quinta-feira, 15 de outubro de 2015

O segredo da impunidade de um corrupto como Eduardo Cunha

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Retrato do artista quando jovem: na presidência da Telerj.
Os mais puros, diante dos fatos acachapantes das últimas semanas, se perguntam: como alguém como Eduardo Cunha pode fazer uma carreira com tamanhas delinquências ao longo de tantos anos?
A resposta é um retrato do Brasil.
Os norte-americanos, na Guerra Fria, se referiam a ditadores que os apoiavam de uma maneira abjetamente pragmática.
São os nossos ditadores.
Eles matavam, perseguiam, torturavam – e eram mantidos no poder pelos líderes do “mundo livre” porque eram seus ditadores.
E então.
Na visão da plutocracia, Eduardo Cunha é um de nossos corruptos. Exatamente como Ricardo Teixeira, para ficar num caso. Teixeira cansou de roubar na CBF. Mas era amigo da Globo e, portanto, da plutocracia, e então teve vida fácil no Brasil.
Ninguém o aborrecia com coisas como honestidade.
Eduardo Cunha se iniciou com PC Farias, o tesoureiro de Collor. Com ele aprenderia a arte de arrecadar – vital depois para patrocinar campanhas de políticos menos talentosos naquilo.
Depois, por indicação de PC Farias antes do fim da era Collor, foi ser presidente da Telerj. Naquele posto, a parceria com os plutocratas ganharia músculos.
Cunha facilitou a vida da NEC, uma empresa de telefonia controlada pela Globo. Pronto. Deu o passo essencial para se tornar um intocável.
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Ajudando a Globo: Assim se tornou intocável até chegarem os suíços.
A Globo é uma espécie de mantenedora de nossos corruptos. Se, como Ricardo Teixeira e Eduardo Cunha, você está protegido por ela, tem licença para fazer muita coisa.
Você não vai aparecer no noticiário. E protegidos da Globo costumam ser também protegidos da Justiça. Conte quantos amigos da Globo foram apanhados na Lava-Jato. Aécio é um típico amigo da Globo: veja quantas vezes ele foi cobrado por suas conhecidas estripulias.
É um golpe perfeito. Ou quase.
O problema é quando entram em cena coisas fora do controle da plutocracia brasileira e, portanto, da Globo. A polícia suíça, por exemplo.
Não fossem os suíços, correríamos o risco de ter Eduardo Cunha na Presidência. A plutocracia adoraria.
Desapareceria da mídia o noticiário obsessivo sobre corrupção, para começo de conversa, como ocorreu nos anos de ditadura militar. E Eduardo Cunha comandaria uma agenda completamente a favor dos plutocratas.
Financiamento de campanha, que é a forma consagrada pela qual a plutocracia toma de assalto a democracia? Sim, sim, sim.
Regulamentação da mídia, que é como a sociedade se protege de abusos das grandes corporações jornalísticas? Não, não, não.
E assim seguiria o Brasil, o paraíso das iniquidades.
Mas apareceram os suíços e a festa, para Eduardo Cunha, terminou em tragédia. Não, no entanto, para os plutocratas que sempre dispensaram proteção.
Há muitos outros eduardo-cunhas na política brasileira.
Aécio é um deles. A plutocracia sabe que pode contar com Aécio.
Tem seus defeitos. Gosta muito da vida noturna e é amigo de pessoas em cujo helicóptero pode aparecer meia tonelada de pasta de cocaína. Mas tudo bem.
Na ótica dos donos do Brasil, é um dos nossos.
Como Eduardo Cunha.

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