quinta-feira, 12 de março de 2015

Novos fatos complicam a vida de Eduardo Cunha na Presidência da Câmara

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O presidente da Câmara Eduardo Cunha precisará se afastar do cargo se for processado no STF.
A situação política do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB/RJ) começa a ficar insustentável, após a divulgação de documentos disponíveis na Justiça, que fortalecem as acusações do doleiro Alberto Youssef. Cunha é investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) como um dos políticos suspeitos de participação no esquema de corrupção na Petrobras.
O doleiro confessou aos delegados federais, que integram a força-tarefa da Operação Lava-Jato, que Cunha recebia propina desviada de um contrato firmado pela estatal com as empresas Mitsui e Samsung relativo ao aluguel de navio-plataforma. O lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, suspeito de fazer o elo do PMDB com o esquema, seria o responsável pela entrega do dinheiro sujo.
Durante uma briga interna, na quadrilha que assaltava os cofres da Petrobras, segundo Youssef, a propina parou de jorrar. O doleiro relatou que a reação de Cunha foi imediata. O terceiro nome na escala sucessória, no país, disse Youssef, determinou a parlamentares do PMDB que apresentassem dois requerimentos à Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara, com o objetivo de pressionar os controladores da Mitsui.
A manobra vazou na mídia conservadora, durante este fim de semana. Em julho de 2011, a ex-deputada Solange Almeida (PMDB/RJ), atual prefeita da cidade de Rio Bonito (RJ), e o deputado Sérgio Britto (PSD-BA), então presidente do colegiado, formalizaram dois pedidos à comissão. Em um desses requerimentos, demandavam ao Ministério de Minas e Energia mais informações sobre contratos da Petrobras com a Mitsui. Ao Tribunal de Contas da União (TCU), na outra solicitação, pleiteavam acesso a auditorias que pudessem ter ocorrido.
Documentos
Os parlamentares envolvidos na tramoia delatada por Youssef justificaram os pedidos no documento remetido ao TCU com a possível existência de “contratos envolvendo a construção, operação e financiamento de plataformas e sondas celebrados com o Grupo Mitsui contém especulações de denúncias”. Entre as irregularidades apontadas, citavam “improbidade, superfaturamento, juros elevados, ausência de licitação”.
O documento cita o cotista Júlio Camargo, representante da Mitsui. Assim como Youssef, Camargo firmou um acordo de delação premiada e admitiu a participação no esquema, o que complicou ainda mais a situação política de Cunha. Uma vez processado, após a fase investigatória, não terá outro caminho ético a não ser apresentar sua renúncia do cargo.
Nas redes sociais, nesta segunda-feira, Cunha questiona o porquê de o Ministério Público não pedir abertura de inquérito contra Solange e Britto e nega ter qualquer relação com os requerimentos apresentados por eles.
“Simplesmente não fiz qualquer representação e se, por ventura, outros parlamentares fizeram, por que, então, o procurador não pediu inquérito dos outros parlamentares?”, escreveu. Cunha insiste ser vítima de uma orquestração entre governo e Ministério Público e nega irregularidades na construção de sua fortuna.
Sergio Britto, procurado por repórteres, afirmou que Cunha não lhe pediu nada e que apenas subscreveu os requerimentos para dar força à solicitação.
“Fiz isso como fiz com vários outros pedidos”, esquiva-se.

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