Pinheiro compara apartheid sul-africano à atual situação de discriminação e racismo a que palestinos são submetidos por governo israelense
O ex-ministro de Direitos Humanos do Brasil Paulo Sérgio Pinheiro aderiu ao movimento BDS (campanha global de boicote, desinvestimento e sanções a Israel) ao enviar uma carta na terça-feira, dia 2/6, aos músicos Gilberto Gil e Caetano Veloso para pedir que eles cancelem o show previsto para 28 de julho em Tel Aviv.
“Pelo exemplo, pelo reconhecimento que vocês têm no Brasil e em todo o mundo, pela influência que vocês exercem junto a milhões de jovens, pela autoridade moral de resistentes à ditadura militar e de lutadores contra a censura, ouso pedir a vocês que não se apresentem em Israel”, escreveu Pinheiro na carta a que Opera Mundi teve acesso [Clique aqui para ler a íntegra].
No documento, o ex-ministro – que também é membro da CNV (Comissão Nacional da Verdade) e ex-relator da ONU (Organização das Nações Unidas) – relembra músicas de Gil como “Canção pela libertação da África do Sul”, sobre o apartheid na nação, e compara esse sistema político à atual situação de aprofundamento de discriminação e de racismo a que árabes israelenses e palestinos são submetidos em territórios palestinos e em Israel.
Além de lamentar a atual condição da Faixa de Gaza, que classifica como “prisão a céu aberto”, Pinheiro recorda a “violência, intimidação e assédio” por parte de colonos israelenses na Cisjordânia ocupada, uma expansão que qualifica como “ilegal” e que “merece atenção”.
“O pedido de boicote cultural feito pelos palestinos é ecoado pela sociedade civil internacional. Grandes nomes fazem coro a esse pedido e não seria diferente aqui no Brasil. Paulo Sérgio, com toda sua experiência e compromisso com Direitos Humanos – enquanto ministro, relator da ONU e membro da Comissão da Verdade – não surpreende”, afirmou a Opera Mundi Pedro Charbel, Coordenador Latino-americano do Comitê Nacional Palestino de BDS.
“O apoio do ex-ministro Paulo Sérgio ao boicote cultural materializa a coerência que esperamos de todas e todos aqueles com consciência e compromisso com a justiça, igualdade e liberdade”, acrescentou Charbel, que coordena campanhas como o movimento chamado “Tropicália não combina com apartheid”, que já coletou mais de 10 mil assinaturas pelo cancelamento dos concertos.
A carta foi lançada poucos dias após um apelo semelhante realizado pelo compositor britânico e ex-Pink Floyd Roger Waters.
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