quarta-feira, 11 de novembro de 2015

#VaiProsEUA: Com 25 mil sem-tetos, Los Angeles vive situação de emergência

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Criança que vive em Skid Row recebe almoço de organização de ajuda humanitária. 
A vida seguia como sempre em Skid Row, a maior concentração de pessoas sem moradia dos EUA, em Los Angeles, mais de um mês após o prefeito propor estado de emergência e US$100 milhões para ajudar os sem-teto da cidade.
Na hora do almoço, num calor de 35°C, longas filas surgiam nas portas das organizações que oferecem comida gratuita na região, a apenas 10 km de Hollywood.
O “bairro” de Skid Row é formado por cerca de 50 quarteirões do centro, onde 5 mil pessoas dormem em tendas montadas nas calçadas ou abrigos.
“Há 101 anos tentamos resolver o problema dos sem-teto. Estamos curiosos para saber o que [o prefeito Eric] Garcetti fará”, disse Georgia Berkovich, diretora de políticas públicas da Midnight Mission, a maior e uma das mais antigas instituições do local.
Garcetti disse que faria do assunto prioridade de seu governo, mas desde que tomou posse, em 2013, a população de rua cresceu 12%.
Los Angeles só perde para Nova York o posto de cidade com mais sem-teto dos EUA, um total de 25 mil numa população de 3,8 milhões (NY tem 58 mil e 8,5 milhões de residentes).
“Todo dia a gente vem trabalhar aqui e presencia os sem-teto no gramado lá fora. É um símbolo da intensa crise que vivemos”, disse Garcetti na sede da prefeitura, a poucas quadras de Skid Row e numa área que passa por grande gentrificação, com restaurantes e lojas chiques.
Sem ajuda do governoA Midnight Mission perdura há mais de um século e funciona sem ajuda governamental. Seu orçamento anual de US$6 milhões vem de doações que ajudam a manter o prédio de três andares, que toma quase um quarteirão.
Centenas dormem diariamente em seus espaços, incluindo um pátio ao ar livre e dormitórios, além de usar seus serviços, que vão de barbeiro e aulas de informática a centro médico e programas de reabilitação de drogas.
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Sem-teto dormem na calçada no bairro de Skid Row, em Los Angeles. 
Cada uma de suas três refeições diárias recebe entre 500 e 1 mil pessoas. Boa parte da comida vem de um programa de aproveitamento de alimentos que seriam descartados por alguns dos restaurantes mais finos de Beverly Hills.
Desde 2012, a instituição tem oferecido mais de 1 milhão de refeições por ano.
“Não temos números assim desde a Grande Depressão. E, cada vez mais, o número de famílias sem teto aumenta. São 30% da nossa comunidade agora”, afirma Berkovich, que trabalhou como voluntária na organização por 17 anos e foi contratada em 2010.
Skid Row [o nome vem de termos usados por lenhadores na construção das ferrovias] se formou no final do século 19, no fim das linhas férreas que traziam gente do país todo em busca de emprego.
Assim surgiram pequenos hotéis, bares e prostíbulos, além de missões religiosas para cuidar dos que acabavam nas ruas, muitas vezes bêbados e sem ter onde dormir.
A Midnight Mission começou com um pastor e, nos anos 1930, perdeu a conotação religiosa.
Num mural de fotografias da sede, imagens mostram a clientela nas primeiras décadas do século 20: homens brancos de terno. Hoje, metade dos sem-teto de Los Angeles são negros.
Berkovich, que chegou a perder tudo por causa do alcoolismo e está sóbria desde 1993, é também responsável por programas sociais que levam músicos e comediantes ao local quatro vezes ao mês.
“Dar momentos de alegria, paz e felicidade pode ser o começo para uma pessoa sentir esperança. E, com esperança, talvez ela se sinta mais aberta a nos pedir ajuda”, diz.

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