segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Uma cerveja para o Redentor, please
A violência no Rio de Janeiro tem raízes históricas. Até pouco tempo, áreas da periferia, incluindo as favelas, registravam taxas de desemprego acima de 60%. Com a melhora da situação, o tráfico perde o caráter pseudopolítico usado para se autojustificar. Os líderes de organizações criminosas não tem mais a popularidade de antigamente. O povo quer Lula, Sérgio Cabral, Dilma. Voltou a acreditar no futuro.
Agora, é preciso estratégia e dar prioridade para que as ações de repressão aos bandos armados não provoquem baixas civis. O principal risco é esse. Atenção polícia! A população está ao lado da polícia mas também atenta ao seu desempenho no quesito DIREITOS HUMANOS. Muito engraçado se alguns dos mesmos entusiásticos defensores dos DIREITOS HUMANOS no Irã agora voltarem as costas para os habitantes das periferias do Rio de Janeiro e de todas a cidades com problemas similares.
Há uma forte torcida para que tudo dê certo. A população das próprias áreas ocupadas, à diferença de momentos anteriores ( e essa é a grande novidade) hoje empresta um grande apoio às operações policiais. Esperemos.
A mídia também tem que ajudar, a não espalhar pânico e não informar os bandidos sobre os movimentos da polícia. Deve registrar tudo, para que possamos acompanhar, mas em alguns casos é melhor esperarmos algumas horas antes de saber se isso for importante para preservar a estratégia policial.
Um dos colunistas da Folha, Fernando Barros e Silva, resolveu enveredar-se pela tática do quanto pior melhor. É a opinião dele, mas eu acho que ele está errado, não por suas críticas a Sérgio Cabral, que tem um fundo de razão, mas por não enxergar as circunstâncias históricas e econômicas do Rio de Janeiro, que não podem ser comparadas com de tempos passados.
O Estado do Rio passa por profundas transformações econômicas, que tem deflagrado mudanças sociais igualmente importantes. O desemprego na cidade do Rio, por exemplo, caiu para 5%, o que é considerado emprego pleno. A última vez que isso aconteceu deve ter sido na década de 50, com Vargas. Na baia de Sepetiba, está sendo construído um gigantesco complexo industrial de refinarias, fábricas, usinas, exportadores. E sobretudo a Comperj, que irá gerar um enorme cinturão industrial na baixada fluminense, prometendo resolver o problema crônico de desemprego na região.
No norte do Estado, uma das regiões mais pobres do país, crianças e jovens vem se preparando para integrar a indústria do petróleo da Bacia de Campos.
Teremos, por fim, os eventos esportivos, Olimpíadas e Copa do Mundo, que já estão criando empregos e que possivelmente deixem um rastro positivo de estruturas físicas e experiências profissionais.
Não estou sendo ufanista ou oficialista. Mas realista. As obras são gigantescas, estão acontecendo, porque esconder isso? Já começa a haver um déficit enorme de mão de obra especializada. A mídia, se quer ajudar o Rio, tem que mostrar à população essas perspectivas, o que ajudará os jovens a tirarem o tráfico e as drogas da cabeça e a pensarem nas possibilidades de trabalho e independência econômica que se abrem para todos.
Aquele abraço, Rio.
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