terça-feira, 20 de janeiro de 2015

AS CONTAS CAINDO NA CABEÇA DO CONSUMIDOR

NESSES 21 dias do 2º Governo Dilma, as medidas econômicas tomadas vão atingir o público economicamente ativo. São todas medidas econômicas que vão “tirar” da população de diferentes maneiras e intensidades.
As medidas começou a ser despejada na cabeça dos brasileiros ainda no penúltimo dia de 2014 quando o governo anunciou restrições aos benefícios previdenciários, como o seguro-desemprego, que terá regras mais restritivas.
Depois veio o anúncio do aumento da conta da luz. De juros mais altos da CEF para a casa própria, que mesmo não atingindo as casas populares, dificultará para aqueles que não podem ser agraciados com tais casas por força de seus salários. de corte de gastos para todos os ministérios, incluindo o da Educação, no que pese sermos agora uma “pátria educadora”.
Tudo isso faz parte da mesma coisa: o ajuste fiscal. Ele não é indolor, nem neutro.
O objetivo final do ajuste é aumentar o superávit primário, a reserva de dinheiro para pagar os juros da dívida. Para isso, cortam-se despesas governamentais e aumentam-se impostos. Os defensores do governo dizem que se trata de um “ajuste gradual”, ou seja, feito de modo a não afetar (tanto) a população, sem uma elevação imediata, por exemplo, das taxas de desemprego. Será?
Seja como for, depois do impostômetro em São Paulo, um placar que mede o quanto se paga de impostos por minuto, talvez agora seja a hora de criarmos o jurômetro.
Não custa lembrar, conforme escreveu o economista Luiz Gonzaga Belluzzo na revista Carta Capital recentemente, que entre 1995 e 2011, “o Estado brasileiro transferiu para os detentores da dívida pública, sob a forma de pagamento de juros reais, um total acumulado de 109,8% do PIB” (o Produto Interno Bruto, que é a soma de todas as riquezas produzidas pelo país). Ou seja: é como se em 16 anos seguidos de trabalho de todos os brasileiros, um fosse dedicado exclusivamente ao pagamento de juros para instituições financeiras.
Por ano, o Brasil paga o equivalente a 10 programas Bolsa-Família de juros para os credores da dívida pública.
Talvez o ajuste seja inevitável para evitarmos um mal maior, é verdade. Este mal é a inadimplência, é “quebrar” o país, como esteve perto de acontecer em 2002. As conseqüências seriam muito ruins – e não há força política de envergadura no Brasil disposta a assumir o risco. O PT foi a última voz de peso “em contrário”, até Lula assinar a Carta ao Povo Brasileiro de 2002, quando o partido assumiu que respeitaria os “contratos” e condições da dívida.
Se não se voltar a colocar na agenda política a questão de quanto pagamos de juros, porém, vai ser difícil entender porque os serviços públicos são tão precários e ineficientes. Uma coisa tem a ver com a outra (não é apenas corrupção!). O dinheiro para pagar os juros sai, afinal, dos nossos impostos, do orçamento que poderia ir para educação, saúde e tudo o mais. Ou alguém discorda?

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