domingo, 13 de março de 2016

Marx e Hegel: Por que a direita critica o MP/SP da Barra Funda?

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A escalada do golpe judiciário-midiático não cresce sem surpresas. Depois da desastrada tentativa de “condução coercitiva” de Lula até Curitiba, a Operação Lava-Jato foi colocada temporariamente na geladeira. Em seu lugar, o histrionismo dos promotores de Justiça de Barra Funda voltou às manchetes. Agora com uma alentadíssima – pelo menos em número de páginas – denúncia que pretende prender preventivamente o maior articulador do movimento operário desde Marx e Hegel… Ops?
Tudo bem que os promotores devem estar nesta sexta-feira, dia 11/3, depois da avalanche de memes e notícias internacionais que dão conta de sua inaptidão jurídica e – principalmente, mas não exclusivamente – intelectual, com certa vergonha própria.
Mas o mais inusitado, o que todos estão a se perguntar é o motivo pelo qual a Globo, aFolha, demais órgãos de mídia televisiva, radiofônica e impressa, juntamente com o PSDB estão, todos em uníssono, repreendendo esta tentativa canhestra, abortada na origem, de prender Lula pelo MP de São Paulo.
Quais motivos levariam senadores e deputados da oposição, jornalistas regiamente obrigados e ideologicamente sensíveis à Casa Grande, meios de comunicação “isentos de verdade” a condenar peremptoriamente o movimento filosófico-processual da trupe forense de Barra Funda?
A resposta nos parece simples. Exatamente depois que Sérgio Moro, o alienista de Curitiba, pesou a mão na antes habitual inconstitucionalidade de seus atos e determinou de ofício uma condução coercitiva não prevista no Código de Processo Penal; depois que a tentativa de sequestro foi frustrada pela militância que acudiu Lula no Aeroporto de Congonhas; depois que Marco Aurélio Mello, o surpreendente garantista e defensor da Constituição pôs os pingos nos “is”, desnudando o golpe à democracia; depois do grande desastre antigolpista protagonizado pela direita na sexta-feira, dia 4/3, era preciso refazer a estratégia.
Assim, colocar Moro na geladeira não bastaria. Seria preciso refundar o pacto entre as elites desejosas de poder a todo custo e as classes médias dependentes da eugenia, isto é, da limpeza étnica, moral e política do Brasil.
Refundar a relação entre a oposição e a “base social” significaria relegitimar a “operação lava jato”. Dar o prestígio perdido aos Procuradores da “força-tarefa” de Curitiba depois da hecatombe que foi a reação ao sequestro de Lula.
Para fazer isto, nada melhor do que estimular os saltimbancos trapalhões de Barra Funda a cometer uma “denúncia” ainda mais desastrosa do que a “condução coercitiva” de Moro e cacifar mais uma vez a articulação golpista.
Assim, a crítica uníssona que a oposição fez esta semana à iniciativa esdrúxula dos filósofos do processo penal, aos promotores do esclarecimento, nada mais foi do que uma tática para que o mesmo coro, agora de louvação, seja feito nos próximos dias à ducentésima quinquagésima fase da operação “vamos prender o Lula de um jeito chique”.
Então, a situação é a seguinte:
● A popularidade de mais de dois anos de exposição midiática da Lava-Jato;
● O fato de que há cada vez mais exposição do trânsito de seus próceres junto a articulações internacionais, como a formação em think thanks do Departamento de Estado dos EUA;
● O fato de que o processo dos aloprados de Barra Funda estar sustentado no “tríplex” do Guarujá, irmão gêmeo siamês do tríplex de Paraty, que “não pertence” aos Marinho, ambos paridos pela offshore que ninguém quer investigar; e
● A novidade da “delação premiada” de Curitiba, que finalmente aponta o dedo em riste para Dilma Rousseff.
Todos estes dados colaboram para que a oposição golpista caia de pau na operação transcendentalmente equivocada do MP/SP e, logo, logo, redima e perdoe, num triunfalismo digno dos Duces tupiniquins, a purificada Operação Lava-Jato, o início, o fim e o meio do golpe, a legítima proprietária dos direitos autorais da prisão de Lula.
É elementar, meu caro Nietzsche.

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