Apesar da relevância de indicadores como emprego e consumo de cimento, o chamado “boom” do setor de construção civil só foi possível graças à expansão da oferta de crédito no país, especialmente no Nordeste. Nos últimos quatro anos, o financiamento para aquisição e construção de imóveis na região cresceu a uma taxa média anual de 71%, segundo dados do Banco Central referentes ao uso de recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). No mesmo período, a média nacional ficou em 46,4% ao ano.

“A abertura do crédito ampliou sensivelmente o poder de compra das classes mais baixas e intermediárias, dando maior fôlego ao mercado. Diante disso, houve uma diversificação de bairros e a orla deixou de ser o único local para os novos empreendimentos”, conta Irenaldo Quintans, presidente do Sinduscon de João Pessoa (PB).
Segundo ele, o crescimento da construção civil está transformando a paisagem da capital da Paraíba, que começa a intensificar o seu processo de verticalização. “Em março, tínhamos 5 mil apartamentos novos em oferta, com valor total de vendas de R$ 1,1 bilhão. Isso é o dobro do que tínhamos em 2004″.
Apesar de o mercado imobiliário estar aquecido em praticamente todos os segmentos, é a baixa renda que tem atraído as grandes construtoras para o Nordeste, onde está o maior déficit habitacional do país. Especialista nesse tipo de cliente, a mineira MRV chegou ao Ceará em 2007. Hoje, conta com 19 empreendimentos em quatro Estados da região, dos quais 95% estão enquadrados no MCMV.
O diretor comercial da empresa, Yuri Chain, disse que a MRV deve expandir neste ano as operações para João Pessoa (PB) e Maceió (AL). Também está prevista a construção de um empreendimento em Caruaru (PE), o que marcará a estreia da empresa em municípios do interior do Nordeste. “O cliente da região tem respondido muito fortemente aos lançamentos”, afirmou o executivo.
O Nordeste responde hoje por 10% do faturamento da MRV. Para o ano que vem, a expectativa da empresa é de que ele passe a representar 25%. Para isso, a companhia vem se associando com construtoras regionais, que têm, por exemplo, maior expertise na busca por bons terrenos, além de conhecerem melhor o perfil do cliente.
Em Pernambuco, a MRV se associou a Moura Dubeux, que até então atuava somente com imóveis de alto padrão. Com a parceria, a empresa já tira do segmento econômico cerca de 30% do que fatura. A Moura Dubeux espera ultrapassar neste ano a marca de R$ 1 bilhão em lançamentos, quase o dobro dos R$ 579 milhões lançados em 2009.
Outra sede do Mundial de 2014, o Ceará também vive um momento especial, que o vice-presidente do Sinduscon local, André Montenegro, classifica como de “super aquecimento”. Ele prevê que o PIB da construção cearense vá crescer 10% este ano. Além das obras da Copa, o setor trabalha na construção de um imenso centro de convenções e de 110 escolas técnicas, além dos inúmeros projetos imobiliários de média e baixa renda.
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