terça-feira, 29 de setembro de 2015

Conhecido por ter parado uma guerra, Santos F.C. agora recebe refugiados da Síria

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Um dos fatos que mais exalta o orgulho santista é a história de o clube ter causado uma paralisação da guerra de Biafra, na Nigéria, em 1969. Na ocasião, Pelé e companhia enfrentaram a seleção do Médio Oeste, em Benin, no jogo que ficou marcado como “guerra suspensa”. Agora, 46 anos depois, o Santos volta a levantar a bandeira de uma causa humanista. Desta vez, o time não precisou sair de seu território para se solidarizar com um povo que vive em conflito há quatro anos: os sírios.
“O Santos Futebol Clube está apoiando nossos refugiados, que são recebidos no país, mas que precisam viver aqui dentro. E a gente entende que, por meio do futebol, a gente pode inseri-los um pouco mais em nossa sociedade. Que eles possam conviver conosco e enxergar o mundo um pouco melhor, porque o que eles enxergam é muito triste”, disse Sílvia Maria, esposa do presidente santista Modesto Roma Júnior e que está à frente da ação.
Dois representantes da Associação de Assistência a Refugiados no Brasil, chamada por Oásis, estiveram no CT Rei Pelé para conhecer um pouco mais do clube e para formalizar esta parceria.
“Só este apoio que o Santos está dando vai ser importante para dar visibilidade para o problema dos refugiados. Isso já é um fator importantíssimo. Neste contexto do Brasil, você tem 2 mil refugiados, mas não existe esse conhecimento e que essas pessoas precisam dessa ajuda. O Santos vai abrir essas portas para o refugiado sírio. Então, para nós essa ação é importante neste contexto. Essa abertura, este apoio, essa solidariedade, que vai contaminar outros clubes, as torcidas”, explicou Mohamad El Kadri.
Refugiados na arquibancada
Hoje, o Brasil tem cerca de 8 mil refugiados. Destes, 2.097 são sírios. A guerra civil no país asiático se iniciou em março de 2011 e, desde então, o número de imigrantes que abandonaram sua cidade natal em busca de um novo lugar para viver só tem aumentado. O Brasil se torna especial neste aspecto porque é o único a acolher estes refugiados sem qualquer restrição.
“É o único mesmo. O Brasil é o único que liberou um visto legal para os refugiados entrarem pela fronteira legalmente, sem sofrer nenhum problema. A Alemanha recebeu, mas, a pessoa vai cruzar o mar, sofrer problemas, andar quase 4 mil quilômetros a pé, até chegar na Alemanha. Chegando na Alemanha, eles recebem. Mas aqui, não. Eles dão o visto e [o refugiado] entra aqui mais digno”, ressalta Amer Masarami.
Mohamadi e Amer são líderes da Oásis e foram dois dos 100 refugiados sírios que o Santos recebeu no domingo, dia 27/9, na Vila Belmiro, no jogo em que o alvinegro derrotou o Internacional por 3 a 1. Na quinta-feira, dia 1º/10, a ação se repetirá no estádio do Pacaembu, diante do Figueirense, às 21 horas.
“Os refugiados estão com a gente, na Associação, desde a chegada deles. Há quatro anos, quando começaram os problemas na Síria, a gente os acolhe e dá assistência para tudo que eles precisam”, conta Amer.
“E o histórico do Santos mostra que o clube tem muitos programas humanitários, ajudam bastante, achamos uma grande oportunidade de levar os refugiados, trazermos para cá, assistirmos bola [futebol], esquecer um pouquinho dos traumas que eles passaram lá na Síria, por causa da guerra, do bombardeio lá. Então, acho que vai ser um grande dia para eles”, enaltece ele, que também é um refugiado da guerra que já matou mais de 130 mil pessoas, destruiu a infraestrutura de um país praticamente por completo e gerou uma crise humanitária.
Xerifão emocionado
David Braz, zagueiro do Santos, recebeu Amer e Mohamad no CT Rei Pelé, conversou com os refugiados, ouviu histórias e se sensibilizou.
“Muito triste isso. Você não poder viver na sua própria casa, no seu próprio país. Tive acompanhando com a minha esposa [pela TV]. A gente tem um filho de um ano e acabamos vendo cenas de crianças que acabaram morrendo ou sendo expulsas de seu próprio lar. Lamentável o que está acontecendo. A gente procura orar por elas”, disse o atleta, admitindo ter se espantado com a proximidade de um problema que parece estar tão distante do Brasil.
“Foi estranho, sim. Parecia mentira, porque eu estava acompanhando pela TV. E agora, conhecendo uma pessoa de lá, um refugiado de lá, a gente fica mais triste ainda. Mas, alegre também, porque estão sendo muito bem recebidos aqui. É como eu falei, estamos de braços abertos para receber, e o que a gente puder fazer para ajudar, a gente vai fazer”, concluiu.
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REFUGIADOS: AS REAÇÕES DE UM MENINO SÍRIO AO VER SUA PRIMEIRA PARTIDA DE FUTEBOL NO BRASIL
Possivelmente um dos melhores dias na vida de Maleck.
Clarissa Passos, via Buzzfeed em 28/9/2015 e fotos Santos F.C.
No domingo, dia 27/9, o Santos recebeu a visita de cerca de 100 refugiados sírios na Vila Belmiro, dentre eles, Malek Alderani, que foi uma das crianças que entrou com o alvinegro em campo.
Além de assistir ao jogo contra o Inter, pela 28ª rodada do Campeonato Brasileiro, os visitantes tomaram café no estádio e visitaram o Memorial das Conquistas. O passeio foi fruto de uma parceria entre o clube e a ONG Oásis Solidário.
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Malek, que tem 9 anos e está há cinco meses no Brasil, estava todo pimpão ao lado de Renato, capitão do time.
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Parece que ele gostou bastante da experiência.
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Isso fica claro quando ele volta para a arquibancada para assistir ao jogo com a família.
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E é aí que vemos que ele claramente foi conquistado pela emoção de torcer no estádio.
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Totalmente envolvido.
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Comemora um dos gols do Santos.
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Realmente, o alvinegro praiano ganhou mais um torcedor.
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Amer Masarami, presidente da ONG Oásis Solidário, considerou o dia um golaço do Santos. “Já pararam uma guerra, agora recebem os refugiados sírios”, disse ao site do clube.
Clique aqui para assistir uma reportagem sobre os refugiados no jogo do Santos.

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