Horas depois que a revista Época chegou às bancas, no sábado, dia 16/1, com uma capa tão escandalosa como vazia contra o advogado Carlos Araújo, que foi casado com Dilma Rousseff e é pai da filha de ambos, Paula, ele deu uma pequena entrevista ao 247.
Araújo bateu duro, realizando um contra-ataque contra os donos da Globo, proprietária da Época: “A revista deveria preocupar-se em esclarecer por que seus patrões resolveram viver homiziados em Miami, cidade que é um dos endereços preferidos pela máfia internacional.”
O advogado diz:
“Fui surpreendido com tanta maldade. Isso é coisa de jornalismo bandido, que não tem fatos, não tem provas, e tenta forjar uma impressão negativa sobre as pessoas que querem atingir. Sou uma pessoa honrada e minha prática sempre foi coerente com minha ideologia.”
Advogado por formação profissional, calejado pelos rigores da luta contra a ditadura militar, quando foi um dos principais dirigentes da VAR-Palmares, uma das principais organizações armadas do período, Carlos Araújo avalia a edição da revista como uma operação política, cuja finalidade óbvia é tentar atingir a presidente:
“É puro jornalismo marrom, que atende a finalidades políticas e só isso. Como todos descobriram que não têm como publicar uma denúncia capaz de atingir Dilma diretamente, pois não há nada contra ela, tentam agir por via indireta, tentando atingir pessoas do círculo próximo, como eu.”
A história divulgada pela revista é a seguinte. Desesperado pela crise da Engevix, empresa investigada na Lava-Jato, um dos dirigentes da empresa, José Antunes Sobrinho, que hoje cumpre prisão domiciliar, teria feito uma “reunião secreta” com Araújo, de quem teria ouvido a promessa de receber a ajuda esperada. No mesmo período, diz a revista, um casal amigo de Araújo – e da própria Dilma – teria recebido um pagamento de R$200 mil. A tentativa de construir a narrativa de uma vulgar operação triangular é evidente como o perfil do Pão de Açúcar na paisagem do Rio de Janeiro – o problema é que não se apoia em fatos que possam ser comprovados, até porque a revista não se deu ao trabalho de conferir as informações que acabaria publicando.
O único encontro entre o advogado e um profissional da revista teve duração curtíssima e terminou de forma abrupta:
“Num recurso desonesto, diz Araújo, um dia um repórter da revista se infiltrou em meu escritório para tentar me abordar. Preencheu ficha como cliente, mas, quando se sentou a minha frente, começou fazer perguntas sobre a Engevix, perguntou quanto eu havia recebido. Fiquei indignado e exigi que se retirasse imediatamente.
Araújo e Antunes se encontraram – não só uma vez, mas três vezes. O assunto era sempre o mesmo:
“Ele estava cada vez mais desesperado com a situação da empresa e queria de todas as maneiras que eu o ajudasse a marcar um encontro com a Dilma. Pretendia falar da situação com ela. Foram três conversas e em todas expliquei que este não era e nunca foi meu papel. Tenho a minha vida, a minha história, os meus valores. Jamais iria tentar interferir na agenda da presidente. Nem ela iria permitir isso.”[Momentos antes da entrevista, o Planalto desmentiu que o encontro tenha se realizado.]
Começando a refletir sobre as providências jurídicas que tomará, Araújo afirma que “irei a Justiça defender meus direitos com todos os recursos cabíveis. Fui vítima de uma calúnia e vou entrar com uma ação contra isso. E vou exigir direito de resposta, cuja necessidade agora ficou mais evidente. Mesmo pensando em tudo isso, acho pouco. Não se pode fazer isso contra uma pessoa, sem prova, sem fatos.”
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ÉPOCA APELA E ACUSA EX-MARIDO DE DILMA
A reportagem de capa da revista Época que foi às bancas no sábado, dia 16/1, apela ao tentar criar um fato novo a fim de viabilizar um eventual impeachment da presidente Dilma Rousseff, agora envolvendo seus familiares.
A acusação da publicação dos irmãos Marinho é de que executivos da Engevix, uma das empreiteiras investigadas na Operação Lava-Jato, tenham procurado o ex-marido de Dilma, Carlos Araújo, para tentar destravar empréstimos oficiais.
Segundo a revista, o plano de falar com Araújo foi “uma ação desesperada” de José Antunes Sobrinho, um dos donos da Engevix e que hoje cumpre prisão domiciliar. Ele já havia batido em diversas portas da alta burocracia e sua empresa enfrentava “sérios problemas financeiros”, segundo o texto.
De acordo com a reportagem, o empresário teve uma “reunião secreta” com o advogado gaúcho, de quem teria ouvido a promessa de que receberia ajuda. No mesmo período, diz a revista, “a empreiteira pagara ao menos R$200 mil, por meio de um intermediário, a um casal amigo de Dilma e seu ex-marido”.
“A força-tarefa [da Lava-Jato] já rastreia, sigilosamente, provas que podem corroborar o que Antunes está disposto a dizer em juízo sobre um assunto tão grave. Ele já revelou aos procuradores a existência da abordagem a Carlos Araújo”, diz Época. A reportagem, no entanto, isenta a presidente Dilma de qualquer responsabilidade.
“Ressalte-se que não há indício de que a presidente saiba o que transcorreu”, diz um trecho do texto da revista. “[A presidente] desconhece qualquer reunião entre Carlos Araújo e representantes da Engevix, assim como qualquer pleito que tenha sido feito ao governo. Informa ainda que não tem relação com as pessoas citadas pela revista”, respondeu a presidente em nota na semana passada, ao ser procurada pela revista.
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