O mais impressionante na pesquisa Ibope que circulou hoje [26/10], embora no noticiárioas chamadas se voltem para os 55% que não votariam em Lula “de jeito nenhum” é que o mesmo conceito, em percentual semelhante, com diferença insignificante, se aplica a José Serra (54%), Geraldo Alckmin (52%), Ciro Gomes (52%), Marina Silva (50%) e Aécio Neves (47%).
É obvio que a rejeição a Lula, se é que é esta, é resultado de uma campanha de insultos, acusações e ataques que já completou até aniversário, sem falhar um dia sequer. Mas, margem de erro para cá, para lá ou “ajudinhas”, o fato é que metade da população foi levada a rejeitar todos os políticos de maior expressão do país.
E não é por razões ideológicas, o que explicaria rejeições consideradas altas, na faixa do 30-35%, normais em qualquer época.
Duas instituições têm papel importante nesta generalização da política: a imprensa e o Ministério Público.
Semearam e regaram, diariamente, o “ninguém presta”.
O MP, esmerando-se em fuçar e procurar de irregularidades, seja das grandes, seja das miudezas, sempre com a preocupação em rebrilhar como “a esperança da Nação”, ungidos em semideuses porque passaram em um concurso público e, meritocratas, são melhores que qualquer um.
Sob o aplauso da mídia a que alimentam com a violação dos seus deveres funcionais de prudência e sigilo, transformaram ladrões delatores em oráculos da verdade e quem é citado por eles é que tem de provar inocência, isso quando adianta prová-la.
Não é apenas em grandes casos, rumorosos, nem com a ajuda do juiz Sérgio Moro e seu siderado desejo de ser o “Mãos Limpas” tupiniquim.
Chegamos ao cúmulo de verem ser movidas ações, até, contra eleitores que doaram quantias irrisórias (15, 30, 50, 100 reais) a candidatos, algo que só poderia ser saudado como legítimo e cívico e é apontado como crime.
Como escreveu hoje [26/10] Nilson Lage, no Facebook, é efeito do “denuncismo, promoção do ódio, jornalismo de calúnia e imprensa de merda” que está nos levando ao paroxismo:
“Estamos perto do que se vayan todos, que tomou conta da Argentina depois da queda de [Fernando] De la Rúa e da semana em que o país teve três presidentes da República e nenhuma moeda.”
Essa é a obra dos fanáticos, que se iniciou – sob a tolerância geral, aliás – há pouco mais de dois anos, quando se saudou a marcha dos “sem partido, sem bandeira”, de um padrão Fifa (que logo se mostraria, ironicamente, campeão em corrupção) e de uma folclórica carnavalização das manifestações políticas.
Hoje, os arreganhos fascistas que assistimos, com grupelhos provocando e agredindo atos, debates e até velórios, não são, evidente, apenas fruto disso, mas de interesses de muita gente engravatada e de bons modos.
Mas o método, este sim, é filhote do “pode tudo” que se começou a entender como legítimo quando se tratava de falar de “os políticos”, todos num saco só.
Pensando assim, não só eles ficam todos mais parecidos na mediocridade, pois se desacredita do voto, como ficamos mais perto de uma ditadura, pois se desacredita da política.
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