quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Marina, onde você estava quando o FHC te perseguiu ?


Na foto, detalhe da comemoração dos 500 anos do FHC/ACM

Acho que é o caso de lembrar a Marina de onde ela estava em abril do ano 2.000.

No dia 22 de abril de 2.000 ela estava na estrada que liga Santa Cruz de Cabrália a Porto Seguro, junto com 3.600 indígenas, de mais de 180 povos, militantes do movimento negro, quilombolas, miltantes do MST, estudantes, mulheres, militantes de inúmeros movimentos populares e sindicais, talvez mais de 10 mil ao todo, de todo o Brasil.

Ela tinha falado no Quilombo, que era o acampamento coletivo, no dia anterior, para alguns destes milhares de militantes.

No dia 22 de abril, logo pela manhã, foi desatada a repressão sobre todos e todas.

O Fernando Henrique estava na Cidade Alta de Porto Seguro, comemorando com o Presidente de Portugal.

Na estrada, a policia do Antonio Carlos Magalhães e as tropas do FHC jogavam bombas de gás, arrastavam negros pelos cabelos, espancavam indígenas e prendiam estudantes.

Havia helicópteros e lanchas da Marinha no cerco.

Um indígena se jogou no chão da estrada, em frente dos soldados, que passaram por cima dele.
Encontrei a Marina com sua assessora Áurea, perdidas na estrada, escutando bombas e tiros próximos.
Coloquei as duas no meu carro, para escapar dali protegendo-as.
Dentro do carro, a Marina falou calmamente que, se respirasse aquele gás, poderia morrer.
Virei o carro para pegar um caminho de terra e ir em direção da praia.
Ela pediu que não fosse, porque tinha visto soldados irem para a praia perseguindo estudantes.
Voltei com o carro prá estrada e levei a Marina até local seguro, longe da repressão e das bombas.
Emocionado porque, segundo a nossa Senadora, eu talvez tivesse acabado de salvar sua vida.
Acho bom ela lembrar deste episódio neste momento, para pensar de que lado ela sempre esteve, e de que lado deve estar agora.

um abraço fraterno

Paulo Maldos ( ex-assessor do CIMi – Conselho Indigenista Missionário)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário será avaliado pelo moderador, para que se possa ser divulgada. Palavras torpes, agressão moral e verbal, entre outras atitudes não serão aceitas.