Os jornais de sexta-feira (25/3) fazem um grande barulho em torno da decisão brasileira de apoiar a resolução da ONU de investigar violações de direitos humanos no Irã. O assunto é destaque em todos os principais jornais do país, que fazem questão de comparar a decisão da presidente Dilma Rousseff com as posições adotadas rotineiramente por seu antecessor, Lula da Silva, cuja diplomacia evitava interferências em assuntos internos de outros países.
A mudança não deveria surpreender os analistas, uma vez que a presidente tem um perfil ideológico e uma biografia muito diferentes em relação a Lula da Silva. Era mais ou menos esperado que em algum momento ela tornasse explícito o princípio segundo o qual atentados contra os direitos humanos são um tema que interessa a toda a humanidade.
Mesmo que o governo seja induzido a tolerar muitas contrariedades em função da necessidade econômica de preservar boas relações com parceiros comerciais, há sempre o ponto de ruptura.
Nó a desatar
No caso do Irã, mandar um observador da ONU investigar a situação das garantias individuais é uma iniciativa que não deve provocar grandes crises de relacionamento, apesar de a imprensa ter noticiado que o governo do Irá acusa o Brasil de "dobrar-se" aos interesses dos Estados Unidos.
Uma das dificuldades do relacionamento comercial com países com governos autoritários é justamente o risco da contaminação. A nova postura do governo brasileiro, explicitamente aprovada pela imprensa, pode também revelar que o Brasil reduz sua dependência de certos mercados onde a sensibilidade política pode prejudicar objetivos mais relevantes.
O que não está dito claramente nos jornais é que para o Brasil não basta ser um protagonista importante no cenário econômico, tanto como destino de investidores como no papel de fornecedor de mercadorias. Para assegurar uma posição de destaque no mercado global, o país precisa também ser reconhecido entre as nações mais influentes e ter participação de destaque nas instituições multilaterais.
Esse é o nó que a presidente começa a desatar com a decisão sobre o irã.
Luciano Martins Costa
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