Se os quase trinta anos de análise política me autorizam a dizer alguma coisa, direi que são pequenas as chances de José Serra chegar como protagonista ao final desta novela eleitoral. Foi soterrado pela camada do pré-sal. Ele, sua mídia irada e obsoleta e seus institutos de pesquisa subornados falsificaram tanto os fatos que perderam, eles próprios, o contato com a realidade. Perderam, sobretudo, a sensibilidade para perceber que nestes tempos de crise braba, caíram por terra, um a um, os principais paradigmas neoliberais que pareciam indicar o fim das ideologias (uma bobagem cantada aos quatro ventos) e a noção de que estado bom é estado pequeno.
Quando percebeu que a discussão sobre o pré-sal assinalava uma inflexão importante da verdadeira opinião pública (não a publicada pela máfia das 7 famílias) em direção ao velho e bom nacionalismo brasileiro e o orgulho ingênuo mas consistente pelas realizações nacionais, Serra tentou uma jogada audaz ( mais ridícula que audaz) e apresentou-se como favorável ao pré-sal, estatista e esquerdista. Haja cara-de-pau. Mas já era tarde. Como anunciei há poucos dias e comentei ainda ontem nas matérias que o leitor poderá ler logo aí em baixo, o eixo eleitoral gira, agora, em torno de Dilma e Marina com uma incógnita chamada Ciro Gomes. Se for assim, o mote da campanha girará em torno de quem dará melhor continuidade ao lulismo (não disse petismo). Marina, hábil, assinada em todos seus pronunciamentos seu respeito, quase amor, pelo presidente e pelo seu ex-partido. A única discrepância seria a questão ecológica. E sua estratégia é clara: mostrar-se como um Lula de saias e sem vícios. Dilma terá como única mas não pequena tarefa a de ir tocando o PAC e mostrar que tem luz própria. Ciro, o Eclético, fará um pouco de tudo isto, sem tirar o olho do eleitorado conservador de Serra. Quanto ao lulismo, ele representa 80 por cento do mercado eleitoral e ninguém vai querer largar este osso.
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