sábado, 19 de setembro de 2009

Proposta depende da aprovação do Congresso

As medidas anunciadas hoje pelo presidente Lula (leia nota acima), restritivas ao plantio de cana em áreas ainda preservadas da Amazônia, cerrado e pantanal, dependem da aprovação do Congresso Nacional - Câmara dos Deputados e Senado Federal - para entrar em vigor.

O texto antecipa que onde houver desrespeito às terras serão desapropriadas para a reforma agrária.

As propostas estabelecem que, além das licenças já concedidas para operação de nove usinas na Amazônia e no entorno do Pantanal de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (região chamada de Bacia do Alto Paraguai), futuras autorizações e novas plantações estão proibidas nessas áreas.


Mapa do Brasil com as áreas aptas (verdes) para o plantio da cana-de-açúcar. Fonte: Embrapa

Melhor de tudo: com essas medidas anunciadas, o governo acaba com a falácia inventada pelos norte-americanos, com apoio de ecoverdes brasileiros, segundo a qual a produção de etanol no país ocuparia terras produtoras de alimentos e a Amazônia, com a consequente ampliação de queimadas e desmatamentos nessa região.

A proibição anunciada pelo presidente Lula é o sinal mais claro e ostensivo dado nos últimos tempos, de que este governo e o Brasil estão comprometidos com a preservação da Amazônia e com a produção de alimentos.

O governo já havia dado sinais de fidelidade a esse compromisso ao promover, meses atrás a mesa de negociação que levou ao Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Cana-de-Açúcar, acordo entre trabalhadores e empresários do setor canavieiro, pelo qual são terão de ser respeitados os direitos sociais e trabalhistas dos empregados e as condições de preservação sócio-ambiental nas áreas de cultivo e exploração da cana.

As duas medidas - o Compromisso e as proibições de hoje - concretizam o início da vigência de uma nova fase na cultura da cana de açúcar no pais, respeitosa do meio ambiente e das cláusulas sociais.

Lançamento do zoneamento agroecológico da cana-de-açúcar para a produção de etanol e açúcar

O governo agiu bem - muito bem, registre-se! - ao proibir novas plantações de cana em terras ainda preservadas do cerrado, Amazônia, Pantanal e seu entorno (o que corresponderá a 81,5% do território nacional conforme levantamento do jornal Folha de S.Paulo).

Pelas medidas anunciadas pelo governo, fica determinado que quem desrespeitá-las e fizer lavoura irregular será punido com multas de até R$ 50 milhões, desapropriação das terras e bloqueio dos bens do proprietário. Um dos objetivos das duras medidas adotadas é evitar que o cultivo da cana cresça em áreas ainda preservadas, principalmente nas regiões de cerrado, cujos rios abrigam metade do potencial de geração de energia hidrelétrica do país e já perdeu quase metade da vegetação original.

O Brasil tem hoje 7,8 milhões de hectares (78 mil km2) ocupados com plantações de cana-de-açúcar. O governo quer ampliar a área em 86% até 2017, incorporando mais 6,7 milhões de hectares (67 mil km2) para essa cultura.

Por isso um decreto assinado hoje pelo presidente Lula - relativo à concessão de crédito público aos produtores de cana - indicará uma área quase cinco vezes maior (que os 7,8 milhões hoje ocupados com cana), sem restrição ambiental e majoritariamente ocupada hoje por pastagens, como ideal para passar a ter cana de açúcar.

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