sábado, 14 de novembro de 2015

Os portugueses e os preguiçosos

Antes dos invasores europeus chegarem as terras do chamado continente americano, os nativos aqui residentes viviam organizados em diversas tribos, organizados em nações, com níveis diferentes de tecnologia e organização social. Algumas nações tinham os níveis tecnológicos avançados com a produção de artefatos de metais, enquanto outras nações sequer sabiam da existência desses metais.

Em Pindorama (atual Brasil), os nativos ainda não produziam artefatos de metal, apesar de produzirem parte dos alimentos praticando a agricultura. Eles utilizavam artefatos feitos de pedras e grandes ossos de animais como ferramenta para trabalharem a chamada roça, na construção de embarcações (canoas) e construções das moradias (aldeias). Em decorrência da precariedade dessas ferramentas, o trabalho na agricultura era degradante e exigia muita resistência física.

Todo o trabalho de corte, transporte e carregamento dos navios,
com Pau-brasil, eram feito pelos nativos.
Com a chegada dos invasores europeus (os mais numerosos foram franceses, espanhóis e portugueses) passaram a ter acesso a diversos tipos de quinquilharias. Entre as peças de quinquilharias (segundos os invasores portugueses) a mais procuradas eram produtos de enfeites, mas eles levavam peças importantíssimas, para o trabalho agrícola, entre elas: as enxadas, facas, machados e foices. Essas ferramentas amainavam o pesado trabalho na roça e construções das aldeias. Para conseguirem estas ferramentas, faziam o trabalho de corte e carregamento da madeira do Pau-brasil (árvore que deu o atual nome a região) e que acomodavam devidamente nos navios.

Em decorrência do descobrimento da produção de tintas sintéticas o Pau-Brasil perdeu o grande valor comercial. Para substituir, o gigantesco lucro do comércio de madeiras, os portugueses resolveram produzir açúcar. A produção de açúcar em grande escala é necessário grandes extensões de terras ( para o plantio da cana-de-açúcar) e muita mão-de-obra para a produção.

Os nativos não estavam dispostos a abandonares as terras onde vivia, deixarem de produzirem para consumo próprio e terem de produzir para os portugueses. Para piorar a situação dos comerciantes portugueses, os nativos só apareciam quando necessitavam obter mais ferramentas e como o comércio do Pau-brasil era somente em períodos intercalados, raramente ocorria conflitos entre as partes.

Os nativos viviam sem a necessidade de se acumular produção (não tinha ganância financeira), tinham divisões de tarefas entre homens e mulheres (a coleta era um trabalho feminino) e portanto não tinham nenhum interesse em trabalharem de modo ostensivo como o exigido na produção do açúcar.
Um trabalhador português fiscalizando os nativos preguiçosos!
As terras adequadas para o plantio da cana-de-açúcar eram ocupadas por florestas e vivendo nessas florestas existiam diversas tribos. Era de onde os nativos tiravam os produtos para o sustento da comunidade nas diversas atividades: pesca, caça, coleta e agricultura. Os invasores portugueses tiveram que obrigar os nativos retirarem a floresta. Perante a resistência muitos foram mortos, outros fugiram e os capturados foram transformados em escravos. Mesmo os transformados em escravos a resistência foi grande. Grande parte dos serviços na atividade agrícola canavieira é a colheita e na cultura nativa a colheita era trabalho feminino. Foram agredidos fisicamente e moralmente muitos preferiam morrer a ter de trabalhar como escravos para os invasores portugueses.

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