Na quarta-feira, dia 2/3, os deputados Paulo Pimenta (PT/RS) e Wadih Damous (PT/RJ) protocolaram no Ministério Público Federal um pedido para que sejam feitas diversas investigações sobre as conexões entre a Rede Globo, a Fifa, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e offshores do Panamá que teriam sido utilizadas para cometer crimes contra o sistema financeiro, a ordem tributária e a administração pública.
O documento é subscrito por mais de 30 parlamentares.
Segundo Pimenta e Wadih, “há fortes indícios da prática de crimes como organização criminosa, lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores, sonegação fiscal, além de outras ações criminosas contra a administração pública, contra o sistema financeiro nacional e contra a ordem tributária”.
Na representação encaminhada ao MPF, Pimenta e Wadih Damous pedem que sejam investigadas e esclarecidas, entre outros, “a existência de eventuais bens da família Marinho em situação ilícita de ocultação patrimonial; as atividades das offshores vinculadas ao Grupo Globo; e as relações entre a Globo, suas respectivas empresas e offshores e a Fifa”.
As offshores aparecem como proprietárias de uma mansão da família Marinho, construída ilegalmente em área de proteção ambiental na ilha de Paraty (RJ) e de um helicóptero também usado pela família Marinho, dona da Rede Globo.
Os parlamentares cobram esclarecimentos também quanto ao uso de uma empresa, a Brasif, utilizada por FHC para enviar 100 mil dólares a jornalista Mirian Dutra, com quem o ex-presidente tucano tem um filho. Mirian Dutra trabalhou para a Globo por 25 anos.
Recentemente, Mirian contou que foi “exilada” na Europa pela Globo na década de 1990 para não prejudicar a imagem de FHC que seria candidato à presidência da República. Na época, FHC era casado com Ruth Cardoso.
A Brasif teria sido proprietária da Eurotrade Ltd, com sede nas Ilhas Cayman.
A Eurotrade Ltd. firmou, em 2002, contrato com a jornalista Mirian Dutra, como ela mesma afirmou à “Folha de São Paulo”, e como admitido em nota pela própria Brasif.
Segundo declarou Mirian Dutra à “Folha”, FHC usou essa empresa para “bancá-la no exterior”.
A Brasif teria sido beneficiada em licitações durante o governo FHC. Também existem indícios que a Brasif tenha operações relacionadas às mesmas offshores de origem panamenha.
Em outra entrevista, Mirian disse que o diretor de jornalismo da Globo Alberico de Souza Cruz a “ajudou a sair do Brasil”.
Ela sugere que Alberico ganhou concessão de tevê em Minas Gerais como retribuição a esse favor que fez a FHC.
Mirian também contou que uma forma de retribuição do governo FHC à Globo por seu “exílio” na Europa foram os muitos financiamentos a juros baixos concedidos à emissora via BNDES.
Essa relação entre Globo e BDNES também foi incluída pelos deputados petistas no pedido de investigação ao MPF.
Na semana passada, o deputado Pimenta apresentou à imprensa um organograma demonstrando as conexões entre offshores/Globo/FHC e solicitou apuração por parte do Ministério da Justiça.
Um inquérito foi aberto pela Polícia Federal para investigar.
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