quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Delator afirma que Aécio controlava Furnas e recebia 33% da propina recolhida

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“É um terço São Paulo, um terço nacional e um terço Aécio”, diz delator sobre Furnas.
O lobista Fernando Moura, ligado ao PT, afirmou em depoimento ao juiz Sergio Moro que Furnas era uma estatal controlada pelo hoje senador Aécio Neves (PSDB-MG), cujo indicado para a diretoria foi escolhido por ele e aceito pelo governo Lula, e que o esquema de propina se assemelhava ao instalado na Petrobras. “É um terço São Paulo, um terço nacional e um terço Aécio.”
A declaração foi feita em resposta a questionamento do Ministério Público Federal, durante novo depoimento prestado ao juiz em Curitiba, na quarta-feira, dia 3/2.
O nome de Aécio foi citado por Moura quando citou ter ocorrido uma reunião em 2002, logo após a vitória de Lula, onde se discutia a escolha de nomes para a diretoria de diversas estatais, entre elas a Petrobras.
A reunião serviria para selecionar cerca de “cinco diretorias de estatais” para alimentar o caixa de campanhas eleitorais futuras. “O que seria interessante a nomeação das pessoas. Foi conversado sobre Petrobras, Correio, Caixa Econômica Federal, Furnas, Banco do Brasil”, relacionou Moura. Todos deveriam ser funcionários com, no mínimo, 20 anos de carreira na empresa.
Para a Petrobras, o nome indicado ao então ministro Dirceu foi o de Renato Duque. Neste contexto, o lobista disse que citou o nome de Dimas Toledo para a diretoria de Furnas, o que o petista teria recebido com ressalva. “Ele usou uma expressão: “Dimas, não, porque se entrar em Furnas, se colocar ele de porteiro, ele vai mandar em Furnas, ele está lá há 34 anos, é uma indicação que sempre foi do Aécio”.
Moura prossegue a explicação. Um mês e meio depois da conversa, Dirceu novamente o teria chamado para endossar o nome de Toledo. “Ele perguntou qual era minha relação com o Dimas Toledo e eu respondi que o achava competente, profissional. Então ele me respondeu: ‘Não, porque esse foi o único cargo que o Aécio pediu pro Lula. Então você vá lá conversar com o Dimas e diga para ele que vamos apoiar [a indicação de seu nome]’”.
Ainda segundo o lobista, Dimas Toledo, ao assumir a diretoria, afirmou a Moura que “em Furnas era igual”, referindo-se a esquema de propina. “Ele disse: “Não precisa nem aparecer aqui. Vai ficar um terço São Paulo, um terço nacional e um terço Aécio’”.
É a terceira vez que Moura depõe à Justiça Federal. Desta vez, o pedido partiu de sua defesa. O lobista chegou a ser ameaçado de perder os benefícios da delação premiada depois de apresentar, na sexta-feira, dia 29/1, outra versão sobre o envolvimento do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, no esquema de desvio de recursos da Petrobras por meio de contratos de empreiteiras.
No dia 26, também ao juiz Moro, o lobista havia mudado sua versão e isentado o ex-ministro de ter lhe recomendado que fugisse do país, no auge das denúncias do mensalão.
Com o risco de ter a delação anulada, à Procuradoria ele voltou a incriminar Dirceu, e repetiu a acusação nesta quarta diante de Moro. Antes de começar a falar, pediu desculpas ao juiz pelo tom desrespeitoso do último encontro, quando negou o que afirmara na delação.

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