quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Marina critica Serra; Folha dá jeitinho para incluir Lula

A alegação da Folha de S.Paulo em seu hipócrita editorial de ontem de que “procura manter uma orientação de independência, pluralismo e apartidarismo editoriais” é escandalosamente desmentida hoje pelo próprio jornal com o título que criou para as críticas que Marina fez ao relacionamento- se é que se pode chamar assim - de Serra com a imprensa.

Enquanto O Globo escreveu “Em Guarulhos, Marina diz que Serra intimida jornalistas”, e o IG usou “Marina critica Serra por ‘intimidar a imprensa’”, a Folha encontrou um jeito de incluir Lula na história e titulou assim a sua matéria: “Marina acusa Lula e Serra de tentarem intimidar imprensa”.

Para justificar seu título forçado, a Folha disse que a crítica a Lula foi velada e que a crítica a Serra foi direta. Mas o “imparcial” jornal paulista ignorou um dado fundamental que constava de sua própria matéria e deveria ter sido determinante na orientação do título. Depois de criticar intimidações à imprensa de uma forma geral, Marina foi perguntada a quem se referia, e respondeu que era a Serra.

“Tenho ouvido reclamações nos últimos dias que o ex-governador José Serra tem ficando nervoso quando fazem perguntas que ele não gosta”, disse Marina. Segundo O Globo, ela ainda foi perguntada de que forma Serra intimidaria o trabalho dos jornalistas, e respondeu: “Tenho visto relatos de algumas pessoas que cobrem as campanhas de que existem momentos, quando são feitas perguntas que não são consideradas agradáveis, que há uma atitude às vezes de intimidação dos jornalistas.”

Os jornalistas perguntaram a Marina a quem ela se referia, publicaram o diálogo. A resposta foi única, objetiva: Serra. A própria F olha regista que “Marina citou apenas Serra”, mas insiste que ela acusou Lula de intimidar a imprensa. É assim o jornalismo apartidário da Folha, que adapta os fatos a seu bel prazer.

A declaração de Marina não foi nem nova. O Terra já tinha noticiado após o debate da TV Record a mesma crítica a Serra. Marina cobrou uma postura isenta de publicações que declaram apoio a candidatos e defendeu que o importante é “que se tenha uma relação respeitosa com a imprensa, porque, muitas vezes, não se faz a crítica aberta, mas nos bastidores existem aqueles que ameaçam, tratam de forma deselegante, que ficam ligando para as redações, pedindo cabeça de jornalistas.”

Questionada pelos jornalistas se estava se referindo a Serra, Marina disse: “isso são vocês que, às vezes, reclamam”. Os jornalistas insistiram: “Você está falando do Serra?”. Marina responde: “do Serra”.

Não poderia haver direcionamento mais explícito nas declarações de Marina, mas a Folha não faz jornalismo, mas propaganda.

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