domingo, 27 de setembro de 2009

Honduras e o jornalismo marrom



Empenhada em agradar aos Estados Unidos, cujos interesses políticos e econômicos estão na origem do golpe militar que depôs a 28 de julho o presidente constitucional de Honduras, Manuel Zelaya, o comportamento da grande imprensa brasileira na cobertura da crise política subsequente naquele país está lamentável, tendenciosa e manipulada.

Com as Organizações Globo à frente, a cobertura-campanha se volta, agora, contra o governo Lula por conceder asilo em nossa embaixada em Tegucigalpa ao presidente deposto, ali refugiado há dois dias. Hoje quem se esmera na deturpação é o jornal do grupo, O Globo, com sua manchete de 1ª “Ação do Brasil acirra crise e tensão cresce em Honduras”.

Nas páginas internas, porém, a manchete é desmentida pelo esclarecimento do presidente Zelaya em entrevista ao jornalão: “não dei conhecimento ao presidente Lula sobre essa situação (o asilo na embaixada). Isso foi decidido por mim assim que entrei aqui na capital de Honduras. Nada foi acertado previamente com o Brasil”.

Jornal deveria defender soberania brasileira

É hipócrita O Globo sugerir que a violência em Honduras (nota acima) acirrou-se por conta da acolhida do presidente Manuel Zelaya pela embaixada brasileira. A questão é muito bem definida pelo próprio Zelaya na entrevista a este jornal hoje.

“Na verdade – assinala o presidente – a violência começou no dia 28 de junho. Tem havido muitos assassinatos, raptos, torturas. Há informes da Comissão de Direitos Humanos (da ONU). A violência tem uma preponderância muito forte em um regime militar provocado por um golpe de Estado.”

Vejam como a mídia – cito O Globo de hoje, mas é em geral – tende a distorcer a verdade dos fatos. A luta pela democracia, para eles, é que gera a violência em Honduras. O golpe perpetrado no país sob falso arcabouço legal – teve apoio do Judiciário e do Legislativo -, numa nova forma de implantar ditaduras, é considerado legítimo pela imprensa.

No noticiário, inclusive, insistem no termo “governo de fato”. Como “de fato”? É sim um governo golpista, sem legitimidade alguma, que não foi escolhido pelo povo hondurenho, como bem demonstram as manifestações em prol do presidente Zelaya.

O que está em questão é o golpe militar e não onde está o presidente Zelaya. Mas, como ele está refugiado na Embaixada do Brasil, O Globo, ao invés de uma manchete tão tendenciosa, devia era defender a soberania brasleira, uma vez que a nossa sede diplomática tem que ser um território inviolável.

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