A TV Globo comemorou 50 anos de existência, no domingo, dia 26/4, em meio a protestos. Diversos coletivos de comunicação e movimentos sociais se reuniram no domingo, 26/4, em ao menos três capitais, para protestar contra o “autoritarismo” da empresa e seus “50 anos de mentira”.
Em um manifesto conjunto, as organizações acusaram a emissora de ser a “filha bastarda do golpe militar de 1964″ e de desempenhar um “papel nocivo na história do país”. O documento elenca ações controversas – algumas nunca confirmadas pela emissora – que foram determinantes na história política brasileira. Entre elas, estão o apoio da empresa ao regime militar e à campanha de Fernando Collor à presidência da República, em 1989.
Como parte das comemorações por seus 50 anos, o Jornal Nacional, principal telejornal da TV Globo e da televisão brasileira, vêm exibindo uma retrospectiva sobre o jornalismo da emissora, desde segunda-feira, dia 20/4. Apresentada pelo âncora William Bonner e comentada por 16 profissionais de peso da casa, a retrospectiva esforçou-se para posicionar a TV Globo como vítima – e não apoiadora – da ditadura.
Citando uma série de reportagens, a Globo se disse vítima da censura dos militares em uma estratégia narrativa apelidada de “retroficção” pelo jornalista José Simão, do UOL. Em seu perfil nas redes sociais, Simão afirma que “eles (jornalistas da TV Globo) pensam que a gente é criança”.
A narrativa também foi alvo de críticas do jornalista Mauricio Stycer, especializado em mídia e entretenimento e também do UOL. Para ele, “o especial omite muitos fatos que poderiam deixar esta narrativa mais equilibrada”. Como exemplo, Stycer cita o programa Amaral Neto, o Repórter, que entre 1968 e 1983 ocupou espaço na grade da emissora louvando os feitos do governo militar.
Do ponto de vista econômico, a Globo só tem motivos para comemorar. Em 2014, o grupo Globo fechou 2014 com um faturamento de R$16 bilhões, um crescimento de 9,7% sobre o ano anterior. A audiência, entretanto, vem caindo. Com 13,5 pontos de audiência entre às 7h e a meia-noite, em 2014, a TV Globo viu sua audiência cair 5% em comparação com 2013 e alcançar o pior desempenho anual, desde que virou líder de audiência, há 45 anos. O Jornal Nacional chegou a ter 85% de audiência da televisão brasileira e, agora, não passa dos 20%.
Apesar disso, a emissora ainda lidera com folga o mercado de mídia nacional, abastecida, principalmente, com recursos oriundos dos cofres públicos. A distância entre a Globo e sua concorrente Record é tamanha que o um lucro líquido da emissora, em 2013, superou todo o faturamento de sua concorrente. O lucro do Grupo Globo Comunicações, naquele ano, foi de R$2,583 bilhões contra R$2,250 bilhões de faturamento da Record.
Esses valores fazem dos irmãos Marinho (Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto), os controladores do grupo Globo, a família mais rica do Brasil. Um levantamento da revista Bloomberg Markets, realizado em 2013, estimou a fortuna dos irmãos em US$20,6 bilhões, fortuna que supera o Orçamento da cidade de São Paulo.
A fortuna da TV Globo explica-se pela liderança do mercado televisivo brasileiro. Hoje, a emissora concentra 60% de toda a receita publicitária do Brasil. Somente o governo brasileiro pagou, entre os anos 2000 e 2013, R$5,2 bilhões em publicidade das empresas estatais às Organizações Globo.
Escândalos
A TV Globo coleciona, desde sua fundação, casos de movimentações financeiras controversas e milionárias, mas que nunca foram julgadas ilegais pelo Estado. Inaugurada em 1965, a emissora de tevê já era uma empresa de rádio estabelecida, porém não conseguia reproduzir seu sucesso nas telas brasileiras. Um acordo de “cooperação técnica” firmado com a gigante da mídia norte-americana Time-Life alterou essa realidade e ajudou a emissora a tornar-se líder de mercado. O acordo, porém, era vedado pela Constituição e até hoje é negado pela Globo, embora esteja documentado por Daniel Herz, no livro A história secreta da Rede Globo (1995). Uma vez líder de audiência, a emissora nunca mais perdeu a liderança do setor.
A TV Globo coleciona, desde sua fundação, casos de movimentações financeiras controversas e milionárias, mas que nunca foram julgadas ilegais pelo Estado. Inaugurada em 1965, a emissora de tevê já era uma empresa de rádio estabelecida, porém não conseguia reproduzir seu sucesso nas telas brasileiras. Um acordo de “cooperação técnica” firmado com a gigante da mídia norte-americana Time-Life alterou essa realidade e ajudou a emissora a tornar-se líder de mercado. O acordo, porém, era vedado pela Constituição e até hoje é negado pela Globo, embora esteja documentado por Daniel Herz, no livro A história secreta da Rede Globo (1995). Uma vez líder de audiência, a emissora nunca mais perdeu a liderança do setor.
O escândalo mais recente envolvendo a Globo refere-se à sonegação fiscal. O conglomerado de comunicação é suspeito de ter sonegado o Imposto de Renda ao usar um paraíso fiscal para comprar os direitos de transmissão da Copa do Mundo Fifa de 2002. Uma investigação da Receita Federal decidir punir a emissora em R$615 milhões, em 2006. No entanto, semanas depois o processo desapareceu da sede da Receita no Rio de Janeiro. Em janeiro de 2013, uma funcionária da Receita foi condenada pela Justiça a quatro anos de prisão como responsável pelo sumiço. No processo, ela afirmou ter agido por livre e espontânea vontade.
Em meio a tantas controversas políticas e econômicas, o grupo Globo tem acumulado reveses nos últimos anos. Em 2012, a TV Globo perdeu, pela primeira vez, os direitos de transmitir as Olimpíadas de Londres para sua concorrente Record. Em 2015, foi a vez do canal fechado Fox Sports retirar da Globo os direitos de transmissão da Copa Libertadores da América, o maior torneio de futebol da América do Sul, e tornar-se líder de audiência na tevê paga e vice-líder na tevê aberta durante a transmissão exclusiva do jogo do Corinthians e San Lorenzo.
Soma-se a isso, os protestos populares contra a emissora. No domingo, dia 26/4, organizações sociais prometem sair às ruas de São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro para “enfrentar o poder e colocar limites à maior emissora do Brasil”. Sem isso, afirma o manifesto, “não será possível garantir a regulamentação dos artigos da Constituição que proíbem o monopólio para levar a cabo a democratização do País”.
Escrachos
Juventude do MST e do Levante também realizam escrachos em afiliadas da RBS, no RS Com a chamada #Fora Globo Golpista, os escrachos acontecem nos municípios de Bagé, Caxias do Sul, Erechim, Pelotas, Passo Fundo, Santa Maria, Santa Cruz e Santa Rosa.
Juventude do MST e do Levante também realizam escrachos em afiliadas da RBS, no RS Com a chamada #Fora Globo Golpista, os escrachos acontecem nos municípios de Bagé, Caxias do Sul, Erechim, Pelotas, Passo Fundo, Santa Maria, Santa Cruz e Santa Rosa.
No domingo, dia 26/4, cerca 500 jovens do MST e do Levante Popular da Juventude realizam escrachos públicos em oito afiliadas da RBS no Rio Grande do Sul, para “descomemorar” o aniversário de 50 anos da Rede Globo.
Com a chamada #ForaGloboGolpista, os escrachos acontecem nos municípios de Bagé, Caxias do Sul, Erechim, Pelotas, Passo Fundo, Santa Maria, Santa Cruz e Santa Rosa.
Os atos fazem parte de um conjunto de atividades realizadas na semana do dia 26 de abril, por movimentos sociais, sindicatos, coletivos de juventude e mídia alternativa no país, que questionam o papel da empresa de comunicação na história política do Brasil, as suspeitas de sonegação de impostos e a barreira que esse monopólio impõe para a democratização da comunicação (clique aqui para ver os locais dos atos).
Grupo RBS
O grupo RBS, que surge em 1957 no RS, detém o monopólio das comunicações no estado. No seu site institucional a empresa se apresenta como “a maior rede regional de tevê do país com 18 emissoras distribuídas no RS e em SC, com 85% da programação da Rede Globo e 15% voltada ao público local”.
O grupo RBS, que surge em 1957 no RS, detém o monopólio das comunicações no estado. No seu site institucional a empresa se apresenta como “a maior rede regional de tevê do país com 18 emissoras distribuídas no RS e em SC, com 85% da programação da Rede Globo e 15% voltada ao público local”.
Concentra ainda 25 emissoras de rádio, oito jornais diários, quatro portais na internet, uma editora, uma gráfica, uma gravadora, uma empresa de logística, entre outros empreendimentos.
De acordo com o artigo 12 do Decreto 236 (28/2/1967), uma entidade só poderá ter “concessão ou permissão para executar serviço de radiodifusão, em todo o país” no limite de quatro rádios AM e seis FM por localidade, três AM de alcance regional e cinco emissoras de tevê em VHF em todo o País, obedecendo o limite de duas por Estado. Porém, o monopólio midiático da RBS ultrapassa de longe esse limite.
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