O ministro de Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, disse nesta terça-feira, em encontro com jornalistas em Nova York, que o governo brasileiro não vai tolerar nenhum tipo de ataque à embaixada em Honduras onde está abrigado o presidente deposto Manuel Zelaya. "Entramos em contato com outros países que mantém diálogo com o governo de facto para que saibam que seria intolerável qualquer ataque à nossa embaixada."
Amorim disse ainda que o governo de de Roberto Michelletti enviou uma nota "impertinente e inadequada" ontem à embaixada do Brasil em Tegucigalpa informando que iriam "blindar" a área da sede da representação brasileira, onde está escondido Manuel Zelaya.
O chanceler brasileiro endureceu o discurso e elevou o tom contra o governo golpista em Honduras e classificou o toque de recolher imposto ontem como uma medida "inconveniente" . O ministro criticou o fechamentos dos aeroportos e o corte de luz e água que atingiram diversas embaixadas em Tegucigalpa, incluindo a brasileira.
"Os aeroportos estavam fechados. Alguém tem que conseguir chegar lá (em Hondura) de avião para restaurar a situação. (Situações como) o corte de eletricidade e água que atingiu outras embaixadas, e o toque de recolher causam inconveniente. "
De acordo com Amorim, cerca de 70 pessoas estão na embaixada brasileira neste momento, inclusive algumas crianças. "As bombas de gás causam preocupação. Todas estas situações nos preocupam com nossa segurança e com a do (presidente Manuel) Zelaya."
Diálogos com os EUA
O ministro brasileiro destacou ainda que o Brasil tem mantido bastante diálogo com o governo americano. Amorim disse que conversou com a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, para discutirem medidas de apoio à volta de Zelaya a Honduras.
"Hillary Clinton já me telefonou hoje pela manhã. A embaixada americana se prontificou a levar oito funcionárias brasileiras para suas casas porque estavam cansadas. Nós concordamos que a ida de Zelaya é um fato novo e positivo para o diálogo. Os presidentes Lula e Obama vão se reunir hoje em um jantar e acredito que vão discutir a situação em Honduras."
Restituição ou morte
O governo brasileiro também fez um apelo a Manuel Zelaya. Amorim disse ter conversado com o presidente deposto e pediu que ele não usasse mais a palavra "morte". Ontem, em entrevista concedida direto de seu refúgio na embaixada brasileira, Zelaya disse que agora lutaria até a morte para ser restituído no poder.
O chanceler se disse ainda cético quanto a um ataque hondurenho à embaixada brasileira. "Não vai haver um ataque à embaixada do Brasil. Isso seria uma prova de selvageria. Mesmo este governo não reconhecido não faria. Não há tolerância com esse tipo de situação, mas queremos uma solução pacífica."
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