sexta-feira, 25 de setembro de 2009

A necessidade de um pedido de desculpas, em nome da ética jornalística.


É direito do jornalista manifestar livremente o pensamento exercendo a profissão sem censura política, ideológica ou social.
É dever do jornalista relatar as notícias com clareza e independência sem levar em conta os interesses do grupo econômico que edita o jornal ou dos anunciantes.
(Código de Ética do “Correio Braziliense”)

Com esta citação, o jornalista Ricardo Noblat inicia um post em homenagem a Paulo Cabral de Aráujo, publicado em seu blog, hospedado na página de “O Globo”, no último dia 22. Cabral que foi secretário-geral do Ministério da Justiça durante o governo Geisel e presidente da Associação Nacional de Jornais (1994-2000) morreu aos 87 anos, no dia 20 de setembro. Porém, o que Noblat mais destacou neste texto laudatório ao colega falecido foi a sua passagem pela direção do “Correio Braziliense”, entre 1994 e 2002, quando, segundo o colunista de “O Globo”, promoveu uma verdadeira revolução naquele jornal, transformando- o num exemplo de ética, coerência e isenção jornalística. Assim, referindo-se ao “Correio” durante a gestão de Cabral, Noblat começa o seu comentário da seguinte maneira:


“Imagine um jornal que admitisse em manchete de primeira página que errou e, em página interna, contasse como e por quê”


Lendo o post, percebemos a admiração de Noblat por Cabral e pelas medidas por ele implementadas durante sua passagem pelo jornal de Brasília, admiração esta que, ao vermos os obituários dos principais jornais brasileiros nos últimos dias, parece ser compartilhada pela quase totalidade da imprensa pátria. Assim, na semana em que o “Le Monde” reconheceu que a análise de Lula sobre a crise econômica mundial estava essencialmente correta e que a Moody’s concedeu o investment grade ao Brasil, destacando a forma como a economia do país se comportou durante a turbulência dos últimos meses, cobro de Noblat e de seus colegas articulistas que trabalham para os dois oligopólios que controlam a mídia brasileira – o Grupo Abril e as Organizações Globo – um gesto de coerência e de grandeza. Admitam seu erro: venham a público e peçam desculpas ao Presidente da República por terem ironizado e debochado de suas declarações , quando ele afirmou, há um ano atrás, que se para o restante do mundo a crise representaria uma tsunami, para o Brasil ela não seria mais que uma simples marolinha. Mas como sabemos que isto só vai acontecer quando a Míriam Leitão for indicada para o Nobel de Economia, o Mainardi conseguir escrever um texto inteligente e com alguma profundidade, o Jabor receber uma aclamação unânime da crítica internacional como o herdeiro cinematográfico de Fellini e o Merval Pereira for confundido na rua com o Brad Pitt, é melhor aguardarmos sentados em uma poltrona confortável e com uma garrafa de vinho ao lado para matar o tempo...

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