domingo, 27 de setembro de 2009

A inglória missão de confundir

O Globo embaralha, nós desembaralhamos.



Entre ridículo, patético e calhorda, O Globo segue sua missão essencial e covarde: confundir e não informar, embaralhar os fatos, distorcer, ocultar e apontar na direção errada. Tudo o ele não quer é que fique evidente a extraordinária vitória diplomática do Brasil em Honduras e o protagonismo que o país assume, agora, na cena internacional. Isto nos obriga, então, a tentar desembaralhar. Vamos lá:

1- Ontem, como comentamos neste blog, O Globo atacou com esta manchete estapafúrdia na primeira página: “Honduras: ONU não condena no tom que o Brasil queria”.Com isto ele queria transformar em meia derrota a vitória inequívoca do Brasil, obtida com a condenação, pelo Conselho de Segurança, do golpe e a exigência de levantamento do cerco à embaixada brasileira em Tegucigalpa.

2- Na verdade, houve sim, antes da reunião do Conselho de Segurança que condenou o golpe, um discussão entre o chanceler Celso Amorim e a representante americana, Susan Rice. Ela considerou que cabe à OEA – Organização dos Estados Americanos – estabelecer as medidas de coerção ou punição contra o governo golpista. Portanto, são aspectos diferentes da mesma questão. Qualquer jornal sério se sentiria obrigado a esclarecer. O Globo fez questão de embaralhar. De qualquer forma, a transferência para a OEA, uma questão de foro, contribuirá apenas para protelar o problema, mas não evita a derrocada do governo golpista. Desde o início, os EUA vêm empurrando a questão com a barriga, na esperança de que as eleições de novembro, já canceladas, dessem “cobertura legal” ao golpe. Como nem mesmo os EUA podem bater de frente contra a evidente opinião mundial que dá razão ao argumento brasileiro, até o embaixador norte-americano em Tegucigalpa já formalizou posição considerando Zelaya como o governante legítimo. Isto O Globo, calhordamente, omitiu.

3- Entretanto, até O Globo, provavelmente por mérito de seus profissionais que ainda guardam elementos do jornalismo honesto, em sua edição de hoje publica, escondida na página 43, uma entrevista com o insuspeito Günter Rudzit, doutor em ciências políticas pela USP e ex-assessor do Ministério da Defesa no governo FHC. Vejamos o que diz Rudizt, no contexto na posição assumida pelo Itamaraty em Honduras: “O protagonismo é evidente” E acrescenta:“Temos estruturas na nossa sociedade, como a do empresariado, por exemplo, que não estão acostumadas ao protagonismo. Estão desesperadas. Quebrar barreiras mentais é muito difícil”.

4- Também escondida na página 44, O Globo publica mini entrevista com Carlos Reyes, o candidato mais à esquerda nas eleições hondurenhas, para quem não haverá eleições sem a restituição do poder a Zelaya. Sob os golpistas a eleição é ilegal.

5- Hoje, O Globo volta a atacar dizendo, em chamada da primeira página, que “Lula ataca Conselho de Segurança”. O objetivo do jornal é estabelecer uma conexão entre a fala do presidente, na Venezuela, e uma possível decepção com a decisão da ONU que transferiu para a OEA a punição ao governo golpista de Honduras. Aqui temos mais uma mentira e mais um distorção deliberada. Na verdade, há muito tempo, Lula vem dizendo que o Conselho de Segurança não é mais representativo da realidade mundial. Isto faz parte de sua campanha para a ampliação desse organismo. Aliás, na semana passada, sintonizado com esta campanha, nada menos que o presidente Nicolau Sarkozy, da França, disse a mesmo coisa e defendeu a inclusão do Brasil em um novo Conselho ampliado. Portanto, mais uma vez O Globo, num total desrespeito a seus leitores, embaralha deliberadamente as coisas.

Em verdade, além do Globo, jornalões como o Estadão e a Folha enganam tão descaramente seus leitores que já viraram caso de Procon.

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