sábado, 26 de setembro de 2009
Crise em Honduras reforça diplomacia 'sul-sul' de Lula, diz jornal
A crise política em Honduras mostra que a chamada "diplomacia sul-sul" do Brasil está ganhando força, diz o jornal suíço Le Temps, em sua edição desta sexta feira.
"Ao pedir asilo ao Brasil, (o presidente deposto hondurenho Manuel) Zelaya indicou que está apostando todas as suas fichas no único país que ele acredita que vai devolvê-lo à Presidência", afirma o jornal. "É a prova tangível de uma mudança de eixo de poderes na região."
O Le Temps lembra que recentemente o próprio Presidente Lula declarou que o Brasil vai se tornar uma grande potência no século 21. "Ele aperta a mão de Gordon Brown, de Nicolas Sarkozy, da Rainha Elizabeth 2ª, entre outros. E em abril Barack Obama disse que ele 'é o cara'."
"Mas é no hemisfério sul que Lula tece sua teia", diz o jornal, citando que o Presidente visitou 45 países nos últimos 30 meses e que, desde 2003, o Brasil abriu 35 novas embaixadas no exterior, a maioria na África e no Caribe.
'Pragmatismo e provocação'
Segundo a publicação suíça, a estratégia "sul-sul" de Lula visa "apagar progressivamente a hegemonia dos Estados Unidos na região e coincide com a discrição do governo Obama".
"Ela se traduz em uma mistura de pragmatismo e provocação, com cumprimentos ao iraniano Mahmoud Ahamadinejad após sua contestada eleição e apoio aos regimes autoritários de Cuba e da Venezuela", diz o jornal.
O Le Temps lista os fatores que teriam ajudado Lula a conquistar uma credibilidade cada vez mais crescente. "O Brasil é uma democracia que funciona... As autoridades preservaram o equilíbrio entre uma redistribuição de riquezas mais igualitária... E o país aparece como um polo de estabilidade enquanto a maioria dos dez países com os quais faz fronteira sofreram problemas razoavelmente graves", exemplifica o jornal.
Mas, segundo o diário suíço, essa "tomada de força" também enfrenta obstáculos, como a oposição da China ao pedido do Brasil de ter uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU e o fato de os países sul-americanos não parecerem dispostos a dar ao Brasil este papel de potência regional.
"Mesmo assim, ao endossar seu papel ativo na crise hondurenha, Lula assume um risco limitado, caso ela não se resolva. Mas se ele contribuir para dobrar os golpistas, seu prestígio internacional vai ganhar força", conclui o jornal.
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