Mineração Levantamento Aerogeofísico mapeia só 30% da Amazônia.
“O potencial mineral da região Norte é imenso, mas o Brasil desconhece o que há no subsolo da Amazônia Legal.” A afirmação é de Marcelo Tunes, diretor de assuntos minerários do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). Segundo Tunes, apenas 30% da região já foi mapeada por meio de levantamentos aerogeofísicos, que geram informações em escalas adequadas para a pesquisa mineral. “Na região amazônica, a pesquisa em solo é muito cara, devido ao difícil acesso as potenciais províncias minerais. Poucos se arriscam sem informações prévias adequadas que minimizam os riscos”, diz.
Apesar de conquistadores espanhóis e portugueses terem percorrido ainda no século 16 o rio Amazonas em busca do Eldorado, a mítica cidade de ouro e pedras preciosas, foi apenas nos anos 1950 e 1960 que a produção mineral se tornou significativa na região. Primeiro com a exploração de manganês, na Serra do Navio, no Amapá, a garimpagem de ouro em Tapajós, no Pará, e de cassiterita, em Rondônia. Nos anos 1970 tiveram início a exploração de bauxita, na região de Trombetas, no Pará, e de caulim no Amapá. Os anos 1980 foram marcados pela entrada em operação de Carajás e a garimpagem de ouro em Serra Pelada, províncias que despertaram atenção mundial para o Norte.
As reservas minerais conhecidas da Amazônia Legal respondem por 87,4% do estanho brasileiro, 95,3% da gipsita, 80,8% da bauxita, 75% do cobre, 72,8% do caulim, 35,8% do manganês e 30,5% do ferro. Das 59 minas existentes na região, 28 estão no Pará, 13 no Tocantins, nove no Amazonas, sete em Rondônia e duas no Amapá.
Em 2014, a região Norte foi responsável por 35%, ou seja US$14 bilhões dos US$40 bilhões de receita da produção mineral brasileira. Do total da região, US$8,5 bilhões foram provenientes da exploração de minério de ferro do Pará e US$5,5 bilhões dos demais projetos minerais.
O Ibram projeta que a mineração terá investimentos de US$53,6 bilhões entre 2014 e 2018, sendo que por volta de US$14 bilhões serão destinados a região Norte. A produção de minério de ferro no Pará deve receber entre US$9 bilhões e US$10 bilhões em investimentos.
Fora de Carajás, o principal projeto mineral previsto para os próximos anos no Norte é o da empresa de controle canadense Potássio do Brasil, que planeja investir por volta de US$2 bilhões na exploração de potássio, insumo básico de fertilizantes, em jazidas no município de Autazes e na vila de Uricurituba, na bacia do rio Madeira, no Amazonas. As reservas já detectadas somam 600 milhões de toneladas de minério, que são suficientes para uma produção anual de 2,2 milhões de toneladas de cloreto de potássio durante 34 anos, volume que representa aproximadamente 25% da demanda anual brasileira.
Hélio Diniz, diretor operacional da companhia, diz que o projeto encontra-se em fase de análise de sua viabilidade técnica e financeira. Os estudos de impacto ambiental foram entregues em janeiro ao Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) e a licença prévia, que atesta a viabilidade do empreendimento, é aguardada para os próximos dois meses. “Os investimentos produtivos devem se iniciar a partir de 2017 e a mina deve começar a operar em 2019. Nosso objetivo é atender principalmente os mercados do Norte e do Centro-Oeste do país”, diz.
Em 2014, a produção da Mineração Rio do Norte (MRN), a maior produtora nacional de bauxita, a matéria-prima do alumínio, somou 18 milhões de tonelada, utilizando a capacidade máxima da mina localizada no rio Trombetas, em Oriximiná (PA). Do total produzido, 54% foram destinados ao mercado interno e o restante exportado, sendo 19% para os Estados Unidos, 13% para o Canadá, 10% para a Europa, 3% para a China e 1% para a Índia.
O impacto da redução de produção de alumínio no Brasil, com a interrupção de unidades produtivas, como a da Alcoa em São Luís do Maranhão, não deve afetar significativamente a produção mineral da MRN. José Luiz Martins, diretor de operações da mineradora, diz que a projeção para 2015 é de 17,6 milhões de toneladas, que serão destinadas completamente aos acionistas da companhia, que são a própria Alcoa, a Vale, CBA, Hydro, Rio Tinto Alcan e BHP Billiton. A mineradora não tem planos de ampliar sua capacidade no momento.
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