domingo, 17 de janeiro de 2016

Racismo de Alexandre Garcia na Globo revolta alunos e professores

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Um comentário do jornalista Alexandre Garcia, ex-porta-voz da ditadura militar, num noticiário local da Globo em Brasília provoca imensa revolta entre alunos e professores da rede pública, bem como na comunidade acadêmica.
Garcia afirmou que os alunos cotistas da Universidade de Brasília entrariam pelas costas na universidade pública, sem ter, na sua avaliação, mérito para estudar nas instituições federais de ensino superior. Estariam lá por “pistolão”, segundo disse o jornalista.
No entanto, diversos estudos do Ministério da Educação já comprovam que os alunos cotistas vêm tendo desempenho acadêmico superior ao de não-cotistas.
“Temos que pensar na qualidade do ensino. Aqui no Brasil ele é todo assim por pistolão, empurrãozinho, ajuda. A tradução disso é cota. Aí põe lá um monte de gente... só 67%, você viu aí, passaram por mérito. Estão aprendendo como é a vida, a concorrência, sem nenhuma humilhação de receber empurrãozinho. O mérito é a base”, disse o jornalista.
No passado, Garcia já havia causado polêmica, ao dizer que o Brasil não era racista até inventarem a Lei de Cotas. Ele seguia o raciocínio de Ali Kamel, diretor de jornalismo da Globo, que escreveu o livro Não somos racistas, para tentar evitar que o Brasil adotasse políticas de ação afirmativa, que existem nos Estados Unidos há mais de 50 anos.
Pela tese de Garcia, atrizes da própria Globo, como Thais Araújo e Sheron Menezzes, só sofreram ataques racistas recentemente porque “inventaram” a Lei de Cotas.
O comentário de Garcia provocou indignação e revolta na professora Flávia Helen, que atua na rede pública do Distrito Federal e prepara alunos para o vestibular (assista no final do post).
Leia, também, o artigo do estudante João Marcelo, que estuda na UnB:
A ABOMINAÇÃO ÉTICA EM ALEXANDRE GARCIA
Os comentários de Alexandre Garcia nos telejornais da TV Globo são sempre um festival de impropérios, invariavelmente de cunho elitista. Porém, sua declaração recente em que acusa os alunos ingressos à UnB pelo sistema de cotas de “não possuírem méritos para ingressar na Universidade” revela em sua personalidade um pendor de senhor de escravo, um calejamento próprio de uma classe dominante infecunda e profundamente perversa.
A Lei de Cotas nas universidades completou três anos no ano passado. Fruto da mobilização dos movimentos sociais, logrou colaborar no ingresso de mais de 111 mil alunos negros. Ao contrário do propalado pelos intelectuais da Casa Grande, sua efetivação não precarizou o ensino superior público: segundo dados científicos apurados na avaliação dos 10 anos da implementação do sistema de cotas na UnB, o rendimento dos estudantes cotistas é igual ou superior ao registrado pelos alunos do sistema universal. Outras análises, em dezenas de instituições como Uerj e UFG, coadunam com o diagnóstico.
Os argumentos contrários ao sistema de cotas carregam o signo de uma ideologia que fez com que o País vivesse o colonialismo, a escravidão e a própria ditadura. Está no DNA da classe dominante brasileira buscar impedir à emancipação dos oprimidos, por esses constituírem ameaça ao seu domínio. Para esse fim, ocultam os saqueios e opressões que os povos colonizados foram e são submetidos, ao mesmo tempo em que procuram domesticar o imaginário dos oprimidos a partir de mentiras repetidas à exaustão nos meios de comunicação em massa.
Darcy Ribeiro, fundador da UnB e um dos maiores antrópologos brasileiros, teve ocasião de asseverar que o maior problema do Brasil é sua elite. Segundo ele, as elites brasileiras se apropriam unicamente do poder para usurpar à riqueza nacional, condenando seu povo ao atraso e a penúria (ver O livro dos Cieps, 1986:98). Por isso, carregamos a inglória posição de terceiro país mais desigual do mundo.
Alexandre Garcia é um conhecido bajulador das hostes oficias. Foi aliado de Ernesto Geisel e porta-voz do ditador João Batista Figueiredo. Foi exonerado após postar seminu numa revista masculina. Apoiou a candidatura de Maluf no Colégio Eleitoral. Foi um dos artífices da cobertura global que favoreceu a ascensão de Fernando Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso. É, pois, coparticipe da tragédia social, política, econômica e ideológica da sociedade brasileira.
A TV Globo, que abriga essa triste figura, é a principal aliada de todas as causas abomináveis patrocinadas pela elite contra o povo brasileiro. Sustentou o golpe de 1964, franqueou amplo apoio ao regime militar, deu sustentação aos governos conservadores após a redemocratização. Seu jornalismo sempre perseguiu os movimentos sociais e lideranças populares, cuja expressão mais retumbante foi o herói da pátria Leonel de Moura Brizola.
Quando insulta os alunos da rede pública egressos pelo sistema de cotas, o jornalista vê nisso paternalismo e esmola. É compressível. Quem ascendeu na carreira com favores e migalhas dos plutocratas só pode enxergar nos outros os vícios que carrega. Felizmente, o povo brasileiro não permitirá que a direita apátrida coloque suas mãos sujas de sangue em seus direitos mais caros, para a tristeza do jornalista e seus correligionários.
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ALEXANDRE GARCIA E A PROFESSORA QUE LHE DEU UMA LIÇÃO
Os leitores deste blog sabem que não gosto, quase nunca, de ser agressivo ao falar, mesmo a coisa mais justa. Mas sou do tempo em que havia o “assim, sim, mas assim também não”, porque tem hora que a coisa passa dos limites e é preciso mesmo um bom destampatório para colocar as coisas no lugar.
Alexandre Garcia, normalmente, é uma figura que, para ouvir, é necessário apelar aos santos e à surdez, tamanha a quantidade de asneiras vaidosas que pronuncia.
Mas ontem [14/1], no final de uma boa matéria do DFTV, da Globo de Brasília, ele deitou falação sobre as cotas para estudantes de escolas públicas. Garcia foi soltar suas pérolas, dizendo que cota era tradução de “pistolão” e dizendo que os alunos de escola pública que passaram fora das cotas tinha conseguido fazê-lo “sem a humilhação de receber um empurrãozinho”.
Alexandre Garcia sempre gostou de falar sozinho, desde os tempos em que se exibia como dublê de porta-voz do presidente Figueiredo e “abatedor de lebres” em revistas ditas masculinas.
Agora, com a internet, não é só ele quem pode falar.
E a professora de Matemática Flávia Helen, que trabalha com a preparação de alunos de escolas públicas para o vestibular na periferia do Distrito Federal, deu-lhe uma “enquadrada” daquelas de deixar o cidadão reduzido ao microscópico tamanho que tem.
Dona Flávia, foi uma maravilha ver este cidadão “ouvindo” uns desaforos.

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