quarta-feira, 24 de junho de 2015

Empresa de Neymar que negociou com o Barça não existia, acusa MP

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Empresa N&N recebeu €10 milhões do Barça em 2011 a título de “empréstimo”.
O Ministério Público da Espanha levantou indícios de que o Barcelona e os representantes de Neymar tramaram operações financeiras com o intuito de ocultar o valor real da transferência do jogador para o time espanhol, em 2013. Documento apresentado pelo Tribunal de Madri informa que a primeira parte da transação foi feita em 15 de novembro de 2011 com a N&N Consultoria (da família Neymar). No entanto, a empresa ainda não existia formalmente na data citada.
A N&N (iniciais de Neymar pai e Nadine, mãe do atacante) foi criada oficialmente três dias depois do primeiro acerto entre o clube espanhol e a família de Neymar.
“A sociedade ‘N&N Consultoria esportiva e Empresarial Ltda.’ foi constituída formalmente em 18 de novembro de 2011, três dias depois de firmar o primeiro contrato, e seus proprietários e administradores eram os pais do jogador. O contrato e o pagamento se realizaram com a intenção de ocultar operações e eludir o pagamento de impostos correspondentes. Ao não ser residente espanhol [família Neymar], deveria ser retido e repassado o valor correspondente à Fazenda da Espanha pelo Barcelona”, apresenta o relatório entregue pela Audiência Nacional de Madri à Justiça.
O primeiro acordo entre Barcelona e estafe de Neymar aconteceu em São Paulo, dia 15 de novembro. O segundo encontro entre foi feito em 6 de dezembro de 2011. Detalhe: dias antes da final entre Santos e Barcelona pelo Mundial de Clubes, vencido pela equipe catalã por 4 a 0.
A Justiça da Espanha informa que o Barcelona depositou €10 milhões na conta da N&N como “empréstimo”. “O contrato se qualificou como ‘empréstimo’, mas não existia tal natureza”, enfatiza o MP espanhol. “A quantidade de €10 milhões foi entregue sem nenhuma garantia de nenhum tipo, mas para amortizar quando for formalizado o contrato definitivo com o jogador. Na realidade, o pagamento para a N&N foi uma remuneração antecipada para que o jogador firmasse acordo com o Barcelona”.
As negociações que começaram em 2011 e terminaram dois anos depois foram comandadas por Sandro Rosell, então presidente do Barcelona. Rosell deixou a presidência após denúncias de irregularidade no acordo com Neymar. O atual mandatário do Barça, Josep Maria Bartomeu, era o vice-presidente na época das negociações e tinha conhecimento das trapaças, frisa o relatório.
O MP pede a prisão de Rosell por 7 anos e 3 meses, e de Bartomeu, por 2 anos e 3 meses, por apropriação indébita da transação que levou Neymar para a Espanha.
A Justiça espanhola quer que o Barcelona pague 33 milhões (R$114 milhões) de indenização à União.
Inicialmente o Barcelona disse que €57,1 milhões para tirar o craque do Santos, mas, posteriormente, admitiu que todo o processo da contratação custou cerca de €100 milhões.
O dinheiro envolvido no acordo era muito superior ao declarado. Com isso, o fisco espanhol deixou de receber €12 milhões (R$42 milhões).
Já o atual presidente do Barça nega apropriação indébita e culpa o antecessor.

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