quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Cuba, o ebola e o compromisso cubano com a África

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Entramos em 2016 e a epidemia de ebola na África se aproxima do final, graças a um esforço global liderado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no qual Cuba teve um papel importante, assim como em outras batalhas vitoriosas nesse continente.
Mais de dois anos depois do surto de febre hemorrágica ter começado, em Guiné, as redes de transmissão do vírus foram interrompidas e a Libéria e Serra Leoa vão pelo mesmo caminho, segundo a OMS. A notícia foi recebida com alegria e esperança nesses três países, os mais afetados pela doença, que só ali contagiou 29 mil pessoas e provocou a morte de 11.300.
Este vírus foi detectado pela primeira vez em 1976 na África Central e seu nome se deve a sua descoberta em uma aldeia da República Democrática do Congo situada perto do rio Ébola.
Trata-se de uma doença grave, frequentemente mortal, que provoca febres elevadas, dores musculares, de cabeça e garganta, disfunção renal e hepática e hemorragias internas e externas.
O mais recente surto que começou em Guiné no final de 2013 é o pior registrado até agora, com uma taxa de mortalidade entre 50 e 90%.
A epidemia não teve repercussões negativas só na saúde, mas também alterou a vida econômica e social do povo e afetou todos os setores, entre eles a educação, o comércio, o turismo e o transporte.
Em momentos em que muitos temiam que o vírus acabasse vencendo a humanidade, a OMS e a ONU lançaram um chamado a todos os países a comprometer seus esforços no combate ao ebola.
Durante uma reunião realizada em setembro de 2014 em Genebra, Cuba foi o primeiro país a dar uma resposta à emergência, com o anúncio do envio a Serra Leoa de 165 colaboradores.
O contingente estava integrado por 62 médicos e 103 enfermeiros com mais de 15 anos de experiência profissional e que já tinham trabalhado em países abalados por desastres naturais e de saúde.
“Para uma nação tão pequena, a quantidade de médicos e enfermeiras que estão enviando e a rapidez com que responderam, é realmente maravilhoso”, disse naquela ocasião à Prensa Latina a diretora geral da OMS, Margaret Chan.
A diretora agradeceu a generosidade do governo e dos profissionais cubanos e destacou que se tratava da maior resposta recebida até esse momento por um Estado no combate à emergência. Ainda que sejam necessários todo tipo de esforço em todo o mundo, desde laboratórios móveis até salas de isolamento, o primeiro são os recursos humanos.
“O mais importante são as pessoas; pessoas que sentem compaixão, médicos e enfermeiras que saibam como reconfortar os pacientes e também saibam como se manter a si mesmos a salvo”, disse Chan.
Ao todo, Cuba enviou à África 256 colaboradores do contingente Henry Reeve que conseguiram salvar centenas de vidas e trabalharam não só na atenção direta aos pacientes, mas também na prevenção.
Para ajudar a combater o problema, as autoridades cubanas expressaram, inclusive, a disposição dos especialistas da Ilha a trabalhar lado a lado com profissionais da área médica dos Estados Unidos, um país com o qual estavam interrompidas as relações diplomáticas há mais de meio século.
“Eu sabia que Cuba não nos deixaria sozinhos. Vocês são fiéis a sua oringem, a suas raízes africanas, isso é o que Fidel lhes ensinou”, disse o presidente de Serra Leoa, Ernest Bai Koroma.
O altruísmo dos médicos cubanos não é um fato isolado, mas faz parte da solidariedade mantida pela Revolução para o continente africano quase desde o triunfo de 1959.
Em 1963, a maior das Antilhas enviou a primeira brigada à Argélia e no último meio século mais de 76.700 colaboradores em saúde cooperaram com 39 países africanos.
A ajuda não se limita ao campo da saúde, mas abarca também outras esferas como educação, esportes, cultura e as ciências.
Menção aparte merece a valiosa contribuição internacionalista de Cuba à libertação de Angola, à independência da Namíbia e ao fim do vergonhoso regime de apartheid na África do Sul.
Recentemente, cumpriram-se 40 anos da proclamação da independência angolana, ocasião na qual vários líderes políticos desse país destacaram o apoio solidário da Revolução Cubana que permitiu mudar o mapa político no sul da África.
O fato foi lembrado também durante o 6º Período de Sessões da Assembleia Nacional do Poder Popular, realizado em dezembro, onde o presidente cubano Raul Castro reiterou que seu país continuará cumprindo seus compromissos de cooperação com as nações africanas.

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