quarta-feira, 21 de abril de 2010
Tudo ou nada
A antecipação da pesquisa Datafolha pelo site da Veja revela um plano sincronizado da mídia oposicionista que consiste em ela apostar tudo nessa estratégia da guerra de pesquisas para virar o jogo, ou seja, para interromper a ascensão de Dilma Rousseff.
Enquanto o Datafolha era “vazado” para a Veja, que divulgou o resultado da sondagem antes do seu autor, o Ibope já registrava a sua pesquisa no TSE, a qual irá a campo na semana que vem. O resultado? Há poucas dúvidas sobre qual será.
Diante disso, configura-se a seguinte situação: Vox Populi e Sensus poderão aceitar o prejuízo e ficarem quietos, passando a se “comportar” daqui para frente, ou poderão recusar a intimidação das matérias acusatórias.
De uma coisa não se pode ter mais dúvida: finalmente a mídia saiu com uma estratégia realmente nova. Não me lembro de situação semelhante, de uma guerra aberta entre institutos de pesquisa na qual um acusa o outro de fraude.
Trata-se de uma situação inédita no pós-redemocratização do país, que eu me lembre.
Fala-se, também, em “judicialização da campanha eleitoral”. Além da intimidação dos institutos de pesquisa por via judicial ou por difamação, o PSDB está processando a Apeoesp. Está sendo previsto, também, que blogueiros serão o próximo alvo.
Não achei que apostariam tanto, tão cedo. Nunca duvidei de que “engrossariam”... Mas por que agora? Por que consideram tão importante apostar tão alto neste momento, ainda tão distante da eleição? E quando ela estiver mais perto, a que ponto chegarão?
E o PT fingindo-se de morto...
E não vamos nos esquecer do ataque de hackers ao site petista. A Polícia Federal já foi acionada, como inclusive sugeriu o PSDB? Ou ficará por isso mesmo?
A situação é muito grave. Se tiver havido falsificação de pesquisa por parte do Datafolha, de um lado, ou do Vox Populi e do Sensus, do outro – e não há mais dúvida de que algum deles está mentindo –, o caso tem que ser investigado e o culpado, punido.
Essa é a solução para as pesquisas conflitantes, mas que solução se encontrará para essa intimidação de apoiadores do governo que já se insinua via a tal de “judicialização”. Em uma campanha eleitoral de um país democrático, progride uma situação análoga à de uma ditadura.
Só sei de uma coisa: se o PT, o presidente Lula e a pré-candidata Dilma pretendem vencer mesmo a eleição presidencial, não podem confiar apenas no discernimento da sociedade – pessoas são engabeladas todos os dias. É hora de reagir, e com força.
Finalmente, vamos nos aproximando da venezuelização do cenário político. Ao ir para o confronto com uma pesquisa ainda mais estranha que a anterior e com a preparação de outra que promete ser ainda pior para o PT, mídia e oposição sinalizam que vão para o tudo ou nada.
Falo de venezuelização há muito tempo. Na Venezuela de 2004, até cerca de 60 dias antes do referendo revogatório contra Chávez, as pesquisas davam que não tinha apoio maior do que de 1/3 do eleitorado e ele venceu o pleito com quase 60% dos votos válidos.
Nas ruas de São Paulo, o governo do Estado partiu para a violência contra manifestantes, seja na manifestação dos alagados da periferia ou na dos professores. Até o componente violência ajuda a compor o quadro “venezuelanizado” da situação política no país.
O PT só tem duas opções: ou se entrega, ou luta. Eu já fiz a minha escolha, mas só irei mantê-la se aqueles que apóio se mostrarem dispostos a fazer a parte deles nessa guerra que acaba de ser declarada com essa aparente farsa da Folha, do Datafolha e da Veja.
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