sábado, 26 de junho de 2010

O PT, AS FORÇAS POPULARES E OS GARGALOS DA LUTA

A suposição que uma boa idéia e uma câmera são capazes de produzir um filme de alto nível não é regra geral, pelo contrário, exceção.

Consciência da luta e de sua importância todos temos. Análise correta, em maior ou menor escala da etapa do processo que vivemos, todos somos capazes de fazer, basta que tenhamos um mínimo de consciência social, ou até mesmo desejo e vontade de sobreviver em bases dignas, humanas, criando condições efetivas de existir e coexistir nessas mesmas bases. Sobre esses mesmos pilares.

Quando o general Golbery do Couto e Silva disse que “a esquerda só se une na cadeia”, nem tão certo estava assim. Exceto ao referir-se à divisão de tarefas dentro de uma cela e só para que os que ali estavam pudessem suportar o cativeiro.

A disposição de luta transformou- se num jogo de cartas marcadas e regido por interesses que nem sempre levam a avanços efetivos e concretos, ou possam significar ganhos.

Às vezes se perde ganhando, noutras se ganha perdendo.

NO Estado do Espírito Santo as chamadas composições, alianças, acordos não obedecem a critérios programáticos, não respeitam limites dos princípios e vão se formando a partir de um objetivo definido como maior, para se espalharem em estranhos e intragáveis braços de grupos, de vaidades pessoais.

Os movimentos populares ainda não perceberam isso.

Hoje temos feudos politicos e neles, muitos deles politicos infiltrados , para dar continuidade a um projeto de oligarquia.

Sou do ES e aqui percebo todo esse emaranhado, todo esse novelo. Fui, motivada por companheiros da luta popular, setores da luta bolivariana, e recebi de Marcio Astorga a promessa de colaboraçao direta, mas num dado momento percebi que para além de estruturas fracas para enfrentar todo o aparelhamento dos partidos, os próprios grupos(usados por ASTORGAS da vida) se enredavam em alianças e acordos que não levam a lugar nenhum e descaracterizam a luta como um todo.

Vivemos um momento ímpar na América Latina, isso foi dito por frei Beto em artigo divulgado há poucos dias. Diria eu que vivemos um momento em que se torna imperiosa a atitude revolucionária dentro do processo eleitoral como forma de ocuparmos os espaços num mundo cada vez mais estreito, íngreme e áspero a caminhadas por transformações efetivas e concretas no modelo político e econômico que nos oferece o capitalismo. Ou que nos impõe o capitalismo.

Ou se joga o jogo como determinam os caciques partidários escorados numa linguagem que não é correspondida na prática, ou se está fora do jogo. Usam o mesmo discurso dos nossos adversários para manter intocados seus feudos.

Não enxergam o todo, tão somente os umbigos e interesses mesquinhos e medíocres de seus lugares, de seus espaços. São políticos que como fervorosos pastores tentam levar o rebanho à convicção que o sacrifício representará, à frente, o paraíso desejado. Só se for o paraíso desses políticos. E aqui vai um alerta: O ES corre o risco de seguir impune e o POVO mais uma vez é só detalhe para esses políticos.

Emprestei meu nome a uma luta que se presumia organizada, sabedora das dificuldades e dos obstáculos. Abri os espaços, rompi amarras difíceis de serem rompidas e de repente, me vi presa dentro do próprio desenho de nossa luta. Uma tonteria sem sentido e sem organização, pressupostamente fundada no ideal, mas escondendo interesses e objetivos que não são os nossos. RESPONSABILIDADE encabeçada por Marcio Astorga, que usa o nome de um grupo para seus devaneios.

A resposta revolucionária dos chamados líderes ou se mostrou mentirosa, ou se perdeu em meio a reuniões que puxavam fios de vários novelos para outros tantos acordos aqui e ali sem a menor preocupação com o propósito, o objetivo base.

Medos, covardias, sei lá o que, mas comportamento semelhante àqueles que tanto criticamos. E contra os quais, aparentemente, lutamos.

Militante, fico angustiada na percepção em meio a um a caminhada, da fraqueza política e moral dos nossos líderes e aí me pergunto? O que somos, os que emprestamos nossas vidas em prol da luta?

É uma hora de reflexão, de autocrítica. De compreendermos os nossos erros, os passos perdidos e sobretudo de nos mostrarmos respeitosos com os companheiros lutadores que o fazem movidos pelo ideal e pela crença, até ingênua em determinados momentos, mas leal e íntegra, recheada de compostura e dignidade que por isso mesmo se recusa a engolir sapos de um e outro lado, ou ser parte de um jogo cujo resultado todos sabemos.

É hora de traçarmos os caminhos à revelia de lideranças que não têm respostas, só fugas e evasivas, até porque não têm comprometimento que não seja ou com interesses ou com estranhas concepções de compromisso ideológico latino-americano.

O regime de cartórios políticos prevalece. O ideal é ridículo, o medo da luta é real nas horas necessárias e as amarras dos que detêm o poder são cada vez mais fortes e mais opressoras.

Estou inteira no processo eleitoral . Inteira sem carregar vergonhas de baixar os olhos ou a cabeça diante de alianças espúrias em nome de um objetivo indefinido.

Inteira na integridade de militante que nunca pretendeu nada além de lutar a luta onde quer que lhe fosse solicitado, mas machucada, o que não significa desânimo, ao perceber-se solitária no imenso salão onde deveríamos estar todos combatendo.

Trotsky dizia que “o povo está sempre à frente dos dirigentes”. Citá-lo não significa ser trotskista (antes que rotulem), mas constatar a realidade que um dos maiores revolucionários de todos os tempos pode perceber na crueza do momento histórico que viveu. Na própria riqueza desse momento.

Consciente que para além de todo esse labirinto de interesses que não têm caráter revolucionário, existe a profunda necessidade de assumirmos com seriedade e capacidade de honrar compromissos, o que também não temos sido capazes, viciados na política rasteira desses acordos e imersos em nossa própria incapacidade, que tanto é em si, como produto da apropriação de nossa luta.

O que vamos fazer com os Casagrande tolhidos e conduzidos pelas mãos criminosas de Paulo Hartung? Ou com Hélio Costa em MInas, ou a família Sarney no Maranhão? E outros tantos em tantos outros estados?

Nada, não vamos fazer nada e nem vamos a lugar algum. Permanecem intocados os sanguessugas da política, do povo brasileiro, a grande vítima de todo esse processo.

A ser um ingrediente a mais nessa cesta, prefiro sair e correr fora dos limites do campo, com a certeza que a luta popular não tem nada a ver com esse processo. Mas antes disto, ainda esperançosa, conclamo a militancia a lutar a luta do POVO, a EMPODERAR O POVO e assim, lutando por nossos ideais e direitos fundamentais, vencer a politicagem dos que usam de interesses politicos alianças e conchavos que a nada beneficiará ao POVO.Ao contrário, beneficiará apenas ao continuismo e a impunidade dos que nos massacram diariamente. E cito como exemplo exatamente o que acontece aqui, no estado do ES

É preciso que cesta contenha a luta do povo hondurenho. A luta dos zapatistas mexicanos. Dos guerrilheiros da Colômbia ( Se Astorga nao usa-los em beneficios proprios). Isso em nossa América. Mas dos palestinos, dos afegãos, dos iraquianos, dos paquistaneses e todos os povos oprimidos, no exemplo da revolução cubana.

Não é uma questão de economia e nem de negócios, muito menos de avanços aqui e ali de um ou outro “companheiro”.

É a sobrevivência de ideais e princípios e esses não passam por eleições a qualquer preço.

É hora de tomar em nossas mãos a bandeira que Astorgas empunham burocraticamente e em proveito próprio, porque fazem da luta suas “empresas” de sobrevivência burocrática a despeito do discurso, comprometendo, moralmente inclusive, todo o processo e ludibriando e enganando militantes destemidos e corajosos e que não medem sacrifícios e esforços para alcançar os objetivos.

Se assim não o fizermos, avançarmos sobre nossos dirigentes, os que transformam nossas organizações em marcas oferecidas no mercado eleitoral para negociatas inaceitáveis, então não há sentido na luta, seremos eternos contingente de soldados manobrados e conduzidos tal e qual se tange boiadas.

Lutar é um dever de consciência e esse permanece. Está dentro do nosso espírito e da nossa convicção. Mas lutar também contra tudo isso que tenta fazer da luta uma grande e espetaculosa arena, onde apenas eles são os vencedores.

Não importa que nos apresentemos rotos, esfarrapados, importa que sejamos capazes de honrar ideais e compromissos. E isso não tiram de mim. Nem de muitos e leais companheiros. Não têm como, falta-lhes a coragem de olhar de frente e encarar os olhos do outro. Sobra-lhes o cinismo do discurso vazio e que começa a exalar o cheiro fétido dos mortos vivos na suposta esperteza de avanços inexistentes e compromissos não cumpridos.

De Fernanda Tardin

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