Por coincidência, na quinta-feira, dia 21/1, antes de enviar um comentário junto ao post “Um desastre chamado Banco Central“, eu havia passado em uma livraria e folheado uma passagem de maio de 1995 e outra que dizia respeito ao episódio do Banco Econômico com empresa em um paraíso fiscal e na qual Antônio Carlos Magalhães tinha participação.
A passagem de maio de 1995 me ficou mais na lembrança porque tratava da demissão de Pérsio Arida da presidência do Banco Central. Ocorre que foi ainda com Pérsio Arida na presidência do Banco Central do Brasil que o juro ultrapassou 45% ao ano e não como você diz no post “Um desastre chamado Banco Central”. Transcrevo a respeito o parágrafo inicial do seu post. Diz lá você:
“O dia em que se fizer o inventário da atuação do BC na gestão Alexandre Tombini, provavelmente se terá o retrato de uma das mais desastradas gestões da história pós-estabilização, só superada pela de Gustavo Loyolla e seus 45% de taxa básica ao ano”.
Se bem que se deve ficar claro que desde 1994 quando o Plano Real foi introduzido até janeiro de 1999, quando foi demitido da presidência do Banco Central, quem comandou o Plano Real no que diz respeito a câmbio e juro foi G. Henrique de Barroso F.
O que os dois trechos do livro de memórias de Fernando Henrique Cardoso serviram-me foi mostrar como Fernando Henrique Cardoso havia percebido o quão irrelevante é um presidente da República na condução de um país continental como o Brasil. A máquina burocrática anda por si só e o presidente da República é apenas uma figura decorativa. Sabendo disso, tudo que Fernando Henrique Cardoso fazia era empurrar com a barriga. Ele não tinha aptidão nem apetência para exercer a Presidência da República, ele só queria ficar na história.
O episódio com Pérsio Arida é exemplar. Pérsio Arida não aceitara a submissão que ele se sujeitara no Banco Central, se submetendo às decisões do condutor do Plano Real, G. Henrique de Barroso F., e pediu demissão. O que Fernando Henrique Cardoso queria era saber se haviam conseguido que Pérsio Arida adiasse por uma semana a demissão para que não coincidisse com um evento importante que acontecia naquela semana e que podia causar algum transtorno na política monetária.
No episódio envolvendo a quebra do Banco Econômico e a offshore em paraíso fiscal do qual Antônio Carlos Magalhães era sócio, a única coisa que Fernando Henrique Cardoso estava interessado era como a notícia saía nos jornais e se a rede de jornalistas que davam a devida cobertura a ele tinha recebido toda a informação que incriminava Antônio Carlos Magalhães e o deixava em bons termos. E a fúria de Antônio Carlos Magalhães havia crescido em razão de um discurso de Fernando Henrique Cardoso discorrendo sobre o comportamento de estadista.
Só li e assim mesmo sem muita atenção os dois trechos, mas eles bem comprovam a avaliação que eu sempre tive de Fernando Henrique Cardoso como uma pessoa muito culta, mas ao mesmo tempo muito vazia. No episódio do Banco Econômico e da empresa em paraíso fiscal na qual Antônio Carlos Magalhães tinha participação, quem fora acionado na mídia fora o Elio Gaspari. Fernando Henrique Cardoso estava interessado era com as páginas dos jornais como se fosse ali e nos discursos que se forjam os estadistas. A inação era a tônica do comportamento dele como presidente da República.
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