quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O medo dos outros

A fúria gratuita, a ira desgovernada, a violência incontida e a intolerância àquilo que lhe é desconhecido podem matar. Pessoas no Brasil ainda vivem na externalização da incompreensão do desconhecido através da violência. Alguns ensinam a violência verbal, e outros executam a violência física de fato.

O preconceito que mata e agride homossexuais não afeta apenas os jovens instigados desde crianças a odiar aquilo que não conhecem. O preconceito que se vê dentro das casas, nas escolas e nas ruas, não se trata de brincadeirinha que é jogada ao vento e se perde como partículas no ar. O preconceito do mundo adulto que educa (ou melhor – deseduca) pessoas a odiar outras, não é uma simples piadinha de porta de banheiro ou conto engraçadinho de uma conversa de bar. Esse preconceito que agride pessoas, que corta, que arde, que bate, que dói, que sangra, não é uma bobagenzinha que as pessoas esqueçam. A piada, o conto, a ironia e a subestimação são elementos trágicos para a sociedade atual, que acabam gerando crianças e adolescentes presenteados por uma raiva daquilo que desconhecem, sem ao menos entender o que acontece.

A palavra preconceito anuncia aquilo que imaginamos ser algo. Porém, não sabemos o que é de fato. E de tantos pré-conceitos, pessoas que expressam suas formas de amor de forma lícita e autêntica são categorizadas sempre de modo negativo pelo vácuo de conhecimento daquele “monstro” desconhecido. E o que se faz quando algo é desconhecido? Inferioriza-se, agride-se, detona-se, toma-se por inimigo.

Não vou nem entrar no mérito de possíveis explicações freudianas perante essas raivas. Mas o fato é que a sociedade teme ao outro. Teme ao diferente de si próprio. Ouso dizer que alguns temem à liberdade. Porém, também ouso dizer que estamos evoluindo. Em lentos passos, a intolerância ao desconhecido vai se perdendo perante a superioridade das gerações vindouras, da coexistência entre os diferentes e da diminuição da carga pesada que alguns descarregam nas inocentes mentes de nossas crianças, que sequer entendem de onde nascem tantos ódios.

Num piscar de olhos, pequeninos inocentes reproduzem apelidos homofóbicos e, na maioria das vezes, não sabem sequer o que estão falando, só sabem que ouviram em algum lugar e é para xingar alguém. Num piscar de olhos, adolescentes aparecem soqueando outros. E nesse instante, então, o mundo dos adultos "gênios" aparece para culpabilizar pequeninos e falar em "bullying".

Ingrid Wink

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