“O governador é covarde. O que acontece nas escolas de São Paulo é sem precedentes”, diz o deputado Carlos Giannazi. Parlamentar promoveu audiência pública e estudantes lotaram plenário Tiradentes, na Assembleia Legislativa de São Paulo, para debater crise provocada pela intervenção no sistema educacional paulista
O deputado Carlos Giannazi (Psol) promoveu na quinta-feira, dia 12/11, na Assembleia Legislativa de São Paulo, audiência pública para debater com alunos da Escola Estadual João Ramalho, no centro de São Bernardo do Campo, o projeto de “reorganização” do ensino público do estado, promovida pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB). O plenário Tiradentes ficou lotado com cerca de 70 alunos da escola do ABC.
Giannazi disse a jornalistas ter ficado “chocado” com a força policial mobilizada por Alckmin contra adolescentes que nada mais querem do que ficar em suas escolas ou ter o direito de uma educação digna. “Fiquei chocado ontem, na escola Fernão Dias (Pinheiros, zona oeste da capital) com o aparato policial. O governo usou a Força Tática, Tropa de Choque, mais de 200 policiais, todo o aparato repressivo do estado mobilizado contra 30 adolescentes que estão simplesmente lutando pela manutenção das vagas”, disse o parlamentar. “É um absurdo como o governador é covarde. Isso é sem precedentes e de uma covardia jamais vista aqui no estado.”
Presente na audiência, a adolescente Laís do Carmo Costa, do 1º ano do ensino médio, disse que, na escola João Ramalho, a reorganização vai suprimir o ensino fundamental e só ficará o médio. “A gente veio aqui pra conhecer mais a realidade. Na nossa escola, a gente vai ter superlotação nas salas, porque, além do nosso ensino médio, a gente vai receber alunos de outra escola”, contou. “A gente espera não mudar de escola, porque é difícil a adaptação. E a gente não sabe se vai ficar na escola até terminar o ensino médio lá ou se vai para outra escola.”
Giannazi ressalta a importância das escolas para as comunidades em que se localizam e aponta insensibilidade de Alckmin na sua política de educação. “O governador se esquece que a educação não pode ser pensada apenas do ponto de vista econômico. Tem que pensar que os alunos têm uma ligação afetiva com a escola, que ela faz parte do inconsciente coletivo de cada região. O governador mexeu nisso.”
O deputado defende a “ocupação política, democrática e pacífica” de todas as escolas fechadas pelo governo. Para ele, só a mobilização pode reverter o quadro. “Acho que, diante da mobilização e do desgaste da imagem, ele volta atrás. Ele voltou atrás em várias questões, como a do sigilo da Sabesp e do Metrô. Mas, com certeza, se não houvesse mobilização, teríamos um maior número de escolas fechadas.”
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