O primeiro navio a ser fabricado pelo Estaleiro Atlântico Sul (EAS) será lançado ao mar no próximo dia 3 de maio. O evento já tem a confirmação da presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Uma comitiva de ministros, deputados federais e estaduais devem acompanhá-lo, além do governador Eduardo Campos. A embarcação - um petroleiro do tipo Suezmax - simboliza a retomada da indústria naval brasileira no tocante ao setor de petróleo. Há mais de 13 anos a produção desse tipo de navio estava paralisada. A encomenda foi feita pela Transpetro (subsidiária da Petrobras) e atende ao Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef I).
A embarcação tem 274 metros de comprimento e capacidade para transportar um milhão de barris de petróleo, tendo custado US$ 120 milhões à Transpetro. Em suas duas primeiras fases, o Promef prevê a construção de 49 navios no Brasil. O lançamento ao mar do primeiro navio do Promef é um fato histórico. Quando iniciamos o programa, a desconfiança era enorme. Mas, este ano, com os primeiros navios sendo lançados, veremos a prova real do acerto e da força do Promef, que entra agora em uma nova etapa, afirma o presidente da Transpetro, Sérgio Machado.
Navio tem o nome do Almirante Negro
Nos livros de história ele é conhecido como um herói negro. Filho de escravos, em novembro de 1910, João Cândido Felisberto liderou um motim de marinheiros negros, que ficaria conhecido no País como a Revolta da Chibata. O levante dos 2 mil revolucionários, no Rio de Janeiro (então capital federal), era para extinguir os maus-tratos da Marinha contra os soldados e acabar com punições severas, como as chicotadas. O personagem que dá nome ao primeiro navio da nova frota brasileira é homenageado no centenário da Revolta da Chibata.
Assim como outros protagonistas da história, João Cândido morreu pobre, aos 89 anos. Depois de ser expulso da Marinha, sustentou a família com o que ganhava como pescador. Em 2008 uma lei concedeu anistia póstuma a ele e a outros marinheiros.
Essa será a segunda homenagem prestada pelo presidente Lula ao almirante. A primeira foi em 2008, quando inaugurou uma estátua com seu nome, na Praça XV, no Rio. A deferência do presidente com o personagem não é vista com bons olhos por alguns oficiais da Marinha. No episódio da estátua, chegaram a pedir que o monumento não ficasse em frente à sede da Escola Naval, localizada na mesma praça. Dessa vez, a repercussão pode ser ainda maior, porque o personagem vai batizar um navio.
Pai de 12 filhos, João Cândido nasceu no dia 24 de junho de 1880. Aos 13 anos entrou para Escola de Aprendizes Marinheiros. O personagem virou roteiro de filme e letra de música. Aldir Blanc e João Bosco compuseram para ele a música. O mestre-sala dos mares.
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