domingo, 31 de maio de 2015
Golpe imperialista: EUA pedem cancelamento da Copa na Rússia e o afastamento de Blatter
Era mesmo muito estranho o FBI e a CIA preocupados com corrupção no futebol, ainda mais sabendo-se que boa parte das empresas corruptoras são daquele país ou tem fortes relações com o império. Pois olha aqui o que de fato move a corja imperialista. Não tem nada a ver com corrupção. Tem a ver com geopolítica internacional. Se tem corrupção, tem que apurar, como tem dito e feito a presidenta Dilma. Agora propor esta atrocidade intervencionista em outro país por causa do futebol é o suprassumo do imperialismo ianque. Os norte-americanos não querem prender corruptos. Querem pressionar os corruptos da Fifa a tirarem a Copa da Rússia.
Entendeu ou quer que desenhe? Lê aí a matéria do site português Sapo Desporto.
Os senadores dos EUA Robert Menendez e John McCain pediram ao congresso da Fifa para reconsiderar o seu apoio ao presidente Sepp Blatter devido ao seu apoio ao Mundial de futebol de 2018 na Rússia.
“Há muito tempo que estou preocupado com a escolha da Rússia pela Fifa e as notícias de hoje apenas sublinham a necessidade de eleger um presidente que não somente apoie os valores da Fifa, mas que assegure que a Fifa não recompense países que não apoiam esses valores”, disse o senador Menendez, do estado de Nova Jersey, numa nota enviada à agência Lusa.
Na carta enviada ao Congresso do organismo máximo do futebol ao nível mundial, que é também assinada pelo ex-candidato presidencial John McCain, Menendez critica a escolha da Rússia, “apesar das constantes violações da integridade territorial da Ucrânia e as outras ameaças a arquitetura de segurança do pós 2ª Guerra Mundial”.
A missiva foi divulgada no dia em que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos indiciou nove dirigentes ou ex-dirigentes e cinco parceiros da Fifa, acusando-os de conspiração e corrupção nos últimos 24 anos, num caso em que estarão em causa subornos no valor de US$151 milhões (quase €140 milhões).
Entre os acusados estão dois vice-presidentes da Fifa, o uruguaio Eugenio Figueredo e Jeffrey Webb, das Ilhas Cayman e que é também presidente da Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe (Concacaf), assim como o paraguaio Nicolás Leoz, ex-presidente da Confederação da América do Sul (Conmebol).
“Dadas as violações da integridade territorial da Ucrânia, os esforços de Putin para minar princípios de cooperação multilateral, normas partilhadas e acordos internacionais, acreditamos que permitir que a Rússia receba o Mundial vai apoiar o regime de Putin numa altura em que ele deve ser condenado”, escreveram os dois senadores na carta enviada terça-feira, dia 26/5, antes de as detenções serem conhecidas.
Menendez e McCain lembram ainda que mais de 40 países, todos membros da Fifa, impuseram sanções a Rússia.
“Ao permitir que [o país] receba a competição, vão oferecer salvaguardas econômicas, que contrariam as sanções multilaterais impostas pela comunidade internacional”, acrescenta a missiva.
Desde o anúncio das detenções, a Fifa anunciou a suspensão provisória de 11 pessoas: os nove dirigentes ou ex-dirigentes indiciados e ainda Daryll Warner, filho de Jack Warner, e Chuck Blazer, antigo homem forte do futebol dos Estados Unidos, ex-membro do Comitê Executivo da Fifa e alegado informador da procuradoria norte-americana, que já esteve suspenso por fraude.
O diretor de Comunicação assegurou ainda que decorrerá, como previsto, o congresso eleitoral de sexta-feira, dia 27/5, no qual Blatter concorre a novo mandato, contra o jordano Ali bin al Hussein, também vice-presidente da Fifa.
Na carta, Menendez e McCain defendem que “o próximo presidente da Fifa tem a responsabilidade de assegurar, não apenas o sucesso e segurança do mundial de 2018, mas também a permanência da missão da Fifa de promover o futebol globalmente de forma a unir os seus valores educacionais, culturais e humanitários”.
“Encorajamos fortemente a eleição de um presidente que apoie estes valores e negue ao regime de Putin o privilégio de receber o Mundial de 2018”, concluem os senadores.
Leandro Fortes: A balada de Kim Kataguiri
Nas passeatas de março e abril, eternizadas por multidões vestidas com camisas da CBF aos gritos de “vai pra Cuba!”, Kim tornou-se líder prematuro do neo anticomunismo.
Em meio à histeria ideológica que se estabeleceu como agente político no contexto de passeatas nacionais mais ou menos frustradas, o reacionarismo antipetista regurgitou uma liderança improvável: o jovem Kim Kataguiri, um ex-estudante de economia de 19 anos, um foragido da faculdade sob alegada justificativa de que os professores, vejam só, sabiam menos do que ele.
Nas passeatas de março e abril, eternizadas por multidões vestidas com camisas da CBF aos gritos de “vai pra Cuba!”, Kim tornou-se um líder prematuro do neo anticomunismo rastaquera da classe média paneleira nacional. Claro, com a conivência da mídia e de certa oposição ultraconservadora que vislumbrou na possibilidade do impeachment da presidenta Dilma Rousseff uma solução rápida para um mal de 13 anos: a ausência de votos.
Essa mistura de mídia conservadora com anseios golpistas, sabe-se, não é novidade alguma. Trata-se de um modelo udenista mais do que manjado.
Nem tampouco é novidade que dessa miscelânea despontem pessoas assim com status de liderança para, justamente, esconder quem realmente os controla e financia, a saber, os pilares de sempre do atraso pátrio, o grande capital rentista e o latifúndio.
O pequeno Kim é apenas parte dessa patética fauna de sociopatas convocados para a defesa da Pátria.
Absortos na fantasia de serem parte de um grandioso projeto nacional – o impedimento da presidenta da República –, Kim e seus camaradas organizaram-se em uma caminhada pretensamente cívica e a ela deram um nome solene: Marcha da Liberdade.
A ideia era reunir patriotas em torno de uma empreitada épica e cruzar os mais de mil quilômetros que separam a capital paulista de Brasília, no Planalto Central do Brasil.
Diante de um chamado desta monta, era mais do que óbvia a adesão de milhares de cidadãos e cidadãs indignados com a corrupção e os desmandos dos governos do PT. Tomariam, pois, as estradas, formariam um oceano verde amarelo sobre o asfalto e, enfim, entrariam triunfantes na Capital Federal, se possível, nos braços do tucano Aécio Neves, o quase-presidente.
Daí, seria uma questão de tempo até tirar a usurpadora do Palácio do Planalto e dar início a uma nova era com Michel Temer na Presidência. Mas algo deu terrivelmente errado.
Nunca se soube e, provavelmente, nunca se saberá, quantas pessoas participaram, de fato, da tal marcha. É certo que, com base nas informações mais otimistas, esse número nunca passou de duas dezenas.
Como à mídia nunca interessou mostrar a andança, também muito pouco, ou quase anda, soube-se do roteiro e da rotina da intrépida coluna.
Soube-se apenas, por declarações de Kim, que a marcha se desenvolveu ao ritmo de, ora 20 quilômetros, ora 40 quilômetros ao dia, a depender do clima, do ânimo e da capacidade física dos andarilhos.
Um cálculo básico, feito a partir de uma média tomada à caserna, de 4 quilômetros a cada uma hora de marcha, revela que a caminhada liderada por Kim foi tão verdadeira como a intenção de muitos de seus seguidores em fazer uma intervenção militar a favor da democracia.
Como os marchantes da liberdade alegaram ter percorrido de 20quilômetros a 40quilômetros por dia, na primeira hipótese, o grupo anti-Dilma gastaria, em média, 5 horas por dia para percorrer 20quilômetros.
Restariam 19 horas para descanso, necessidades fisiológicas, atividades lúdicas, leitura de apostilas da Escola Superior de Guerra e de livros do astrólogo Olavo de Carvalho.
Na segunda hipótese, os marchantes andariam 40quilômetros, numa média de 10 horas de caminhada diária pelas estradas de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal.
Como é bem provável que muitos desses rebeldes pró-impeachment nunca tenham caminhado 10 horas em um mês inteiro, melhor centrar na primeira hipótese, já bastante difícil de acreditar: 5 horas de marcha, 20quilômetros por dia.
Assim, em 24 de maio, 30 dias depois de a marcha ter deixado São Paulo, quando Kim e uma companheira de luta foram atropelados a 5 quilômetros de Alexânia, em Goiás, a trupe deveria ter percorrido 600 quilômetros.
Faltariam, portanto, quase 500 quilômetros até Brasília.
Ocorre que Alexânia fica a apenas 80 quilômetros da capital federal. Logo, Kim, ao ser abalroado por um motorista bêbado, estava a somente 85 quilômetros de seu destino.
Ou seja, do nada, sumiram da rota coisa de 400 quilômetros.
Das duas, uma: ou o Jaspion da TFP usou superpoderes para teletransportar a tropa em alguns trechos, ou, como mais do que se desconfia, os marchantes da liberdade passaram mais tempo em carros e ônibus de apoio do que, propriamente, com o pé na estrada.
Quando, finalmente, chegou em Brasília, Kim Kataguri caiu na real.
Na verdade, já tinha caído antes, quando, no meio da peregrinação, foi informado que Aécio Neves, o líder da resistência que nunca foi às manifestações, desistira de pedir o impeachment de Dilma.
Na capital federal, Kim tomou chá de cadeira para ser recebido pelas lideranças da oposição, até conseguir fazer um selfie com dois baluartes progressistas do Congresso Nacional, os deputados do PSC Marco Feliciano, profeta da cura gay, e Eduardo Bolsonaro, cria do próprio, com quem aprendeu a defender a ditadura, a tortura e redução da maioridade penal.
A mídia e parte alucinada da oposição haviam prometido a Kim reunir, numa apoteose revolucionária, 30 mil pessoas em Brasília.
Entre manifestantes e curiosos, feita uma soma generosa, apareceram umas 300 pessoas para receber Kim e seu triste Exército de Brancaleone em frente ao Congresso Nacional.
Não foi de todo mal.
Vai que, depois dessa, o moleque se anima a estudar de novo?
Fifa: Globo esconde que J.Hawilla é sócio de filho de João Roberto Marinho
Conseguirá a “vênus platinada” convencer o público – e a Justiça – de que “não sabia” que seus sócios pagavam propinas a cartolas pela transmissão de jogos de futebol?
Ao noticiar o escândalo de corrupção internacional de subornos no futebol que levou à prisão do ex-presidente da CBF, José Maria Marin, o Jornal Nacional da TV Globo omitiu informações relevantes ao telespectador.
A começar pelo fato de J.Hawilla ter sido diretor de esportes da própria Rede Globo em São Paulo – tendo sido antes repórter de campo – e já nessa época, começou paralelamente a comercializar placas de publicidade em estádios. Ali nascia o empresário com forte ligação com a emissora.
Em 2003 J.Hawilla fundou a TV TEM, sigla de Traffic Entertainment and Marketing, que forma uma cadeia de tevês afiliadas da Rede Globo no interior de São Paulo. As tevês de Hawilla cobrem quase metade do estado de São Paulo: 318 municípios e 7,8 milhões de habitantes, alcançando 49% do interior paulista. Entre as cidades cobertas estão, São José do Rio Preto, Bauru, Sorocaba e Jundiaí.
A dobradinha Hawilla-Globo não para por aí. Foi também do Grupo Globo que o empresário comprou, em 2009, o Diário de São Paulo. Ele já era dono da Rede Bom Dia, de jornais em cidades da área coberta pela TV TEM.
Faltou também o JN noticiar que os negócios da Globo com Hawilla que fazem parte da programação nacional da emissora. A produtora TV 7, que é da Traffic, faz os programas Auto Esporte e o Pequenas Empresas, Grandes Negócios, apresentados na Globo aos domingos, já há alguns anos.
Mas o que ninguém sabe e nem a Globo conta é que J.Hawilla é sócio de Paulo Daudt Marinho, filho e herdeiro de João Roberto Marinho, na TV TEM de São José do Rio Preto (SP).
João Roberto Marinho é um dos três filhos de Roberto Marinho que herdou o império da Rede Globo. O próprio João Roberto é sócio de dois filhos de J.Hawilla (Stefano e Renata) na TV TEM de Sorocaba (SP). Aliás a avenida em São José do Rio Preto onde fica a TV TEM ganhou o nome de Avenida Jornalista Roberto Marinho, em homenagem ao fundador da “vênus platinada”.
No Jornal Nacional de quarta-feira, dia 27/5, muito brevemente, William Bonner citou a Globo, como se quisesse dizer aos espectadores: “Não temos nada com isso”. O jornalista leu: “A TV Globo, que compra os direitos de muitas dessas competições, só tem a desejar que as investigações cheguem a bom termo e que o ambiente de negócios do futebol seja honesto”. Assim seco, sem entrar em detalhes.
J.Hawilla foi condenado nos Estados Unidos por extorsão, conspiração por fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e obstrução da Justiça. Os crimes foram cometidos na intermediação de subornos para cartolas da Fifa, da CBF e outras confederações de futebol por contratos de direitos televisivos e de marketing. Ele admitiu os crimes e, para não ir para a cadeia, delatou quem recebia propinas e negociou pagar multa de quase meio bilhão de reais.
Entre suas operações mais comuns estão propinas pagas à cartolagem dos clubes para intermediar a comercialização com emissoras de tevê, como a TV Globo, dos direitos televisivos de transmissão dos jogos.
Segundo o departamento de Justiça dos Estados Unidos, as empresas de tevê e de outras mídias pagavam à empresa de marketing de J.Hawilla, que conseguia os direitos de comercializar as transmissões, e depois repassava uma “comissão” aos cartolas.
As propinas acontecem há pelo menos 24 anos e envolveram jogos da Copa América, da Libertadores da América e do torneio Copa do Brasil, segundo os investigadores dos EUA.
Ao longo dos anos a maioria destes jogos no Brasil foram transmitidos com exclusividade pela TV Globo, que cedia alguns jogos para a TV Bandeirantes – mas sob limites rígidos – para livrar-se de acusações de concentração econômica e práticas anti-concorrenciais.
Se até o momento de fato não há acusações contra emissoras de tevês que tenham chegado ao conhecimento público, também é difícil afirmar que não pesam suspeitas. A Justiça dos Estados Unidos e o FBI disseram que as investigações estão apenas no começo.
Todo mundo tem direito à presunção de inocência e ao benefício da dúvida, mas depois de passar anos fazendo jornalismo na base da pré-condenação, testes de hipóteses, “domínio do fato” e do “ele não sabia?” para tentar fazer política demotucana, será difícil convencer o telespectador de que a Globo “não sabia” que seus sócios pagavam propinas a cartolas pela transmissão dos jogos que a emissora transmitiu.
Leão vai pra cima dos sonegadores do futebol
A luta contra a sonegação no Brasil, responsável por desvios estimados em mais de R$700 bilhões nos últimos 18 meses, tem passado por um saudável processo de tensionamento.
Possivelmente porque o Estado brasileiro, estressado pela queda na arrecadação, tenha se dado conta que é uma boa hora para consertar os vazamentos…
Além disso, o conceito de justiça fiscal, nunca trabalhado por nossa mídia (que também sonega), começa a ganhar adesão na sociedade.
Se quisermos um país mais justo, é preciso: 1) combater a sonegação e; 2) jogar o peso dos tributos menos para classe trabalhadora (e incluo a classe média nessa) e mais para as grandes fortunas, heranças milionárias e banqueiros.
Receita Federal investiga fraudes ligadas ao futebol desde 2002Essas auditorias resultaram em cobrança de tributos, multas e juros no valor de R$4,470 bilhões.
Desde o ano de 2002, a Receita Federal tem identificado e autuado pessoas físicas e jurídicas ligadas ou que mantém relações comerciais com entidades responsáveis pela organização do futebol no país, sejam elas de âmbito nacional ou regional.
Foram realizadas três operações especiais de fiscalização desde 2002, onde foram investigadas 96 pessoas físicas e jurídicas. Essas auditorias resultaram em cobrança de tributos, multas e juros no valor de R$4,470 bilhões. Algumas das pessoas citadas na recente operação promovida no âmbito do Poder Judiciário dos Estados Unidos da América estão no rol das autuações efetuadas pela Receita Federal, que por razões de sigilo fiscal, não pode nominá-las.
A área de Inteligência da Receita Federal acionou o Internal Revenue Service (IRS), a receita norte-americana, para conhecer os elementos fáticos da operação promovida contra pessoas ligadas à Fifa nesta semana e, com base em Acordo de Intercâmbio de Informações Fiscais (TIEA, sigla em inglês para Tax Information Exchange Agreements) ter acesso as provas que porventura ainda não sejam de conhecimento da Receita Federal.
Como o homem que tentou eleger Marina Silva virou escudo de Del Nero na CBF
José Maria Marin, ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), foi preso em Zurique (Suíça) na quarta-feira, dia 27/5. Marco Polo Del Nero, sucessor dele e atual mandatário da entidade, deixou o país europeu na quinta-feira, dia 28/5, desistiu de participar da eleição presidencial da Fifa e retornou ao Brasil, onde terá de lidar com a repercussão do escândalo que explodiu após ação liderada pelo FBI (polícia federal dos Estados Unidos). Enquanto isso, um senhor de olhos claros e voz mansa falava com jornalistas, circulava entre políticos e tentava articular a gestão de crise na instituição que comanda o futebol nacional. Menos de oito meses depois de ter tentado levar Marina Silva à Presidência da República, Walter Feldman, 61 anos, transformou-se em grande escudo da CBF.
Com a prisão do primeiro vice-presidente e o envolvimento do atual mandatário – Del Nero não foi indiciado ou citado nominalmente nas investigações, mas está entre os suspeitos de conspirações envolvendo Copa do Brasil e Copa América –, coube a Feldman a articulação da CBF em um dos momentos mais conturbados da história da entidade. Tudo isso para um dirigente que trabalha oficialmente na entidade há apenas um mês – convidado pelo novo presidente para ser secretário-geral da entidade, ele oficializou o acordo em dezembro de 2014, mas assumiu apenas no início do novo mandato, no dia 16 de abril.
“Conversei com parlamentares. Fui parlamentar. Sei como funcionam essas coisas”, explicou Feldman em conversa com o UOL Esporte.
Feldman é médico formado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e começou na vida pública em 1983, quando foi eleito vereador em São Paulo. Em dois mandatos, seguiu na Câmara Municipal até 1992 (como membro do PMDB no primeiro, e depois inscrito no PSDB, além de ter passado pelo PCdoB).
No PSDB, Feldman foi eleito deputado federal e recebeu em 1998 uma indicação para ser líder da Casa Civil na gestão do governador Mário Covas. Ocupou entre 2000 a 2002 a presidência da Assembleia Legislativa.
Eleito deputado federal em 2002, Feldman assumiu em 2005 a coordenação de subprefeituras no governo de José Serra em São Paulo. Dois anos depois, tornou-se secretário de Esportes, Lazer e Recreação do Estado, cargo que ocupou até 2011.
Depois de sair da secretaria, Feldman foi convidado pelo então prefeito Gilberto Kassab a ocupar a Secretaria Especial de Articulação em Grandes Eventos, criada para acomodá-lo com um salário de R$12 mil e a missão de viajar ao exterior a fim de conhecer a estrutura montada para competições esportivas de grande porte.
A mudança para Londres aconteceu em maio de 2011 e coincidiu com uma alteração na rota política de Feldman. Ele deixou em abril o PSDB, mas dirigentes do partido o acusam, segundo reportagem da Folha de S.Paulo de ter iniciado três anos antes, ainda na legenda, um plano de articulação para criação do partido Rede Sustentabilidade em torno da imagem de Marina Silva.
No início, ainda de acordo com a Folha de S.Paulo, correligionários de Marina foram resistentes a Feldman. Mas ele tinha apoio da ex-senadora, e isso ficou ainda mais claro em outubro de 2013, quando a Rede não conseguiu registro. De forma taxativa, o ex-tucano prometeu acompanhá-la em qualquer lugar. Ganhou assim a confiança plena da posterior candidata à Presidência da República pelo PSB.
Feldman foi coordenador de campanha de Marina e fez grande parte da articulação política em torno da candidatura dela. Com isso, acumulou capital a ponto de ter sido citado pelo jornal O Globo em fevereiro de 2014 como pré-candidato ao governo de São Paulo e por diversas publicações nos meses seguintes como o mais forte candidato a ocupar a Casa Civil em caso de vitória da ex-senadora.
Ainda em fevereiro, Feldman despediu-se da Câmara dos Deputados. Eleito quando ainda era do PSDB, ele decidiu pedir uma licença até o fim do mandato, em fevereiro de 2015, por considerar que seria “constrangedor” exercer o cargo como membro do PSB, partido com visão antagônica.
Esse é outro ponto que mostra o poder de articulação de Feldman. O atual secretário-geral da CBF passou por partidos como PCdoB, PMDB, PSDB e PSB, tentou estruturar a Rede e ainda flertou com o PSD.
Em meio a essa mudança, Feldman conseguiu se posicionar como crítico do PSDB, partido que ajudou a fundar. “O PSDB hoje é incapaz de se constituir como partido de oposição, de se renovar e de compreender a derrota eleitoral. O PSDB hoje está preso a um projeto de poder, precisa retomar seus rumos e refazer suas práticas orgânicas”, afirmou em 2011 em entrevista ao UOL. Meses depois, porém, na contramão dos defensores da dicotomia política das redes sociais, ele também disparou contra o PT: “Todo esse cinismo não é surpresa. O PT é o partido dos dois discursos, adota aquele que mais se adapta ao momento. Na oposição, era um. No governo, é outro”.
A ascensão de Feldman à Secretaria Geral da CBF tem a ver com esse perfil. Trata-se de um profissional com excelente trânsito no meio político, algo que ficou claro nos últimos dias, e que consegue adaptar críticas e discursos a cada situação. “Queremos que haja investigação. É até bom para a CBF. Eu mesmo falei com o ministro da Justiça hoje [quinta-feira, dia 28/5], em Brasília. Estamos à disposição para responder a qualquer pergunta”, discursou.
Também foi Feldman o interlocutor procurado por Del Nero para conversar quando o escândalo da Fifa explodiu. Em meio a um escândalo que tem colocado as principais lideranças do futebol nacional em xeque, o cartola maleável tem conseguido se adaptar mais uma vez.
Legenda: Criticado por Juca Kfouri numa coluna da Folha de S.Paulo, Feldman enviou uma carta ao jornal fazendo uma previsão que, considerando as notícias das últimas horas, só pode ser vista como piada.
Especialista de Harvard alerta sobre interesses dos EUA em crise na Fifa
“Eu estou chocado, você não está?”, diz John Shulman ao atender a reportagem do UOL. Ele tem uma opinião diferente sobre o envolvimento dos Estados Unidos no escândalo da Fifa. Professor convidado da Fundação Dom Cabral, especialista em mediação de negociações, cofundador do Centro para a Negociação e a Justiça dos EUA, e formado em Direito pela Universidade de Harvard, ele acredita que a intervenção “não teve cunho legal, mas geopolítico”.
“Com essa ação, os EUA enviam dois recados. Para o mundo, o de que o nosso sistema legal pode te pegar se você estiver fazendo algo errado. Internamente, mostramos que tomamos a iniciativa de resolver a corrupção dos outros”, diz o professor.
E John entende tanto de geopolítica quanto de futebol. Seu currículo de mediador inclui diversos trabalhos ao redor do mundo, incluindo no Oriente Médio, na Índia e em Ruanda. Sobre o “soccer”, uma curiosidade: o hoje professor já jogou profissionalmente na Índia, onde, segundo ele, foi o primeiro jogador ocidental por aquelas bandas.
“Os Estados Unidos nunca deram a menor bola para o futebol. De repente, pela primeira vez na história, o The New York Times vem com a primeira página inteira falando do assunto. Aí eu me pergunto: por quê?”, questiona John. Para o professor, há vários pontos obscuros no envolvimento norte-americano. “A logística de uma operação internacional deste porte simplesmente não vale a pena. Até porque não há um número de vítimas nos EUA que justifiquem tamanha mobilização”, argumenta ele. “Há empresas nos EUA muito mais corruptas do que a Fifa, pode ter certeza”, crava o especialista.
“Para mim, trata-se claramente do seguinte: são os EUA mobilizando seu aparato legal interno em prol de questões geopolíticas. No caso, para colocar pressão na Rússia (sede da Copa de 2018), com quem o país tem tido problemas recentemente, e no Qatar (sede da Copa de 2022), onde também existem questões geopolíticas”.
John cita ainda a chance para os EUA desestruturarem uma organização que, corrupta ou não, tem tentáculos de poder que fogem ao seu alcance. “A ONU está presente em vários países, mas os EUA têm poder sobre ela. Isso não acontece com a Fifa, o que causa uma ruptura da hegemonia norte-americana.”
Quer dizer, se você está feliz que alguém finalmente tomou a iniciativa de enquadrar a Fifa, comemore com moderação. “É claro que a Fifa é corrupta. Todo mundo sabe disso. Mas os EUA não estão fazendo isso pelo bem do futebol”, completa John.
Corrupção na Fifa: Quais são os negócios do réu confesso com a Globo
Dono da Traffic, J.Hawilla comprou a TV TEM, uma cadeia de afiliadas da emissora no interior.
O empresário brasileiro José Hawilla, conhecido como J.Hawilla, réu confesso no escândalo de corrupção envolvendo a Fifa e diversas empresas de marketing esportivo, é um parceiro de longa data da Rede Globo de Televisão.
Sócio de Ronaldo Fenômeno no projeto do Fort Lauderdale Strikers, time da 2ª divisão da Major League Soccer (Liga de Futebol Profissional dos Estados Unidos), o jornalista de 71 anos comprou uma cadeia de afiliadas da emissora no interior de São Paulo, conhecida como TV TEM, e possui outras ligações com a empresa carioca, como a produtora TV 7, responsável pela realização de programas como Auto Esporte e Pequenas Empresas, Grandes Negócios.
Responsável por dirigir a área de esportes da Globo em São Paulo no fim dos anos 70, Hawilla comprou a filiada da emissora, que hoje é a maior em extensão, cobrindo metade do Estado de São Paulo, em 2003, repassando, conforme declarado, 10% do negócio para a emissora, ao menos nos primeiros anos. Mais de uma década depois, a TV TEM alcança 318 municípios e 7,8 milhões de habitantes, segundo reportagem publicada pelo jornal Folha de S.Paulo. Como braço direito da rede filiada, o empresário aproveitou para montar a Rede Bom Dia, conglomerado de jornais em cidades da área coberta pela TV TEM.
Figura-chave do esquema na Fifa, Hawilla, que também comprou o jornal Diário de S.Pauloem 2009, no período em que estava na Globo, assumiu a organização e a comercialização dos direitos de tevê e patrocínios da Copa América no ano de 1987. Já sua ligação comercial com a CBF veio quando Ricardo Teixeira assumiu a presidência da entidade máxima do futebol brasileiro.
A partir de 1990, quando já tinha se tornado um dos principais nomes dos bastidores esportivos do futebol brasileiro, Hawilla enfim conseguiu, por meio da Traffic, negociar diretamente com a Fifa, principal investigada pelo FBI no escândalo de corrupção.
Hawilla, que ainda gerencia a rede TV TEM e que em 2000 chegou ao ápice de sua parceria com a Fifa ao transmitir com exclusividade o Mundial de Clubes no Brasil, por meio da TV Bandeirantes, já se dispôs a devolver US$151 milhões (R$450 milhões) adquiridos de forma ilícita nas negociações envolvendo direitos de transmissões de campeonatos como Copa América e Copa do Brasil e agora aguarda as cenas dos próximos capítulos para saber se sua delação premiada é suficiente para se manter longe da cadeia.
Lembrando que, além da TV TEM, Hawilla também criou, via Traffic, um centro de treinamentos para formação de atletas na cidade de Porto Feliz, no interior de São Paulo, e um time de futebol para registrar esses novos talentos, o Desportivo Brasil.
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POR QUEM CHORA MARCELO CAMPOS PINTO, O HOMEM FORTE DO FUTEBOL DA TV GLOBO
Diretor da Globo surpreende, faz discurso em festa do Paulista e chora ao falar de cartola.
Diretor da Globo surpreende, faz discurso em festa do Paulista e chora ao falar de cartola.
Uma das principais cenas da festa de encerramento do Paulista foi o discurso de Marcelo Campos Pinto, diretor da Globo Esporte. Convidado para subir ao palco para entregar um dos prêmios da noite, o executivo aproveitou o momento para passar uma mensagem. Falou do atual momento do futebol, fez agradecimentos e se emocionou com o microfone na mão.
Marcelo lembrou de cada um dos últimos presidentes da CBF, fazendo elogios a todos eles, desde Ricardo Teixeira a Marco Polo Del Nero, que assumiu em abril. Disse que José Maria Marin inscreveu o nome na história do futebol brasileiro e que um dos seus grandes acertos foi a mudança de formato da Copa do Brasil.
“2015 vai entrar na história do futebol brasileiro como um grande ano. O ano em que há poucas semanas o presidente José Maria Marin passou o bastão para o presidente Marco Polo. Presidente Marin, em nome do grupo Globo, em meu nome, eu gostaria de agradecer todo o carinho, toda a atenção com a qual o senhor sempre nos brindou, sempre aberto a discutir os temas que interessam ao futebol brasileiro, dos quais me permito destacar, o novo formato da Copa do Brasil, que deu mais charme a essa competição promovida pela CBF, que é a verdadeira competição do futebol brasileiro”, disse o diretor.
As lágrimas nos olhos e a voz embargada vieram quando Campos Pinto desejava sorte a Reinaldo Carneiro Bastos, novo presidente da Federação Paulista de Futebol. Os convidados se surpreenderam com a reação do executivo.
“Querido Reinaldo [pausa]. Fico até um pouco emocionado em lhe homenagear como um pai de família, como um amigo carinhoso, como uma pessoa que veio construindo seu nome no futebol e que sabe realmente o alfabeto do futebol que é tão complexo”, discursou.
“O parabenizo [a Reinaldo], e também ao Marco Polo, pelo Campeonato Paulista de 2015, recorde de público e de renda quebrados, jogos eletrizantes, semifinais inacreditáveis, com estádios lotados, duas finais de tirar a emoção de todos nós, com públicos presentes e audiências jamais vistas. Parabéns a todos vocês”, seguiu.
Leia o discurso completo de Marcelo Campos Pinto.
“Mais importante do que comprar uns campeonatos é conviver com o mundo do futebol. É um prazer imenso”, começou a falar, logo depois iniciando uma série de cumprimentos.[...] Excelentíssimo senhor Juan Ángel Napout, ilustre presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol. Excelentíssimo senhor Marco Polo Del Nero, presidente da Confederação Brasileira de Futebol, com quem tenho o privilégio de conviver assiduamente há mais de 11 anos. Ilustríssimo presidente, ex-presidente, da Confederação Brasileira de Futebol, mas como muito bem acentuou Marco Polo, o eterno presidente José Maria Mari. Excelentíssimo, queridíssimo amigo de mais de duas décadas, Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista de Futebol.2015 vai entrar na história do futebol brasileiro como um grande ano. O ano em que há poucas semanas o presidente José Maria Marin passou o bastão para o presidente Marco Polo. Presidente Marin, em nome do grupo Globo, em meu nome, eu gostaria de agradecer todo o carinho, toda a atenção com a qual o senhor sempre nos brindou, sempre aberto a discutir os temas que interessam ao futebol brasileiro, dos quais me permito destacar, o novo formato da Copa do Brasil, que deu mais charme a essa competição promovida pela CBF, que é a verdadeira competição do futebol brasileiro.O apoio às Séries C e D no Campeonato Brasileiro, que em outros tempos tinham de abrir mão de participar porque não tinham como pagar as passagens e hospedagens. A sua visão de homem do futebol fez com que a CBF passasse a patrocinar essas competições e melhorasse o nosso futebol.A Granja Comary, toda reformada, para a formação de nossos futuros craques. E por que não dizer da sede da CBF, a José Maria Marin? Presidente, o senhor inscreveu o seu nome na história do futebol, tendo sucedido um grande presidente, que foi Ricardo Teixeira.Presidente Marco Polo, quero lhe dizer que repito as palavras de atenção e carinho, de colaboração, a você. Espero continuar essa parceria de sucesso que foi feita na Federação também na CBF. Desejo sucesso a você, não é uma dúvida, é uma garantia, dado o seu passado, de um homem que conhece profundamente o futebol.Querido Reinaldo, fico até um pouco emocionado em lhe homenagear como um pai de família, como um amigo carinhoso, como uma pessoa que veio construindo seu nome no futebol e que sabe realmente o alfabeto do futebol que é tão complexo. O parabenizo, e também ao Marco Polo, pelo Campeonato Paulista de 2015, recorde de público e de renda quebrados, jogos eletrizantes, semifinais inacreditáveis, com estádios lotados, duas finais de tirar a emoção de todos nós, com públicos presentes e audiências jamais vistas.Parabéns a todos vocês. Parabéns ao presidente Modesto Roma, do glorioso Santos. Parabéns ao presidente Paulo Nobre, do não menos glorioso Palmeiras. E um detalhe importante para encerrar e não tomar o tempo de vocês. Dois clubes que lutaram com dificuldades financeiras extremas, mas graças a dedicação e competência de seus dirigentes, que mostraram que administrações austeras também podem ser campeãs. Parabéns.”
Por que a Polícia Federal se sentou em cima das fraudes da CBF nestes anos todos?
Foi necessária a pressão no cangote da secretária de Justiça norte-americana, Loretta Lynch, para a PF tomar uma atitude com relação à CBF. Um inquérito foi aberto no Rio. O ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, acha que há indícios de que os crimes apurados pelo FBI tenham sido cometidos aqui. Bidu.
Na noite anterior, quarta-feira, dia 27/5, a PF deu uma geral em companhias do empresário Kleber Leite, ex-presidente do Flamengo ligado a J.Hawilla, delator do esquema da Fifa.
De acordo com as autoridades dos EUA, a investigação remonta a 24 anos de irregularidades. Nesse período, a CBF, que está no centro do caso, operou com gás total. Onde estava a PF nesse tempo todo? Onde as detenções barulhentas, as operações com nomes criativos?
Segundo a Folha, houve 13 sindicâncias em 15 anos contra a CBF. Nenhuma jamais deu em nada. Uma reportagem do Lance de quatro anos atrás oferece alguns motivos.
Em 2009, a CBF foi a principal patrocinadora do 4º Congresso Nacional da Associação de Delegados Federais, em Fortaleza. A confederação teria desembolsado R$300 mil. Ricardo Teixeira, presidente à época, foi convidado a participar de um painel sobre a Copa de 2014.
O superintendente da PF na ocasião, responsável pela investigação contra Teixeira, era o amigo Valdir Lemos de Oliveira. Os delegados ainda disputaram um torneio na Granja Comary, onde a seleção treina, cedida por Teixeira.
Um ano depois, a CBF bancou uma viagem de um coral de policiais federais aposentados para a Argentina. Uma nota oficial assegurava que o investimento foi “pontual”: “O patrocínio da CBF ao coro de vozes, realizado em 2010 para o evento Cantapueblo, na Argentina, foi única e exclusivamente de caráter cultural”.
Se isso não é conflito de interesses, o que é?
Nos últimos meses, a Polícia Federal tornou-se objeto de devoção de debiloides fascistas revoltados online por causa de sua suposta cruzada moralizadora. Ninguém acha estranho, por exemplo, que todos os envolvidos no caso Helicoca, inclusive os traficantes apanhados em flagrante, estejam livres, leves e soltos.
Gente como Teixeira, Marin, Del Nero, Hawilla et caterva vem dizimando o futebol brasileiro há décadas, impunemente, enquanto se locupleta. Vamos ver se um agente da nossa valorosa PF tem a coragem de praticar tiro ao alvo com uma foto de Loretta Lynch, como fizeram com Dilma.
O Brasil desconhece potencial do subsolo amazônico
Mineração Levantamento Aerogeofísico mapeia só 30% da Amazônia.
“O potencial mineral da região Norte é imenso, mas o Brasil desconhece o que há no subsolo da Amazônia Legal.” A afirmação é de Marcelo Tunes, diretor de assuntos minerários do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). Segundo Tunes, apenas 30% da região já foi mapeada por meio de levantamentos aerogeofísicos, que geram informações em escalas adequadas para a pesquisa mineral. “Na região amazônica, a pesquisa em solo é muito cara, devido ao difícil acesso as potenciais províncias minerais. Poucos se arriscam sem informações prévias adequadas que minimizam os riscos”, diz.
Apesar de conquistadores espanhóis e portugueses terem percorrido ainda no século 16 o rio Amazonas em busca do Eldorado, a mítica cidade de ouro e pedras preciosas, foi apenas nos anos 1950 e 1960 que a produção mineral se tornou significativa na região. Primeiro com a exploração de manganês, na Serra do Navio, no Amapá, a garimpagem de ouro em Tapajós, no Pará, e de cassiterita, em Rondônia. Nos anos 1970 tiveram início a exploração de bauxita, na região de Trombetas, no Pará, e de caulim no Amapá. Os anos 1980 foram marcados pela entrada em operação de Carajás e a garimpagem de ouro em Serra Pelada, províncias que despertaram atenção mundial para o Norte.
As reservas minerais conhecidas da Amazônia Legal respondem por 87,4% do estanho brasileiro, 95,3% da gipsita, 80,8% da bauxita, 75% do cobre, 72,8% do caulim, 35,8% do manganês e 30,5% do ferro. Das 59 minas existentes na região, 28 estão no Pará, 13 no Tocantins, nove no Amazonas, sete em Rondônia e duas no Amapá.
Em 2014, a região Norte foi responsável por 35%, ou seja US$14 bilhões dos US$40 bilhões de receita da produção mineral brasileira. Do total da região, US$8,5 bilhões foram provenientes da exploração de minério de ferro do Pará e US$5,5 bilhões dos demais projetos minerais.
O Ibram projeta que a mineração terá investimentos de US$53,6 bilhões entre 2014 e 2018, sendo que por volta de US$14 bilhões serão destinados a região Norte. A produção de minério de ferro no Pará deve receber entre US$9 bilhões e US$10 bilhões em investimentos.
Fora de Carajás, o principal projeto mineral previsto para os próximos anos no Norte é o da empresa de controle canadense Potássio do Brasil, que planeja investir por volta de US$2 bilhões na exploração de potássio, insumo básico de fertilizantes, em jazidas no município de Autazes e na vila de Uricurituba, na bacia do rio Madeira, no Amazonas. As reservas já detectadas somam 600 milhões de toneladas de minério, que são suficientes para uma produção anual de 2,2 milhões de toneladas de cloreto de potássio durante 34 anos, volume que representa aproximadamente 25% da demanda anual brasileira.
Hélio Diniz, diretor operacional da companhia, diz que o projeto encontra-se em fase de análise de sua viabilidade técnica e financeira. Os estudos de impacto ambiental foram entregues em janeiro ao Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) e a licença prévia, que atesta a viabilidade do empreendimento, é aguardada para os próximos dois meses. “Os investimentos produtivos devem se iniciar a partir de 2017 e a mina deve começar a operar em 2019. Nosso objetivo é atender principalmente os mercados do Norte e do Centro-Oeste do país”, diz.
Em 2014, a produção da Mineração Rio do Norte (MRN), a maior produtora nacional de bauxita, a matéria-prima do alumínio, somou 18 milhões de tonelada, utilizando a capacidade máxima da mina localizada no rio Trombetas, em Oriximiná (PA). Do total produzido, 54% foram destinados ao mercado interno e o restante exportado, sendo 19% para os Estados Unidos, 13% para o Canadá, 10% para a Europa, 3% para a China e 1% para a Índia.
O impacto da redução de produção de alumínio no Brasil, com a interrupção de unidades produtivas, como a da Alcoa em São Luís do Maranhão, não deve afetar significativamente a produção mineral da MRN. José Luiz Martins, diretor de operações da mineradora, diz que a projeção para 2015 é de 17,6 milhões de toneladas, que serão destinadas completamente aos acionistas da companhia, que são a própria Alcoa, a Vale, CBA, Hydro, Rio Tinto Alcan e BHP Billiton. A mineradora não tem planos de ampliar sua capacidade no momento.
De dono do futebol brasileiro a delator: A ascensão e queda de J.Hawilla
Quando os agentes do FBI invadiram o hotel Baur au Lac, em Zurique, os executivos da Fifa que estavam prestes a serem presos devem ter se perguntado: “Quem nos dedurou?”. Um deles era muitíssimo conhecido porque, entre outros, cuidou da comercialização de direitos internacionais da Copa do Mundo de 2014, por meio da empresa que comprou nos anos 1980. José Hawilla, dono da Traffic, chegou a ser um dos homens mais poderosos do futebol brasileiro, e hoje, tornou-se um dos delatores premiados do megaesquema da Justiça norte-americana contra a corrupção na Fifa.
J.Hawilla, como ficou conhecido pelo grande público, 71 anos, confessou extorsão, fraude eletrônica, lavagem de dinheiro, obstrução da justiça e concordou em devolver U$151 milhões (cerca de R$475 milhões). Segundo a Folha de S.Paulo, vive em liberdade nos EUA por causa do acordo que firmou com o governo. Aparece envolvido na negociação dos direitos comerciais dos torneios, como a Copa do Brasil, um dos primeiros que adquiriu em 1990 e manteve até agora.
Hawilla nasceu em São José do Rio Preto e ganhou a chance de mudar de vida na cidade grande por meio do futebol. Era radialista e gerenciava a Rádio de Votuporanga quando foi convidado a trabalhar na Rádio Bandeirantes. Virou repórter de campo da Rede Globo, chegou a apresentar o Globo Esporte e liderar uma greve que causou seu afastamento da emissora por 100 dias. Durante o desemprego, perdeu a vontade de trabalhar para os outros. Comprou a Traffic, em 1980, à época uma empresa de anúncios de ponto de ônibus (daí o nome “tráfego”). O embrião da maior empresa de marketing esportivo do Brasil.
Mas como um jornalista do interior de São Paulo, muitas vezes chamado pela imprensa de dono do futebol brasileiro, conseguiu ganhar tanta influência a ponto de negociar os direitos de transmissão dos torneios da CBF, dos amistosos da seleção brasileira, da Libertadores, da Copa do Mundo, intermediar o milionário contrato do time então tetracampeão do mundo com a Nike, participar da criação do primeiro Mundial de Clubes da Fifa e ser considerado pela World Soccer o 56º homem mais influente do futebol? Fórmula bem simples: levando um sopro de profissionalismo a um esporte constrangedoramente amador.
É nesse vácuo que forasteiros costumam entrar no futebol. Ninguém comercializava direito as placas de publicidade em volta dos gramados dos estádios até J.Hawilla usar a sua empresa para fazer isso, e nada agrada mais os dirigentes brasileiros do que terceirizar o trabalho e apenas recolher os lucros. Sugeriu, em 1982, a Giulitte Coutinho que a CBF vendesse todos esses espaços nos torneios organizados por ela. Foi a sua porta de entrada à entidade.
A Copa do Brasil mal havia nascido, e Hawilla já havia garantido os direitos comerciais da competição. Ricardo Teixeira um dia afirmou que José Hawilla foi o primeiro a conseguir levar patrocínios a CBF que não fossem governamentais, e o contrato de dez anos em 1996 com a Nike foi o ápice disso. Os US$160 milhões que a empresa norte-americana desembolsou naquela época foram o impulso financeiro que levou a entidade a se tornar milionária de uma vez por todas. Segundo a investigação norte-americana, a brincadeira rendeu US$15 milhões a Teixeira e US$40 milhões à Traffic. Esse negócio foi alvo de uma CPI do Congresso brasileiro, mas a investigação terminou em pizza.
Ainda mais dinheiro entrou na conta corrente da empresa em 1999, quando a Hicks, Muse, Tate & Furst, parceira do Corinthians, comprou 49% da empresa brasileira. O grande negócio de Hawilla naquela época foi ajudar na criação e na divulgação do primeiro Mundial de Clubes da Fifa, realizado no Rio de Janeiro. Era detentora dos direitos de exibição da competição ao lado da TV Bandeirantes, que havia se tornado a sua parceira em 1998. Os tentáculos da Traffic estendiam-se do marketing esportivo para direitos de transmissão, organização de torneios e intermediação de contratos.
Quando o panorama do mercado de direitos comerciais começou a mudar e a concorrência cresceu, isso tudo aliado a uma profissionalização maior dos clubes, a empresa enfrentou alguns problemas e teve que se reinventar. Entrou no ramo de agenciar jogadores. O Desportivo Brasil foi fundado em 2005 para registrar os jogadores que a empresa contratava e emprestava às vitrines dos grandes clubes. Firmou uma parceria mais ativa, em 2007, com o Palmeiras, que culminou com o título do Campeonato Paulista do ano seguinte. Chegou a agenciar aproximadamente 90 jogadores, entre eles Darío Conca e Hernanes. Em 2010, colocou o pé na Europa ao comprar o Estoril Praia, de Portugal.
Novamente, pegava o vácuo do profissionalismo, mas o cenário novamente mudou. O polpudo contrato de televisão que os clubes assinaram em 2011 encheu os seus cofres, e o investimento da Traffic não era mais tão necessário. Mais uma reinvenção foi necessária, mas Hawilla já estava perdendo fôlego. Deixou o Brasil para morar nos Estados Unidos, em 2013, e deixou os seus negócios nas mãos dos filhos. Entre eles, além dos clubes e dos jogadores, as vendas dos camarotes do Allianz Parque e a comercialização dos direitos de torneios como a Libertadores e a Copa do Brasil.
Alguns anos antes, em 17 de maio de 2010, quando organizou uma festa gigante para comemorar os 30 anos da Traffic, foi tietado por Pelé, Ronaldo e Ricardo Teixeira. Recebeu a presença de Geraldo Alckmin, Gilberto Kassab e Aloysio Nunes, à época a cúpula do PSDB paulista. Faturava nas centenas de milhões de dólares e estava com mais influência do que nunca. Mal sabia que os dias de glória estavam chegando ao fim. Com Hawilla exposto, assim como suas práticas, e a multa de quase R$500 milhões, é perfeitamente possível questionar qual será o futuro da Traffic, ou mesmo se ela ainda tem um. Querendo ou não, é um dos personagens mais presentes do futebol brasileiro nas últimas décadas.
Estudantes dos EUA nas escolas de medicina de Cuba
Cerca de 250 estudantes norte-americanos transitam pelas escolas de Medicina e constroem com sua presença uma convivência proveitosa entre as duas nações.
Já parecem cubanos pelo efeito do sol sobre a pele. À simples vista só os delata o inconfundível acento gringo em sua fala, por muito que os cubanismos mais rotundos façam parte habitual dos seus diálogos.
Cerca de 250 estudantes norte-americanos transitam pelas escolas de Medicina e pelo sistema sanitário desse arquipélago desde o ano 2000 e constroem com sua presença uma das páginas mais reveladoras de convivência proveitosa entre ambas as nações.
Os primeiros doutores surgidos de um programa sonhado entre o Caucus Negro Congressional (CNC) do Congresso estadunidense e o ex-presidente Fidel Castro – canalizado depois pela organização Pastores pela Paz (IFCO) – já estão voltando para as comunidades do seu país, enquanto que nas aulas caribenhas ainda se formam várias dezenas e a cada ano chegam novos alunos.
Na interação são quebrados preconceitos e estereótipos. Assumirem-se iguais e diferentes parece o ensino maior.
Cassandra
O ritmo asfixiante da havaneira rua Monte desaparece enquanto se sobem as escadas até a casa. Na sala se entretém com a avó o desperto Atuey Fénix (cujo nome de aborígene rebelde os pais registraram sem H, para que soe foneticamente igual em espanhol e inglês) enquanto o computador reproduz antigos capítulos da série Vila Sésamo.
O ritmo asfixiante da havaneira rua Monte desaparece enquanto se sobem as escadas até a casa. Na sala se entretém com a avó o desperto Atuey Fénix (cujo nome de aborígene rebelde os pais registraram sem H, para que soe foneticamente igual em espanhol e inglês) enquanto o computador reproduz antigos capítulos da série Vila Sésamo.
É a paisagem do lar de Cassandra Cusack Curbelo, uma das poucas cubano-americanas beneficiadas com bolsas gratuitas para formar-se doutora no país de sua mãe.
“Sou bastante cubana como para não ser extraterrestre aqui, mas bastante norte-americana como para que me vejam como uma louca”, diz sorrindo enquanto prepara para Atuey hambúrgueres vegetarianos feitos de grãos moídos.
Nascida em Hialeah, mas criada em Chicago, aos 30 anos Cassandra decidiu sair do seu trabalho de relações públicas em uma organização de ativistas.
“Eu queria fazer algo sustentável. Os conhecimentos da Medicina nunca estarão fora de moda nem se fossilizarão”, recorda enquanto evoca um amigo da família que lhe facilitou obter uma vaga entre as capacidades outorgadas aos grupos de solidariedade pelo Ministério de Relações Exteriores de Cuba.
Ao chegar, em 2008, a situaram como todos os estadunidenses na Escola Latino-Americana de Medicina (Elam), em Praia Baracoa, a oeste de Havana (“no fim do mundo”, gargalha Cassandra) e daí passou a completar matérias no hospital mais próximo, Salvador Allende, ainda nomeado segundo a virgem catalã de seus construtores: “La Covadonga”.
“Não gosto da Medicina elitista e, nos Estados Unidos, os médicos quase todos são brancos, de famílias ricas, que estudam em idades precoces, não querem ter trabalho e, geralmente, não te escutam, nem te olham, nem te tocam e cobram US$100,00 só para aparecer [...]. Encanta-me a forma como falam os médicos daqui. Meus professores são muito naturais e amistosos”, assegura.
“O programa não obriga a fazer nada a ninguém”, responde Cassandra à pergunta sobre a possível exigência de um gesto político em troca do seu título. Não seria extraordinário nem raro para os costumes de Cuba: pedir, como pagamento pelo ensino gratuito, um tempo de dedicação a uma zona desfavorecida. Mas Cassandra insiste em negar.
“Entre nós há pessoas que não interessa servir ninguém. Dizem: saio daqui, faço minha residência e depois “o bilhete” [a carteira]. Mas outros, a maioria, temos sonhos. Eu quero montar com amigos uma clínica em Nova Orleans, e outros pensam em Detroit e, inclusive, temos pensado em colocar uma clínica em um terceiro país pobre, pela qual passemos em nossas férias e possamos ajudar um pouco”.
Joanna
Quem a conheceu em Havana a recorda por seu espírito inquieto e vocação de serviço. Foi uma ativa e reconhecida estudante em seus anos cubanos. Portanto, não surpreendeu seus professores e amigos saberem que apenas conseguiu entrar no difícil sistema de especialidades médicas do seu país, Joanna Mae Sauers se alistou como voluntária para combater o Ebola na África.
Quem a conheceu em Havana a recorda por seu espírito inquieto e vocação de serviço. Foi uma ativa e reconhecida estudante em seus anos cubanos. Portanto, não surpreendeu seus professores e amigos saberem que apenas conseguiu entrar no difícil sistema de especialidades médicas do seu país, Joanna Mae Sauers se alistou como voluntária para combater o Ebola na África.
Ao Cooper Hospital, de Monróvia, na Libéria, chegou Sauers depois de tratar de inserir-se na brigada médica cubana que trabalhou lá.
“Estive interessada em trabalhar voluntariamente com os doutores cubanos, mas me disseram que não estavam recebendo nenhum graduado da Elam, dadas as circunstâncias da epidemia. Sem dúvidas, é o exemplo deles e a minha experiência em Cuba o que me inspirou a fazer este trabalho”, assegura direta em nossa troca de mensagens.
A ideia de integrar-se a uma brigada cubana não era nova para Joanna, aluna de especialistas que viajaram para lugares tão diferentes, como Paquistão, Angola, Venezuela ou Haiti, e em alguns casos inseriram médicos nativos graduados em Cuba como parte da sua “missão”. A ela, ademais, a proximidade com o arquipélago caribenho chegou desde sempre através da solidariedade.
“Escutei sobre o programa por um amigo e solicitei as bolsas através do IFCO/Pastores pela Paz. Existem alguns requisitos básicos para entrar, por exemplo, um pagamento pela solicitação, uma entrevista e uma orientação. Primeiro, deve ser aprovado pela organização e depois aceito dentro do programa pela Escola. O que se busca, sobretudo, são solicitantes que tenham uma provada dedicação para servir aos necessitados”.
“A maioria das pessoas que me conhecia nos Estados Unidos se surpreenderam muito quando souberam que eu iria estudar em Cuba. Não sabiam que fosse possível e se assombravam mais quando descobriam que o programa é uma bolsa completamente gratuita, garantida pelo governo cubano. Todos ficavam intrigados de que uma oportunidade assim existisse”.
Mae Sauers viveu no campus da Elam quase como todos os estudantes estrangeiros de primeiro a terceiro ano, mas logo buscou alugar perto do hospital “La Covadonga”. Conhecer a fundo a cultura dos cubanos e também os valores de outros amigos, provenientes da África, América do Sul e do Caribe, foi para ela uma aprendizagem tão importante quase como o próprio treinamento médico.
“Não havia nada melhor do que visitar meus amigos nas províncias e compartilhar com eles uma boa comida típica cubana, sobretudo, esse prato de ‘yuca’ [tubérculo] com molho, arroz com feijão, banana frita, salada e porco assado… Me dá água na boca quando penso nisso!”, confessa.
Instrumentos para a normalização
Cassandra e Joanna são, como seus compatriotas graduados e por graduar, pequenas superfícies de interação entre dois países com um antigo enfrentamento ideológico. Elas vivem a experiência de conviverem sem traumas e mostram que é possível manter relações de mútuo benefício.
Cassandra e Joanna são, como seus compatriotas graduados e por graduar, pequenas superfícies de interação entre dois países com um antigo enfrentamento ideológico. Elas vivem a experiência de conviverem sem traumas e mostram que é possível manter relações de mútuo benefício.
Por exemplo, o fechado sistema médico estadunidense (qualificado por muitos como endogâmico e elitista) começa a aceitar os diplomados em Cuba, como atesta Joanna, um dos mais recentes 13 estadunidenses da Elam que passaram nas provas para cursar especialidades médicas em seu país.
“Para mim, não foi particularmente difícil conseguir a residência nos Estados Unidos”, assegura Mae Sauers. “Tive que seguir os passos dos exames USMLE, que é exigido para qualquer estudante de Medicina e requer conhecimentos rigorosos. Fiz tudo o que pude para conseguir tanta experiência clínica nos Estados Unidos, como a que pude experimentar em Cuba. Isso supôs passar boa parte das minhas férias de verão em observações e rotações clínicas no meu país. Tive muitos programas de especialidades competitivas interessados em mim como bolsista, porque a Elam já é reconhecida pelos vários graduados que regressaram antes do que eu, e aqueles que conhecem sobre nós e sobre o sistema médico cubano valorizam muito a nossa formação”.
Essa percepção positiva também se nota, inclusive, no Estado da Flórida, acredita, por sua parte, Cusack Cuberlo, que afirma conhecer hospitais nortistas interessados em captar doutores como ela. “Eu sei do Baptist Hospital e do Miami Jackson”, revela.
Jogando essas cartas, a maioria dos nortistas retornam ao terminar o sexto ano, de dezembro de 2014 para cá a meio caminho entre receosos das promessas e esperançosos com a possibilidade de contar por fim com sua própria embaixada.
“Eu como norte-americana sou muito cínica, e digo que enquanto nada esteja escrito, nada está acontecendo, e pode se falar tudo o que se fala, mas tudo pode ser apenas palavras”, se arrisca a dizer Cassandra: “Esta é a virgem do Caribe e todos os lobos estão salivando para entrar”, acrescenta.
“Penso que a aproximação é útil para os dois países”, termina Joanna. “Cuba é um exemplo para o mundo em atendimento e educação médica de alto nível. Os Estados Unidos e boa parte do mundo têm uma necessidade desesperada de doutores para a atenção primária. Como graduados desse programa, nós podemos prover serviços de saúde para os necessitados e compartilhar nossa experiência com o restante do mundo”. Da experiência sai também um novo tipo de médico. E uma nova fonte de interação.
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