domingo, 7 de junho de 2015

Os militares que torturavam militares

Rio_Janeiro01_Paisagem
Apesar da linda paisagem, essa não é uma publicação alegre, mas necessária. Hoje [3/6] foi dia de ouvir. No auditório da OAB/RJ, de onde se tem essa vista maravilhosa (foto acima), aconteceu mais uma sessão da Clínica de Testemunhos da Comissão de Anistia: 15 ex-militares torturados nas próprias Forças Armadas a que serviram contaram e mostraram suas sequelas físicas e psíquicas.
Sim, militares! Hoje, homens idosos, emocionados. Alguns não contiveram o choro, ao expressar, alguns pela primeira vez, os sofrimentos por que passaram por dias, meses e até anos.
Foram chutes, choques, humilhações públicas, fome, solitária, ingestão de urina, queimaduras na pele, dentes e unhas arrancados...
Os crimes? Admitirem que liam Darcy Ribeiro, que tinham alguma admiração por Brizola ou simplesmente para dar o exemplo a outros ou por não manifestarem entusiasmo em torturar presos políticos. Eram garotos que entraram para as Forças Armadas com vontade servir à pátria e foram delas expulsos sem nenhum direito a quem a Comissão de Anistia procura hoje reparar.
Parabéns Paulo Abrão e a todos os responsáveis pela Clínica de Testemunhos. No final, todos se levantaram, bateram continência em agradecimento às autoridades que vieram ouvi-los e cantaram, ao som de uma pequena banda, o Hino da Independência.
Foi muito emocionante.
Maurício Tupinambá Fernandes de SáMinha memória, verdade e justiça é semelhante a todos militares que sofreram atrocidades. Entrei para a Academia Militar das Agulhas Negras em 1967 e por ter escrito duas redações no Externato São José (Irmãos Maristas, Rio de Janeiro), a inteligência do Exército pegou as duas redações e o comandante do corpo de cadetes coronel Antônio Cúrcio Neto fez dois dias de interrogatório, submeteu-me a 60 encenações de fuzilamento todos os dias com o objetivo de retirar-me da Aman [...].
Hoje posso escrever que foi um sádico oficial do Exército graças à ajuda de um amigo que é general-de-exército da ativa, que me forneceu todas os documentos e ingressou na Aman junto comigo em 1967, graças à Comissão da Verdade que tiveram a coragem de delatar 377 torturadores e o nome do Cúrcio Neto está incluído , graças ao DVD de nosso amigoRoberto Monte da DHNET com o testemunho do jornalista Rubens Lemos que foi torturado em 1973 no DOI-Codi de Recife pelo mesmo coronel.
Rubens Lemos foi fundador do PT em Natal, graças às memórias do Carlúcio Castanha fundador da CUT e PT de Recife, que também foi torturado pelo Cúrcio Neto no Recife em 1973, a todos militares que sofreram atrocidades meu sincero e apertado abraço, para frente guerreiros!
Achylles PeretFui humilhado e retirado [...] publicamente do meio da tropa [...] mesmo com o curso de sargento já concluído [...] Me reprovaram, me despromoveram e me deram baixa [...] por sermos amigos pessoais de Jango e Brizola.

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