terça-feira, 10 de maio de 2011

Mentira tem pernas curtas

Eu nasci para ser de direita, americanista de pai e mãe. Meu pai era capitalista, preconceituoso, elitista e um admirador fanático dos EUA.



Já minha mãe, a pessoa mais desprendida materialmente que eu já conheci, muito religiosa (protestante) e seguidora dos verdadeiros ensinamentos cristãos, mas tinha uma grande admiração pelos EUA, origem da sua religião, seus missionários, pastores, Billy Graham, Robert Mc Calister, etc.



Em razão dessa crença, minha mãe fez questão absoluta que eu e minha irmã estudássemos no Colégio Bennett, um colégio metodista, fundado por missionários norte-americanos. Era provavelmente um dos melhores colégios do Rio de Janeiro na época, com bons professores, salas de aula amplas e arejadas, laboratórios, salas de áudio-visual, auditório, farto material esportivo, com atividades que não existiam nos demais colégios, já que tinha uma carga-horária dobrada, maravilhoso, mas um colégio americano.



Não bastasse, ainda freqüentávamos uma igreja presbiteriana, e todo o material religioso, hinários, livros, etc, eram traduzidos do inglês, sem contar o intercâmbio de missionários e pastores tanto no colégio como na igreja.



Desta forma, eu era cercada pela propaganda norte-americana 24 h por dia, até que, em plena ditadura militar, comecei a ouvir outra visão a respeito dos EUA, da dominação que exerciam sobre o Brasil e o que se passava nos porões da ditadura, de torturas e assassinatos, e eu, na minha santa burrice, achava que havia um exagero monumental no que ouvia.



Considerava impossível que seres humanos tivessem um comportamento tão abominável. Isso só seria possível em marginais, uma minoria e as informações que tinha através de jornais e TV em nada se pareciam com o que os amigos politizados diziam.



Tempos depois, eu vi quem falava a verdade: não era nenhum exagero, muito pelo contrário, o que acontecia nos porões da ditadura era muito pior do que o que era divulgado por aqueles amigos, através de folhetos rodados em mimeógrafos ou verbalmente; e mudei de lado.



É por conta disso que eu acho de extrema importância que não se permita a divulgação de textos que possam conter informações mentirosas, exageradas ou criadas pela imaginação de quem os escreve, porque o risco é o de perder completamente a credibilidade, o que é uma perda irreparável.



Eu canso de enviar para meus amigos textos divulgados na blogsfera, partindo da premissa de que ninguém está ali para fazer fofoca e nem inventar mentiras, e ficaria muito mal se alguém desmentisse informações ali contidas.



Quem escreve na “grande” imprensa, pode mentir e enganar à vontade, até porque essa é a orientação dos patrões, mas nós não, porque nossa única arma é a daqueles que acabaram ganhando a minha confiança, apesar de todo o meu DNA norte-americano.


Sonia Montenegro

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