O pastor Marcos Feliciano, internacionalmente conhecido pelo seu enorme repertório de insanidades, conseguiu aumentar ainda mais a sua já infame lista de contribuições à desinformação, ao racismo, ao preconceito e à intolerância religiosa.
Circula na internet um vídeo em que o “líder” religioso explana o que para ele seriam as razões pelas quais a França foi alvo dos recentes atentados terroristas que vitimaram pelo menos 129 pessoas.
Na encenação teatral que já virou lugar comum no “modus operandi” que farsantes travestidos de pastores utilizam para manipular os fiéis, Feliciano não economizou na performance e aos berros rezou o seu terço de ignorância e ódio para uma plateia de braços erguidos e olhos em lágrimas, como se o próprio apocalipse estivesse à sua frente.
Culpou o fato da França ser um dos países mais liberais do mundo, de ser um dos primeiros a lutar pela legalização do aborto, por defender a liberdade sexual e principalmente pelo fato dos franceses não terem filhos, permitindo assim que os imigrantes da religião islâmica tornassem a França num país muçulmano em 10 anos, profetizou.
Sobrou até para os animais. Segundo o cidadão, se você possui um gato ou um cachorro de estimação em sua casa e não filhos, você está atraindo a “islamização” e o terrorismo para o seu país. Santa demência.
Marcos Feliciano nunca foi bom em história e geopolítica. Na verdade, Feliciano nunca foi bom em nada decente, talvez por isso não tenha feito qualquer menção aos massacres efetuados pela França nas suas colônias ou sua atual política internacional. Preferiu justificar essa tragédia com base nas suas próprias convicções, que convenhamos, são contemporâneas à Idade média e à Inquisição religiosa.
Primeiro que querer atribuir os atos de fanáticos religiosos ao fato do país ter avançado em temas como a legalização do aborto e a liberdade sexual, é na melhor das hipóteses, uma deficiência intelectual de proporções continentais. Nem mesmo o argumento da França possuir um baixo índice de natalidade permitindo um aumento proporcional de cidadãos de religião muçulmana, se ampara na realidade.
De acordo com o relatório do Eurostat, o Departamento de Estatística da União Europeia, a França segue na contramão da maioria dos países da Europa no que se refere à taxa de natalidade. Ainda segundo o relatório, o país fechou o ano de 2013 com uma média de 1,99 filho por mulher, perdendo apenas para a Turquia que apresentou um índice de 2,08.
Essa é uma posição muito mais confortável no chamado “nível de substituição” (que estabelece a possibilidade da geração dos filhos substituírem os pais), do que os verificados na Alemanha (1,40), Itália (1,39), Espanha (1,27) e Portugal (1,21) no mesmo período.
Do início ao fim, Marcos Feliciano demonstrou o quanto é despreparado, e pior, mal-intencionado quando o assunto é a compreensão das diferentes formas de pensar e a convivência harmoniosa e cooperativa entre os diversos povos, religiões e culturas.
Acusa descaradamente o povo islâmico de perseguir evangélicos, o que não passa da mais ignóbil mentira, além de servir apenas como mais um alicerce para a construção de estereótipos que não param de alimentar o preconceito e a violência.
Da mesma forma que os evangélicos do mundo inteiro não podem ser responsabilizados pelas atitudes vergonhosas de indivíduos como Marcos Feliciano, a comunidade muçulmana também não pode sofrer em função do extremismo religioso de grupos que nada refletem o que prega o Alcorão.
O Brasil já passa por uma radicalização política demasiada o suficiente para que um membro de um outro tipo de Estado Islâmico venha incitar o ódio e a vingança para todos nós.
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