sábado, 19 de junho de 2010

MEC vai recomendar o fim da reprovação

Com os dados do censo escolar de 2008 em mãos, quando 74 mil crianças de 6 anos foram reprovadas, e depois de realizar três audiências públicas - em Salvador, São Paulo e no Distrito Federal - o Conselho Nacional de Educação (CNE) se prepara para recomendar "fortemente" que todas as escolas públicas e privadas não reprovem mais alunos matriculados nos três primeiros anos do ensino fundamental. É o que informa a reportagem de Carolina Benevides, publicada na edição do GLOBO deste domingo.
A resolução, que terá que ser homologada pelo ministro Fernando Haddad neste último ano do governo Lula, entrará em vigor em 2011, segundo Edna Martins Borges, coordenadora- geral do Ensino Fundamental da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC).
- O Brasil tem uma cultura forte de reprovação. Como estamos atualizando as diretrizes para a educação, vamos recomendar fortemente o princípio da continuidade. Sabemos que não tem a força de uma lei, mas as recomendações do CNE direcionam o sistema educacional - explica Edna, dizendo ainda que o Conselho espera que o Brasil deixe, daqui a alguns anos, de reprovar em todas as séries do ensino fundamental. - O ideal é que a criança conclua mesmo em nove anos, pois ser reprovada faz com que interrompa o sucesso escolar que poderia ter. No Nordeste, onde temos altas taxas de
evasão, a reprovação é uma das responsáveis pelo aluno abandonar o colégio.
Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), existem mais de 152 mil escolas, com 31 milhões matriculados no ensino fundamental. Pouco mais de dois milhões têm mais de cinco horas de aula por dia.
Desde 2009, as crianças matriculadas na rede municipal do Rio de Janeiro já convivem com o que o CNE vai recomendar para todo o país em 2011. No município, os alunos dos três primeiros anos são reprovados apenas ao final do terceiro ano. Não foi sempre assim. Em 2007, o então prefeito Cesar Maia assinou decreto instaurando a
progressão automática em toda a rede. Ao assumir, em 2009, Eduardo Paes revogou o decreto em dois dos três ciclos do ensino fundamental.
- Reprovar não é solução para nada durante o processo de alfabetização. Nos outros anos, ter a possibilidade de reprovação introduz aos alunos a cultura do esforço e do mérito - diz Claudia Costin, secretária municipal de Educação.
Segundo Claudia, ao assumir, foram encontrados 12 mil alunos do 4° e 5° anos que precisavam ser realfabetizados, e outros 17 mil do 6° ano que também eram analfabetos funcionais.

Escola que não reprova só beneficia os demonstrativos de redução nos índices de analfabetismo no Brasil. A função da escola eh formar cidadãos e, não, passar de ano automaticamente indivíduos que permanecem na ignorância.
Crianças que apresentam dificuldades no inicio da vida acadêmica deveriam ter atenção redobrada nas escolas afim de diminuir as diferenças com os colegas de classe. Não reprovar e obrigar a criança a conviver com outras que tem mais facilidade de aprendizagem, apenas para elevar os índices de aprovação, sem cuidar para que, de fato, esta criança se desenvolva, eh simplesmente não se importar com o futuro dela.

Se tantas crianças tiveram que ser realfabetizadas nos 4o, 5o e 6o anos, esta eh a prova concreta de que passar de ano automaticamente não resolve a questao do analfabetismo no pais.

O problema realmente não esta nas crianças, mas sim num sistema ineficiente de ensino que busca manter seus índices de alfabetização numa reta crescente sem se dar conta de que, na realidade, esses "alfabetizados" só estão passando pelo ensino fundamental sem, de fato, aprenderem o fundamental: ler e escrever.

Letícia Castro




O que uma professora me contou em São Paulo, é que para o governo receber a ajuda que vem do BIRD
precisa apresentar resultados adequados de aprovação, o percentual máximo em torno de algo 1% ou 2% de ´
repetência naquela ocasião (acho) era algo em torno de 500 mil de dólares, para o estado de São Paulo.
Se o MEC está se vendendo estamos realmente com um problema tenebroso, porque a mesma professora me disse
que o dinheiro só estava sendo empregado em material escolar, móveis, etc. e nenhum centavo em aperfeiçoamento
da mão de obra e nada em qualificação dos professores, nem reciclagem, nem aumento de salário
e as crianças sendo empurradas "na marra" para a série seguinte, chegando ao cúmulo de crianças na 4a. série serem praticamente analfabetas. Esta professora estava saindo de licença por não concordar e não ter como fazer qualquer coisa e estava estressada demais.
É fundamental descobrirmos o quanto o Brasil está recebendo de dinheiro, deve ser muito, para este governo
que colocou educação em sua cesta básica de desenvolvimento, de repente se tornar fisiologista,
eu sou contra aprovar sem média 7,0 ou 70 como era no meu tempo e tínhamos exames finais, para quem não passasse "direto" e 2a. época para os retardatários, mas a média da notas anuais tinha de ser 7,0 ou 70.

Iria

Um comentário:

  1. Por isso que os governos se repetem e muitos grupos políticos ficam no poder por longo tempo, "O povo não pensa, não sabe escolher, não sabe reividincar, não sabe analizar". Seria bom que os sindicatos de professores e os próprios fizessem uma manifestação contra esse absurdo.

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