Durante a campanha presidencial do ano passado tivemos momentos épicos que ficarão guardados para serem utilizados a título de exemplo para situações correntes.
Um dos pontos daquela estressante campanha de 2014 foram as idas e vindas da então candidata Marina Silva em relação a temas polêmicos. O comportamento errático da candidata pelo PSB fez com que ocorresse aquilo que nenhum militante merece: ter seu tapete puxado pelo próprio candidato.
Não se pode negar que todos nós, seres passivos de paixões, queremos sempre um nível básico de previsibilidade nas ações daqueles que acreditamos, ou seja, uma diretriz, para não sermos pegos de surpresa e assim fazermos o papel de bobos. Melhor, papel de otários, para usar o linguajar mais brasileiro possível.
Minhas teorias psicanalistas podem ser simplistas, mas também é inegável que todos nós temos uma relação de ódio com situações e pessoas que nos fazem lembrar que somos ou que fomos trouxas.
É por isso que, em minha opinião, a exposição ao ridículo retroalimenta o próprio ato de ser ridículo, pois retroceder na cabeça de muitos brasileiros é tão ou mais humilhante do que manter-se no transe embarcado.
Assim, as esperanças de debate estruturado caem sobre a terra onde muitos se encontram com um nó na cabeça, em uma espécie de prisão: manter o ódio, ou aceitar o que a realidade nos impõe? Eis a questão. Mas que realidade seria essa?
Bem, existem muitas. Uma delas é a realidade da Operação Lava-Jato. Com preces de virar um novo “mensalão”, a operação vai atuando de forma errática, puxando o tapete daqueles que em seus transes acreditam que ela é obra e fruto inconteste do petismo.
Percebe-se nas conversas o malabarismo para convencer, não a mim, chamado petista fanático [risos], mas a eles mesmos, de que a Lava-Jato é para investigar crimes do PT. A relativização dos crimes cometidos pelo gângster mais famoso da Casa Baixa apenas porque ele é contra o inimigo platonizado é reflexo desse nó a jato que assola os brasileiros “de bem”.
Janot é demonizado e acusado de estar a mando do governo quando contribui para o movimento errático que destrói a previsibilidade daqueles que não tem outra coisa senão a manutenção do estado de ódio. Para cada denúncia contra petistas surgem três arautos da moralidade intrincados na malha da Lava-Jato. Como conviver com tamanha falta de sustentação dos desejos? Refluir do ódio, depois de se depararem como sustentadores da assimetria, seria terrível. Seria quase que ser chamado de petista [risos].
Para que pudessem viver minimamente em paz era preciso que a Lava-Jato tivesse reunido apenas elementos que confirmassem seus anseios, ou seja, que ela atendesse a previsibilidade do ódio. Infelizmente, não é isso que estamos vendo. Por isso, o ódio vai continuar contra o PT e o Governo petista que, na cabeça dos brasileiros em transe, é o principal responsável pelo incomodo de ter suas certezas abaladas. Um verdadeiro nó.
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