quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Petróleo comunitário no ar


TV Comunitária de Brasília vai criar programa para debater uso popular do petróleo pré-sal, atendendo convocação de Lula

Ao apresentar à Nação, no último dia 31, a proposta de marco regulatório para a exploração e destinação do petróleo da camada pré-sal, o Presidente Lula convocou todo o povo brasileiro a debater a nova riqueza nacional de tal modo que este não seja um debate restrito a especialistas. A TV Cidade Livre , o canal comunitário de Brasília, captou o sentido convocatório das palavras de Lula e decidiu criar um programa unicamente destinado a discutir a nova riqueza energética brasileira e o seu uso. O programa terá o nome de “Urgente: o petróleo é nosso”, em homenagem a uma das mais importantes campanhas cívicas que o povo brasileiro foi capaz de organizar na sua história, cujo resultado foi a criação da Petrobrás e do monopólio estatal do petróleo.

Na idéia da TV Cidade Livre, todas as alternativas que configurem propostas soberanas, nacionais e democráticas para exploração e destinação da riqueza petrolífera serão apresentadas à sociedade. “Vamos abrir as câmeras e microfones para todos os que tiverem idéias sobre maneiras de fazer com esta imensa riqueza, que pertence ao povo brasileiro, seja explorada e utilizada em seu benefício”, explicou o presidente do canal comunitário, o jornalista Beto Almeida.


Ele frisou que o “Urgente: o petróleo é nosso” não será um programa apenas para especialistas, nem terá linguagem empolada ou tecnicista. “Não nos furtaremos a discutir com todas as visões em jogo, mesmo com aquelas com as quais possamos eventualmente discordar, pois o que queremos é mostrar à sociedade que ela tem direito de se expressar, que quanto mais visões em embate mais será fortalecida a consciência democrática do nosso povo , partindo do princípio de que apenas um povo culto e bem informado será capaz de decidir soberanamente sobre o seu destino histórico”, disse


Ele explicou que trabalhadores, donas-de-casa, religiosos, militares, estudantes, artistas, cientistas, camponeses, terão a oportunidade de falar o que pensam, de mostrar suas propostas, de se expressar com plena liberdade, lembrando que cada um tem uma história para contar, até porque, segundo avalia, há uma referência na consciência dos seus familiares, sobre como viveram a Campanha do Petróleo é Nosso há mais de meio século atrás. “ Isto está inscrito na consciência do povo brasileiro,é inapagável, é parte da sua história, é uma das páginas mais bem sucedidas de unidade cívico-militar, resultando na criação de uma das mais importantes empresas petroleiras do mundo inteiro. Nós queremos dar nossa contribuição, atendendo convocação do presidente Lula, para que revivamos a “assembléia popular dos acionistas originários da Petrobrás, que é o povo brasileiro”, declarou..

Urgência



Seguindo a linha de trabalhar com escassos recursos técnicos, com reduzidos efeitos visuais ou de cenário, mas com capacidade de valorizar o conteúdo, sobretudo quando surge uma causa nacional, que mereça todo o espaço possível, a TV Cidade Livre vai organizar o programa com um sentido de urgência estimulando a sociedade brasiliense a acompanhar, refletir e dialogar com o debate que também estará sendo feito pelo Congresso Nacional em torno dos projetos de lei para a exploração e destinação do petróleo da camada pré-sal enviados pelo Governo. Segundo Almeida, a televisão e todos os meios de comunicação podem cumprir relevante missão pública e cidadã ao reorganizarem sua grade de programação, na medida do possível, para que os brasileiros possam se informar ampla e profundamente sobre a riqueza que o país descobriu, elevando sua consciência de que tem o direito de opinar sobre como esta riqueza deve ser utilizada para pagar as enormes dívidas sociais acumuladas ao longo do tempo contra o povo brasileiro. “Não há motivos para que um País tão rico tenha, ainda, tanta pobreza, tanta miséria, tanta injustiça. O povo brasileiro tem o direito de ver tudo isto discutido profundamente na televisão, já que a televisão é apenas uma concessão de serviço público e deve cumprir a função prevista na Constituição, sendo educativa, informativa e capaz de fortalecer a consciência nacional”. Ele vincula o programa a ser criado com o clima preparatória da Conferência Nacional de Comunicação: “levaremos gente do povo para os nossos estúdios, mas também levaremos nossas câmeras e microfones para as ruas de Brasília, mostrando na prática porque precisamos fortalecer as tvs do campo público e porque precisamos construir um outro sistema de comunicação no país, democrático, informativo e educativo. Vamos discutir o petróleo, mas também que tipo de televisão precisamos para o Brasil”, argumenta

Soberania

Segundo Almeida, a TV Cidade Livre fará um verdadeiro mutirão de debates em favor do uso democrático, popular e soberano do petróleo da camada pré-sal. “Se todo dia temos baixaria na TV, temos overdose de alienação, temos culto à violência e às futilidades, temos estimulo anti-social ao alcolismo, ao consumismo e ao sexismo, por que não podemos dedicar o máximo de tempo possível para que o povo brasileiro possa discutir e deliberar conscientemente sobre como o petróleo pré-sal pode ser uma segunda independência ou redenção sócio-econômica? O que pode haver de mais importante que isto? Hoje temos programa de TV para vender jóias, para vender cerveja, para vender gado, vender tapetes e não podemos reorganizar a grade nacional de TV para discutir algo transcendental para o futuro do País e do povo brasileiro como é o petróleo pré-sal?” , desafia


O jornalista lembra que o programa também convidará representantes de outros países , membros do corpo diplomático residente em Brasília, sejam países petroleiros ou não, para discutirem a soberania energética de tal forma que possamos tirar lições úteis para que o petróleo brasileiro não caia nas armadilhas das transnacionais como aconteceu com países como o México, a Argentina ou a Nigéria. ‘É preciso cuidar para que a sorte na loteria da natureza não se transforme na maldição do petróleo, trazendo tensões, cobiças, agressões externas, instabilidade, enriquecendo minorias internas e internacionais, enquanto o povo do próprio país, verdadeiro dono da riqueza nacional, amargue enorme e absurda pobreza”, declarou.

Almeida destaca ainda que a questão da soberania petroleira agora em pauta, desafia o povo brasileiro a pensar em outras questões também imprescindíveis para a sua soberania como Nação, entre as quais destaca a de ter uma capacidade de defesa à altura das riquezas que possui.” Quem possui, mas não tem capacidade de defender, é como se não possuísse. Há vários exemplos na história mundial que mostram que os países que têm petróleo são sempre alvo de golpes, agressões, invasões, desestabilizaçõ es etc. Tudo isto nós vamos discutir no programa “Urgente: o petróleo é nosso”, afirmou, lembrando que um debate como este só ocorre uma vez a cada século. “É uma grande oportunidade histórica, não podemos desperdiçá-la”, finalizou

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