sábado, 31 de janeiro de 2015

Candidato à presidente da Câmara de deputados aluga bar de hotel para seduzir amigos

Marcelo Camargo/Agência Brasil
Fino trato: peemedebista não mede esforços - e dinheiro - para se eleger presidente da Câmara
Para recepcionar e seduzir 196 novos deputados em busca de seus votos, o candidato do PMDB à Presidência da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), alugou o bar de um hotel em Brasília e lá montou uma recepção com direito a telão, sofás confortáveis, meia-luz, piano, quitutes e bebidas diversos. O comitê vip de campanha fica no “Churchill Lounge Bar Jazz Club”, sofisticado recanto localizado no lobby do Hotel Meliá, a cerca de cinco quilômetros do Congresso.
O local, alugado pelo PMDB, está recheado de cartazes, placas e demais materiais de campanha de Cunha, com um staff de apoiadores sempre a postos para recepcionar os parlamentares novatos. Batizado com referência ao estadista britânico Winston Churchill (1874-1965), o lounge é conhecido pela clientela seleta e familiarizada com os atores do poder na capital.
“À porta, duas recepcionistas checavam a lista dos futuros deputados, distribuíam broches e ofereciam o que chamaram de ‘coffee break’: diferentes tipos de bolo, salada de fruta, pão-de-queijo, croissant e bebidas. Elas vestiam uma camiseta especialmente confeccionada para a campanha. Enquanto os coordenadores de campanha conferiam a relação de deputados que se registravam no hotel, um telão exibia as cenas da entrevista concedida por Eduardo Cunha ao programa de televisão ‘Canal Livre’ [TV Bandeirantes]”, diz trecho de reportagem do jornal Folha de S.Paulo.
A escolha do local não foi aleatória. O Meliá, um dos mais luxuosos hotéis de Brasília, foi o hotel escolhido pela Câmara para acomodar 223 deputados para a posse e a eleição da Mesa Diretora da nova legislatura (2015-2018). Segundo reportagem do mesmo jornal paulista, se todos usufruírem da benesse, a despesa para os cofres públicos pode chegar a R$ 146,2 mil, na hipótese de que cada um deles use as três diárias (R$ 218,66 ao dia) a que têm direito.

Indígena é aprovada para medicina em duas universidades federais

Jovem de MS passou na federal de São Carlos (SP) e de Santa Maria (RS).
Ela sonha em voltar formada para atender população indígena da aldeia.

Do G1 MS com informações da TV Morena


Indígena de MS, Dara Ramires Lemes, passou para medicina em duas universidades federais (Foto: Reprodução/ TV Morena)


Filha de uma professora e moradora da aldeia Tey Kuê em Caarapó, a 264 km de Campo Grande, a jovem indígena de Mato Grosso do Sul, Dara Ramires Lemes, 19 anos, foi aprovada para o curso de medicina em duas universidades federais do país. A estudante da etnia guarani ficou em primeiro lugar no vestibular da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) e da Universidade Federal de Santa Maria (UFMR).
Segundo a estudante, o vestibular de Santa Maria foi por cota, reservada só para indígenas. "Ofertaram duas vagas e eu me dei bem, fiquei com o primeiro lugar. Já na UFSCAR, eles fizeram vestibular específico para indígenas. Só os que comprovaram residir em aldeias participaram daquele vestibular. Foram 67 indígenas por vaga e, graças a Deus, eu consegui", comemorou.
A garota conta que estudou a vida toda na escola da aldeia. Depois de concluir o ensino médio, ela fez cursinho por dois anos e também reforçou os estudos em casa, totalizando cerca de 10 horas de dedicação por dia. O esforço valeu a pena e trouxe uma conquista inesperada por ela e pela família: a aprovação, em 1º lugar, em duas faculdades federais de medicina.
Antes de alcançar as duas aprovações, a estudante se destacava como jogadora de futebol. Ela lembra que chegou a jogar na equipe feminina do clube de futebol Atlético Mineiro, em Belo Horizonte (MG), após de participar de uma seletiva. Depois de morar dois anos na cidade mineira e atuar no time, ela voltou para a aldeia Tey Kuê, em Caarapó.
Ela decidiu abrir mão do futebol e trocar a bola pelos livros. Agora o esporte virou lazer e os estudos são prioridade. A mãe da menina, Zenir Lemes Ramires, é professora e teve papel fundamental no apoio aos estudos, segundo Dara. "Ela começou a ser alfabetizada aos 4 anos. É uma menina intelectual, que gosta de estudar, que gosta de correr atrás, buscar resultados. Ela é bem esforçada e eu ajudava também", lembrou a mãe da estudante.
Em casa, a estudante virou motivo de orgulho, principalmente para o irmão mais novo, Dário Ramires. "Minha irmã sempre foi esforçada, sempre via ela estudando dia e noite, se esforçando muito, chegando do cursinho e estudando mais. Sempre foi minha inspiração", afirmou Dário.
A estudante escolheu cursar medicina em Santa Maria. Depois de realizar dois sonhos, de jogar futebol e ser aprovada em medicina, Dara faz planos para concretizar a terceira meta, que é voltar formada para trabalhar como médica no posto de saúde da comunidade onde mora.
"Com certeza vou voltar na minha reserva e ajudar os outros indígenas e tratar eles bem, porque eles necessitam. Eles têm uma certa dificuldade de comunicação e, tendo uma profissional nessa área, sendo indígena, eles vão conseguir se abrir mais comigo. Vou poder ajudar melhor eles", explicou.
Indígena de MS, Dara Ramires Lemes, passou para medicina em duas universidades federais (Foto: Reprodução/ TV Morena)Indígena é filha de uma professora e diz que teve apoio da família (Foto: Reprodução/ TV Morena)

“Médicos padrão Fifa”: Em São Paulo, mais da metade dos recém-formados em medicina é reprovada na prova do CRM

Nas eleições, vimos grupos de médicos e estudantes de medicina se manifestando contra a vinda de médicos estrangeiros ao Brasil, principalmente, os cubanos.

Pois bem !

Mais da metade (55%) dos recém-formados em medicina no Estado de São Paulo foram reprovados na 3ª edição do exame que se tornou obrigatório para quem deseja atuar em território paulista. É o que mostra resultado do “provão” do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), que será divulgado na quinta-feira, dia 29/1.

Dos 2.891 recém-formados, só 45% acertaram mais de 60% do conteúdo da prova – critério mínimo definido pelo Cremesp. Entre as escolas médicas públicas, o índice de reprovação foi de 33%. Entre as particulares, a taxa foi quase o dobro, 65,1%.

O percentual de reprovados no exame de 2014 é bastante semelhante aos dois anos anteriores, quando o exame se tornou obrigatório, o que confirma a persistência de baixa qualidade do ensino médico.

Do total de inscritos, 468 fizeram cursos de medicina em outros Estados brasileiros. 

Entre os egressos de escolas privadas, o índice de reprovação foi de 78%

Por força de lei, no entanto, o mau desempenho nessa prova não impede o registro no Conselho Regional de Medicina (CRM).

Mesmo reprovados na prova, os doutores podem trabalhar (vixe!) amparados em lei.

A prova foi composta por 120 questões de múltipla escolha, com cinco alternativas de respostas, e abrangeu as principais áreas da medicina, como clínica médica, pediatria, ginecologia e cirurgia médica.

As médias mais baixas foram obtidas em clínica médica (52%), o que demonstra que os futuros médicos continuam saindo das faculdades sem conhecimento suficiente para a solução de problemas frequentes no cotidiano, como atendimento inicial de vítima de acidente de carro ou de tiro, pneumonia, pancreatite ou pedra na vesícula.

 E o povo que se dane!!!!

NASA confirma: A Terra terá 2 dias de escuridão em 2015!

Notícia afirma que, de acordo com a NASA, nosso planeta passará 2 dias em completa escuridão por causa de uma tempestade solar! Será verdade?

O alerta teria partido da Agência Espacial Norte-americana na primeira semana de dezembro de 2014 e deixou muita gente assustada. De acordo com o aviso, a Terra passará por 2 dias de completa escuridão em 2015!

Uma tempestade solar irá lançar muita poeira na atmosfera, fazendo que a Terra fique no escuro entre os dias 25 e 27 de fevereiro de 2015.

Resta esperar para ver se é verdade.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Polícia encontra furto de água em gráfica de líder da Igreja Mundial

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Polícia Civil investigará a suposta responsabilidade de Valdemiro Santiago na fraude | Crédito: Isadora Brant/Folhapress
Policiais civis encontraram um esquema de furto de água em uma gráfica no Brás, no centro, que pertence ao líder religioso da Igreja Mundial do Poder de Deus,Valdemiro Santiago. A fraude foi descoberta pela Sabesp, que fez a denúncia para a polícia. O administrador da empresa, Jorge Alves Lisboa, de 47 anos, foi preso em flagrante. Entretanto, deixou a delegacia após o pagamento da fiança.
A gráfica gastava com o esquema apenas a cota mínima para o fornecimento do serviço, que é de 71,94 reais. Entretanto, cálculos fornecidos por fiscais da distribuidora para a polícia estimam que o valor da conta deveria ser superior a 3 000 reais, já que o local possui cerca de 100 funcionários e utiliza uma grande quantidade de recursos hídricos no serviço.
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Gráfica de Valdemiro Santiago fica na região do Brás, no Centro | Crédito: Eduardo Anizelli/Folhapress
Com a presença dos policiais, a equipe da Sabesp encontrou a ligação clandestina. No esquema, tubulações de grossa espessura permitiam a coleta da água sem passar pelo hidrômetro, que é o equipamento de medição.
O administrador do local disse que desconhecia a fraude. Agora, a polícia investigará a suposta responsabilidade de Valdemiro Santiago no esquema.
Procurados para falar sobre o caso, os responsáveis pela gráfica não foram encontrados até o momento.

Juíza proíbe acesso ao banco de dados do Judiciário à advogados

A ausência de apenas uma testemunha é capaz de tumultuar todo um processo. Atrasa ou cancela audiências, mobiliza oficiais de justiça e deixa as partes indignadas com a demora em encerrar a produção de provas. Quando ninguém sabe onde a testemunha foi parar, é a ação que pára.
Nem todos os juízes, entretanto, sentem-se à vontade em  desembaraçar esse entrave e alguns passaram a negar o acesso a bancos de dados do Judiciário em busca de uma pessoa.
“A localização das testemunhas é e deve ser realizada pela parte interessada na sua oitiva e não pelo assoberbado Juízo que não pode ser considerando banco de dados ou órgão de consulta, sob pena de ser-lhe desviada a sua função, que é a de julgar”, disse a juíza  da 1ª Vara Cível do Foro Regional de Nossa Senhora do Ó (Capital de SP), Flavia Bezerra Tone Xavier.
A decisão foi dada no dia 19/12. A autora  pedia indenização  por um acidente de trânsito a uma seguradora e uma cooperativa de ônibus. Na audiência, a empresa de transporte esperava a colaboração do Judiciário para encontrar uma das testemunhas faltantes mas teve de desistir do depoimento neste mês, depois da juíza indeferir o pedido.
A opinião da magistrada nem sempre foi essa. “Alterei meu entendimento no tocante  às diligências para localização das testemunhas”, ressaltou. Segundo ela, os bancos de dados devem ser usados apenas para encontrar uma parte (o autor ou o réu) e não intimar testemunhas. Flavia ainda reforçou que “a parte tem inúmeros órgãos de consulta”.
Hoje, os três sistemas mais acessados quando uma parte ou testemunha não tem endereço conhecido são o Infojud, Bacenjud e Renajud, todos exclusivos da administração judicial. Cada um deles é resultado de uma parceria do Poder Judiciário com um órgão. O primeiro dá acesso a informações da Receita Federal. O segundo utilizada dados das instituições financeiras por intermédio do Banco Central. O Renajud interliga a Justiça com o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).
“A busca de dados da testemunha pelos sistemas de pesquisa que apenas o juiz tem acesso assegura o direito de ampla defesa da parte”, disse Ana Lúcia.”Sem a determinação judicial, mínimas as chances da parte conseguir localizar a testemunha.”Especialista em processo civil, a advogada Ana Lúcia Vidigal Lopes da Silva aponta decisões em segunda instância do Tribunal de Justiça paulista concedendo as pesquisas aos sistemas que são negadas. Foram casos onde a impossibilidade de tomar o depoimento havia levado até a dispensa de provas.
De acordo com advogada, a parte deve indicar o endereço correto, mas isso deixa de existir se ninguém tem culpa por não se saber o local para convocar a testemunha.

“A testemunha é uma das modalidades probatórias pertencentes à Justiça e não à parte”, defende o advogado Sérgio Henrique Salvador, também especialista em processo civil.”É regra do próprio Código de Processo Civil de que é dever de todos a busca da verdade real dos fatos.”

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Protagonismo de Cuba em ajuda médica contra ebola gera elogios dos EUA

Nos últimos 50 anos Cuba consolidou sua imagem como uma potência médica.
Estatísticas mostram que, além de ter formado milhares de médicos desde o início da revolução liderada por Fidel Castro, o país caribenho conseguiu manter os principais indicadores sanitários no mesmo nível dos países mais desenvolvidos.
Apesar disso, o serviço médico cubano nunca foi alvo de elogios dos Estados Unidos como tem sido desde agora, por causa da intervenção de especialistas cubanos contra a epidemia de ebola nos países mais afetados da África Ocidental.
"Cuba, um país com apenas 11 milhões de habitantes, enviou 165 profissionais de saúde e deve enviar cerca de mais 300", disse recentemente o secretário de Estado americano, John Kerry.
O envio de médicos cubanos para o exterior não é novidade. Mais de 50 mil médicos da ilha prestam serviços em 66 países da América Latina (incluindo Brasil), África e Ásia.

Fama ou mito?

Para o representante da Organização Panamericana de Saúde (Opas) em Cuba, José Luis Di Fabio, a reputação da medicina cubana se deve à formação e também ao enfoque preventivo do sistema de saúde do país.
"A formação médica em Cuba e o sistema de saúde se baseiam em atenção primária, onde temos um médico de família responsável por uma população de umas mil pessoas, onde há uma relação com a família (...) Há muita experiência em um trabalho de promoção da saúde e prevenção, e muito contato com a comunidade", disse Di Fabio.
Além disso, o representante da Opas também destaca que os médicos cubanos são educados "com o conceito de internacionalismo, de solidariedade" e que, como parte de sua formação, devem trabalhar em missões nos lugares mais remotos, onde outros médicos não vão.
A saúde em Cuba é pública, gratuita e recebe subvenções. Não existem hospitais particulares e nem planos de saúde.
Além disso, o ensino de medicina também é gratuito. A carreira básica é estudada por seis anos e desde o segundo ano os alunos vão para as salas de hospitais e atendem pacientes com todo tipo de doenças.
Quando um estudante cubano se forma é possível que já tenha realizado mais cirurgias que estudantes de medicina de países desenvolvidos.
O sistema de saúde cubano vem apresentando resultados melhores do que outros países em desenvolvimento.
Em alguns indicadores, como mortalidade infantil ou expectativa de vida, Cuba compete com os níveis dos países mais desenvolvidos.
A mortalidade infantil no país é de 4,2 para cada mil nascimentos, menor do que nos EUA. E a expectativa de vida é de 79,4 anos, superior a de quase toda a América Latina e de muitos países europeus.
AFP
Médicos cubanos chegaram a Serra Leoa trazendo também suprimentos para tratar casos de ebola

'Negócio perfeito'

Nos últimos anos, entretanto, a preparação dos médicos cubanos foi questionada em países como Brasil, Bolívia, Costa Rica e Chile. Os médicos cubanos que tentavam a revalidação de seus diplomas nestes países tiveram sua formação considerada deficiente.
Recentemente, estudantes paquistaneses de medicina que estiveram em Cuba reclamaram da baixa qualidade do ensino e dos equipamento na ilha, e alegando que não conseguiriam passar na prova do Conselho Médico e Dental local para revalidar o diploma.
Alguns analistas dizem que houve uma deterioração da medicina cubana, e que esta se deve, em parte, às missões dos médicos no exterior.
A exportação de serviços médicos se transformou em uma das principais fontes de receita para Cuba, acima até do turismo. Em 2011, representou mais de US$ 6 bilhões.
Esta necessidade de formar mais médicos fez com que o país graduasse alunos de cursos mais curtos.
Um médico cubano que se exilou nos EUA em 1999, Julio César Alfonzo, disse que alguns dos médicos enviados para lidar com emergências em outros países sequer completaram seus estudos, mas que isso pouco importa ao governo cubano.
"É um negócio perfeito porque (você) ganha uma grande quantidade de dinheiro e o papel de herói perante a comunidade internacional", disse Alfonzo.
Reuters
Médicos cubanos passaram por checagem de temperatura ao chegar na Libéria
Ele é diretor da ONG Solidariedade sem Fronteiras que, desde 2009, deu assistência a mais de 5 mil médicos cubanos que chegaram aos Estados Unidos para se integrar ao sistema de saúde americano.

Elogios

Apesar da crítica, Alfonzo reconhece a boa qualificação dos médicos cubanos e diz que ela poderia ser de muita ajuda para o sistema de saúde americano - que sofre com grande deficit de médicos.
Adrián Luis Sosa, clínico geral cubano de 39 anos que fugiu para os EUA em 2013, é da mesma opinião.
Ele tenta revalidar o diploma para trabalhar no país e, para ele, o sistema de saúde americano ganharia muito se aceitasse mais médicos formados em Cuba.
Sosa afirma que os americanos têm mais recursos tecnológicos, mas a atenção ao paciente em Cuba é "muito melhor".
"Sempre levo gravado o ensinamento de um professor que me dizia que tenho que olhar para cada paciente como se fosse meu pai ou minha mãe. Mas, aqui, a medicina é estritamente um negócio", disse.
Quanto ao papel de Cuba nos esforços internacionais de ajuda para quem precisa mundo afora, o representante da Opas é só elogios.
"Fazem isso há mais de 50 anos, em momentos de necessidade, em emergências como nos furacões George e Mitch, na América Central. Fizeram isso após o terremoto do Paquistão , enviando quase 2 mil trabalhadores de saúde. Foram os primeiros a chegar e os últimos a sair", disse Di Fanbio.

Reino Unido contrata 3 mil médicos estrangeiros. E agora, médicos brasileiros?

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Está no The Guardian, para que o nosso corporativismo médico ficar com cara de tacho.
National Health System do Reino Unido, um ultra-mega-SUS num país em que a medicina privada é exceção, contratou, no ano passado, três mil médicos estrangeiros.
Vieram de pelo menos 27 países, incluindo a Índia, Polônia, Austrália e Grécia – e também do Iraque, Síria e Sudão.
Não que a coisa esteja muito bem por lá, não está.
As pressões, inclusive as dos médicos, para abrir o sistema a uma maior presença das empresas médicas são grandes.
Desde Margareth Tatcher cortou verbas e mudou as regras contratuais dos “GPs” (General Practitioner, o médico generalista por lá) elas vêm se acentuando .
Mas a essência pública do sistema permanece e o médico não é um “produto de mercado”, que tem seu preço específico.
E a “livre escolha” não é a regra, porque os médicos tratam segundo protocolos e critérios que são comuns à toda medicina.
E, claro, a todo paciente, seja rico ou pobre.
Até porque eles são iguais, ao menos do ponto da fisiologia, não é?
A ideia essencial da medicina privada não é a liberdade do paciente.
É a liberdade do dinheiro.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Revista mostra situação das políticas sociais de Norte a Sul do país

Desde o lançamento do Plano Brasil Sem Miséria, 22 milhões de pessoas superaram a extrema pobreza a partir de inovações feitas no Bolsa Família.


Divulgação/MDS

















O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) lançou, no dia 22 de janeiro, a revista “O Brasil mudou”, com reportagens que mostram o impacto das políticas sociais narrado do ponto de vista de brasileiros de Norte a Sul do país. A publicação vai além dos números e dos indicadores do Plano Brasil Sem Miséria, ao destacar histórias de crianças bem nutridas e com saúde, que estão na escola e não trabalham mais para ajudar em casa.

A revista destaca a construção de um novo piso social no país. “São brasileiros que falam em nome das cerca de 14 milhões de famílias beneficiárias do Bolsa Família e que, por meio da inscrição no Cadastro Único, tiveram acesso a uma vida melhor. Alguns abriram mão do pagamento do programa de transferência de renda. A maioria viu mudar a perspectiva de futuro”, destaca a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello.

Além de contar histórias relacionadas à garantia de renda por meio do programa Bolsa Família, a publicação traz a superação da pobreza de beneficiários que tiveram a oportunidade de se capacitar profissionalmente e de agricultores familiares que, com acesso à água e recursos para investir, estão produzindo mais e com qualidade.

“É um avanço incontestável. Em pouco mais de dez anos, deixaram a situação de pobreza mais severa, sobretudo, as famílias com crianças, os negros e os nordestinos, parcelas da população que mais sofriam com as privações”, assinala ainda a ministra. Dados do Banco Mundial mostram que a pobreza mais severa, considerada em suas várias dimensões e não apenas na renda, caiu de 8,3% da população, em 2002, para o equivalente a 1,1% da população em 2013.

Desde o lançamento do Plano Brasil Sem Miséria, 22 milhões de pessoas superaram a extrema pobreza a partir de inovações feitas no Bolsa Família, 1,35 milhão de famílias foram incluídas no Cadastro Único pela Busca Ativa, mais de 1,5 milhão de pessoas de baixa renda se inscreveram em cursos de qualificação profissional, 349 mil agricultores receberam Assistência Técnica e melhoraram de renda, entre outros importantes resultados.

A publicação está disponível em obrasilmudou.mds.gov.br

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

O ser humano à caminho da auto-destruição

O que o futuro trará? Uma postura razoável seria tentar olhar para a espécie humana de fora. Então imagine que você é um extraterrestre observador que está tentando desvendar o que acontece aqui ou, imagine que és um historiador daqui a 100 anos - assumindo que existam historiadores em 100 anos, o que não é óbvio - e você está olhando para o que acontece. Você veria algo impressionante.

Pela primeira vez na história da espécie humana, desenvolvemos claramente a capacidade de nos destruirmos. Isso é verdade desde 1945. Agora está finalmente sendo reconhecido que existem mais processos de longo-prazo como a destruição ambiental liderando na mesma direção, talvez não à destruição total, mas ao menos à destruição da capacidade de uma existência decente.

E existem outros perigos como pandemias, as quais estão relacionadas à globalização e interação. Então, existem processos em curso e instituições em vigor, como sistemas de armas nucleares, os quais podem levar à explosão ou talvez, extermínio, da existência organizada.

Como destruir o planeta sem tentar muito 

A pergunta é: O que as pessoas estão fazendo a respeito? Nada disso é segredo. Está tudo perfeitamente aberto. De fato, você tem que fazer um esforço para não enxergar. 

Houveram uma gama de reações. Têm aqueles que estão tentando ao máximo fazer algo em relação à essas ameaças, e outros que estão agindo para aumentá-las. Se olhar para quem são, esse historiador futurista ou extraterrestre observador veriam algo estranho. As sociedades menos desenvolvidas, incluindo povos indígenas, ou seus remanescentes, sociedades tribais e as primeiras nações do Canadá, que estão tentando mitigar ou superar essas ameaças. Não estão falando sobre guerra nuclear, mas sim desastre ambiental, e estão realmente tentando fazer algo a respeito.

De fato, ao redor do mundo - Austrália, Índia, América do Sul - existem batalhas acontecendo, às vezes guerras. Na Índia, é uma guerra enorme sobre a destruição ambiental direta, com sociedades tribais tentando resistir às operações de extração de recursos que são extremamente prejudiciais localmente, mas também em suas consequências gerais. Em sociedades onde as populações indígenas têm influência, muitos tomam uma posição forte. O mais forte dos países em relação ao aquecimento global é a Bolívia, cuja maioria é indígena e requisitos constitucionais protegem os “direitos da natureza”.

O Equador, o qual também tem uma população indígena ampla, é o único exportador de petróleo que conheço onde o governo está procurando auxílio para ajudar a manter o petróleo no solo, ao invés de produzi-lo e exportá-lo - e no solo é onde deveria estar.

O presidente Venezuelano Hugo Chávez, que morreu recentemente e foi objeto de gozação, insulto e ódio ao redor do mundo ocidental, atendeu a uma sessão da Assembléia Geral da ONU a poucos anos atrás onde ele suscitou todo tipo de ridículo ao chamar George W. Bush de demônio. Ele também concedeu um discurso que foi interessante. Claro, Venezuela é uma grande produtora de petróleo. O petróleo é praticamente todo seu PIB. Naquele discurso, ele alertou dos perigos do sobreuso dos combustíveis fóssil e sugeriu aos países produtores e consumidores que se juntassem para tentar manejar formas de diminuir o uso desses combustíveis. Isso foi bem impressionante da parte de um produtor de petróleo. Você sabe, ele era parte índio, com passado indígena. Esse aspecto de suas ações na ONU nunca foi reportado, diferentemente das coisas engraçadas que fez.

Então, em um extremo têm-se os indígenas, sociedades tribais tentando amenizar a corrida ao desastre. No outro extremo, as sociedades mais ricas, poderosas na história da humanidade, como os EUA e o Canadá, que estão correndo em velocidade máxima para destruir o meio ambiente o mais rápido possível. Diferentemente do Equador e das sociedades indígenas ao redor do mundo, eles querem extrair cada gota de hidrocarbonetos do solo com toda velocidade possível.

Ambos partidos políticos, o presidente Obama, a mídia, e a imprensa internacional parecem estar olhando adiante com grande entusiasmo para o que eles chamam de “um século de independência energética” para os EUA. Independência energética é quase um conceito sem significado, mas botamos isso de lado. O que eles querem dizer é: teremos um século no qual maximizaremos o uso de combustíveis fóssil e contribuiremos para a destruição do planeta.

E esse é basicamente o caso em todo lugar. Admitidamente, quando se trata de desenvolvimento de energia alternativa, a Europa está fazendo alguma coisa. Enquanto isso, os EUA, o mais rico e poderoso país de toda a história do mundo, é a única nação dentre talvez 100 relevantes que não possui uma política nacional para a restrição do uso de combustíveis fóssil, e que nem ao menos mira na energia renovável. Não é por que a população não quer. Os americanos estão bem próximos da norma internacional com sua preocupação com o aquecimento global. Suas estruturas institucionais que bloqueiam a mudança. Os interesses comerciais não aceitam e são poderosos em determinar políticas, então temos um grande vão entre opinião e política em muitas questões, incluindo esta. Então, é isso que o historiador do futuro veria. Ele também pode ler os jornais científicos de hoje. Cada um que você abre tem uma predição mais horrível que a outra.

“O momento mais perigoso na história”

A outra questão é a guerra nuclear. É sabido por um bom tempo, que se tivesse que haver uma primeira tacada por uma super potência, mesmo sem retaliação, provavelmente destruiria a civilização somente por causa das consequências de um inverno-nuclear que se seguiria. Você pode ler sobre isso no Boletim de Cientistas Atômicos. É bem compreendido. Então o perigo sempre foi muito pior do que achávamos que fosse.

Acabamos de passar pelo 50o aniversário da Crise dos Mísseis Cubanos, a qual foi chamada de “o momento mais perigoso na história” pelo historiador Arthur Schlesinger, o conselheiro do presidente John F. Kennedy. E foi. Foi uma chamada bem próxima do fim, e não foi a única vez tampouco. De algumas formas, no entanto, o pior aspecto desses eventos é que a lições não foram aprendidas.

O que aconteceu na crise dos mísseis em outubro de 1962 foi petrificado para parecer que atos de coragem e reflexão eram abundantes. A verdade é que todo o episódio foi quase insano. Houve um ponto, enquanto a crise chegava em seu pico, que o Premier Soviético Nikita Khrushchev escreveu para Kennedy oferecendo resolver a questão com um anuncio publico de retirada dos mísseis russos de Cuba e dos mísseis americanos da Turquia. Na realidade, Kennedy nem sabia que os EUA possuíam mísseis na Turquia na época. Estavam sendo retirados de todo modo, porque estavam sendo substituídos por submarinos nucleares mais letais, e que eram invulneráveis.

Então essa era a proposta. Kennedy e seus conselheiros consideraram-na - e a rejeitaram. Na época, o próprio Kennedy estimava a possibilidade de uma guerra nuclear em um terço da metade. Então Kennedy estava disposto a aceitar um risco muito alto de destruição em massa afim de estabelecer o princípio de que nós - e somente nós - temos o direito de deter mísseis ofensivos além de nossas fronteiras, na realidade em qualquer lugar que quisermos, sem importar o risco aos outros - e a nós mesmos, se tudo sair do controle. Temos esse direito, mas ninguém mais o detém.

No entanto, Kennedy aceitou um acordo secreto para a retirada dos mísseis que os EUA já estavam retirando, somente se nunca fosse à publico. Khrushchev, em outras palavras, teve que retirar abertamente os mísseis russos enquanto os EUA secretamente retiraram seus obsoletos; isto é, Khrushchev teve que ser humilhado e Kennedy manteve sua pose de macho. Ele é altamente elogiado por isso: coragem e popularidade sob ameaça, e por aí vai. O horror de suas decisões não é nem mencionado - tente achar nos arquivos.

E para somar um pouco mais, poucos meses antes da crise estourar os EUA haviam mandado mísseis com ogivas nucleares para Okinawa. Eram mirados na China durante um período de grande tensão regional.

Bom, quem liga? Temos o direito de fazer o que quisermos em qualquer lugar do mundo. Essa foi uma lição daquela época, mas haviam outras por vir.

Dez anos depois disso, em 1973, o secretário de estado Henry Kissinger chamou um alerta vermelho nuclear. Era seu modo de avisar à Rússia para não interferir na constante guerra Israel-Árabes e, em particular, não interferir depois de terem informado aos israelenses que poderiam violar o cessar fogo que os EUA e a Rússia haviam concordado. Felizmente, nada aconteceu.

Dez anos depois, o presidente em vigor era Ronald Reagan. Assim que entrou na Casa Branca, ele e seus conselheiros fizeram com que a Força Aérea começasse a entrar no espaço aéreo Russo para tentar levantar informações sobre os sistemas de alerta russos, Operação Able Archer. Essencialmente, eram ataques falsos. Os Russos estavam incertos, alguns oficiais de alta patente acreditavam que seria o primeiro passo para um ataque real. Felizmente, eles não reagiram, mesmo sendo uma chamada estreita. E continua assim. 

O que pensar das crises nucleares Iraniana e Norte-Coreana

No momento, a questão nuclear está regularmente nas capas nos casos do Irã e da Coréia do Norte. Existem jeitos de lidar com esse crise contínua. Talvez não funcionasse, mas ao menos tentaria. No entanto, não estão nem sendo consideradas, nem reportadas.

Tome o caso do Irã, que é considerado no ocidente - não no mundo árabe, não na Ásia - a maior ameaça à paz mundial. É uma obsessão ocidental, e é interessante investigar as razões disso, mas deixarei isso de lado. Há um jeito de lidar com a suposta maior ameaça à paz mundial? Na realidade existem várias. Uma forma, bastante sensível, foi proposta alguns meses atrás em uma reunião dos países não alinhados em Teerã. De fato, estavam apenas reiterando uma proposta que esteve circulando por décadas, pressionada particularmente pelo Egito, e que foi aprovada pela Assembléia Geral da ONU.

A proposta é mover em direção ao estabelecimento de uma zona sem armas nucleares na região. Essa não seria a resposta para tudo, mas seria um grande passo à frente. E haviam modos de proceder. Sob o patrocínio da ONU, houve uma conferência internacional na Finlândia dezembro passado para tentar implementar planos nesta trajetória. O que aconteceu? Você não lerá sobre isso nos jornais pois não foi divulgado - somente em jornais especialistas.

No início de novembro, o Irã concordou em comparecer à reunião. Alguns dias depois Obama cancelou a reunião, dizendo que a hora não estava correta. O Parlamento Europeu divulgou uma declaração pedindo que continuasse, assim como os estados árabes. Nada resultou. Então moveremos em direção a sanções mais rígidas contra a população Iraniana - não prejudica o regime - e talvez guerra. Quem sabe o que irá acontecer?

No nordeste da Ásia, é a mesma coisa. A Coréia do Norte pode ser o país mais louco do mundo. É certamente um bom competidor para o título. Mas faz sentido tentar adivinhar o que se passa pela cabeça alheia quando estão agindo feito loucos. Por que se comportariam assim? Nos imagine na situação deles. Imagine o que significou na Guerra da Coréia anos dos 1950’s o seu país ser totalmente nivelado, tudo destruído por uma enorme super potência, a qual estava regozijando sobre o que estava fazendo. Imagine a marca que deixaria para trás.

Tenha em mente que a liderança Norte Coreana possivelmente leu os jornais públicos militares desta super potência na época explicando que, uma vez que todo o resto da Coréia do Norte foi destruído, a força aérea foi enviada para a Coréia do Norte para destruir suas represas, enormes represas que controlavam o fornecimento de água - um crime de guerra, pelo qual pessoas foram enforcadas em Nuremberg. E esses jornais oficiais falavam excitadamente sobre como foi maravilhoso ver a água se esvaindo, e os asiáticos correndo e tentando sobreviver. Os jornais exaltavam com algo que para os asiáticos fora horrores para além da imaginação. Significou a destruição de sua colheita de arroz, o que resultou em fome e morte. Quão maravilhoso! Não está na nossa memória, mas está na deles.

Voltemos ao presente. Há uma história recente interessante. Em 1993, Israel e Coréia do Norte se moviam em direção a um acordo no qual a Coréia do Norte pararia de enviar quaisquer mísseis ou tecnologia militar para o Oriente Médio e Israel reconheceria seu país. O presidente Clinton interveio e bloqueou. Pouco depois disso, em retaliação, a Coréia do Norte promoveu um teste de mísseis pequeno. Os EUA e a Coréia do Norte chegaram então a um acordo em 1994 que interrompeu seu trabalho nuclear e foi mais ou menos honrado pelos dois lados. Quando George W. Bush tomou posse, a Coréia do Norte tinha talvez uma arma nuclear e verificadamente não produzia mais.

Bush imediatamente lançou seu militarismo agressivo, ameaçando a Coréia do Norte - “machado do mal” e tudo isso - então a Coréia do Norte voltou a trabalhar com seu programa nuclear. Na época que Bush deixou a Casa Branca, tinham de 8 a 10 armas nucleares e um sistema de mísseis, outra grande conquista neoconservadora. No meio, outras coisas aconteceram. Em 2005, os EUA e a Coréia do Norte realmente chegaram a um acordo no qual a Coréia do Norte teria que terminar com todo seu desenvolvimento nuclear e de mísseis. Em troca, o ocidente, mas principalmente os EUA, forneceria um reator de água natural para suas necessidades medicinais e pararia com declarações agressivas. Eles então formariam um pacto de não agressão e caminhariam em direção ao conforto.

Era muito promissor, mas quase imediatamente Bush menosprezou. Retirou a oferta do reator de água natural e iniciou programas para compelir bancos a pararem de manejar qualquer transação Norte Coreana, até mesmo as legais. Os Norte Coreanos reagiram revivendo seu programa de armas nuclear. E esse é o modo que se segue.

É bem sabido. Pode-se ler na cultura americana principal. O que dizem é: é um regime bem louco, mas também segue uma política do olho por olho, dente por dente. Você faz um gesto hostil e responderemos com um gesto louco nosso. Você faz um gesto confortável e responderemos da mesma forma.

Ultimamente, por exemplo, existem exercícios militares Sul Coreanos-Americanos na península Coreana a qual, do ponto de vista do Norte, tem que parecer ameaçador. Pensaríamos que estão nos ameaçando se estivessem indo ao Canadá e mirando em nós. No curso disso, os mais avançados bombardeiros na história, Stealth B-2 e B-52, estão travando ataques de bombardeio nuclear simulados nas fronteiras da Coréia do Norte.

Isso, com certeza, reacende a chama do passado. Eles lembram daquele passado, então estão reagindo de uma forma agressiva e extrema. Bom, o que chega no ocidente derivado disso tudo é o quão loucos e horríveis os líderes Norte Coreanos são. Sim, eles são. Mas essa não é toda a história, e esse é o jeito que o mundo está indo.

Não é que não haja alternativas. As alternativas somente não estão sendo levadas em conta. Isso é perigoso. Então, se me perguntar como o mundo estará no futuro, saiba que não é uma boa imagem. A menos que as pessoas façam algo a respeito. Sempre podemos.

Às vezes você tem que ouvir o premiê da China para entender a economia do Brasil


Li Keqiang, premiê chinês
É extraordinário.

Às vezes você tem que ouvir o premiê da China para entender a economia do Brasil, tamanha a carga de má informação e análise tendenciosa da mídia brasileira.

Em Davos, o premiê chinês Li Keqiang definiu falou sobre a desaceleração de seu país. Nos anos do milagre chinês, o crescimento bateu em 14% ao ano.

Para 2015, a expectativa é 7%. O universo treme, hoje, diante do fantasma de uma China sem vigor suficiente para empurrar a economia mundial.

“O arrefecimento da China é parte do ajuste da economia mundial.”

Troque a China pelo Brasil e você terá o diagnóstico da economia nacional.

É uma verdade simples e incontestável: o arrefecimento do Brasil é parte do ajuste da economia mundial.

Mas quantas vezes você viu isso?

Ao longo da campanha, com seu peculiar cinismo demagógico, Aécio disse copiosas vezes o contrário.

Era como se o Brasil fosse um caso isolado de baixo crescimento numa economia global intrepidamente aquecida.

Nesta mistificação, Aécio recebeu a contribuição milionária de colunistas econômicos como Míriam Leitão e Carlos Sardenberg.

Gosto de dizer que um dos propósitos do jornalismo é jogar luzes onde existem sombras. O que o jornalismo econômico fez foi o inverso: mais sombras onde já havia sombras criadas por Aécio.

Não se trata de negar erros que possam ter sido cometidos na política econômica. Mas de assentar o debate na base a partir da qual a discussão pode ficar séria: a economia mundial vive desde 2008 uma crise séria, e o Brasil é parte do todo.

Num primeiro momento, depois de 2008, os países emergentes pareceram a salvação do mundo. Mas com o correr do tempo ficou claro que não era bem assim.

Também os emergentes passaram a sofrer: China, Brasil, Índia e Rússia.

Na raiz da crise iniciada em 2008 estava a ressaca do thatcherismo, a doutrina conservadora da premiê britânica Margaret Thatcher.

Moda nos anos 1980, e copiado no Brasil na década seguinte por FHC, o thatcherismo defendia coisas como a desregulamentação do mercado financeiro.

Entregues à própria ganância, os grandes bancos do mundo foram fazendo operações cada vez mais arriscadas.

Uma hora a realidade se impôs e a festa acabou.

A quebra espetacular e em dominó de muitos daqueles bancos foi a senha para a crise que pôs de joelhos a economia global.

No Brasil, a ortodoxia thatcherista ressurgiu no debate graças a Armínio Fraga, o ex-futuro ministro da economia de Aécio.

Fraga é Thatcher desde antes de nascer.

O eleitorado disse não ao thatcherismo. Disse 54 milhões de vezes não. Mas Dilma parece não ter achado bem isso, ainda que vitoriosa com uma campanha que negava a ortodoxia, e colocou Joaquim Levy para comandar a economia.

Este é um bom debate: por que essa concessão ao conservadorismo econômico batido nas urnas?

Mas, enquanto for invocada a falácia do “Brasil-estagnado-num-mundo-próspero-e-feliz”, estaremos condenados a debates que apenas emburrecem os que os levam a sério.