinho emprestado para José Serra fazer campanha.--

“A vida dos outros”

O jornal Folha de S.Paulo publicou, no dias 5 de agosto, matéria com o titulo Vídeo em site tucano critica indenização por ditadura.

Afirma que o vídeo, publicado com destaque no site oficial da campanha de José Serra critica políticos que "se gabam de ter lutado contra a ditadura, mas pedem dinheiro, contraprestação por suas lutas".

Sob o título Patriota, diz o vídeo: "Serra? Serra não. Nunca pediu dinheiro algum. Lutou pelo amor que sempre teve pelo nosso país, abriu mão de tudo isso para esse dinheiro ser voltado para a educação".

Não se duvida do patriotismo de Serra, mas o que dizer então de Dilma, que abriu mão da própria vida para lutar por justiça e liberdade? Foi presa e torturada sim e as indenizações que possa ter recebido dos estados onde ficou presa são valores que, simbolicamente, buscam afirmar o repúdio à tortura praticada pela ditadura.

Aqueles que não têm idéia dos sacrifícios de uma vida clandestina deveriam apenas calar. A anistia é um direito conquistado, reconhecido pelo Congresso Nacional ainda no governo FHC. Sua concessão gera polêmica, mas é torpe ser usada como acusação pelos serristas.

A matéria informa que a comissão de anistia reconheceu Serra como anistiado político em dezembro de 2002. Mas não se deu ao trabalho de informar o que pediu e o que ganhou aquele que chama de patriota – e tampouco esclarece de que dinheiro abriu mão para a educação. Seria uma doação? É o que parecem querer dizer os serristas.

Não sei da vida pessoal de Serra, e o que fazia antes de ser candidato a presidente em 2002. Sei que se aposentou como professor da Unicamp – mas não sei quando e como. Ao perder a eleição em 2002, parece que decidiu ajeitar sua vida, e recorreu à Comissão de Anistia – direito seu e de todos os que foram perseguidos pela ditadura.

Nada mais justo, se Serra tivesse tido a dignidade de seguir os trâmites normais, que na maior parte das vezes significa alguns anos na fila de votação. Mas ao que parece, a pressa era muita!

Vejamos as informações que a folha e os serristas não divulgaram e que estão disponíveis no site da Comissão de Anistia.

Serra entrou com pedido na Comissão de Anistia no dia 06 de dezembro de 2002. Três dias depois, seu requerimento foi aprovado e dez dias depois foi publicado. Dentre as dezenas de milhares de requerimentos, creio que essa agilidade é um recorde absoluto!

Não sei o que Serra pediu, nem se usou, em sua aposentadoria, esse tempo que lhe foi concedido, mas é muito estranha a contagem de tempo de serviço não ser contínua e, excetuando o ano de 1975, terminar em fevereiro de 1978, conforme publicação no Diário Oficial da União. De sua biografia, consta que em março de 1978 voltara do exílio e trabalhava no Brasil.

Além de ter usado seu poder e sua influência para furar a fila e agilizar a votação e publicação de sua portaria, Serra e os serristas poderiam explicar porque tanta pressa e ainda o porquê dessa portaria com tão estranha concessão de tempo de serviço – pagina 79 do DOU de 19/12/2002.

Nº Processo Requerente CPF Relator Data Protocolo Data Autuação
2002. 01 . 12995 José Serra 6/12/2002 6/12/2002


PORTARIA Nº 2.543, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2002
O MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA, no uso de suas atribuições legais, com fulcro no artigo 10 da Lei n.º 10.559, de 13 de novembro de 2002, publicada no Diário Oficial de 14 de novembro de 2002 e considerando o resultado do julgamento proferido pelo Plenário da Comissão de Anistia, na sessão realizada no dia 09 de dezembro de 2002, no Requerimento de Anistia n.º 2002.01.12995, resolve:

Declarar JOSÉ SERRA anistiado político e conceder-lhe a contagem de tempo de serviço de janeiro de 1966 a fevereiro de 1978, excluindo-se o ano de 1975 totalizando 11 anos e 29 dias.
PAULO DE TARSO RAMOS RIBEIRO

E, principalmente, deveriam lembrar os serristas que a dignidade de Dilma Roussef está a mil anos luz das torpezas que possam praticar ou sequer imaginar para tentar fazer subir nas pesquisas o candidato que, novamente, concorre à presidência.

Suzana Keniger Lisbôa,

Nova D I T A D U R A N O B R A S I L – PERIGO !!!!

Existem imensos interesses americanos contrariados na autodeterminação do Brasil em continuar evoluindo e de maneira soberana com a continuação do lulismo pela eleição quase certa da Dilma.
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...Os USA precisam desesperadamente quebrar essa saudavél união Sul-Sul que o aprofundamento do Mercosul está causando em detrimento dos interesses americanos. Precisam e precisarão muito e em menos de 10 anos de dispor vantagens na utilização de nosso petróleo, de nossos minérios, de nossos grãos e – pasmem – de nossa água !!!
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Esta necessidade de domínio e primazia é fator “si ne qua nom” para manter alguma hegêmonia yanque no mundo frente
as crescentes inflûencias da Russia e da China, amenizando o poder da Índia e neutralizando o mais novo player mundial que é e está se tornando o Brasil.
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Por esta premente e geopolítica necessidade americana de retomar o controle indireto do Brasil -principal potência Latino Americana- pelo retorno da direita entreguista brasileira ao poder é que se pode concluir, dado aos maus antecedentes criminais dos USA após 1950 bombardeando o palácio de La Moneda – no Chile – matando o presidente eleito Salvador Alende e incentivando, com apoio da CIA e das direitas entreguistas de plantão, TODAS as ditaduras militares ocorridas na América Latina e seus regimes de horror tendo mais recentemente apoiado o golpe milico-judicilesco dado em Honduras é que se deve desconfiar o que está porvir…
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Deve-se desconfiar e muito da visita recente do virtual derrotado nas urnas, José Serra, ao clube militar da Aeronáutica no Rio de Janeiro que a pedir NOVO GOLPE MILITAR contra o Brasil , na presença de 200 oficiais e alguns ícones da direita escravagista brasileira.
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Deve-se desconfiar que, um golpe militar hoje no Brasil, atenderia em cheio aos interesses americanos em nossa terra que vem sendo paulatinamente derrotados nas urnas em favor dos interesses legítimos brasileiros que tão bem e de forma tão patriota o presidente Lula, os brasileiros e o amadurecimento da Democracia tem conquistado.
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A CIA e outros braços da direita americana defendendo em bastidores seus interesses estão entre nós e é preciso considerá-los.

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Atenção e Inteligência redobrada será o preço que devemos pagar pela nossa liberdade, prosperidade, soberania e Democracia também. É o futuro nosso e de nossos filhos que está em jogo.

por Paulo Filho

Ativista é encontrada morta após denunciar existência de vala comum na Colômbia‏

A dirigente Norma Irene Pérez, ativista de direitos humanos da cidade colombiana La Macarena, integrante do grupo que denunciou a presença da maior vala comum da América Latina em julho passado, foi assassinada a tiros, denunciou ontem (23/8) o deputado Iván Cepeda.

Em entrevista à ANSA, Cepeda disse que em 7 de agosto Pérez desapareceu e seis dias depois seu corpo foi encontrado baleado.
Parlamentares colombianos confirmam existência de vala comum em La Macarena
Foro de São Paulo encerra seu encontro anual com declaração a favor da integração regional, da paz e do socialismo

O congressista, do Polo Democrático Alternativo (PDA, de esquerda), lembrou que a mulher assassinada participou da audiência pública convocada sob o título "A crise humanitária e as planícies orientais", onde foi denunciada a existência de uma vala comum com dois mil cadáveres em La Macarena, sul do país. O local seria pertencente ao Exército.

A denúncia foi levada ao Congresso pela senadora do Partido Liberal (PL) Piedad Córdoba há um mês, e endossada também pela senadora Gloria Inês Ramírez, também do PDA.

Frente à acusação, o governo colombiano, então a cargo de Álvaro Uribe (2002-2010), disse que o lugar era um cemitério legal, reconhecendo a existência de 449 corpos de pessoas mortas em combate nos últimos oito anos.

"Não sabemos a origem desta situação, mas havia advertido sobre os riscos para aquelas pessoas que denunciaram a questão de La Macarena", afirmou o deputado à ANSA, negando estar sendo ameaçado em decorrência do caso.

Segundo ele, haverá ainda outro debate no Parlamento sobre o local denunciado. Foram citados para acompanhar a sessão os ministros da Defesa, Rodrigo Rivera, e do Interior e Justiça, Germán Vargas Lleras, que concorreu às últimas eleições presidenciais pelo Partido Mudança Radical. Além deles, estarão presentes procuradores e promotores do país.

As autoridades, agora sob o governo de Juan Manuel Santos - que fora ministro da Defesa de Uribe -, ainda não se pronunciaram sobre tal execução.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Vox Populi/Band/iG: Alckmin cai e vitória no 1º turno é ameaçada

O cenário de vitória do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) logo no primeiro turno, em São Paulo, está ameaçado, de acordo com a mais recente pesquisa Vox Populi/Band/iG. O tucano perdeu nove pontos em relação ao último levantamento, em agosto, e conta agora com 40% das intenções de voto – exatamente a soma do desempenho dos quatro principais adversários.


Em um mês, Dilma cresce dez pontos e ultrapassa Serra em SP
O senador Aloizio Mercadante, do PT, foi quem mais cresceu: saltou de 17% para 28% entre agosto e setembro. Celso Russomano (PP) oscilou dois pontos para baixo e aparece agora com 7%. Paulo Skaf (PSB), que antes tinha 1%, soma agora 3%. Fábio Feldmann, do PV, tem 2% das preferências. Com o cenário, fica no limite a possibilidade de a disputa ser decidida no primeiro turno. Em julho, a distância de Alckmin em relação à soma dos demais candidatos era de 18%.

A margem de erro é de 2,5 pontos percentuais. A pesquisa, registrada do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número 31.704/10, ouviu 1.500 pessoas entre os dias 18 e 21 de setembro.
O índice dos que se dizem indecisos ou não responderam à pesquisa é de 13% em São Paulo, ainda segundo o Vox Populi. Brancos e nulos somam 7%.

Na pesquisa espontânea, quando o nome dos candidatos não é apresentado ao eleitor, Alckmin soma 32% e Mercadante, 23% - o petista tinha 7% há um mês.

O crescimento do petista acontece num momento em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva intensificou a campanha petista no maior colégio eleitoral do País, tanto na TV como em comícios.
Mercadante se beneficiou também do crescimento de Dilma Rousseff, presidenciável petista, no Estado. Entre agosto e setembro, a ex-ministra da Casa Civil cresceu dez pontos e hoje soma 43% das preferências. Já o tucano José Serra, que tinha 40% das intenções de voto, aparece agora com 29%.

A candidata Marina Silva, do PV, subiu três pontos e agora conta com 12%. Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) é o candidato favorito de 1% dos eleitores paulistas – os demais não somam 1%.

Em São Paulo, o índice de quem não sabe ou não respondeu em quem pretende votar para presidente no dia 3 de outubro é de 9%. Outros 6% dizem votar nulo ou em branco.

Senado

A disputa para o Senado também apresentou mudanças em relação à pesquisa anterior. A candidata Marta Suplicy (PT) oscilou dois pontos para cima e agora tem 36% das intenções de voto.

A ex-prefeita de São Paulo, no entanto, observa o crescimento mais acelerado de dois adversários com chances de obter as vagas no Senado. Netinho de Paula (PC do B), candidato na chapa petista, saltou de 16% para 33% em um mês, enquanto Aloysio Nunes (PSDB) praticamente quadruplicou seu desempenho e chegou agora a 22% após a saída de Orestes Quércia (PMDB) da disputa. Romeu Tuma (PTB) tem 16% das preferências – eram 19% em agosto.

O cenário, no entanto, tende a mudar até o dia da votação, já que 21% dos eleitores paulistas ainda se dizem indecisos. Brancos e nulos somam 14%.

Vox Populi: Tarso tem 45%, Fogaça, 22% no Rio Grande do Sul

O Rio Grande do Sul pode decidir as eleições estaduais já no primeiro turno, segundo pesquisa Vox Populi/Band/iG divulgada hoje. O candidato Tarso Genro (PT) subiu de 35% em agosto para 45% em setembro. José Fogaça (PMDB) oscilou negativamente de 24% no mês passado para 22%. Yeda Crusius (PSDB) tem 11% oscilando um ponto para baixo.

Brancos e nulos somam 4% e indecisos, 16%. A pesquisa foi registrada no TRE-RS sob o número 48.960/10 e no TSE sob o número 31.710/10. O instituto ouviu 800 pessoas entre os dias 18 e 21 de setembro. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais para mais ou para menos.

Na disputa presidencial, a candidata petista Dilma Rousseff subiu de 37% para 46% entre os gaúchos. Já o tucano José Serra caiu de 39% para 31%. Marina Silva (PV) oscilou positivamente de 6% para 7%. Os demais candidatos não alcançaram 1% das intenções de voto no Estado. Brancos e nulos somam 2% e indecisos, 14%.

Senado

Na corrida ao Senado, Paulo Paim (PT) e Ana Amélia Lemos (PP) seriam eleitos com 47% e 45% dos votos, respectivamente. Germano Rigotto (PMDB) aparece em terceiro, com 28% das intenções de voto, seguido por Abgail Pereira (PCdoB), com 16%.

Os candidatos Marcos Monteiro (PV), Vera Guasso (PSTU) e Roberto Gross (PTC) têm 1% cada. Brancos e nulos somam 6% e 35% se disseram indecisos no Rio Grande do Sul.

Vox Populi: Campos segue com 70% e seria reeleito no 1º turno

A uma semana das eleições, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), continua com 70% das intenções de voto na mais recente pesquisa Vox Populi/Band/iG e seria reeleito, com folga, logo no primeiro turno.

Apoiado pelo presidente Lula, Campos tem 53% de distância para o segundo colocado, Jarbas Vasconcelos (PMDB), que oscilou dois pontos para baixo desde agosto e tem agora 17%. Em julho, a diferença era de 36 pontos (61% a 25%).


Tracking Vox Populi/Band/iG: Dilma recua para 50%
A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais. Edson Silva (PSOL), Sérgio Xavier (PV) e Jair Pedro (PSDT) têm 1% das preferências cada. Os demais não somaram sequer 1%. Votos brancos e nulos somam 5%, enquanto 6% dos entrevistados disseram não responderam ou não sabem em quem votar no dia 3 de outubro. A pesquisa, registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número 31.702/10, ouviu 800 eleitores entre os dias 18 e 21 de setembro.

Na pesquisa espontânea, quando os nomes dos candidatos não são apresentados, Campos é citado por 66% dos eleitores. Jarbas, por sua vez, recebeu 16% das menções.

O Vox Populi mostrou também que, em Pernambuco, a candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff, conta hoje com 68% das intenções de voto, contra 66% apurados em agosto. O principal adversário, José Serra (PSDB), caiu quatro pontos e tem 15% das preferências. Marina Silva (PV), por sua vez, oscilou dois pontos e agora soma 8%.

Apenas 5% dos eleitores pernambucanos dizem não saber ou não responderam em quem pretendem votar para presidente. O índice dos que pretendem votar nulo ou em branco é de 3%.

Senado

Na corrida para o Senado, os dois candidatos da base aliada do governo Lula, Humberto Costa (PT) e Armando Monteiro (PTB) aparecem à frente na pesquisa. Costa, ex-ministro da Saúde, aparece na pesquisa com 54% - ele tinha 47% em agosto.

O petebista também cresceu e saltou de 31% para 45%. O senador Marco Maciel (DEM), que concorre à reeleição, foi ultrapassado e aparece agora com 26% das preferências – eram 32% na última pesquisa. Raul Junggmann (PPS) ocupa a quarta colocacao na disputa, com 9%.

O índice dos que não responderam ou dizem não saber em quem votar, no entanto, ainda é alto em Pernambuco: 24% (ou, um quarto dos eleitores). Outros 14% afirmam que pretendem votar nulo ou em branco.

Vox Populi: Antes de desistir, Roriz tinha 33% dos votos

Antes de desistir da sua candidatura, Joaquim Roriz (PSC) estava em segundo lugar, com 33% dos votos, na disputa pelo governo do Distrito Federal, segundo levantamento Vox Populi/Band/iG divulgado hoje. Agnelo Queiroz (PT) liderava a disputa com 44% dos votos.

Roriz abdicou hoje da disputa em favor da sua mulher, Weslian Roriz (PSC). Ameaçado pela Lei da Ficha Limpa, o ex-governador por 4 mandatos tomou a decisão de retirar a candidatura após o impasse dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a lei na sessão de ontem.

Roriz oscilou negativamente 3 pontos em relação à última pesquisa feita pelo instituto em agosto. Já Agnelo ganhou 18 pontos percentuais em um mês e tomou a liderança. Toninho (PSOL) é o terceiro com 3% dos votos. Brancos e nulos somam 7% e os indecisos 13%.


Tracking Vox Populi/Band/iG: Dilma recua para 50%
Dilma Rousseff (PT) lidera a disputa presidencial no Distrito Federal com 44%. José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV) empatam no segundo lugar com, respectivamente, 20% e 18%. Brancos e nulos tem 7% e os indecisos 13%.

A margem de erro é de 3,7 pontos percentuais para mais ou para menos. Foram feitas 700 entrevistas entre os dias 18 e 21 de setembro. A pesquisa está protocolada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o nº 31.701/10.

Senado

O senador Cristovam Buarque (PDT), com 50% dos votos, e o deputado federal Rodrigo Rollemberg (PSB), com 38%, lideram a disputa pelas duas vagas do Senado no Distrito Federal.

Abadia (PSDB), candidata apoiada por Roriz, está em terceiro com 25%. Alberto Fraga (DEM) tem 16% e Chico Sant´Anna 2%. Cadu Valadares (PV), Pr. Milton Tadashi (PTN) e Robson (PSTU) tem 1% cada. Brancos e nulos 12% e indecisos 26%.

Vox Populi: Wagner abre 28 pontos na Bahia

O candidato do PT a governador da Bahia, Jaques Wagner, continua na liderança da corrida pelo governo do Estado com 46% das intenções de voto, segundo a nova pesquisa Vox Populi/Band/iG.

O petista oscilou um ponto percentual positivamente em relação à pesquisa do mês de agosto e abriu 28 pontos de diferença em relação ao principal adversário, Paulo Souto (DEM).

Souto aparece na pesquisa com 18% das intenções de voto, seis pontos percentuais a menos que na pesquisa de agosto, quando tinha 24% da preferência do eleitorado. Na terceira colocação está Geddel Vieira Lima (PMDB), que passou de 9% para 14%.

Segundo o Vox Populi, o candidato Bassuma, do PV, somou 1% e os demais candidatos não pontuaram. O levantamento do mês de setembro apurou ainda que 15% dos entrevistados ainda se dizem indecisos, enquanto 5% declararam a intenção de votar em branco ou nulo na eleição de 03 de outubro.

Se a eleição fosse hoje, Jaques Wagner seria eleito ainda no primeiro turno, já que a soma das intenções de voto dos seus adversários não atingem o patamar do candidato petista.

Na corrida presidencial, a candidata do PT, Dilma Rousseff, aparece com 51% das intenções de voto na Bahia, enquanto Serra e Marina registraram 17% e 7%, respectivamente.

Senado

A disputa pelas duas vagas para o Senado Federal pela Bahia está acirrada. O candidato Walter Pinheiro (PT) tem 33% da preferência do eleitorado, enquanto César Borges (PR) e Lídice (PSB) estão tecnicamente empatados com 25% e 23%, respectivamente.

De acordo com o Vox Populi, Borges caiu dez pontos percentuais em relação a pesquisa anterior, onde aparecia com 35%. No mesmo período, Lídice e Walter Pinheiro subiram seis pontos percentuais da um.
O candidato José Ronaldo (DEM) somou 10%, enquanto Aleluia (DEM) e Edvaldo Brito (PTB) empataram em 8%.

O instituto Vox Populi ouviu 800 eleitores entre os dias 18 e 21 de setembro. A margem de erro da pesquisa é de 3,5 pontos percentuais, para mais ou para menos. A sondagem foi registrada no TRE/BA sob o nº 41.457/10) e no TSE sob o nº 31.707/10.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

ESTE É O NOSSO BRASIL - NÃO É FÁCIL!!!

Nós temos os governantes que merecemos, precisamos querer merecer MAIS do que isso!!
Atenção!
Prestem atenção no Grau de Instrução da grande maioria,
principalmente da mulher Pêra.















quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O BISCOITO FINO E A MASSA

Dez Batalhas Chave da Esquerda nas Eleições ao Senado


1.Senado Piauí: Uma das mais auspiciosas possibilidades das Eleições 2010 é chutar Heráclito Fortes para fora do Senado. Qualquer um que saiba qualquer coisa sobre a figura entenderá a torcida entusiasmada deste blog. Típico representante da mais escrota oligarquia nordestina—que vem tendo seu domínio político solapado pelo crescimento do PT, do PSB e do lulismo na região--, Heráclito corre sério risco de ter que se candidatar a vereador ou prefeito de Teresina em 2012. Sempre lembrando que cada estado elege dois senadores este ano, os números atuais do Ibope são: Wellington Dias (PT) lidera com 42%, Mão Santa (PSC) tem 22%, Ciro Nogueira (PP) e Heráclito (DEM) pontuam nos 14% cada um e Antonio José Medeiros (PT) tem 5%. Independente das discussões acerca do “voto útil”, ou sobre se Medeiros pode crescer e brigar pela segunda vaga (o segundo candidato do PT ao Senado chegou a marcar 14% em outra pesquisa, a 180 Graus/Jales), o Biscoito endossa a corrente pra trás contra Heráclito.

2.Senado Amazonas. O números atuais do Ibope para o Senado no Amazonas são: ex-governador Eduardo Braga (PMDB) 86%, atual senador "Artur Neto” (PSDB) 43% e deputada federal Vanessa Grazziotin (PC do B) 33%. Vanessa é antiga militante dos movimentos populares no Amazonas, sua campanha vem crescendo, e há 18% de eleitores que só citaram um candidato ao Senado na pesquisa Ibope (além dos 7% de indecisos). Arthur Virgílio foi humilhado na última eleição majoritária no Amazonas (ficou na casa dos 5%) e o blog aposta que ele vai perder a vaguinha no Senado. Além do fato óbvio de que Vanessa está comprometida com o projeto popular de crescimento com distribuição de renda do governo Lula, aqui há o dado adicional de que os tucanos ficam muito mal colocados na discussão sobre a Zona Franca. Sem dúvida, seria bem emblemático eleger uma mulher feminista e comunista para tirar a vaga do senador que gosta de ameaçar bater em presidente da república (ameaça tão típica do machismo nosso de cada dia). Arthur Virgílio é a personificação do atraso e este blog coloca qualquer modesto recurso que possa ter à disposição da campanha de Vanessa Grazziotin (PC do B). Eu conheço a trajetória da candidata e endosso com entusiasmo.

3.Senado Pernambuco. Na terra em que nem Jesus nem o Pe. Cícero é mais popular que Lula, o lulismo de resultados (apud Diário Gauche) quer mostrar com quantos votos se elegem dois senadores. Eduardo Campos (PSB) está disparado para governador, humilhando o neoudenista “autêntico” Jarbas Vasconcellos numa surra de 60% a 24%. Campos deve se reeleger no primeiro turno. Os números do Ibope para o Senado são: Humberto Costa (PT) 44%, Marco Maciel (DEM) 43%,Armando Monteiro (PTB) 27%, Raul Jungmann 12%. Além do grande júbilo de de ver Jungmann derrotado, o lulismo pode emplacar dois senadores e tirar Maciel do Senado. O blog enfaticamente endossa Humberto Costa e Armando Monteiro, dobradinha que vem subindo. Cabe uma palavra sobre o candidato do PTB: ao contrário do que a filiação partidária poderia sugerir, trata-se de alguém que me sinto à vontade endossando. É advogado, não é da oligarquia atrasada, vem do empreendedorismo industrial e tem boa história parlamentar (é oriundo, inclusive, do PSDB, passou pelo PMDB e não lá ficou porque o PMDB-PE é meio inóspito para um lulista). Monteiro tem muito mais a dar aos pernambucanos no Senado que um Maciel já semi-aposentado e do lado errado da História. Sobre Humberto Costa creio que não é necessário dizer muito. Os pernambucanos o conhecem. O blog endossa a dobradinha lulista.






4.Senado Rio Grande do Sul: Tarso Genro lidera a corrida para governador, não com folga, mas lidera. Na corrida para as duas vagas do Senado, briga de foice entre três: Paulo Paim (PT) e Germano Rigotto (PMDB) têm 39% cada um e Ana Amélia Lemos (PP) tem 38%. Ainda recompondo-se da surpresa de que uma papagaia da RBS pontue nesses níveis, o blog lembra que há 44% de indecisos (trata-se de uma “eleição de 200%”, pois há duas vagas) e que a onda dilmista com certeza está impactando o estado adotivo da candidata petista à Presidência. Conhecedor da trajetória de Paulo Paim como sindicalista, militante pela igualdade racial, Constituinte de 1988 e ativo Senador da República nos últimos anos, o blog se coloca à disposição dos amigos gaúchos para ajudar no que for possível para que ele dispare logo e assegure a primeira vaga ao Senado.

5.Senado Paraná. O tucano Beto Richa lidera as pesquisas para governador, mas há espaço para o crescimento de Osmar Dias (PDT) que, depois de inacreditáveis idas e vindas, dignas de uma novela mexicana, finalmente assumiu a condição de candidato unificado do lulismo ao Palácio das Araucárias. Para o Senado, o lulismo mantém as duas primeiras posições nas pesquisas: Roberto Requião (PMDB) tem 48%, Geisi Hoffmann (PT) tem 32%, Ricardo Barros (PP) tem 15% e Gustavo Fruet, esperança "ética" do tucanato, pontua nos 11%. O blog repudia os que afirmam que a “privatização do Banestado aconteceu há 10 anos e não há por que discutir isso agora”. Os paranaenses mais jovens têm o direito de ouvir toda a discussão: quem foi e quem não foi responsável pelo negócio que custou bilhões de reais aos cofres do Paraná. Emplacando essa discussão e mostrando a diferença de projetos entre o governo Lula e o governo FHC, a base aliada tem tudo para eleger os dois senadores. O blog está à disposição no que puder ajudar.

6.Senado Goiás: O tucanato e o peemedebismo neolulista brigam pelo governo estadual, e os números para o Senado são: Demóstenes Torres (DEM) 43%, Lúcia Vânia (PSDB) 26% e Pedro Wilson (PT) 16%. Com 47% de indecisos e 26% que só citaram um candidato para as duas vagas, tudo pode acontecer aqui. Pedro Wilson tem história e conta com o apoio deste blog. Uma sugestão enfática que fazemos é que o deputado Pedro Wilson desabilite o jingle de campanha que toca automaticamente quando abrimos o site. Quem navega na internets odeia essas coisas, Deputado. É melhor ter o jingle como uma opção que o internauta pode escolher ouvir ou não.

7. Senado Rio Grande do Norte: Rosalba Ciarlini (DEM) lidera a corrida para governador com 46% contra os 26% de Iberê (PSB). Todas as minhas fontes potiguares sugerem, no entanto, que Iberê sobe e que a eleição para governador vai para o segundo turno. Para o Senado, os números são: Garibaldi Alves Filho, do neolulismo peemedebista, tem 60%. José Agripino (DEM) tem 51% e Vilma de Faria (PSB) pontua nos 43%, Vilma é ex-prefeita, ex-governadora, é parte do efeito arrasa-quarteirão anti-demo que os socialistas têm emplacado no Nordeste, e conta com total apoio deste blog. Vilma tem umFlickr e um Twitter meio abandonados. Talvez eles pudessem ser úteis na arrancada para chutar Agripino para fora do Senado.






8. Senado São Paulo: Não há muito o que dizer aqui. A eleição de Marta Suplicy para o Senado da República seria um momento histórico para o projeto que se aglutinou em torno de Lula, para o PT, para os movimentos populares de São Paulo, para sua população mais pobre e para as mulheres. Os números do Ibope no momento apontam: Marta com 31%, Quércia (PMDB) com 20%, Romeu Tuma (DEM) com 19%, Ciro (PTC) e Netinho (PC do B) com 18%. O Ciro do PTC deve cair um pouco (ele se beneficia da bizarra confusão de uma parte do eleitorado, que o confunde com Ciro Gomes) e há espaço para que Netinho cresça. Mas todas as fontes paulistas do blog coincidem em que seria sonhar demais imaginar que a esquerda possa levar as duas vagas, especialmente porque Netinho e Marta brigam por votos mais ou menos entre a mesma faixa da população. A prioridade total é a eleição de Marta.

9. Senado Acre: No estado em que um petismo bem próximo a Marina Silva deve eleger Tião Viana governador com folga, os números para o Senado são: Jorge Viana (PT) tem 64% e está eleito. Brigam pela segunda vaga Petecão (PMN) com 35% e Edvaldo Magalhães (PC do B), com 27%. Considerando que 29% só citaram um candidato e 25% ainda estão indecisos, o comunista, que tem tido bela atuação, possui todas as chances de abiscoitar a segunda vaga, surfando no tsunami do sapo barbudo. Edvaldo precisa, no entanto, fazer uma página na internet um pouco melhor que esta.

10. Senado Bahia:: Jaques Wagner (PT) deve se reeleger governador no primeiro turno e, para o Senado, o lulismo já garantiu pelo menos uma das duas vagas. Mas pode muito bem ficar com as duas. Os números de hoje são: César Borges (PR), o resquício do carlismo, tem 38%, Lídice da Mata (PSB) tem 25% e Walter Pinheiro (PT) tem 23%. Lídice vem do PSDB, mas há que lembrar que o PSDB da Bahia não é o PSDB de Higienópolis: o tucanato baiano foi aliado do lulismo em momentos chave da peleja anti-carlista na Boa Terra. Lídice depois solidificou essa opção migrando para o PSB. Há uma histórica tradição dos institutos de pesquisas eleitorais subestimarem o voto de esquerda na Bahia, para depois serem surpreendidos por "ondas vermelhas" no dia da eleição. A vitória de Jaques Wagner é o mais recente exemplo. O blog torce por e endossa Lídice e Walter, que vêm trabalhando em dobradinha.

Olívio Dutra : “Pós-Lula seremos o mesmo partido. O PT não é de meia dúzia.”

meio à correria de campanha, o ex-governador Olívio Dutra reservou um tempo para conversar com o Sul21. Olívio está contribuindo com as candidaturas de Tarso Genro (PT) ao governo gaúcho e de Dilma Rousseff (PT) à Presidência da República. Um dos fundadores do partido e amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele falou sobre a necessidade do PT preservar a essência do partido e não cair na vala comum da política. Também avaliou a influência da mídia no caso Ford, que marcou seu governo em 1999. Como explicação para o clamor dos militantes, o lendário Olívio Dutra atribui seu carisma a um trabalho coletivo.

Sul21 - O senhor já declarou que depois 30 anos o PT corre o risco de passar de partido da transformação para partido da acomodação. O pragmatismo político está sendo a moeda de negociação do partido na disputa de poder?

Olívio Dutra - Esse risco é real. Porque o partido vai assumindo cada vez mais cargos, quantitativamente, na estrutura do estado brasileiro, nas suas três dimensões e com quadros novos. Isso por um lado é positivo e por outro significa um descolamento, um desenraizamento e, de certa forma, uma flexibilização do conteúdo básico que deu razão à existência do PT.

O PT não é um partido que surgiu dos gabinetes legislativos e executivos. O PT surgiu das lutas que parcela do povo brasileiro empreendeu numa quadra seriíssima da história brasileira ainda sobre a ditadura. E o PT lutou com outras forças contra a ditadura, pelas liberdades, pela democracia e já lutava desde o início por uma transformação social, econômica e preservando matrizes, raízes e pluralidades da formação cultural do nosso povo. Essa foi a força e compromisso que motivou o surgimento do partido. É um partido para transformação e não um partido para que na medida em que fosse assumindo cargos na institucionalidade fosse contemporizando com ela e aos poucos se acomodando nela. E não raras vezes temos visto isso acontecer em vários setores. E não foi de graça que passamos por uma crise profunda, que está ligada com este comportamento desviado do que é a política para nós: uma construção para o bem comum com o protagonismo das pessoas. Os cargos não podem ser mais importantes que as estruturas da base partidária.

É por isso que eu prego a formação permanente. O PT, como um partido de esquerda e do socialismo democrático tem que trabalhar permanentemente com a formação. Mas evidentemente que não é uma imposição de sábios que estão chegando. É uma formação onde todos os níveis e bases partidárias aprendem uns com os outros e muito mais com o povo, através das relações com os movimentos sociais.

Essa ideologia permite uma coalizão tão ampla como no governo Lula, por exemplo?

Nós estamos tendo problemas na relação com os movimentos sociais exatamente por conta de uma visão que eu acho distorcida da relação que um partido deve ter enquanto governo, com os mandatos e os movimentos sociais. Partido é uma parte da sociedade que tem uma proposta, um projeto, uma visão de estado e de país. Então, uma vez assumindo mandatos executivos e legislativos eles não podem ser atomizados na conduta pessoal/individual dos exercentes destes mandatos. Quando no governo, nós temos os limites institucionais, mas isso não pode justificar o ato de desviar o rumo. Pode ser elemento para o debate na base da sociedade e para o aprendizado comum do que é o estado, do que são as estruturas institucionais legais que precisam ser alteradas.

Nos primeiros momentos de crescimento do nosso partido os melhores quadros tiveram que ser destacados para funções legislativas ou executivas, na estrutura institucional. Isso causou um certo impacto na vida partidária. Então tinha que ser retomado isso para as instâncias partidárias passarem a ter a importância que devem ter, mas sem se confundir partido e governo. Nós temos é que dar sustentação para os governos que elegemos, mas não subordinar o projeto estratégico do partido às condições que os nossos governos vão ter para objetivamente executar programas. Assim como nós não podemos exigir dos outros governos aquilo que eles não podem fazer. Nós temos que saber trabalhar nestas duas pontas e investir num processo de protagonismo social que mude as estruturas do estado brasileiro para serem democráticos e de controle público e não privado de quem quer que seja.

Formação permanente


Temos que saber dialogar com os diferentes. A esquerda não é unipartidária, nunca defendemos a ideia do partido único. O limite para as alianças são os programas, a relação com a coisa pública, a visão republicana radical. A coisa pública não é propriedade dos governantes e seus amigos e muito menos dos mais influentes. Temos que representar os interesses públicos e quem estiver centrado nesta ideia já tem proximidade conosco. Quem respeita os movimentos sociais, como sujeitos no processo de mudanças e vê a questão social como um instrumento de política e não de repressão também se aproxima com nossos princípios. Os eixos do desenvolvimento sustentável, políticas públicas para o meio ambiente e cultura também são importantes. Construir programas nestes eixos pode selar coalizões com partidos diferentes.

Qual é a sua avaliação do governo Lula? Ele deixou lacunas em setores de forte identificação ideológica com o PT, vemos isso no exemplo da desejada Reforma Agrária que não ocorreu nos seus mandatos.

Nós não podíamos exigir do nosso governo aquilo que ele não poderia fazer na co-relação de forças criada. Mas nem por isso temos que arriar as bandeiras da reforma agrária, urbana, tributária, política. Estão longe de ter sido alcançadas essas reformas fundamentais para mudar a qualidade da relação do estado com a sociedade brasileira. O governo Lula fez de tudo para, no tempo dos seus mandatos, que tem prazo legal diferente dos partidos, mudar a estrutura do Estado.

O presidente Lula encaminhou em abril de 2003 uma proposta de Reforma Tributária que seria uma transformação. Combinada com distribuição de renda, com diminuição das distorções na distribuição do bolo de arrecadação. Mas ficou lá. Mesmo em um governo de coalizão que teve que ser formado, não se teve maioria para aprovar uma reforma tributária com aquela envergadura. Onde quem tem mais paga mais e quem tem menos paga menos. O poder público não abdicaria de nenhum centavo da sua receita. A receita iria para atender as prioridades dos cidadãos, definidas junto com a população junto de processos parecidos com o Orçamento Participativo. Há avanços importantes na inclusão social, infraestrutura, ensino público nos três níveis, mas há muito o que avançar ainda. Nestes oito anos nos transformamos num país menos desigual, mas ainda somos um país de enormes distâncias em concentração de renda. Mesmo depois de tudo que se fez no governo Lula de aumentar a renda dos mais pobres. O Brasil não pode andar pra trás.

É justamente este o discurso do candidato da Unidade Popular pelo Rio Grande, Tarso Genro (PT): de que o RS não avançou junto com o país. Esta é a aposta da campanha?

Nós temos aqui décadas de governo do modelo da senhora governadora Yeda Crusius (PSDB). O PMDB e este grupo de partidos que estão hoje no governo estadual, governaram este Estado a partir da ditadura. Só teve um governo diferenciado, o de Jair Soares. Eu penso que o governo do Alceu Collares e o da Frente Popular foram dois momentos distintos dos demais que hoje representam a situação. Foi nestes dois governos que o Estado teve uma recuperação. No governo da Frente Popular o RS cresceu acima da média nacional. Interrompeu um período de queda no seu PIB, tanto agropecuário como industrial, e cresceu com melhor distribuição de renda. Nós tivemos a oportunidade de ter o melhor salário mínimo regional do país. Houve geração de novas oportunidades para a agricultura familiar, os sistemas locais de produção, a renúncia fiscal que nós implementamos para não deixar o dinheiro público na mão dos poderosos. Houve uma inversão de prioridades. A nossa derrota fez com que a política do Estado como patrimônio privado para grupos retornasse, fazendo bons negócios para si com o dinheiro público. Não é à toa que o governo atual esteve envolto em suspensões seriíssimas de espaços públicos para pessoas de dentro do governo fazerem negócios. O Tarso irá recuperar as estruturas do estado para os interesses públicos e nas políticas para o desenvolvimento regional, sustentável. E é isso que irá sintonizar o Rio Grande com o projeto de Brasil-nação. O Tarso tem esta tarefa e tem essa importância a sua eleição.

Coerência no voto


A pergunta que ficou no ar na coletiva de imprensa quando o presidente Lula esteve em Porto Alegre no dia 29 de julho foi o que tanto o senhor e o presidente conversaram no palanque? Haviam bastante sorrisos.

Não. Não era nada. Apenas uma conversa solta.

Em maio deste ano o Sul21 alertou a imprensa para a sentença que condena a Ford Brasil Ltda. a indenizar o Estado. Ficou reconhecido o rompimento contratual por parte da montadora. Mas isso só veio a público pelo nosso jornal, apesar da sentença estar disponível desde o início do ano. O senhor sentiu desequilíbrio no tratamento do assunto por parte da mídia na época e agora?

A mídia não é um ente acima de tudo e de todos. A mídia é um dado da realidade e parte dela está vinculada a interesses econômicos poderosos, afinal são empresas. Fazem negócios com as notícias e escolhem, analisam quais os governos que facilitam para elas esta relação comercial. Bueno. Para essa parte da mídia não interessava um governo como o nosso, que entendia que o dinheiro público não era para facilitar negócios privados, era para qualificar a vida da maioria da população. Nós reduzimos os recursos para publicidade e entramos em choque com estes grupos. Depois, também com a renúncia fiscal, que sustentava esta parte da mídia que vivia de contas de publicidade altíssimas motivou-a a agir de forma ideológica, defendendo os seus interesses. A iniciativa teria todo o nosso apoio, desde que arriscasse investimentos com seus recursos e assumisse o risco. Não com o prejuízo para o Estado. E parte considerável da mídia vive desses negócios e tem o pensamento de como o governante deve se relacionar com ela.

A sentença lhe trouxe alívio?

Eu não me senti perseguido pela mídia neste caso. Sempre foi claro os interesses desta mídia. Distorcer a verdade ou não, falar efetivamente o que acontecia faz parte deste jogo. A mídia com os canhões que tem na mão, com a pretensão de formar a opinião, evidentemente que pode influenciar parte da sociedade. Dentro do próprio PT houve dúvidas. A disputa no governo seguinte deu no que deu por conta que dentro do PT se contaminou a pressão desta parte da mídia e, ao invés de o partido se unir e enfrentar com toda a força e tranqüilidade a situação, tentou-se flexibilizar, negociar. O que aconteceu ali foi fundamental, tinha que acontecer assim, se não nós iríamos flexibilizar num ponto chave do nosso programa: a renúncia fiscal.

Existe morosidade ou influência política na justiça brasileira?

Nós achamos que o poder judiciário não pode ser um poder impune num país democrático, como é aqui no Brasil. Em várias democracias, as mais consolidadas, e não só nos países do leste europeu, a população já elege um percentual considerável de integrantes de diferentes tribunais do judiciário. Claro que os candidatos tem que preencher critérios, mas não é lista para o governante indicar, é pelo voto da cidadania. Aqui este tema parece ameaçar as estruturas.

O senhor foi o candidato do PT por diversas eleições, porque neste ano não foi o candidato do partido?

Eu não sou candidato conscientemente. Fui presidente do PT já na sua fundação e depois em outros momentos. Sempre em momentos difíceis do partido eu estava lá, inclusive sendo candidato. Não só para pensar em ganhar, mas para firmar o partido. Então eu entendi que o partido já está suficientemente amadurecido com o seu quadro para distribuir suas responsabilidades e eu não preciso ser candidato em tudo que é eleição. Atuo no partido desde a sua fundação, ao lado do presidente Lula. O Tarso não é do grupo fundador do PT, é bom lembrar. Ele entrou no partido em 1984. Mas foi bom que ele tenha entrado, junto com outros importantes quadros que de lá pra cá entraram no partido e ajudaram a enriquecer o PT com práticas e idéias. Eu entendo que por ter concorrido quase em todas as outras eleições chegou a hora de não ser candidato a nada. A política também se faz com gestos. Estou na função de afirmar a importância de um projeto partidário e estou em plena campanha. Integrando os comitês da campanha Dilma e do Tarso aqui no Estado para eleger a presidenta e o governador. Mas também trabalhar essas coisas de conteúdo de programas e de formação política e aprender. Mas eu me orgulho de ter sido prefeito de Porto Alegre, deputado constituinte, governador, fui convocado para ser ministro das Cidades, tudo pelo PT. Então me orgulho disso e penso que eu posso ajudar a mudar o PT e o pensamento democrático sem ser candidato a nada e nem depender de cargos. Sempre temos oportunidade de aprender e transmitir essa trajetória de vida.

Mas qual é o seu diferencial, pois o clamor é forte. Não lhe seduz ser o mais aplaudido nos eventos políticos ou partidários?

Isso é fruto da identidade coletiva que eu represento. Mas que precisa ser aperfeiçoada constantemente. O partido é um sujeito coletivo, não sou eu. É construído por milhares de mãos e tem que se renovar sem perder o rumo com a esquerda e o socialismo democrático.

Além de formação política o senhor está agregando outras formações. O senhor voltou aos bancos da Universidade?

Sim. Eu fiz curso de licenciatura em Língua Portuguesa e Inglês, em 1975. Agora a Ufrgs (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) abriu a possibilidade de voltar a estudar. Fui aprovado na seleção e passei o primeiro semestre indo para a aula. No segundo semestre, vou precisar estudar melhor a minha planilha de horários porque vou ser mais demandado por conta das eleições. Mas pretendo conciliar os horários e continuar os meus estudos.