Meses depois de flagrado na conversa com Barbosa, Gilmar – mais Toffoli e Fux – votaram pela libertação de ex-chefe da Casa Civil acusado de integrar a quadrilha.
A revista Época traz reportagem exclusiva de um grampo legal da Polícia Federal que flagrou o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal) prometendo ajudar o governador Silval Barbosa, do Mato Grosso, preso em flagrante pela Polícia Federal.
Na conversa com Barbosa, Gilmar compromete-se a conversar com seu colega Dias Toffoli, relator do caso.
A operação da PF e do Ministério Público Federal visava desbaratar uma quadrilha, dentro do governo, que operava financiamento de campanha com empreiteiras que trabalhavam para o estado. O irmão caçula de Gilmar, Francisco Mendes, prefeito de Diamantina, é do mesmo grupo político do governador.
Quatro meses depois do telefonema, houve um julgamento da 1a Turma do STF para avaliar novo pedido de prisão de Eder Moraes, secretário da Casa Civil de Barbosa, feito pela PGR.
Segundo a revista, meses antes Toffoli votara para manter Barbosa em liberdade. Os ministros Celso de Mello e Luis Roberto Barroso abstiveram-se de votar, declarando-se suspeitos. Os ministros Marco Aurélio de Mello e Rosa Weber votaram a favor do pleito do PGR. Luiz Fux e Toffoli, contra.
O desempate ficou com Gilmar. Sem se declarar suspeito, ele votou a favor de Barbosa.
Apesar do furo, a matéria não aparece na home da revista Época.
Clique aqui para ler a íntegra da matéria. A seguir, trecho em que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, também se solidariza com o governador.
Meia hora após o telefonema de Gilmar Mendes, foi a vez de o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ligar para Silval Barbosa. Isso mesmo: o chefe da PF foi interceptado... num grampo da PF. A secretária avisa: “Governador, é o ministro da Justiça”. Curiosamente, a conversa começa quase idêntica à anterior. “Que confusão, hein, governador?”, diz Cardozo. Silval Barbosa repete o que dissera a Gilmar Mendes sobre as acusações de corrupção. “Barbaridade!”, diz Cardozo. Silval Barbosa diz ao ministro que tinha uma arma com registro vencido. Cardozo responde: “Muita gente não sabe disso, viu, Silval?”, diz o ministro sobre as regras de renovação de porte. Cardozo ainda diz “que loucura” quando o governador critica o fato de a investigação ser tocada no Supremo, foro do ex-governador e atual senador Blairo Maggi, um dos investigados, e não no Superior Tribunal de Justiça, foro de Silval Barbosa. A conversa prossegue – em determinado momento, Silval Barbosa é chamado de “mestre” por Cardozo. “O pessoal da PF se comportou direitinho com você? [...] Eu queria saber muito se a PF tinha feito alguma arbitrariedade”, diz Cardozo. “Fizeram o trabalho deles na maior educação, tranquilo”, afirma o investigado. “Qualquer coisa me liga, tá, Silval?”, diz o ministro da Justiça.
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