domingo, 18 de abril de 2010
Quem não sai aos seus, degenera
O senador Arthur Virgílio Neto é um bom discípulo de Fernando Henrique Cardoso.
O ex-presidente, como se sabe, é filho e sobrinho de dois generais nacionalistas, Leônidas e Felicíssimo Cardoso, líderes da campanha do “O petróleo é nosso”, que levou à criação da Petrobras e à nacionalização do petróleo brasileiro. Quarenta anos depois, FHC iria abri-lo às multinacionais.
Arthur Virgilio Neto é filho de Arthur Virgílio, senador pelo PTB amazonense. O velho Arthur defendia a realização de uma ampla reforma agrária. Considerava importante o papel do Estado como propulsor do desenvolvimento da economia, cabendo-lhe atuação corretiva e supletiva da iniciativa privada. Defendia o monopólio estatal do petróleo, inclusive o da distribuição, e também o das telecomunicações.
Olhem as posições que seu filho defende e as comparem.
Assim, o atual senador pelo Amazonas não tem autoridade moral para questionar a participação de Dilma Roussef na luta contra a ditadura. As perseguições que seu pai, injustamente, sofreu se deveram às idéias que defendia. Foi por elas cassado pelo AI-5. Se seu filho defende valores diametralmente opostos – e tem o direito de fazer isso – é natural que não sinta nojo cívico dos perseguidores de seu pai.
Dizer que os que mataram pessoas depois de seviciarem pessoas devem ficar anõnimos e que basta encontrar e sepultar os restos mortais de suas vítimas não é grandeza, é covardia. Niguém quer fazer com eles o que fizeram a suas vitimas. nem mesmo prendê-los, queremos. Queremos apenas que respondam perante a Nação pelos atos que praticaram.
Não duvido do respeito e do amor filial de Arthur Virgilio Neto. Politicamente, porém, defende o contrário do que eram as causas de seu pai.
Quem viveu a ditadura resistiu como pôde e como soube. Erros e acertos de quem está ameaçado de prisão, tortura e morte são absolutamente relativos. O que não é relativo é a adesão dos perseguidos às idéias dos perseguidores.
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