quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

O IDH de 2015 mostra o que a mídia se recusa a enxergar

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Foi publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) o Relatório do Desenvolvimento Humano (IDH) 2015, abarcando 188 países.
O Índice de Desenvolvimento Humano por país leva em conta três fatores:
a) nível educacional ligado a conhecimento;
b) expectativa de vida com saúde;
c) renda per capita associada a padrão de vida.
Selecionei 12 países da América Latina, todos os da América do Sul, um do Caribe e um da América do Norte. O relatório completo pode ser visto aqui.
A apresentação mostra a evolução em desenvolvimento humano dos mencionados países, listados em ordem alfabética, desde 1990. Convém ressaltar que o Pnud publicava relatórios de dez em dez anos e só a partir de 2010 passou a publicar relatórios anualmente. No final, faço alguns comentários pessoais, porém o leitor, examinando atentamente os dados, poderá chegar as suas próprias conclusões:
IDH2015_Paises
Clique na imagem para ampliá-la.
Na década 2000-2010, Cuba foi o país que evoluiu mais celeremente, seguida nesta ordem por Venezuela, Chile, Brasil, Colômbia e Argentina. Cessado o “Período Especial” que se seguiu à queda da União Soviética e ao sistema socialista, com o qual a Ilha mantinha intercâmbio comercial intenso e favorecido, o Cuba cresceu sustentadamente o que o fez galgar algumas posições. Ocorre que a partir de 2010 regrediu e marcou passo. Foi a percepção desta situação crítica que levou a liderança cubana dar os atuais passos em direção de reformas que saneiem sua economia a um tempo em que mantêm seu regime político.
Se for levada em conta a evolução desde que o Pnud começou a levantar dados em 1990 até este mais recente relatório de 2015, relativo a 2014, o país que mais evoluiu foi o Brasil, seguido de Chile, Argentina, Venezuela, Colômbia e Paraguai. Destaco, porém, a Bolívia que, a partir de 2010, deu passos mais firmes.
Com relação ao Brasil, a persistente evolução de seu índice a partir de 2010 refuta a hipocrisia e a campanha de pessimismo e do “quanto pior, melhor” da grande mídia brasileira e da oposição.
De maneira geral, todos os países mencionados, bolivarianos ou não, evoluíram de maneira bastante semelhante, com um ou outro percalço no caminho, mantendo ou alterando minimamente suas posições no ranking.
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FHC_Miseria01_Veja
IDH DO BRASIL VIRA O ÍNDICE DE HIPOCRISIA
O Índice de Desenvolvimento Humano, no Brasil, bem que poderia mudar para o nome aí de cima. Porque ele serve, nas mãos de nossa mídia, para mostrar a vergonha que somos como se ela fosse algo diferente da vergonha que foram e são os que fizeram, ao longo de sua história, o Brasil ser aquilo que, contra elas, tenta não ser.
Qual é o programa desta gente diante dos três componentes – educação, saúde e renda?
Comece-se pela educação. O que desejam para ela? Acabar com a vinculação constitucional de seus recursos, como sugeriu o vice-presidente Michel Temer, para adoçar a boca dos deputados? Extinguir o fundo do pré-sal, com o projeto de José Serra que abole o regime de partilha? Fechar escolas, como quer Geraldo Alckmin? Por fim às cotas, como rosnam, entre dentes, os adeptos da “meritocracia” em estado “puro”, vulgarmente conhecida por “lei da selva”?
E a saúde? Expulsar os médicos cubanos do Mais Médicos? Deixar que dela tomem conta os “planos” de saúde lucrativos e eficientes – desde que você tenha a modalidadeplatinumgoldensilver? Terminar de desumanizar a profissão médica, transformando-a quase me num mecanismo de “mercado” onde se cobra de acordo com uma subjetivíssima competência e de acordo com a capacidade de o paciente pagar? Ah, sim, para ela também vale a proposta temerária que agradou tanto, dizem os jornais, os senhores do golpismo?
Na renda, algum mistério? Seguir os conselhos de Armínio Fraga, que disse que “o salário mínimo subiu demais“? Sanear o “rombo da previdência” só pela via das despesas com benefícios? Ou ficar feliz com o aumento do desemprego, como sugeriu aquele infeliz “professor de neoliberalismo”?
Ontem [13/12], mostrou-se aqui o que ocorreu com a renda dos mais pobres, neste país que “está um caos” e, há pouco mais de uma década, era o paraíso, com direito às crianças da seca comerem calango.
Senhores, menos, por favor, menos.
As lágrimas de crocodilo que choram por termos sido ultrapassados pelo Sri Lanka, podeR/se-ia responder apenas com o nome daquele país, que conhecemos nas fábulas como Ceilão: República Democrática Socialista do Sri Lanka, aliás um país em pleno estado de agitação em razão de acusações de corrupção e lá em baixo nos índices de liberdade de imprensa.
Comparar o Brasil a um país onde a maior cidade, Colombo, é do tamanho da minha Niterói, francamente, é de fazer jus à inteligência estratégica primária de quem o faz.
Ainda assim, “apesar da crise”, o Brasil subiu, e não subiu mais porque passou a seguir a política econômica que nos receitam, onde se troca desenvolvimento por equilíbrio fiscal sem mexer no que, de fato, nos desequilibra: os juros que o “mercado” exige.
O Brasil é líder neste triste IDH, Índice de Hipocrisia. E ninguém disso pode duvidar.

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