sábado, 28 de fevereiro de 2015

SP: protesto pró-impeachment leva apenas 70 pessoas ao MASP

A militância defende o impeachment da presidente reeleita, como uma ação que seria uma forma de tirar do poder “um monstro chamado Partido dos Trabalhadores”


O protesto a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff não chegou a 100 manifestantes em São Paulo.
Imagens do MASP duas horas antes do protesto, não havia grande movimentação no museu paulista Foto: Facebook  Fora Dilma / Reprodução
De acordo com dados da Polícia Militar, apenas 70 pessoas participaram do ato no vão livre do MASP, região da Avenida Paulista. 
A chuva que cai na Zona Sul de SP nesta tarde de sábado (28), pode ter espantado os manifestantes da página “Fora Dilma”, que possui 46 mil seguidores no Facebook.
A militância defende o impeachment da presidente reeleita, como uma ação que seria uma forma de tirar do poder “um monstro chamado Partido dos Trabalhadores” e garantir que outros supostos escândalos envolvendo Dilma e o partido venham à tona.
No entanto, a PM paulista aponta que outro movimento conseguiu levar mais participantes às ruas de São Paulo.  O movimento “Aula Unificada Pública da Rede Emancipa” conseguiu atrair 250 pessoas para o MASP. Este movimento tende a unir estudantes de cursinhos pré-vestibulares oriundo de movimentos sociais.
As duas atividades estavam marcada para o mesmo horário, 14h.
Na página do Fora Dilma, apenas uma alusão duas horas antes do protesto é mostrada (foto acima). Além de uma postagem a favor dos movimentos dos caminhoneiros, que reclamam contra o aumento de combustíveis. 

Globo sumiu quando Randolfe anunciou CPI do HSBC

Cadê o indefectível microfone da TV Globo nesta foto?
A foto é do fim da manhã desta quinta-feira (26), no momento em que o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) dava entrevista anunciando que conseguiu o apoio de 31 colegas para abrir uma CPI da sonegação fiscal por meio de contas no HSBC, na Suíça.
São quatro assinaturas a mais que o mínimo necessário para instalação de uma comissão parlamentar de inquérito.
Na foto tem microfone da TV Record, da Rede TV, da CNT, da TV Senado e de algumas rádios. Mas da Globo, nada.
O parlamentar é um dos que tem defendido a necessidade de investigação do caso e uma cobertura mais ampla por parte da imprensa. Em discurso na terça-feira (25), ele lembrou que jornais do mundo inteiro estão noticiando, diferentemente do que ocorre no Brasil:
  • O que me chama atenção é que, embora o Brasil seja o quarto em número de clientes e o nono em depósitos [no HSBC], temos poucas notícias sobre isso por aqui. É fundamental que esse assunto venha à tona. Um escândalo dessa proporção, no qual contas de brasileiros estão envolvidas, necessita de uma imediata resposta por parte das autoridades brasileiras - defendeu.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Randolfe obtém 31 assinaturas para criar CPI sobre contas do HSBC na Suíça

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) conseguiu o apoio de 31 colegas para abrir uma CPI para investigar suspeitas de sonegação fiscal por meio de contas no HSBC, na Suíça. São quatro assinaturas a mais que o mínimo necessário para instalação de uma comissão parlamentar de inquérito.
Os apoios foram obtidos até o fim da manhã desta quinta-feira (26), mas a assessoria do senador informou que a coleta continuará sendo feita. A lista dos que assinaram tem senadores de oposição e da base do governo. No início da tarde, Randolfe vai à tribuna do Plenário para falar sobre o assunto.
O parlamentar tem defendido a necessidade de investigação do caso e uma cobertura mais ampla por parte da imprensa. Emdiscurso na terça-feira (25), ele lembrou que jornais do mundo inteiro estão noticiando, diferentemente do que ocorre no Brasil:
— O que me chama atenção é que, embora o Brasil seja o quarto em número de clientes e o nono em depósitos [no HSBC], temos poucas notícias sobre isso por aqui. É fundamental que esse assunto venha à tona. Um escândalo dessa proporção, no qual contas de brasileiros estão envolvidas, necessita de uma imediata resposta por parte das autoridades brasileiras — defendeu.

Entenda a  denúncia

O caso envolvendo o HSBC veio à tona após reportagens na imprensa europeia mostrando que o banco mantinha milhares de contas secretas na Suíça para livrar os clientes de pagamento de impostos. O escândalo, conhecido como Swissleaks, tem como fonte original um especialista em informática do HSBC, o franco-italiano Hervé Falciani. Segundo ele, entre os correntistas, estão 8.667 brasileiros, responsáveis por 6.606 contas que movimentam, entre 2006 e 2007, cerca de US$ 7 bilhões.
— Obviamente, temos que analisar que existem lá mais de 8 mil contas de brasileiros, mas isso não significa que sejam todas irregulares. o que tem de ser apurado é quantas dessas 8 mil contas de brasileiros são, de fato, evasão fiscal — afirmou Randolfe Rodrigues
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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

CPI DA PROPINA NA PETROBRAS COMEÇA EM ÁGUAS PROFUNDAS E OBSCURAS

Foi rejeitada a Questão de Ordem do PSOL, apresentada por Ivan Valente, exigindo que não participassem da CPI deputados que tiveram campanhas financiadas por empreiteiras investigadas na Lava Jato.
Apenas o PPS apoiou a iniciativa. Todos os outros partidos, do PT ao PSDB, defenderam a "isenção" e "independência" dos seus membros indicados, mesmo reconhecendo que receberam alta grana das empreiteiras propineiras.
Juram que vampiro pode gerenciar banco de sangue. Pelo que aqui foi dito, muitos receberam "ajuda" da OAS, Camargo Correa, Sanko, Engevix, Galvão Engenharia, Mendes Junior, UTC e Toyo Setal. Dá para acreditar numa CPI em que "inquisidores" e "inquiridos" têm relações tão carnais?

Bomba: Senadores da oposição desistem da CPI da Petrobras e querem investigar BNDES

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Sem obter o número mínimo de assinaturas para transformar a CPI da Petrobras na Câmara em comissão mista (formada por deputados e senadores), a oposição segue buscando apoio para instalar a CPI do BNDES no Senado. O senador Álvaro Dias (PSDB/PR) admite que a CPI da Petrobras terá pouco o que apurar, diante do avanço da Operação Lava-Jato, opinião compartilhada pelo líder do PT, senador Humberto Costa (PE).
De acordo com Humberto, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, já se colocou à disposição para dar explicações ao Senado.

Trabalhadores da Petrobras propõem “reestatização” e criticam papel da mídia

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Coordenador do Sindicato dos Petroleiros da Bahia, Deyvid teve apoio da Federação Única dos Petroleiros (FUP).
Representante eleito dos funcionários no Conselho de Administração, Deyvid Bacelar sugere ampliar presença do Estado contra a investida privatista do mercado e aponta falhas de comunicação da estatal.
Vitor Nuzzi, via RBA, texto publicado em 13/2/2015
Em 12 de maio, o técnico de segurança Deyvid Bacelar, 34 anos, completará nove na Petrobras, onde entrou por concurso. É funcionário da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), a primeira refinaria nacional de petróleo, instalada no Recôncavo Baiano. “Surgiu antes da Petrobras”, lembra Deyvid, baiano de Feira de Santana. A RLAM foi criada em 1950, enquanto a empresa veio três anos depois, em meio a campanhas nacionalistas pela produção de petróleo no Brasil e a descrença de muitos.
Assim, a crise atual não surpreende Deyvid. “Isso acontece desde que a Petrobras é Petrobras”, lamenta, criticando o que considera falhas de comunicação da empresa no esclarecimento à sociedade e atacando o papel da mídia tradicional na cobertura das denúncias. Tudo isso, para ele, atinge moralmente os funcionários da empresa, que acabam incluídos na vala comum da corrupção.
Maior participação dos trabalhadores nos processos de decisão poderia evitar, talvez, a ocorrência de parte dos recentes episódios envolvendo a Petrobras. Mas há também muita omissão de informação sobre os resultados obtidos pela companhia, que, muito longe de “quebrar”, como afirmam opositores, segue apresentando bom desempenho.
Eleito com 6.864 votos (57,83% dos válidos), Deyvid Bacelar será a partir de abril o representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da empresa. Coordenador do Sindicato dos Petroleiros da Bahia, ele teve apoio da Federação Única dos Petroleiros (FUP). O atual representante, Sílvio Sinedino, diretor da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), teve 5.006 votos. No total, 12.246 funcionários participaram do processo eleitoral. O CA tem dez integrantes, sete indicados pela União. Dois representam os acionistas e um é eleito pelos empregados.
Em momento de maior pressão política e do mercado financeiro envolvendo a companhia, Deyvid levará ao Conselho uma proposta que vai na contramão do que gostariam de ouvir os chamados analistas, que já se decepcionaram com a indicação do substituto de Graça Foster na presidência, Aldemir Bendine. “Vamos pautar a reestatização da Petrobras”, diz. Ele lembra que já existe uma proposta nesse sentido parada no Congresso: o Projeto de Lei 5.891, de 2009, assinado pelo deputado Fernando Marroni, do PT gaúcho, e mais 21 parlamentares, que restabelece o monopólio estatal no setor.
O próprio Deyvid tem ações da empresa. Muitos outros petroleiros também têm, acreditando, como ele diz, que “a Petrobras é maior do que tudo que está na mídia”.
O técnico pertence à “geração Lula”, como ele mesmo diz. Funcionários que entraram depois de 2003, quando o ex-presidente iniciou o seu primeiro mandato. Foi quando os concursos foram retomados. De acordo com o relatório social da companhia, em 2013, de 62.692 funcionários da Petrobras, 62% tinham menos de dez anos de empresa. Incluindo controladas, subsidiárias e coligadas, a companhia fechou o ano com 86.111 empregados. Deyvid passou em outros quatro concursos, inclusive de nível superior – é graduado em Administração, com especializações em SMS (Saúde, Meio Ambiente e Segurança) e Gestão de Pessoas –, mas disse preferir o cargo técnico na Petrobras.
A nova leva de funcionários é um dado relevante na companhia, mas Deyvid demonstra preocupação com a saída de mais de 8 mil trabalhadores, após um programa de demissões voluntárias na empresa, em 2014. Não há garantia de reposição. Ele teme, na verdade, ampliação da terceirização. Hoje, a proporção é de aproximadamente quatro terceirizados para um funcionário próprio. E quase 90% das mortes decorrentes de acidentes acontece entre funcionários de empresas terceirizadas, como aconteceu nesta semana, em um navio-plataforma no Espírito Santo.
Deyvid critica os ataques especulativos à Petrobras, mas avalia que a própria empresa não se comunicou como deveria. Ele considera que a ex-presidenta Graça Foster não deu as informações necessárias sobre a refinaria de Pasadena e a respeito do último balanço trimestral da campanha. “Eu pessoalmente fiz essas críticas. Cada declaração era uma desgraça. Às vezes (ela) solta uma informação não incorreta, mas sem os detalhamentos necessários”, comenta.
A FUP lançou recentemente um manifesto em que defende o patrimônio representado pela companhia, ao mesmo tempo em que pede punição de corruptos e corruptores, com a ressalva de que esse processo “não pode significar a paralisia da Petrobras e do setor mais dinâmico da economia brasileira”. O próximo representante dos trabalhadores no Conselho de Administração pede transparência e mais participação. E no lugar do “deus mercado”, como ele diz, o Estado.
Leia alguns tópicos da entrevista.
Clima entre os funcionáriosÉ importante destacar que isso, infelizmente, acontece desde que a Petrobras é Petrobras. É claro que se intensifica nos governos militares, Collor, Sarney, FHC. A grande diferença foi o trabalho sujo que a mídia faz, dando ênfase demasiada a um problema que sempre existiu, com algumas informações distorcidas. Devido a isso, os trabalhadores petroleiros se sentiram afetados. Eles sabem que estão em uma grande empresa, que participam do desenvolvimento do país. Mas ele teve a moral atingida. Ouve piadinhas na rua, teve até marchinha, como se todos fossem corruptos.
Esse desgaste, essa moral ferida, se deu também pela falta de comunicação da própria empresa. Para o público interno e, muito mais ainda, externo. Somente agora ela vem com uma campanha de defesa, e mesmo assim dando dinheiro para a Globo e para as mídias que sempre a atacaram. O blog Fatos e Dados [mantido pela Petrobras) também já teve uma utilização muito maior.
Participação dos trabalhadores na governançaA lei [12.353, de 2010, sobre participação dos trabalhadores nos conselhos das estatais] dá pelo menos esse espaço. Mas a Petrobras não divulga da maneira que poderia a importância dessa participação. Que poderia ser maior, já que hoje o trabalhador não pode participar de reuniões que discutam pautas trabalhistas e previdenciárias [existe na Câmara um projeto de lei, o PL. 6.051, de 2013, que acaba com essa restrição]. Além disso, a gente tem um viés [criado pelo atual coordenador da FUP, José Rangel] de um comitê SMS. É uma linha para aumentar o interesse e a participação das pessoas.
[Na quinta-feira, dia 12/2, a FUP solicitou uma reunião extraordinária com o novo presidente da empresa, Aldemir Bendine, para discutir mudanças na política de SMS da companhia.]
AcidentesTivemos um em janeiro na Bahia [uma explosão na RLAM deixou três feridos], e agora esse no Espírito Santo [explosão em navio-plataforma, com cinco mortes e 25 feridos confirmados até agora]. Isso tem de ser discutido pela alta administração. Só em 2014, foram 15 mortes. Isso demonstra a falta de compromisso dos gestores.
TerceirizaçãoA relação é de quatro para um dentro da empresa. São 85 mil funcionários e mais de 300 mil terceirizados. De 85% a 88% das mortes são de trabalhadores terceirizados. A terceirização destrói a relação de trabalho.
TransparênciaÉ um pleito antigo nosso. Há uma proposta antiga dos sindicatos de terem acesso aos processos de contratação. Além de proteger o trabalhador e a trabalhadora, a gente estaria ajudando na fiscalização. Infelizmente, a empresa não dá espaço. Algumas gerências permitem, mas é algo muito pontual. O Conselho poderia criar um comitê específico que se debruce sobre os relatórios. Temos bons auditores internos. Talvez a gente pudesse evitar (alguns dos episódios que agora estão sendo investigados).
ReconstruçãoA gestão em si da Petrobras é muito fechada. As decisões acabam sendo muito concentradas. É o que se chama de top-down, sempre de cima para baixo. Essa linha hierárquica é muito pesada. Mas aquilo que vem de cima não tem participação da base, daqueles que estão construindo a empresa todos os dias. E a empresa moderna prevê isso. A gestão deveria ser mais participativa, mais democrática. Tem ferramentas para isso. Para que o trabalhador participe do planejamento estratégico da companhia. É notório que essa estrutura não se sustenta mais. Quem conhece de fato os problemas é o trabalhador na ponta. Essa construção se dá, a nosso ver, na maior participação dos trabalhadores na gestão.
Novo presidenteHá uma falta de participação nas questões decisórias. Para uma indicação dessas, deveria se ouvir o mínimo possível as pessoas que trabalham na companhia. Nesse caso, da forma como foi escolhido, não há participação nenhuma. Deveria pelo ser feito de uma forma que um perfil fosse direcionado pelos trabalhadores. Mas esse é o mundo ideal. Como a gente não tem [a outra alternativa], eram os acionistas minoritários, com o deus mercado impondo seu presidente. Apesar de não haver essa participação [dos trabalhadores], a categoria sentiu um alívio por não ter sido o deus mercado que indicou o presidente. Foi pelo menos uma sinalização positiva.
Governança/nova diretoriaInfelizmente, as sinalizações até então foram todas essas. Primeiro, a gente já questiona a direção de Governança [em janeiro, o Conselho de Administração aprovou a indicação de João Adalberto Elek Junior para o cargo recém-criado de diretor de Governança, Risco e Conformidade]. Segundo, a forma de escolha, de buscar uma pessoa de fora, ligada ao mercado, para tratar da segurança de informações estratégicas. Nossa esperança [com Bendine] é que se tenha um maior equilíbrio em relação a isso.
Exclusão de empresasSe for para punir alguém, tem de ser os gestores. Se tem um problema de contratos, que se melhore a fiscalização. Toda uma cadeia produtiva está sendo afetada. É uma decisão absurda [excluir empresas brasileiras]. A gente espera que a nova diretoria, o novo conselho, mude essa decisão. Se vierem a parar os estaleiros, vai atingir de 70 mil a 80 mil pessoas. Se a decisão for mantida, é muito ruim para o país.
No ConselhoUma proposta que a gente vai pautar é a da reestatização da Petrobras. Agora que o valor das ações está baixo, o governo deveria estar comprando ações do jeito que fosse necessário. Basta ter interesse e não ceder às pressões do mercado. Até porque tem um projeto de lei de iniciativa da FUP, construído com as centrais, que não anda [o PL 5.891]. Se a sociedade tomar consciência da importância disso, de uma reserva de 23 bilhões de barris, do retorno que o pré-sal vai trazer, esse projeto estaria sendo aprovado. Na capitalização da Petrobras, o governo comprou muitas ações. Eles [opositores] veem a possibilidade de o Congresso acabar com o regime de partilha. Petroleiros têm comprado ações. Essas 85 mil pessoas que acreditam na empresa, que sabem que ela é mais do que está na mídia. É hora do governo fechar o capital da empresa, 100% estatal.
A empresa “quebrou”?Tem a questão política. Mas é omissão de informação, na verdade. Em 2002, a empresa tinha 36 mil empregados. Não se fazia concurso há 15 anos. Em 2014, chegou a 85 mil. Saiu de um valor de mercado de US$15 bilhões [2002] para US$108 bilhões. O pior é que a sociedade acaba se contaminando. As pessoas não sabem que o pré-sal já produz 700 mil barris por dia, que a empresa bateu recordes de produção nos últimos três anos [em 2014, a Petrobras obteve marca histórica na produção total de petróleo e gás]. Nenhuma petrolífera do mundo faz isso. Mas o trabalhador sabe que tudo isso não passa de um grande jogo político. E sabe que o que está por trás de tudo isso é o financiamento empresarial de campanhas políticas. Não adianta a gente fazer toda essa discussão agora se não vai no cerne da discussão, que é a reforma política.

Cuba ainda respira o respeito por sua história

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Havana é uma cidade das mais amistosas, organizada e operante no seu modo peculiar. E segura, absolutamente segura.
Se o futuro das tratativas sobre o fim do bloqueio econômico ainda é um mistério, sabe-se que apenas seu anúncio já mexe com a vida na ilha e deve acelerar e fortalecer processos de mudança
La Revolución es invencible”, diz o outdoor. A frase acompanha uma foto de jovens meninas bailarinas, alinhadas, esticando-se para um ensaio. A imagem é bela e forte e a frase ressoa enquanto se caminha por Havana. Cuba hoje ainda respira respeito por sua história enquanto nutre expectativa por um processo mais intenso de atualização do modelo econômico e democrático cubano.
Para além do Floridita, apinhado de turistas e seus cigarros e daikiris numa tentativa um pouco decadente de se apropriar de Ernest Hemingway, dos restaurantes onde se come da melhor culinária internacional enquanto nas vendas das esquinas faltam manteiga e ovos, fora as ruínas de tantas casas coloniais e todas as idiossincrasias desse país, Cuba funciona muito melhor do que dizem.
Aos olhos de quem chega, preocupado com avisos de que a viagem não será fácil, Havana é uma cidade das mais amistosas, organizada e operante no seu modo peculiar. E segura, absolutamente segura. Salvo eventuais golpes que não assustariam nenhum latino-americano, caminhar a qualquer hora do dia e da noite pelas ruas da capital cubana é seguro. Do Malecón, a via urbana tão rente ao mar que em muitos trechos recebe espirros das ondas que jorram do Atlântico, às pequenas ruelas vicinais, da Habana Vieja apinhada de turistas de todas as línguas ao bairro mais residenciais livres de cocotaxis – a sensação de segurança acompanha quem caminha.
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Visitantes de todas as línguas se encontram no centro de Havana Velha, onde se respira reverência aos heróis e à história.
Nas ruas, a opinião geral em relação à expectativa do fim do bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos há seis décadas é ambígua. Será um processo lento e que precisa ser favorável a Cuba – não apenas aos Estados Unidos. O bloqueo, que existe desde 1962 e se intensificou com novas medidas na década de 90, afeta o bem-estar do povo cubano nos termos mais simples, além de prejudicar o desenvolvimento do país na sua economia.
De toda forma, a vida transcorre no dia a dia cheia de formas de driblar dificuldades. A maior parte da população possui celulares, muitos já equipados com uma espécie de correio eletrônico internacional pelo qual não é possível acessar nenhum endereço de internet do mundo, mas que possibilita de forma barata a correspondência por e-mail. O uso do correio eletrônico está tão popular que vem substituindo os SMS na comunicação interna na ilha. Antes disso, a única forma de acessar a rede fora de hospitais, grandes hotéis ou universidades era de forma ilegal através do compartilhamento de horas de internet liberadas para estrangeiros residentes na ilha.
De toda forma, com o anúncio da retomada das relações diplomáticas entre Estados Unidos e Cuba no final do ano passado, a juventude saiu às ruas para celebrar. A volta dos cinco heróis – os agentes de inteligência Gerardo Hernandez, Ramón Labañino, Antonio Guerrero, Fernando Gonzalez e René Gonzalez – à Cuba e a reunião da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) na Costa Rica com apoios ao fim do bloqueio, principalmente da presidenta Dilma Rousseff, ampliaram o clima de mudanças.
Desde 1998, os cinco cubanos permaneciam presos nos Estados Unidos arbitrariamente condenados a pesadas penas. Os agentes, infiltrados entre grupos anticastristas organizados no estado da Flórida, ajudavam a monitorar planos terroristas organizados contra Cuba desde o território estadunidense. Segundo a Anistia Internacional, não foram apresentadas provas que demonstrassem culpa dos acusados, que tampouco tiveram pleno acesso a defesa.
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No cenário opaco que parece congelado na história, a presença vibrante das cores no dia a dia de Havana.
Em janeiro, Dilma classificou a retomada de relações diplomáticas entre os dois países de “transcendência histórica” em seu discurso na 3ª Cúpula da Celac: “Essa medida coercitiva, sem amparo no direito internacional, deve ser superada. Começa a se retirar da cena latino-americana e caribenha o último resquício da Guerra Fria em nossa região, não tenho dúvidas de que a Celac tem sido catalisador desse processo”.
Em Washington, a batalha legislativa para pôr fim às restrições de viagens de cidadãos norte-americanos à ilha já dá seus primeiros passos, mas a normalização das relações só será completa, todos reconhecem, quando o bloqueio acabar. Já foram anunciadas medidas de flexibilização, como a autorização de vendas e exportações de bens e serviços dos Estados Unidos para Cuba. No entanto, o grosso das sanções econômicas e comerciais será mantido e só podem ser desmanteladas com aprovação no Congresso.
Há, lógico, desconfiança. Justamente porque em pontos importantes, como a retirada de Cuba da lista de países que financiam o terrorismo, a retomada do território de Guantánamo e restauração das normas migratórias como um todo, os Estados Unidos não parecem querer mover uma palha sequer. Ficam restabelecidas relações turísticas – o que não chega a ser um problema em Cuba.
Em fevereiro de 2015 centenas de pessoas circulam pela cidade falando todas as línguas possíveis, cruzeiros gigantescos atracam no Malecón e de lá saem hordas de turistas que param por dez minutos em cada atração e seguem para o próximo selfie. Canadenses possuem colônias de férias próprias e brasileiros agora estão casando em resorts cubanos.
Cuba é uma pequena aventura, que dividiremos em mais cinco notas a partir de hoje. Se o futuro das tratativas sobre o fim do bloqueio ainda é um mistério, sabe-se que apenas seu anúncio já mexeu bastante coma vida na ilha e deve acelerar e fortalecer processos de mudança. Bem por isso, conhecer a ilha ainda hoje, enquanto a realidade é tão distinta da grande parte dos países do mundo, é um grande privilégio.
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Lentamente, à medida que os recursos permitem, prédios vão sendo recuperados do passar dos anos sob bloqueio econômico.

Petrobras é do povo brasileiro: Não se aceita nem corrupção, nem entreguismo

A Petrobras é do povo brasileiro: Não se aceita nem corrupção, nem entreguismo

by bloglimpinhoecheiroso
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Os petroleiros são a liderança incontestável da tarefa de dar a linha para tirar a Petrobras do atoleiro e defender a empresa dos ataques especulativos.
O ato em defesa da Petrobras, organizado pela Federação Única dos Petroleiros, na terça-feira, dia 25/2, demarcou o terreno progressista da disputa que se faz sobre a narrativa e o desenlace do escândalo que abala a empresa.
Realizado sob o abrigo da emblemática Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro, o ato pode ser resumido em uma bandeira: a Petrobras é do povo brasileiro.
Foi um momento fundamental para deixar clara a posição do campo progressista em relação à crise que ameaça a credibilidade da Petrobras e o papel da empresa para o futuro do País.
A palavra de ordem é: em defesa da Petrobras, nem corrupção, nem entreguismo.
Foi bom ver os petroleiros à frente do ato. Ninguém tem maior autoridade moral para defender a empresa do que os petroleiros. Eles são a vanguarda desse processo e devem ser reconhecidos enquanto tal por todos os que lutam por um desfecho que permita que a Petrobras saia muito mais forte desse episódio.
Eles são agora nossa força e nossa voz para defendê-la, mais do que a direção da própria empresa se mostrou capaz de fazê-lo. Seus rostos, suas falas, suas propostas e principalmente sua disposição de luta devem se tornar conhecidos de cada um de nós, cada vez mais.
Os petroleiros são a liderança incontestável da tarefa de dar a linha para tirar a Petrobras do atoleiro e defender a empresa dos ataques especulativos que pretendem destroçá-la.
O mais incrível é que, diante de um escândalo que afetou a principal empresa do País, o cartel midiático tenha imposto um cala-boca a quem nela trabalha – os petroleiros –. Tem sido assim o tempo todo, inclusive ontem.
Mesmo com todo o peso político do ato, a mídia tradicional preferiu dar destaque a uma briga de rua. Óbvio. Faz parte de sua profissão de fé desqualificar o debate e priorizar o espetáculo da ignorância.
Foi bom ouvir os petroleiros e sua denúncia de que interessa ao povo brasileiro moralizar, e não desmoralizar a empresa.
Foi bom ver a blogosfera e a imprensa alternativa mobilizadas, repercutindo o ato e reproduzindo as falas de intelectuais, artistas, jornalistas, ativistas sociais e do ex-presidente Lula.
Foi bom relembrar a história da Petrobras, seu papel estratégico e o que ela significa para o futuro do país, como fez Luis Nassif logo no início do ato.
Foi bom ter Wadih Damous, presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos do Conselho Federal da OAB, exigindo das autoridades cumprir o dever de respeitar o Estado democrático de Direito.
Não se pode contemporizar com uma investigação de meia tigela, que investiga uns e preserva outros, indecorosa e inexplicavelmente. Uma investigação parcial que coloca na cadeira só os malvados favoritos, e não todos os que roubaram a Petrobras e guardaram seu dinheiro na Suíça, desde os anos 1990. Para uns, o inquérito e as grades; para outros, um processo na gaveta e um cofre cheio nos Alpes.
Foi bom ouvir Lula deixar claro que não se admite que se ouse pensar em transformar o escândalo em uma crise institucional, ou vai ter troco.
O pior erro que se pode cometer na atual conjuntura é o de se deixar intimidar.
Não se pode abaixar a cabeça diante de uma legião de hipócritas e canalhas, cada qual com sua conta na Suíça, desde os anos 1990. Os pilantras que se arvoram campeões da moral e da ética, durante o dia, à noite conferem seu saldo em Genebra com a sensação de alívio e êxtase.
Queremos a Petrobras. Não abrimos mão da Petrobras. Nem para corruptos, nem para entreguistas – sejam eles políticos, donos de meios de comunicação, policiais, delegados, juízes, especuladores, enfim, para nenhum pilantra, não interessa a que espécie da fauna do país pertença.

Lula afirma que ataque à Petrobras quer derrubar partilha na exploração do pré-sal

Lula afirma que ataque à Petrobras quer derrubar partilha na exploração do pré-sal

by bloglimpinhoecheiroso
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Lula: “Nós sabemos o que significou a lei da partilha. Sabemos o que significou os 30% para a Petrobras.”
Em ato no Rio, ex-presidente atribuiu a onda de críticas à estatal ao sistema de exploração do petróleo, que garante a aplicação de recursos em áreas sociais.
Helder Lima, via RBA
No ato de terça-feira, dia 24/2, em defesa da Petrobras, na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva atribuiu, em seu discurso, o ataque especulativo à Petrobras, orquestrado pela mídia conservadora, ao sistema de exploração do petróleo do pré-sal, que desde 2010 segue o regime de partilha – na gestão de Fernando Henrique Cardoso, a exploração seguia o regime de concessão.
“Eu sei o que significou aprovar a Lei da Partilha. Quando nós descobrimos o pré-sal, logo os norte-americanos inventaram uma história chamada a Quarta Frota e passaram a ter navios patrulhando o Oceano Atlântico. Nós sabemos o que significou a Lei da Partilha. Sabemos o que significou os 30% para a Petrobras. Sabemos o que significou a construção desta empresa”, destacou Lula.
João Pedro Stédile, coordenador do MST, também ressaltou que a questão não é a corrupção, mas a lei de partilha. “O que está em jogo é quem ficará com o lucro do petróleo, e eles não aceitam que vá para educação e saúde.”
O manifesto “Defender a Petrobras é defender o Brasil”, redigido e divulgado na semana passada para fundamentar o ato de ontem, por sua vez, afirma: “Revogar a nova lei do petróleo, o sistema de partilha e a soberania brasileira sobre as imensas jazidas do pré-sal é um dos objetivos da campanha de desmoralização da empresa”.
Os 30% a que Lula se referiu em seu discurso constam da Lei 12.351, que em dezembro de 2010 instituiu o novo regime. A artigo 10 define que a participação mínima da Petrobras nos consórcios de exploração “não poderá ser inferior a 30%”.
Com a mudança do regime de exploração, o país passou a ter mais soberania sobre a produção de petróleo – a propriedade sobre o petróleo passou a ser do Estado, e não mais da empresa concessionária que faz a extração. Outro avanço do sistema de partilha foi a instituição de um fundo social para “constituir fonte de recursos para o desenvolvimento social e regional, na forma de programas e projetos nas áreas de combate à pobreza e de desenvolvimento”, afirma a lei, incluindo saúde e educação entre as sete frentes de investimentos desses recursos, que também consideram as áreas de cultura, esporte, ciência e tecnologia, e mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
Com todas as mudanças, na comparação entre os regimes de concessão e de partilha, a arrecadação do Estado passou de cerca de 10% (considerando somente o pagamento de royalties) para 40%. É o que explicam os economistas Róber Iturriet Avila e Antônio Tedesco Giulian, em artigo com o título “Petróleo: concessão ou partilha”, no site Brasil Debate: “O regime de partilha altera a apropriação do petróleo, que mesmo após a extração, é de propriedade da União. O vencedor da licitação tem direito a uma parcela do petróleo, firmado em contrato, sendo que o Estado fica com, no mínimo, 41,65%; não há pagamento de participação especial e taxas de ocupação, mas há bônus de assinatura de contrato, pagamentos de royalties de 15% do valor da produção (na concessão é 10%) e o pagamento de tributos e contribuições sociais; houve também a criação da Pré-Sal Petróleo S.A., que passa a gerir os contratos de partilha”.
Durante a campanha para as eleições presidenciais no ano passado, o candidato tucano Aécio Neves defendia a volta do sistema de concessão na exploração do petróleo, o que amplia o poder de fogo das empresas privadas na exploração. Já existe um projeto do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB/SP) com objetivo de alterar o modelo de exploração.

Lula lança no Rio campanha em defesa da Petrobras

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“Vamos defender o que é nosso. Defender a Petrobras, defender a democracia e o processo de revolução social que o Brasil vive nos últimos 12 anos.”
Clarisse Meireles (texto e fotos), com colaboração de Léa Maria Aarão Reis, viaCarta Maior
“Em vez de ficar chorando, vamos defender o que é nosso. Defender a Petrobras, que é sinônimo de defender o Brasil, os trabalhadores brasileiros, a democracia e o processo de revolução social que o Brasil vive nos últimos doze anos”, conclamou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na noite de terça-feira, 24 de fevereiro, quando, ao lado de sindicalistas, intelectuais, jornalistas, artistas, petroleiros e militantes de movimentos sociais, participou de ato em defesa da Petrobras na sede da Associação Brasileira de Imprensa, no Rio de Janeiro.
Organizado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), o ato, chamado de “Defender a Petrobras é defender o Brasil”, reuniu centenas de pessoas no auditório lotado da ABI. Do lado de fora, aqueles que não puderam entrar assistiram ao evento num telão.
Presentes para dar apoio à Petrobras diante da campanha de descrédito da empresa que tomou parte da opinião pública nacional estavam o líder do MST João Pedro Stédile, o escritor Eric Nepomuceno, o físico Luiz Pinguelli Rosa, o cientista político Wanderley Guilherme dos Santos, Wadih Damous, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, a presidente da UNE Virgínia Barros, o economista Márcio Pochmann, o ex-presidente do PSB Roberto Amaral e o jornalista Luis Nassif, além de líderes sindicais como o presidente da CUT Vagner Freitas, e José Maria Rangel, coordenador da FUP.
No início do ato, foi prestada homenagem às trabalhadoras e aos trabalhadores que tiveram suas vidas interrompidas em acidentes de trabalho.
Ao chegar ao auditório, Lula foi recebido com comoção e gritos de “Olê olê olê olá, Lula Lula”, parte do jingle da campanha de 1989 que nunca foi esquecido. Prova viva da popularidade daquele que é considerado o melhor presidente que o Brasil já teve.
Lula lembrou que é preciso diferenciar os responsáveis pelos crimes cometidos dentro da Petrobras dos milhares de petroleiros honestos que trabalham para fazer da empresa a maior da América Latina em valor de mercado e a maior produtora de petróleo entre as empresas de capital aberto, e detentora de reconhecimento e prêmios internacionais, como o OTC Distinguished Achievement Award, considerado o mais importante prêmio da indústria de petróleo, recebido no início de fevereiro.
“Os petroleiros não têm que ter vergonha. Se eu fosse petroleiro, vestia esse uniforme para passear no domingo. Tenho orgulho de ter visto esta empresa crescer, de ter inaugurado o novo Cenpes, de ver a empresa voltar a construir plataformas com 65% de conteúdo nacional”, lembrou Lula, destacando que é preciso punir os responsáveis sem desestabilizar a empresa.
“A Petrobras não pode ser prejudicada por essa campanha, nem os acionistas ou toda a cadeia de produção que envolve a empresa. É isso que está em jogo. No caso da Petrobras, o objetivo é punir a empresa e criminalizar a política. E no Brasil estamos vendo a criminalização da ascensão social de uma parte da sociedade brasileira. A elite não se conforma”, afirmou, apontando a irresponsabilidade de parte da imprensa que publica acusações como provas e condena antes da Justiça.
“A ideia é criminalizar antes. Começa o processo pela sentença. O problema sério é que se eu conto uma inverdade muitas vezes, ela vira verdade no inconsciente de milhões e milhões de pessoas. É a aplicação da teoria do domínio do fato para tudo”, disse.
Otimista, apesar de tudo, lembrou ter chegado à Presidência duas vezes (e Dilma outras duas) sem o apoio da grande imprensa.
“O povo consegue fazer suas próprias análises. Já passei por muitas coisas nesse país. Sou filho de uma mulher analfabeta. O mais importante legado que ela me deixou foi o direito de andar de cabeça erguida”, concluiu, dizendo-se sempre a postos para defender a democracia e a reforma política.
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José Maria Rangel, coordenador da FUP, falou também do orgulho de trabalhar na empresa que não deve ser abalado diante do “fuzilamento” de imagem que está sofrendo agora.
“Temos que ter vergonha de uma empresa que ajudou a participação do setor de petróleo e gás a saltar de 3% para 13% do PIB? Uma empresa que investe no nosso país R$300 milhões por dia? Que de 40 mil empregados próprios passou para 86 mil na era Lula e Dilma? Uma empresa que colaborou para a indústria naval passar de apenas dois mil empregos para 90 mil hoje? Uma empresa que investe mais em pesquisa e desenvolvimento do que as outras sete maiores empresas do país juntas? Por isso descobrimos o pré-sal. Temos muito de que nos orgulhar. A Petrobras é de cada cidadão brasileiro”, disse Zé Maria.
Virgínia Barros, presidente da UNE, lembrou que a espetacularização de uma série de denúncias vazadas de forma seletiva atende a interesses de setores conservadores.
“Se há palavras que não combinam com a direita brasileira são ética e transparência. Esta incursão conservadora é pelo desmantelo de um dos nossos maiores patrimônios, daqueles que não se conformaram com o regime de partilha, com a política de conteúdo nacional. Por isso hoje aqui reunidos os estudantes se solidarizam com essa defesa da Petrobras, que é também a defesa do povo e do destino do nosso país”.
O encontro também divulgou o Manifesto em Defesa da Petrobras e do Brasil, que destaca: “A investigação, o julgamento e a punição de corruptos e corruptores, doa a quem doer, não pode significar a paralisia da Petrobras e do setor mais dinâmico da economia brasileira”. O documento está disponível aqui.
Manifestações populares de apoio à empresa estão agendadas para o dia 13 de março, em várias cidades do Brasil.
Algumas aspas do ato.
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Roberto Amaral“Precisamos despertar a atenção do país, da sociedade, da nação, para os riscos que corremos com esse esforço de desestabilização da Petrobras – e do governo. Isso não se encerra com o processo contra a Petrobras. Ele é a ponta de um imenso iceberg que tem por finalidade desestabilizar, manietar e acovardar o governo. Cabe à sociedade reagir porque foi ela quem conquistou a democracia, o petróleo, a Petrobras, e é ela quem assegurará a democracia agora.
A juventude de hoje é a mesma que estava na frente da luta para tentar impedir o golpe, e, antes, para assegurar a posse de Jango. Os jovens e os operários sempre estiveram à frente, nesses momentos decisivos. Mas temos que dialogar mais com a juventude. Há dificuldades no nosso diálogo e sobretudo para mobilizá-los em um momento em que o governo corta verbas da Educação e o reajuste se faz em cima dos direitos dos trabalhadores. Mas a Une fará uma grande reunião, em São Paulo, antes do próximo dia 13 de março e, aos poucos, os sindicatos vão se incorporando.”
Wadih Damous“As forças democráticas têm que sair do canto do ringue, ir para a rua, e é preciso que haja também uma ofensiva jurídica. Estamos vendo, por parte de um juiz e por parte de alguns fedelhos procuradores da República, um ataque ao ordenamento jurídico brasileiro, à legalidade e à Constituição. Uma série de princípios constitucionais estão sendo desrespeitados em nome de um suposto combate à corrupção. Na verdade, não se trata de um combate à corrupção, mas de um ajuste de contas político-partidário. As forças democráticas, aqueles que defendem o Estado Democrático de Direito, aqueles que sabem a importância de termos uma ordem jurídica estável, sabem também a importância de defendê-la. É por isto que estamos aqui hoje. Espero que este ato marque o fim do silêncio das esquerdas.”
Eric Nepomuceno“Este ato é o começo do fim de um silêncio que não devia ter começado. A esquerda está correndo o risco de perder o espaço da rua. Estava inquieto com a quietude, com a inação da esquerda. Mas acho que vai começar uma reação que é urgente.”
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João Pedro Stédile“É um ato de grande significação. Aqui estamos representados em todos os grandes seguimentos organizados da sociedade para defender a Petrobras porque ela está sofrendo do mal do petróleo. Desde que foram descobertas as reservas do pré-sal, a Petrobras atraiu os grandes interesses do capital internacional para se apropriar dele. Estes casos de apuração de corrupção, que devem ser investigados, são apenas a ponta do iceberg. Na verdade, os tucanos querem romper com a Lei de Partilha e privatizar a principal riqueza do povo brasileiro hoje que é o gás e o petróleo. A influência da Globo é muito grande. Todos os dias ela martela a situação como se fosse apenas um caso de corrupção. E tentando responsabilizar a presidenta. O passo seguinte seria o seu impedimento. Mas os setores organizados da sociedade têm forças acumuladas para fazer um trabalho intenso. Saímos daqui criando comitês populares, indo para a rua para defender a Petrobras, como já está marcado para o próximo dia 13, fazendo manifestações por todo o Brasil. Não entregaremos a Petrobras para ninguém porque mais que uma empresa, a Petrobras é patrimônio do povo brasileiro.”

Ato em favor da Petrobras: Entenda como a mídia corporativa tenta manipular você

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As fotos de Fernando Frazão, da EBC, não estamparam as capas dos principais jornais do País.
Paulo Nogueira, via DCM
A questão é esta: por que os sites das grandes empresas jornalísticas deram apenas fotos em que aparecem apanhando os antipetistas que foram atazanar os manifestantes pró-Petrobras na terça-feira, dia 24/2, no Rio?
Isso se chama torcida. Isso se chama descaro. Isso se chama trapaça. Isso se chama antijornalismo. O objetivo é transmitir a analfabetos políticos vítimas de manipulação a sensação de que o Brasil está se transformando numa Venezuela.
A rigor, o que aconteceu foi o seguinte. Imbecis parecidos com os que hostilizaram Mantega no Einstein – sem a menor consideração pela mulher que se trata de câncer – foram vandalizar num ato que não era para eles.
Como os ânimos estão exaltados, houve brigas. As fotos que circulam na internet (não nos sites) mostram gente de vermelho – petistas – batendo e apanhando. O que é uma aberração é que só foram publicadas fotos em que os petistas apareciam como agressores.
É como se num jogo de futebol duas torcidas brigassem. Corintianos e são-paulinos, por exemplo. E só chegassem aos leitores imagens de corintianos atacando.
Falei outro dia do diretor de mídia digital da Globo, Erick Bretas, um sem noção que prega no Facebook a cassação de 54 milhões de votos de Dilma com argumentos que incluem “reportagens” – logo de quem – da Veja.
O principal produto digital da Globo é o G1, e então é presumível que Bretas o comande de perto. Como um militante antipetista edita um artigo sobre o confronto de terça-feira, dia 24/2?
Bem, é só ver o G1. E qual é o mundo retratado por alguém que queira abertamente a deposição do governo?
É a distopia infernal que você vê todos os dias no G1. A escolha dos assuntos é inacreditavelmente mórbida. Quem leva a sério – e os analfabetos políticos são presas fáceis – conclui que o Brasil acabou. Só há coisas ruins. Disse outro dia: se fosse uma pessoa, o G1 seria diagnosticado facilmente com depressão cava.
Navegue por portais que são referência no mundo. Em nenhum deles você vai encontrar tanta notícia ruim concentrada. Pode haver um pouco de inépcia editorial aí, mas o grosso mesmo é manipulação.
Você pode observar, atualmente, a Globo se encaminhando para onde a Veja está já há alguns anos.
Nem sempre a Veja foi este simulacro abjeto de jornalismo. Num certo momento, a revista começou a publicar colunas de Diogo Mainardi, textos digitais de Reinaldo Azevedo – e terminou no lixo que é.
A Globo parece ir pelo mesmo caminho. O pudor vai sendo deixado de lado, e é neste quadro que você vê a ascensão de “jornalistas” como Bretas e a supressão de fotos que ajudam a entender os lastimáveis confrontos de ontem.
A culpa quase irreparável do PT foi não ter feito nada, em 12 anos, para coibir o serviço sujo da mídia. Sequer o dinheiro copioso e fácil da publicidade federal foi submetido a uma revisão.
O resultado é que, mesmo com audiências cada vez menores em face da internet, foi crescendo o dinheiro publicitário oficial em empresas como Globo e Abril.
Esse dinheiro financia o pelotão de colunistas, editores, comentaristas dedicados a defender privilégios e mamatas que levaram o Brasil a ser um campeão mundial da desigualdade.
O PT não quis brigar com os barões da mídia. O problema é que a recíproca jamais foi verdadeira.
Publicar fotos seletivas das brigas do ato em favor da Petrobras é apenas uma demonstração a mais do espírito bélico dos barões – que aliás estão muito mais para coronéis do que para qualquer outra coisa.