Na contraposição imposta pela mídia entre ela e Lula, são dois Brasis que se enfrentam. Lula representa o Brasil que deu certo e a velha mídia é o mais expressivo retrato do Brasil que deu errado.
A trajetória da elite brasileira e da construção do Brasil como o país mais desigual do continente mais desigual pode ser acompanhada diretamente pela própria trajetória da mídia brasileira, que sempre esteve do lado dessa elite, comprometida pelo lado pior da história do Brasil. A mídia esteve contra as transformações econômicas e sociais conduzida por Getulio, como o maior estadista brasileiro do século 20; esteve com todas as tentativas de derrotá-lo eleitoralmente, em 1945 e em 1950; esteve a favor de todas as tentativas de golpe contra o Getulio e a democracia. Não por acaso, assim que o povo do Rio de Janeiro soube da morte de Getulio, saiu em milhões às ruas da cidade, atacando as sedes dos jornais, centro das campanhas contra o maior líder popular da época.
A mídia seguiu as tentativas golpistas durante o governo de JK e apoiou a golpe que se tramou contra a posse Jango, em 1961. Foi brecada pela reação popular e pela resistência dirigida pelo Brizola. A mídia esteve pela manutenção do parlamentarismo, como forma de diminuir a capacidade de governo do Jango e mais uma vez foi derrotada.
Em um momento significativo da sua história, a mídia promoveu ativamente o movimento de desestabilização política que levou ao golpe e saudou o golpe que terminava com a democracia no Brasil, como um movimento que, ao contrário, salvaria a democracia. Apoiou a ditadura na sua selvagem repressão contra a oposição. A Folha de S.Paulochegou a emprestar seus carros para que, disfarçados de jornalistas, policiais da sangrenta Operação Bandeirantes prendessem, matassem, levassem à tortura milhares de opositores à ditadura.
A mídia apoiou o modelo econômico da ditadura, centrado no arrocho salarial, na intervenção em todos os sindicatos e no fim das campanhas salariais. Elogiou permanentemente o “milagre econômico”, que super-explorou os trabalhadores e mais concentrou renda na nossa história. A mídia estava, mais uma vez, do lado oposto ao povo e à democracia.
Diante da possibilidade de que um candidato do campo popular – Lula ou Brizola – fosse eleito, em 1989, a mídia apoiou e promoveu a imagem do Collor, como seu novo preferido. Deu cobertura às operações de marketing midiático que acobertavam um governo com medidas duramente antipopulares e antinacionais.
A mídia apoiou com todas as suas forças a candidatura de FHC, como meio de impedir a vitória do Lula. Cantaram, em prosa e em verso, o governo do FHC como a redenção maior do Brasil, o avanço para um país do futuro. A Folha chegou a criar um caderno chamado A Era FHC, para saudar os novos tempos, que foi desaparecendo melancolicamente aos poucos e teve fim. A mídia escondeu os processos de desigualdade social que o Plano Real promovia, enquanto apoiavam o maior escândalo de corrupção da história do país, com as privatizações a preços irrisórios do patrimônio público de empresas estatais. Mais uma vez a mídia estava contra o povo e contra o Brasil.
O governo Lula resgatou a economia brasileira da profunda e prolongada crise recessiva a que o governo FHC a havia jogado, com inflação de 12%, com desemprego de 18%. Lula conduziu o Brasil ao período de maior auge econômico e social da sua história, elevando como nunca a imagem do país diante dos próprios brasileiros e projetando a imagem mais positiva do Brasil no mundo. A mídia fez oposição feroz ao melhor governo que o Brasil já teve. Lula terminou seu mandato com mais 80% de referências negativas na mídia, mas com mais de 80% de apoio popular. Lula representava o Brasil que dava certo e a mídia estava contra.
Quando ataca Lula com a mesma ferocidade com que fazia contra o Getulio e contra o governo Lula, a mídia dá continuidade à sua trajetória que se identifica com o Brasil que não deu certo: o Brasil golpista, o Brasil da concentração de renda, o Brasil da subserviência aos EUA, o Brasil dos monopólios antidemocráticos dos meios de comunicação, o Brasil da ditadura, o Brasil da repressão, o Brasil da calúnia, da impunidade, da submissão da mídia aos grandes grupos econômicos que a financiam, o Brasil do ódio ao povo e à democracia.
São dois Brasis que se enfrentam hoje: o Brasil do Lula, que deu certo, para o seu povo, para a democracia, para sua autoestima, e o Brasil que deu errado, que só favoreceu suas elites conservadoras e hoje quer impedir que o Brasil que deu certo volte a se impor. Lula representa o Brasil que dá certo, a mídia representa o Brasil que sempre deu errado. E que quer impedir que seja o povo que decida, pelo voto democrático, que Brasil os brasileiros preferem: o que deu certo ou o que sempre deu errado para o povo e para a democracia.
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